http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/019.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
INVESTIGANDO CARACTERÍSTICAS DE ALTAS HABILIDADES DO TIPO 
ACADÊMICO: UM ESTUDO DE CASO 
Andréia Jaqueline Devalle Rech - Universidade Federal de Santa Maria
Soraia Napoleão Freitas - Universidade Federal de Santa Maria
RESUMO
Este artigo tem por finalidade apresentar os dados de uma pesquisa de mestrado integrante do 
Programa de Pós-graduação em Educação, Linha de Pesquisa em Educação Especial, da 
Universidade Federal de Santa Maria. Esta pesquisa teve como objetivo investigar o processo de 
inclusão escolar de uma aluna com características de altas habilidades, que freqüentou à 1ª série do 
ensino fundamental de uma escola da rede pública estadual de Santa Maria – RS, problematizando 
questões referentes à inclusão escolar. Os dados foram coletados a partir da observação do 
cotidiano da sala de aula em que a aluna foi matriculada, da aplicação de atividades de 
enriquecimento escolar e de entrevistas com a professora e com os pais da aluna. Os resultados da 
pesquisa sugerem que a aluna apresenta características de altas habilidades do tipo acadêmico 
(RENZULLI, 1998, 2004).
Introdução: Atualmente a educação especial vem recebendo um maior destaque no meio escolar. 
Em grande parte, isso tem ocorrido devido a crescente demanda pela busca da inclusão escolar dos 
alunos com necessidades educacionais especiais. No entanto, em muitos casos, a escola regular tem 
se preocupado com a inclusão escolar dos alunos com deficiências e, conseqüentemente, os alunos 
com altas habilidades, em algumas situações, não estão tendo suas necessidades educacionais 
especiais atendidas. Aliados a este acontecimento podem-se citar os mitos que permeiam o 
imaginário popular, como por exemplo, que o aluno com altas habilidades não necessita de apoio 
especializado, já que daria conta da sua própria aprendizagem, ou seja, seria um autodidata. Mas, 
este fato não condiz com a realidade, uma vez que tanto o aluno com deficiência quanto o com altas 
habilidades necessitam de apoio pedagógico especializado. Portanto, devemos nos conscientizar de 
que o aluno com altas habilidades, há muito tempo já encontra-se incluído na escola e, na maioria 
dos casos, o professor da sala de aula regular não consegue reconhecer este aluno, já que ele não 
foi preparado para identificar as habilidades destes alunos. Dessa forma, enquanto educadores 
temos o dever de contribuir com a inclusão escolar de todos os alunos, para que não ocorra uma 
exclusão dentro da própria inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais. Pensando 
em tudo isso, que esta pesquisa de mestrado foi proposta. O sujeito participante da pesquisa foi 
uma aluna, que na época, 2005, estava com cinco anos e nove meses, encontrava-se alfabetizada, 
mas não tinha idade mínima para ingressar em uma 1ª série do ensino fundamental da rede pública. 
Então a 8ª Coordenadoria Regional de Educação orientou os pais desta aluna a encaminhá-la para 
uma avaliação psicológica e pedagógica, com o intuito de verificar se ela manifestava condições 
emocionais e pedagógicas para ingressar precocemente em uma 1ª série do ensino fundamental. A 
avaliação psicológica foi realizada por uma psicóloga do Hospital de Guarnição de Santa Maria e a 
avaliação pedagógica pela equipe de pesquisadoras orientadas pela profa. Dra. Soraia Napoleão 
Freitas.
Na avaliação psicológica foi constatado que a aluna possuía capacidade de empatia, boa auto-estima e de manter bons relacionamentos sociais. Além disso, apresentava tolerância à frustração e 
maturidade emocional adequada à sua idade cronológica. Em relação aos aspectos cognitivos a 
aluna obteve resultado superior em habilidade verbal e de raciocínio, alcançando média nas 
habilidades numérica, perceptivo-espacial e viso-motora.
Na avaliação pedagógica, foi constatado que o nível da lecto-escrita da aluna estava alfabético 
(FERREIRO, 2000), ou seja, encontrava-se em um nível superior à sua idade cronológica. Após a 
conclusão da avaliação psicológica e pedagógica foi constatado que a aluna encontrava-se 
emocionalmente e pedagogicamente apta a freqüentar a 1ª série do ensino fundamental. Munidos 
das avaliações os pais da aluna conseguiram matriculá-la em uma 1ª série. 
Foi a partir destas avaliações que surgiu o interesse em investigar a inclusão escolar desta aluna, pois 
tanto o parecer psicológico quanto o pedagógico sugeriam que a aluna apresentava um 
desenvolvimento avançado para sua idade cronológica. Então, informei aos pais da aluna sobre o 
interesse em acompanhar o ingresso da aluna na escola regular. Os pais prontamente concordaram 
com a realização da pesquisa. 
O objetivo que norteou esta pesquisa buscou investigar o processo de inclusão escolar de uma aluna 
com características de altas habilidades, que freqüentou à 1ª série do ensino fundamental de uma 
escola da rede pública estadual de Santa Maria – RS, problematizando questões referentes à 
inclusão escolar. No entanto, este texto apresentará um recorte desta pesquisa já que irá deter as 
discussões em torno de um dos objetivos específicos propostos: realizar um levantamento das 
características de altas habilidades que a aluna manifestou durante as observações em sala de aula e 
no ambiente familiar. 
Método: Para buscar responder aos objetivos propostos para este estudo optamos pela pesquisa 
descritiva, com análise qualitativa, com características de estudo de caso. Dentre as pesquisas que 
são descritivas, o estudo de caso foi selecionado, já que “estes estudos têm por objetivo 
aprofundarem a descrição de determinada realidade” (TRIVIÑOS, 1987, p. 110).
Para que fosse possível realizar a pesquisa na escola em que a aluna foi matriculada contatamos a 
Coordenadora Pedagógica da instituição que autorizou a pesquisa. Em seguida, solicitamos à 
professora da aluna do estudo, autorização para observar suas aulas. 
Diante disso, com o intuito de verificar e problematizar o processo de inclusão escolar da aluna na 
escola realizei observações quinzenais, no período de agosto a dezembro de 2005, somando dez 
encontros. Logo, a “observação participante” tornou-se um instrumento de coleta de dados, já que, 
por meio dela, foi possível “[...] captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são 
obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observados diretamente na própria realidade, 
transmitem o que há de mais imponderável e evasivo na vida real” (NETO, 2004, p. 59-60). Como 
recurso auxiliar deste processo o “Diário de Campo” foi utilizado, registrando tudo que foi 
pertinente, uma vez que “nele diariamente podemos colocar nossas percepções, angústias, 
questionamentos e informações que não são obtidas através da utilização de outras técnicas” 
(NETO, 2004, p. 63). Por isso, da importância do registro no diário de campo, já que ocorrem 
situações que com o passar do tempo se não forem registradas podem se perder.
Algumas atividades de enriquecimento escolar também foram consideradas como fonte de registro. 
Nestas atividades foram abordados temas como: criatividade, senso de humor, fluência verbal e 
escrita, lógico-matemática, bem como conhecimentos gerais. Diante disso, no primeiro momento da 
aula, apenas observei a dinâmica da sala de aula, sem nenhuma intervenção, apenas registrando 
dados. Após o recreio apliquei as atividades de enriquecimento com o intuito de proporcionar aos 
alunos que manifestassem seus interesses, e habilidades, mas sempre com atenção especial ao 
sujeito da pesquisa.
Outro instrumento selecionado para coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada, já que ela 
[...] parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que 
interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, 
fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem respostas do 
informante (TRIVIÑOS, 1987, p. 146). 
Como permite tal técnica, optei por iniciá-la com perguntas previamente definidas, mas sem a 
preocupação em seguir um roteiro tal e qual foi pensado, já que no decorrer do diálogo novos 
questionamentos podem surgir. A entrevista semi-estruturada foi realizada com a professora, na 
própria escola, em um ambiente reservado, de forma individual. O horário foi previamente 
agendado, ficando a cargo dela escolher o momento que tivesse maior disponibilidade para 
responder às perguntas. Num segundo momento, a entrevista semi-estruturada foi realizada com os 
pais da aluna com a finalidade de obter maiores informações sobre a história de vida da criança, ou 
seja, como ocorreu seu desenvolvimento, o que eles perceberam de especial em sua filha, entre 
outros. Essa entrevista, também foi realizada em um ambiente reservado, em horário oportuno aos 
pais. Durante a realização das entrevistas o gravador foi utilizado para registrar as falas dos 
entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando-me a 
utilizar o conteúdo registrado. Ao término das entrevistas o conteúdo foi transcrito mantendo-se fiel 
ao que foi dito pelos colaboradores da pesquisa.
Resultados: A aluna observada é filha única, seu pai é militar e sua mãe contabilista. Segundo os 
pais, com aproximadamente dois anos e meio a aluna começou a ter interesse por computador, isso 
porque o ambiente familiar proporcionava-o, já que os pais utilizavam o computador para trabalhar 
em casa. O pai relatou que 
“[...] a gente colocava ela no cercadinho e ela começava a pular do cercado; o que a 
gente fazia, pegava o sofá e fazia um quadrado para ela, mas ela era forte e empurrava 
aquele sofá, então eu tava no computador e de repente vinha aquele dedinho assim e 
apertava [risos], e aí eu acho que o que ajudou bastante a alfabetização dela foi o 
computador”. 
A partir do relato, é possível perceber que o ambiente familiar era estimulante. Winner (1998, p. 
147) confirma que “as crianças superdotadas tipicamente crescem em ambientes ‘enriquecidos’ - 
interessantes, variados, estimulantes”. No entanto, os pais enfatizaram que o interesse em conhecer 
coisas novas partia da menina. Isso fica evidente no relato da mãe: “tudo vinha do interesse dela, a 
gente só incentivava porque não pode deixar o interesse morrer. A gente sempre tomou cuidado até 
com psicólogo a gente falou, deixar tudo no tempo dela, nunca forçar nada”. 
Em relação à aprendizagem das palavras, a mãe relatou que sua filha não apresentou dificuldades ao 
pronunciar os sons. De acordo com a mãe: 
“às vezes tem uns que têm dificuldade em falar os sons, ela sempre teve facilidade, 
pelo que eu conhecia de crianças, porque eu tenho vários sobrinhos. Eu achava 
interessante como ela tinha capacidade de ler, aí no ‘pré a’ ela já escrevia com letra 
bastão, aí ela entrou em férias e quando chegou no ‘pré b’ já escrevia cursiva, aí eu 
peguei um dia o caderno só para treinar a letra dela, mas nem cheguei a usar aquele 
caderno [caderno de caligrafia] ela já foi fazendo. Sempre era adiantada, daí já no ‘pré 
b’, ela já começava quando as outras crianças iam aprender ela dizia antes” [grifos 
nossos].
Tem-se conhecimento de que muitas crianças com altas habilidades foram precoces (WINNER, 
1998). No entanto, a precocidade pode estar presente em pessoas que, na vida adulta, não 
apresentam altas habilidades. Mas também, de acordo com Moreno, Costa e Gálvez (1997, p. 44),
normalmente são os pais quem notam a curiosidade precoce que tem seu filho 
superdotado sobre o mundo e as habilidades de raciocínio que manifestam 
precocemente, tanto no que se refere ao seu avançado e elaborado vocabulário, 
como a alta capacidade de abstração e concentração que demonstra.1
No caso da aluna desta pesquisa, a facilidade com as palavras pôde ser observada desde muito 
cedo. Isso pode explicar o interesse e a facilidade com a leitura e a escrita percebidas durante a 
pesquisa. Além disso, a matemática também fazia parte dos interesses da aluna. Os pais relatam 
alguns acontecimentos em que a menina apresentou interesses pela matemática. “Fui tentar explicar 
para ela, por exemplo, 5 x 2 aí ela assim 10, aí eu ‘puxa vida’ quer dizer que ela tá a frente, quando 
eu vou explicar uma coisa ela já sabe”. É importante ressaltar que a capacidade de abstração é uma 
característica presente nas pessoas com altas habilidades (RENZULLI, 1998; WINNER, 1998). 
Ainda, segundo a mãe, “foi ela que foi pesquisar, porque na escola ainda eles não tinham estudado a 
multiplicação”. O interesse em pesquisar/conhecer novos assuntos está relacionado com o “Anel 
Comprometimento com a Tarefa”, presente na Concepção de Superdotação proposta por Renzulli 
(1998). Para esse autor, o compromisso com a tarefa envolve “capacidade para altos níveis de 
interesse, entusiasmo, fascinação, e envolvimento em um problema particular, área de estudo, ou 
forma de expressão humana”2 (RENZULLI, 1998). Logo, a aluna apresenta esta característica, o 
envolvimento com a tarefa, ou seja, quando ela busca conhecer algo novo, ela se envolve até 
alcançar o que deseja. 
O pai também relatou que “antes de entrar na primeira série ela já tinha noção dos continentes e dos 
países. Ela sabe também dos planetas e do sistema solar”. A mãe também descreve o interesse da 
menina por línguas. “Sobre espanhol ela sabe um monte de coisa, tudo pela internet, porque a gente 
deixa usar a internet, no caso a gente sempre acompanha. Até MSN3 ela tem conversa com as tias, 
escreve, ela sabe usar todos os recursos” [grifo nosso]. Outro fato também chamou a atenção do 
pai: “uma coisa também que ela pegou com facilidade foi que a terra é redonda, sobre as noites e os 
dias, sabe que lá no Japão é noite e aqui é dia, ela pegou super fácil”. 
Sobre a personalidade da menina, o pai a descreve como “uma criança muito querida, ela cativa 
tanto crianças, adultos, mas principalmente os idosos, ela encanta os idosos, ela é muito educada, 
trata bem os idosos. Então eu acho que é uma habilidade que ela encanta as pessoas”. A mãe 
confirma esse carisma da aluna e complementa ao dizer que “a educação vem de casa, mas às vezes 
tu tenta educar e a criança não pega. Já a [menina] desce do ônibus olha para o motorista e diz 
muito obrigada, as pessoas acabam se encantando porque isso não existe mais”. 
Em relação a aprendizagem da aluna, em sala de aula, pude observar que a rotina da 1ª série não 
era um ambiente que favorecesse a identificação das características de altas habilidades da aluna. A 
professora pode ser considerada como tradicional, pois seu método de ensino era basicamente 
expositivo, apenas utilizava o quadro-negro e folhas mimeografadas. Na sua forma de ministrar as 
aulas, os alunos deveriam reproduzir o que ela havia ensinado. Poucas vezes os alunos contribuíam 
com conhecimentos extraclasses para complementar o conteúdo trabalhado. Foi pensando em tudo 
isso, que as atividades de enriquecimento escolar foram propostas, assim elas tornaram-se mais uma 
fonte de observação das características de altas habilidades na aluna pesquisada.
As atividades de enriquecimento foram extraídas do livro “Toc toc... plim plim!: lidando com as 
emoções, brincando com o pensamento através da criatividade” (VIRGOLIM; FLEITH E NEVES-PEREIRA, 2000), além de algumas atividades anteriormente desenvolvidas em um Programa de 
Enriquecimento Escolar.4
Para exemplificar, apresento a descrição de uma das atividades realizadas com a turma. Nesta 
atividade os alunos deveriam produzir um texto a partir da seleção aleatória de duas figuras que 
estavam dentro de um pacote. A aluna pegou, de forma aleatória, a figura de um anjo e de uma 
senhora na janela. O título do texto produzido pela aluna foi: “O anjo mágico” e trata de uma 
senhora que estava à espera do filho, mas que havia esquecido que ele dormiria na casa de um 
amigo, então surge um anjo para lembrá-la. A partir da comparação do texto escrito pela aluna com 
o texto dos demais colegas, constata-se que ela está em um nível além dos demais. Enquanto a 
aluna desenvolveu o texto com início, meio e fim, muitos dos seus colegas fizeram apenas frases, 
muitas delas soltas, sem a preocupação em estruturar o texto. Diante disso, recorro a uma citação 
que tem como base a concepção de altas habilidades proposta por Renzulli: 
Altas habilidades referem-se aos comportamentos observados e/ou relatados que 
confirmam a expressão de ‘traços consistentemente superiores’ em relação a uma 
média (por exemplo: idade, produção ou série escolar) em qualquer campo do saber 
ou do fazer (BRASIL, 1995, p. 13). 
Verifica-se, em consonância com essa concepção, que a aluna observada apresentou uma produção 
consistentemente superior se comparada aos trabalhos dos demais colegas.
Discussão: Durante a realização das atividades de enriquecimento escolar, bem como a partir das 
observações do cotidiano da sala de aula e do relato dos pais, foi possível perceber algumas 
características de altas habilidades na aluna. O perfil observado evidencia, em consonância com o 
que escreve Renzulli (2004), que a aluna apresenta características da superdotação acadêmica. 
Nesse sentido, os alunos que são superdotados academicamente, na maioria das vezes, apresentam 
um rendimento acima da média nas áreas mais valorizadas pela escola, a matemática e o português 
(RENZULLI, 1998, 2004). Os maiores interesses da aluna envolvem a matemática e o português, 
mais especificamente a comunicação oral e escrita. A professora complementa: “ela lê 
tranqüilamente, é bem posicionada, se um erra, ela corrige [risos]. Na leitura, ela está muito bem, na 
matemática também, não tem problema de ter que repetir, explicar de novo”.
Além disso, “[...] a superdotação consiste em uma interação entre três agrupamentos de 
características: habilidades gerais acima da média, mas não necessariamente superior, compromisso 
com a tarefa, e criatividade”5 (RENZULLI, 1998). Esses três “ingredientes”, na maioria das vezes, 
foram observados na aluna durante a realização das atividades de enriquecimento escolar. Quando a 
atividade fazia parte de sua área de interesse, a aluna demonstrava habilidade acima da média,6 
envolvimento com a tarefa e criatividade. É importante destacar que nem sempre os Três Anéis 
mantém o mesmo nível, há momentos em que determinado Anel é mais exigido para cumprir a 
tarefa. Portanto, para Renzulli (1998, 2004), os anéis apresentam diferentes picos durante uma 
produção, mas em nenhum momento um deles deixa de contribuir. A seguir, destaco algumas 
características dos Anéis que foram observadas na aluna durante a pesquisa.
Habilidade acima da média: altos níveis de pensamento abstrato e numérico, relações de espaço, 
memória e fluência verbal. Comprometimento com a tarefa: altos níveis de interesse numa área 
específica, entusiasmo, fascinação, perseverança, resistência e determinação. Criatividade: 
Fluência, flexibilidade, originalidade de pensamento, atenta a pequenos detalhes (RENZULLI, 
1998).
Além destas, outras características também foram identificadas na aluna, entre elas: Características 
da aprendizagem: rapidez e facilidade para aprender; facilidade para abstração; flexibilidade de 
pensamento; produção criativa; capacidade de julgamento; habilidade para resolver problemas; 
memória e compreensão incomuns das situações vivenciadas e Independência de pensamento 
(ABSD/RS, 2000).
Características comportamentais e sociais: muita curiosidade; senso crítico exacerbado; senso 
de humor desenvolvido; sensibilidade; comportamento cooperativo; habilidade no trato com as 
pessoas; capacidade de analisar e propor soluções para problemas sociais; aborrecimento com a 
rotina e conduta irrequieta (ABSD/RS, 2000).
Para finalizar, a partir dos dados coletados, foi possível constatar que os interesses da aluna estão 
centrados nas áreas lingüísticas e lógico-matemáticas, portanto a aluna apresenta características de 
altas habilidades do tipo acadêmico (RENZULLI, 1998, 2004). No entanto, recomenda-se que a 
aluna tenha um acompanhamento a longo prazo o que irá possibilitar comprovar se estas 
características se confirmarão ou não em altas habilidades. Esta prática será importante, pois de 
acordo com Vieira (2006, p. 102-103):
o acompanhamento dos comportamentos indicativos de altas habilidades/ 
superdotação é um fator de relevância nesse processo, pois é através do 
acompanhamento que a intensidade, consistência e freqüência desses 
comportamentos podem ser observados em diferentes situações e períodos da vida 
dessas crianças [grifo da autora].
Dessa forma, neste momento não é possível afirmar que a aluna apresenta altas habilidades, mas sim 
que ela apresenta comportamentos superdotados. Por isso é preciso acompanhar seu 
desenvolvimento por um maior período, para verificar a intensidade, consistência e freqüência destes 
comportamentos. Contudo, sou a favor do que pensa Renzulli, ou seja, não devemos nos preocupar 
se os alunos são ou não superdotados, mas sim oferecer-lhes oportunidades para desenvolver o 
potencial que apresentam. 
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA SUPERDOTADOS. SEÇÃO RS. Altas habilidades/ 
superdotação e talentos: manual de orientação para pais e professores. Porto Alegre: ABSD/RS, 
2000.
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Diretrizes gerais para o 
atendimento educacional dos alunos portadores de altas habilidades/superdotação e 
talentos. Brasília: MEC/SEESP, 1995.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. /Emília Ferreiro: Tradução Horácio Gonzáles (et. 
al.), 25. ed. Atualizada. São Paulo: Cortez, 2000.
MORENO, F. M.; COSTA, J. L. C.; GÁLVEZ, A. G. Padres, compañeros y profesores como 
fuente de información en la identificación del superdotado. In: SÁNCHES, M. D. P. (org) 
Identificación, evaluación y atención a la diversidad del superdotado. Málaga: Aljibe, 1997. 
cap. II, p. 41-57.
NETO, O. C. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, M. C. de S. (org). 
Pesquisa social: teoria método e criatividade. 23. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2004. 
cap. IV, p. 51-66.
RENZULLI, J. S. The three-ring conception of giftedness. In: Baum, S. M.; Reis, S. M.; Maxfield, 
L. R. (Eds.). Nurturing the gifts and talents of primary grade students. Mansfield Center, 
Connecticut: Creative Learning Press, 1998. Disponível em: 
<http://www.sp.uconn.edu/~nrcgt/sem/semart13.html> Acesso em 04 dez. 2006. 
RENZULLI, J. S. O que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? Uma 
retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação. Tradução de Susana Graciela Pérez Barrera Pérez. 
Porto Alegre – RS, ano XXVII, n. 1, p. 75-121, jan/abr, 2004.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em 
educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VIEIRA. N. J. W. Uma trajetória na identificação de altas habilidades/superdotação em educação 
infantil. In: FREITAS, S. N. (Org) Educação e altas habilidades/superdotação: a ousadia de 
rever conceitos e práticas. Santa Maria: Editora da UFSM, 2006. p. 89-107
VIRGOLIM, A. M. R.; FLEITH, D. S.; NEVES-PEREIRA, M. S. Toc toc... plim plim!: lidando 
com as emoções, brincando com o pensamento através da criatividade. 2 ed. Campinas: Papirus, 
2000.
WINNER, E. Crianças superdotadas: mitos e realidades. Tradução de Sandra Costa. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1998.