http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/011.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
PROMOÇÃO DA MOBILIDADE E PARTICIPAÇÃO DO ALUNO COM PARALISIA 
CEREBRAL NO ENSINO REGULAR: uma proposta de consultoria colaborativa
Mt. Ângela Maria Sirena Alpino - UEL
Dra. Maria Amélia Almeida – UFSCar
RESUMO
A Paralisia Cerebral (PC) traduz a condição de deficiência física mais comum na infância. A 
participação e convivência desse aluno na escola podem ser comprometidas pelas limitações na 
capacidade de locomoção, postura ou uso das mãos. Esta pesquisa teve por objetivo verificar os 
efeitos de uma proposta de consultoria colaborativa promovida por uma fisioterapeuta junto às 
professoras de cinco alunos com PC que apresentam comprometimento funcional moderado/grave, 
freqüentando classe comum de escolas públicas. Foi utilizado um instrumento para avaliar a 
acessibilidade do ambiente físico escolar e a necessidade de adaptações que pudessem favorecer a 
mobilidade e participação desses alunos; suas habilidades funcionais foram avaliadas por meio do 
Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI); e sua participação foi investigada através de um 
questionário aplicado junto às professoras. A Intervenção abrangeu a adaptação de recursos de 
baixa tecnologia para favorecer a mobilidade, participação e posicionamento adequado dos alunos 
com PC; bem como a capacitação específica de suas professoras. Três alunos necessitavam cadeira 
de rodas, dois dos quais motorizada, nenhum a possuía devido a fatores econômicos. O mobiliário 
da sala, sanitário e refeitório era inadequado para todos. A adaptação de barras de apoio nos 
banheiros das escolas revelou-se insuficiente para garantir que alunos com PC não deambuladores 
possam usar o sanitário independentemente. A adaptação de mesa com recorte na altura do tórax, 
associada à adequação das medidas da cadeira e adaptação de assento esculpido em espuma 
favoreceram o alinhamento postural para a maioria dos alunos participantes. As professoras 
referiram maior segurança em lidar com esses alunos; diminuição da necessidade de posicioná-los 
na cadeira; e melhora da coordenação, interesse em participar das atividades, segurança e auto-estima dos mesmos. 
Introdução:
A concepção sobre saúde e doença determina uma considerável extensão das ações e do discurso 
dos profissionais de saúde. Para Rosembaum & Stewart (2004) o reconhecimento de que o 
conceito isolado de doença fornece uma perspectiva incompleta do estado de saúde, tem sido 
responsável pela identificação do impacto que o distúrbio exerce sobre a função e a capacidade de 
um indivíduo de se engajar em sua vida. A Classificação Internacional de Funcionalidade, 
Incapacidade e Saúde (CIF), implementada pela OMS desde 2001, vem expandir a concepção de 
saúde e doença, aumentando a consciência das dimensões social, política e cultural da deficiência 
(BRUYÈRE et al, 2005).
A deficiência física é definida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações Curriculares 
(PCNs) como “uma variedade de condições não-sensoriais que afetam o indivíduo em termos de 
mobilidade, de coordenação motora geral ou de fala, como decorrência de lesões neurológicas, 
neuromusculares e ortopédicas, ou ainda, de malformações” (BRASIL, 1999, p.26).  Wolf et al. 
(1990) complementam afirmando que, além dos aspectos acima indicados, a deficiência física pode 
interferir na aprendizagem e adaptação do indivíduo, prejudicando freqüentemente sua socialização, 
devido à redução da mobilidade.
A paralisia cerebral (PC) traduz a causa de deficiência física mais comum na infância (STANLEY et 
al. 2000; WATERS et al. 2005), e abrange inúmeras condições neurológicas resultantes de um 
desenvolvimento anormal do controle motor e postural. Esta condição causa, freqüentemente, 
dificuldades motoras e funcionais que podem variar da capacidade de andar na comunidade e de 
realizar habilidades como brincar, correr e pular, à completa dependência de assistência do 
cuidador para habilidades de autocuidados e mobilidade (PALISANO et al, 2003).
A disfunção motora e postural, bem como a dificuldade na deambulação, contribuem para que 
crianças com PC realizem maior parte das atividades de vida diária, atividades recreacionais, 
ocupacionais e educacionais enquanto sentadas, visto que esta postura oferece mais estabilidade do 
que a ortostática (BRACCIALLI, 2000).
Para Shumway-Cook e Woollacott (2003), as características do ambiente tanto podem permitir ou 
apoiar o desempenho do indivíduo quanto comprometê-lo ou impedi-lo.Tarefas complexas de 
manipulação, que exigem velocidade e/ou acuidade, aumentam a demanda sobre o sistema postural, 
visto que a estabilização do corpo é fundamental para o desempenho dessas funções. Além do 
controle postural do tronco, McClenaghan et al. (1992) citam a estabilização da pelve como 
importante fator para o controle voluntário das extremidades superiores, indicando que uma postura 
instável ao sentar-se, associada ao controle inadequado do tronco e da musculatura proximal, 
podem influenciar negativamente o desenvolvimento e refinamento do controle motor nas 
extremidades superiores de crianças com PC.
Em seu estudo, Braccialli (2000) constatou que a mesa com recorte em semicírculo na altura do 
tórax, forneceu apoio aos membros superiores (MMSS), diminuiu a curvatura torácica e a 
retroversão pélvica e promoveu o alinhamento do tronco e cabeça, constituindo-se o item do 
mobiliário que mais interferiu na angulação das curvaturas da coluna vertebral e, conseqüentemente, 
no posicionamento do tronco no espaço.
Segundo McClenaghan et al. (1992), o assento adaptado visa favorecer o controle motor voluntário 
e reduzir as deformidades esqueléticas por meio da melhora do controle postural. A melhora de 
várias habilidades funcionais tem sido atribuída ao uso do assento adaptado, incluindo a função 
pulmonar, a vocalização, a alimentação e o uso dos MMSS.
Washington et al. (2002) relataram melhora do alinhamento postural e atividade funcional dos 
MMSS de quatro crianças com deficiência neuromotora, em relação à habilidade de se engajarem 
com brinquedos, mediante o uso de um assento esculpido em espuma, sugerindo que a posição da 
pelve influencia a postura do tronco e determina o alinhamento postural para crianças com 
deficiência neuromotora. 
A utilização de equipamento motorizado por crianças severamente comprometidas pode facilitar sua 
mobilidade dentro e fora de casa e favorecer a aprendizagem sobre objetos e pessoas, permitindo 
que se tornem participativas e desenvolvendo um senso de competência e independência (BOTTOS 
et al. 1999). Para Palisano et al (2003), além de contribuir para a mobilidade da criança com PC, a 
cadeira de rodas motorizada poderá ampliar sua participação social. Apesar desses benefícios, seu 
estudo revelou baixa percentagem de crianças que a utilizavam, devido principalmente à restrição de 
recursos financeiros. Não obstante a relevância das adaptações ambientais para ampliar a 
funcionalidade de crianças com PC, a dificuldade de acesso à tecnologia assistiva, aquisição e 
confecção dos recursos adaptados constitui um dos principais obstáculos à inclusão deste aluno 
(Braccialli, 2000). 
O fisioterapeuta, além de tratar alterações motoras e melhorar as habilidades físicas e funcionais, 
pode contribuir para a criação de adaptações ambientais apropriadas para melhorar a função 
independente do paciente (Guide to Physical Therapist Practice, 2001). Neste sentido, Washington 
et al. (2002) consideram a redução da incapacidade uma preocupação pertinente dos 
fisioterapeutas; no entanto, destacam a importância deste profissional abordar habilidades funcionais 
demonstradas pelas crianças em cenários naturais, como em casa e na escola, aspecto que demanda 
o conhecimento de tais realidades pela observação in loco.  
A parceria educacional entre educação regular e especial é conhecida como colaboração. A 
consultoria colaborativa compreende um modelo de suporte em que o professor/profissional da 
educação especial promove assistência aos professores do ensino regular. Baseia-se, portanto, no 
trabalho colaborativo entre profissionais especializados e educadores da escola comum (WEISS & 
LLOYD, 2003; MENDES, 2006). 
Para Friend (2002), a colaboração tem se revelado a principal estratégia contemporânea para 
alimentar a inovação, criar e sustentar programas educacionais eficazes, por meio da junção de 
conhecimentos e habilidades de professores/profissionais especializados em estratégias instrucionais, 
aprendizagem cooperativa, problemas comportamentais e avaliação entre outros saberes. O 
profissional da educação especial assume a responsabilidade de consultoria a fim de planejar os 
tipos de adaptações necessárias, promover treinamento específico em serviço e monitorar os 
resultados dos alunos (FRENCH, 2002).
Considerando a deficiência neuromuscular e musculoesquelética, freqüentemente associada à PC, 
este estudo apóia a literatura existente sobre o atendimento educacional de crianças com PC, ao 
sugerir que elas possam ter sua participação e convivência comprometida na escola regular pelas 
limitações na capacidade de locomoção, postura ou uso das mãos (WOLF et al. 1990; 
MAZZOTA, 1997). Deve-se destacar, no entanto, as condições adversas, comumente presentes 
no contexto das escolas públicas, que traduzem a inadequação dos espaços físicos e do mobiliário 
escolar, bem como a inexistência de adaptações e equipamentos de tecnologia assistiva que 
poderiam contribuir para a independência funcional desses alunos (ALPINO, 2003).
Alpino (2003) afirma que, ao entrevistar professoras de alunos com PC inseridos no ensino regular, 
elas revelaram insegurança, dificuldade em abordá-los e manuseá-los adequadamente. Seus relatos 
apontam para a falta de orientações especializadas acerca do posicionamento adequado, material 
pedagógico, recursos e adaptações necessárias, e para a inexpressiva organização da maioria das 
escolas quanto às modificações estruturais do espaço físico e quanto à adequação do mobiliário. 
Método:
Os objetivos consistiram em verificar os efeitos de uma proposta de consultoria colaborativa 
promovida por uma fisioterapeuta junto às professoras de cinco alunos com PC, que freqüentavam 
as séries iniciais do Ensino Fundamental em classe comum de escolas públicas municipais. Os alunos 
participantes eram do gênero masculino, com diagnóstico de PC, apresentando comprometimento 
funcional moderado/grave (GMFCS níveis IV e V); com idade entre sete e 10 anos; quatro tinham 
quadriplegia e um, hemiplegia. Todos necessitavam de assistência do cuidador (mínima, máxima ou 
total) para habilidades de locomoção, transferências posturais, alimentação, higiene ou vestuário e 
atividades acadêmicas (recortar, pintar, colar, escrever, fazer educação física). 
Os professores participantes relataram que seus alunos com PC tinham falta de equilíbrio; 
dificuldade em manter o tronco ereto enquanto sentados; dificuldade na locomoção; déficit na 
coordenação motora grossa e fina; necessidade de apoio físico; necessidade de apoio para as 
habilidades acadêmicas; dificuldade para usar lápis, o teclado do computador e tesouras; e 
dificuldade nas habilidades de autos-cuidados. Indicaram, ainda, dificuldade na aprendizagem de 
conteúdos formais, como: leitura, escrita e cálculo, para os três alunos que apresentavam distúrbio 
de fala. 
As ações foram desenvolvidas em cinco escolas públicas municipais, abrangendo a sala de aula e 
demais espaços escolares freqüentados pelos alunos participantes. 
Foram utilizados cinco Instrumentos: a) Instrumento para Caracterização dos Alunos com 
Deficiência Física e das Condições de Acessibilidade e Mobilidade na Escola Regular (Alpino, 
2003) com a finalidade de avaliar a acessibilidade escolar e identificar as necessidades especiais dos 
alunos com PC; b) P.E.D.I. - Pediatric Evaluation of Disability Inventory (HALEY et al.1992), para 
avaliação das habilidades funcionais de autocuidados e mobilidade e do grau de assistência 
necessária; c) Questionário para investigar junto às professoras participantes as características e 
necessidades especiais de seus alunos com PC, o conhecimento científico e suas concepções sobre 
a educação desse aluno; d) Questionário para investigar a segurança das professoras em atuar com 
os alunos participantes e sua avaliação sobre a participação destes nas atividades em sala e fora da 
sala de aula; e) Questionário para investigar a satisfação dos alunos participantes, de seus pais e 
professoras em relação à consultoria prestada. 
Intervenção:
A consultoria colaborativa foi prestada durante um semestre, sendo realizadas nove a treze visitas às 
escolas dos alunos participantes; duas a quatro visitas domiciliares; com acompanhamento durante o 
ano seguinte numa freqüência de uma visita por semestre.
A partir do conhecimento das necessidades dos alunos com PC e dificuldades das professoras, a 
consultoria colaborativa compreendeu o desenvolvimento de proposta individualizada para cada 
aluno participante, mediante reflexão conjunta com suas professoras (planejamento colaborativo). 
As questões que orientaram esse processo foram: a) quais os problemas funcionais do aluno 
participante? b) qual sua expectativa e/ou interesse? c) necessita de adaptação para sentar-se com 
boa postura? d) necessita de adaptação para a escrita? e) necessita de algum recurso adaptado 
para a locomoção? f) necessita treinamento especializado para desenvolver alguma habilidade 
específica ou para utilizar determinado recurso? g) Quais as dúvidas e dificuldades da professora? 
As ações centraram-se na promoção de melhores condições de posicionamento ao sentar-se; da 
mobilidade e participação dos alunos com PC na escola, por meio da indicação e desenvolvimento 
de adaptações simples (recursos de baixa tecnologia e baixo custo) no sentido de adequar o 
mobiliário e implementar equipamentos de tecnologia assistiva e materiais escolares adaptados; e 
capacitação específica das professoras participantes. 
A capacitação compreendeu a promoção de palestras e orientações individuais sobre a condição do 
aluno com PC; cuidados e riscos, manuseio, transferências e posicionamento adequados; 
necessidade de adaptação das atividades, materiais, espaço físico, mobiliário escolar e 
recursos/equipamentos de modo a possibilitar sua participação; e atitudes que favoreçam a 
interação e participação desse aluno. 
Foram desenvolvidas inúmeras adaptações, incluindo: cadeira com apoio para os braços e pés, 
almofada para o encosto e assento esculpido em espuma; mesa com recorte em semicírculo na 
altura do tórax e superfície antiderrapante em E.V.A.; cadeira de rodas com assento esculpido em 
espuma e almofada para o encosto; andadores; adaptação da mesa/carteira para favorecer a 
alimentação independente e o uso do ábaco;  adaptação do sanitário (barra de apoio, cadeira  para 
o vaso); cadeira de madeira para posicionamento do aluno no solo; cinto/colete com amarras para 
garantir maior segurança na cadeira; adaptação de diversos itens do material escolar: ponteira para 
uso do teclado, fixação do teclado sobre a mesa e de colméia sobre o teclado, lápis de escrever e 
coloridos "Jumbo" (Faber Castel), pranchas com clipes e apoio de papel (risc rabisc) para fixar o 
caderno/folha sobre a mesa, ábaco feito com tampas de refrigerante para facilitar o aprendizado de 
conceitos matemáticos, tesouras, cola em bastão, adaptação para facilitar a preensão do lápis, 
ampliação do material, utilização de papel grosso para atividades de escrita, desenho e pintura; 
contorno das atividades com relevo; garrafa plástica com bico para facilitar a ingestão de líquidos e 
prato com fundo antiderrapante; mudança de sala para o andar térreo; cotoveleira com gel para 
proteção do cotovelo durante as quedas. Houve, ainda, a indicação de eretor/estabilizador para um 
aluno, cadeira de rodas motorizada para dois, e cadeira de rodas manual infantil para dois. Foram 
obtidas três cadeiras de rodas manuais infantis, por doação. 
A indicação e aquisição de recursos adaptados, bem como as modificações necessárias às 
adequações do mobiliário escolar foram discutidas com os pais, a direção da escola e a equipe 
responsável pela Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação, buscando-se soluções 
simples a partir da realidade existente. 
Resultados:
Foi identificada necessidade de adaptação de cadeira e mesa/carteira para todos os alunos 
participantes. O espaço escolar apresentava, ainda, inúmeras inadequações no mobiliário de uso 
comum (lavatório, vaso sanitário, mesa do refeitório, bebedouro) e área de circulação, constituindo-se obstáculos ao livre acesso dos participantes. 
As habilidades de autos cuidados constituíam problema comum a todos os alunos participantes. Os 
três alunos não deambuladores eram dependentes da assistência de um adulto para utilização do 
sanitário e, apesar de haver barras de apoio nos banheiros de suas escolas, eles não conseguiam 
utilizá-las.
Com a adaptação da barra de apoio, o aluno que necessitava de assistência mínima pôde usar o 
sanitário com supervisão. Após adaptação da cadeira ao vaso, o aluno que precisava de total 
assistência para uso do sanitário, passou a necessitar de assistência mínima.
Foi indicada cadeira de rodas motorizada para dois alunos que não conseguiam impulsioná-la na 
escola, não sendo possível adquiri-las por restrição dos recursos financeiros.  
Dois participantes eram alimentados por um adulto e após orientar as professoras e adequar a mesa 
do refeitório,  eles conseguiram se alimentar independentemente na escola.
A partir da adaptação da cadeira (com assento esculpido em espuma para encaixar e estabilizar a 
pelve e manter a abdução dos MMII) e da mesa (com recorte em semicírculo), foi possível 
observar melhora do alinhamento postural de quatro, dos cinco participantes.
A1 apresentou diminuição do desvio lateral e melhora do alinhamento do tronco. Sua mãe relatou 
que 75% das adaptações desenvolvidas contribuíram para melhorar o desempenho/ participação de 
seu filho, principalmente quanto à manutenção de postura adequada, alimentação, higiene, atividades 
acadêmicas, brincar; e conforto da professora/cuidadora. 
A3 evidenciou melhora do alinhamento do tronco e sua mãe considerou que 100% das adaptações 
contribuíram para “melhorar muito” sua participação/desempenho quanto à manutenção postural, 
atividades acadêmicas e conforto na escola. 
Houve discreta melhora do alinhamento do tronco de A4 após adaptação da mobília. Sua mãe 
relatou que 69.23% das adaptações contribuíram para melhorar sua participação/desempenho. 
Além da melhora do alinhamento do tronco de A5 ao sentar-se, seu pai indicou que 90% das 
adaptações contribuíram para melhorar o transporte, segurança, manutenção postural, habilidades 
acadêmicas, de alimentação e higiene do filho. 
As professoras relataram melhora dos aspectos de segurança e auto-estima dos alunos; da 
coordenação e interesse em participar das atividades; redução da necessidade de posicionar o aluno 
na cadeira; e maior segurança em relação ao atendimento educacional de seus alunos com PC.
Os principais aspectos positivos sobre a Consultoria prestada, indicados por todas as professoras 
participantes (100%) consistiram em: a presença da pesquisadora na sala para identificar as 
dificuldades da professora e necessidades do aluno; aquisição de conhecimentos, novas 
idéias/sugestões de como trabalhar com o aluno; boa interação entre a pesquisadora e as 
professoras; maior segurança em trabalhar com o aluno; valorização das habilidades da professora, 
incentivo por parte da pesquisadora; auxílio eficaz, soluções concretas sobre as solicitações da 
professora; e benefícios da adaptação da mobília (redução da necessidade de posicionar o aluno na 
cadeira; melhora da postura do aluno; melhora do uso das mãos). 
Os principais pontos negativos sobre a consultoria prestada compreenderam: Constrangimento inicial 
das professoras na presença da pesquisadora (80%); Agitação inicial dos alunos, perda do domínio 
da turma (60%) e falta de correção à professora (40%).
Discussão:
Três alunos apresentavam máxima/total dependência da assistência de um adulto para utilização do 
sanitário, e um necessitava de assistência mínima somente para apoiá-lo em pé, mas nenhum deles 
utilizava as barras de apoio existentes nos banheiros. Este dado sugere que, a adaptação de barras 
de apoio não é suficiente para garantir que alunos com PC gravemente comprometidos possam usar 
o sanitário independentemente, provavelmente devido à deficiência no controle motor de tronco e 
dos membros superiores, e ao déficit de força muscular - aspectos comuns na PC, destacados por 
Palisano (2003).
A não obtenção da cadeira de rodas motorizada devido a restrições financeiras é uma questão 
mencionada por Palisano et al (2003). Estes autores discutem que apesar do uso desse recurso 
contribuir para a independência na mobilidade e ampliação da participação social das crianças com 
PC, seu estudo revelou uma baixa percentagem de crianças que o utilizavam, sugerindo que o fato 
possa ser atribuído mais à restrição dos recursos financeiros que propriamente pela deficiência do 
controle motor das crianças.  
A adaptação de mesa com recorte em semicírculo na altura do tórax, de acordo com a indicação de 
Braccialli (2000), forneceu apoio ao tronco e aos MMSS; a adaptação das cadeiras e o assento 
esculpido em espuma contribuíram para a promoção do alinhamento postural para a maioria dos 
alunos participantes, reforçando a hipótese de que a posição da pelve influencia a postura do resto 
do corpo (WASHINGTON et al, 2002), e a redução da necessidade de posicionar o aluno na 
cadeira reflete a melhora da estabilidade ao sentar-se. 
Washington et al. (2002) destacam a facilidade em fabricar o assento de espuma e sua relação 
custo-benefício como vantagens sobre outros recursos adaptados; considerando a realidade das 
escolas públicas investigadas, esse aspecto foi fundamental na escolha da adaptação.
A insegurança expressa pelas professoras em atender seus alunos com PC confirma a necessidade 
de desenvolverem competências relacionadas à instrução, ao uso de comunicação alternativa e 
equipamento de tecnologia assistiva; à necessidade de adaptações das atividades e materiais dos 
alunos e à aptidão para planejar o ensino e arranjar o ambiente de aprendizagem quanto à 
acessibilidade e posicionamento (ALPINO, 2003). Após as palestras e orientações, as professoras 
participantes relataram maior segurança em relação ao atendimento educacional de seus alunos com 
PC.
Conclusão:
Os resultados contribuíram para o conhecimento das condições de acessibilidade ao currículo e ao 
espaço físico escolar dos alunos participantes e permitiram caracterizar suas necessidades de apoio 
para o atendimento educacional. Os conhecimentos gerados poderão orientar o atendimento 
educacional de outros alunos portadores de PC na escola regular. 
O fisioterapeuta pode contribuir para a inclusão de alunos com PC pela promoção da capacitação 
específica dos professores por meio de palestras, orientações especializadas sobre o 
posicionamento e manuseio adequados; e através de adaptação do espaço físico, do mobiliário 
escolar, recursos de tecnologia assistiva, materiais e atividades, quando necessário. Esta abordagem 
deveria ser fundamentada no conhecimento das necessidades dos alunos e das dúvidas/dificuldades 
dos educadores, possível somente por meio de vivência e observação da rotina escolar, acreditando 
que as características contextuais (físicas, temporais e sociais) exercem, freqüentemente, importante 
impacto sobre a mobilidade e participação de crianças com PC. A investigação da atuação do 
fisioterapeuta como colaborador, com vistas a promover apoio ao atendimento educacional do 
aluno com PC, poderá contribuir para o esclarecimento das ações desse profissional no contexto da 
escola inclusiva.
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