AMIGOS IMAGINÁRIOS
Francisco B. Assumpção Jr.
Pergunta: Queria saber até que idade, e em que grau, é normal uma criança ter amigos imaginários
Resposta: Os amigos imaginários fazem parte do desenvolvimento infantil durante aquilo que chamamos de período pré-operatório e que se estende entre, aproximadamente, as idades de 2 a 7 anos quando a criança começa a entrar naquilo que chamamos de período de operações concretas.
Durante o período pré-operatório a criança apresenta um tipo muito característico de pensamento. Aquilo que muitos de nós chamam de pensamento mágico ou pré-lógico, isso porque não se subordina as experiências da lógica formal, não avaliando as categorias que nos dão as noções de realidade e baseando-se principalmente na própria experiência.
Como as próprias categorias físicas ainda não são bem estruturadas (peso, massa, volume, espaço e tempo), as condições que a criança tem para julgar aquilo que ocorre a seu redor, são muito incipientes. Dessa maneira, a separação entre o Real e o Imaginário é frustra, permitindo assim o aparecimento de fenômenos como o do amigo imaginário que supre, em muitas ocasiões, a falta de companheiros ou sentimentos de solidão., permitindo que a criança se relacione com sua imaginação.
Com o advento do pensamento concreto, ao redor de 7 anos de idade e com a conseqüente melhor capacidade de avaliação de categorias físicas, a criança passa a ser capaz de avaliar seu meio, passando a ter aquilo que chamamos consciência de realidade, a partir da qual checa o fenômeno, primeiramente através de verificar se não se trata de uma armadilha sensorial (uma ilusão), depois a partir do significado do fato (se tem lógica ou não) e finalmente através da comparação da sua experiência com a das outras pessoas (perguntar para ver se o outro também partilha da mesma experiência é importante na concepção do Real).
É básico frisarmos que as idades de desenvolvimento infantil não são estanques nem imutáveis, uma vez que cada criança possui um ritmo de desenvolvimento e portanto deve ser acompanhada de forma a considerá-lo.
Em caso de dificuldades ou de dúvidas, antes de se pensar em qualquer problema, vale a pena consultar-se um especialista para que a criança não seja rotulada nem submetida a qualquer tratamento que, naquela ocasião pode ser desnecessário.