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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAS EM 
TRABALHADORES COM DEFICIÊNCIA FÍSICA INCLUÍDOS NO 
MERCADO FORMAL
Thaiz Angelino Carvalho
Maria Amélia Almeida
Programa de Pós Graduação em Educação Especial
Universidade Federal de São Carlos
RESUMO
        Alguns estudos apontam que as habilidades técnicas ligadas às 
tarefas são priorizadas pelos empregadores como importantes para 
sucesso no trabalho. Por outro lado, alguns estudos demonstram que as 
habilidades sociais dos empregados também são consideradas de grande 
importância pelos mesmos, para bom desenvolvimento da função do 
trabalhador. Características como: fazer amizades, apoio social, 
satisfação no trabalho, e comportamentos considerados habilidosos 
socialmente favorecem a manutenção dos funcionários nas empresas e 
auxiliam no bom resultado de sua função. Considerando que esta teoria 
também é aplicada aos profissionais com deficiência e estes hoje também 
estão ocupando espaço no mercado de trabalho, e por várias razões, tem 
estas habilidades comprometidas, este projeto de pesquisa tem como 
objetivo desenvolver habilidades sociais em pessoas com deficiência 
física inserida no mercado por meio de um programa de treinamento de 
habilidades sociais, baseado nas atividades de um programa já existente. 
A seleção dos participantes ocorrerá por meio da aplicação do 
inventário, IHS- Inventário de Habilidades Sociais, em todos os 
funcionários da empresa, com deficiência física. Diante dos resultados 
obtidos, serão escolhidos, os participantes com maior número de 
habilidades sociais comprometidas e assim, o processo de intervenção 
será iniciado, baseado nas atividades propostas de acordo com cada 
habilidade deficitária.
A intenção do projeto de pesquisa é facilitar e melhorar o desempenho 
desses trabalhadores com deficiência, no desenrolar de suas funções no 
ambiente de trabalho e em suas relações sociais.
Palavras Chave: deficiência física, habilidades sociais, inclusão,mercado 
formal.
INTRODUÇÃO
         
 O movimento da educação especial se caracteriza pela busca da 
sociedade inclusiva, pelo rompimento das idéias segregadoras acerca da 
concepção de deficiência e por ter a inserção de pessoas com deficiência 
no mercado formal de trabalho com sendo uma das possíveis fases da 
inclusão social ( Campos, 2006).
A inclusão de pessoa com deficiência no mercado de trabalho 
significa ir além da contratação e da inclusão na lei de cotas, e a 
aceitação e execução do princípio da inclusão, podendo enxergá-los 
produtivos e capazes de contribuir para o desenvolvimento daquela 
função.
Ainda de acordo com Campos(2006), é importante para este 
processo de inclusão, conhecer in loco as habilidades sociais 
consideradas importantes à realização das tarefas e da convivência com 
os colegas de trabalho com e sem deficiência, indo além das 
investigações específicas sobre a profissionalização dessas pessoas que 
ainda, são restritas ao ensino e a tarefa a ser executada e não as 
questões consideradas responsáveis para a manutenção dos trabalhadores 
na função, tais como as questões de habilidades sociais.
Exclusão X Inclusão: concepção da deficiência
Segundo uma concepção moderna, os paradigmas podem ser 
entendidos como um conjunto de regras, crenças e valores, princípios que 
contextualizam as relações sociais em dado momento histórico (Aranha, 
2000; Mrech, 2001). O histórico da pessoa com deficiência, atravessa 
uma fase de mudanças de paradigmas, caracterizado por uma política de 
inclusão, mas ainda com idéias práticas segregadoras, de um histórico de 
passado não muito distante.
De acordo com Mendes (2001), existe na atualidade um sincretismo 
de representações que aglutina tudo o que já se pensou em ser a 
deficiência. Neste sentido, estas representações influenciam direta e 
indiretamente as relações sociais entre as pessoas com e sem deficiência. 
E o resgate histórico do conceito de deficiência permite compreender a 
evolução de tal concepção e sua influência das atitudes frente às pessoas 
com deficiência. 
Fruto dessa nova perspectiva, foi delineado um novo paradigma, 
denominado de suportes (Aranha,2001) e fundamentado no princípio da 
diversidade e no conceito de inclusão social.
Essa reflexão se faz necessária, pois é importante ter o conceito do 
processo de inclusão social dessas pessoas, principalmente quanto à 
profissionalização e inserção no mercado de trabalho, de profissionais 
com deficiência.
Profissionalização de pessoas com deficiência
Em estudos realizados por Anache (1996), observa-se que a pessoa 
com deficiência tem que lutar muito por um espaço compatível com sua 
formação, no mercado de trabalho. Segundo a autora quando essa pessoa 
não consegue uma colocação, busca alternativas como: confeccionar 
vassouras, vender bilhetes de loterias, dificultando sua independência 
financeira.
A falta de qualificação profissional de pessoas com deficiência no 
mercado de trabalho, existe devido a desvalorização da sociedade com 
essas pessoas e também pela dificuldade que elas têm de acesso a 
sociedade.
Almeida (2000) refere-se ainda a um estudo de Tanaka (1998), que 
depois de 10 anos conseguiu concluir que as instituições, com planos de 
oficinas pedagógicas, não preparam adequadamente o aluno para inserção 
no mercado de trabalho, uma vez que: 1) eles apresentam 
comportamentos inadequados com alto índice, sendo incompatível com 
uma situação natural de trabalho. 2)- os professores, ao invés de 
supervisionar os alunos em suas oficinas tenderam a se preocuparem mais 
com os produtos em si do que com eles mesmo.
        Outro estudo encontrado (Pacheco, 1997), sobre oficinas 
pedagógicas, relata a falta de colaboração desses profissionais, pois as 
modalidades praticadas em oficinas oferecidas, eram desvinculadas da 
necessidade do mercado de trabalho. Na maioria das instituições os 
alunos eram tratados como crianças e pouco opinavam pelo seu futuro. 
As atividades tinham cunho artesanal.
        Tomando-se por base esses estudos é possível visualizar o cenário 
profissional de algumas pessoas com deficiência e assim as dificuldades 
encontradas, quanto ao ensino de habilidades de grande importância, 
relacionadas as tarefas a desempenhar e ao relacionamento social com os 
amigos.
         De acordo com a política de inclusão proposta pelo Ministério da 
Educação, o acesso ao mercado de trabalho é uma das formas mais 
eficazes de proporcionar condições de inclusão a uma pessoa com 
deficiência. A equiparação de oportunidades para conseguir e manter um 
emprego, é uma condição indispensável para se construir uma sociedade 
mais justa e democrática (Campos 2006).
A Constituição Brasileira de 1988 assegura, nos artigos 7º e 37º o 
acesso a pessoas com deficiência no mercado de trabalho formal.  Tal lei 
é complementada pelas leis federais 8112, de 11 de dezembro de 1990 
que dispõe do ingresso da pessoa com deficiência via concurso publico, a 
de numero 8213 de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre planos de 
benefícios da previdência, na qual se destaca o artigo 93 (Brasil,1991, 
p.29):
A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a 
preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários habilitados ou 
pessoas portadoras de deficiência, habilitadas na seguinte proporção:
I- até 200 empregados- 2%
II- de 201 a 500 – 3%
III- de 501 a 1000 – 4%
IV – de 1001 em diante – 5 %.
        Pode-se observar que do ponto de vista legal, foram criadas 
condições para o ingresso da pessoa com deficiência no mercado de 
trabalho competitivo. De acordo com o Instituto Paradigma (2006), 
dados da Delegacia Regional do Trabalho Do Estado de São Paulo 
demonstram por exemplo que em 2004 havia 14239 pessoas com 
deficiência no Brasil, empregadas,crescendo para 35.782 em 2005 , um 
aumento registrado de 150%.
        .
        Além do mais, mesmo que algumas habilidades não tenham sido 
treinadas, a situação natural de trabalho, proporcionou outros ganhos em 
termos de: autonomia, cuidados pessoais, linguagem; relacionamento 
pessoal, aquisições de habilidades acadêmicas ( noção de dinheiro, 
quantidade, tempo, tamanho, dias da semana).
        Os estudos confirmam as afirmações anteriores a respeito da 
importância da inserção dos trabalhadores com deficiência no mercado de 
trabalho, como via de desenvolvimento das habilidades e competências 
profissionais.
         No entanto, além de precisar saber a tarefa, o trabalhador com 
deficiência também necessitará apresentar outras características 
importantes, uma vez que está inserido num contexto social, sujeito as 
interação com outras pessoas ligadas ou não, ao seu setor de serviço.
Habilidades Sociais
Considerando que a interação individuo e ambiente social está na 
base da construção das relações sociais e que as situações interpessoais 
podem ocorrer em diversos contextos, como por exemplo, o profissional. 
Pode-se dizer que as pessoas socialmente habilidosas são capazes de 
promover interações sociais mais satisfatórias. Dessa forma, para que 
possam lidar com os novos desafios e as novas situações vigentes, 
precisam adquirir um repertorio cada vez mais elaborado de habilidades e 
competências.(Z.Del Prette &Del Prette, 2005).
 Em linhas gerais as habilidades sociais referem-se ao conjunto de 
desempenhos apresentados pelo individuo diante das demandas de uma 
situação interpessoal. Tais desempenhos sociais, tem sido caracterizados 
com base em fatores pessoal, situacional que contribuem para a 
competência social, favorecendo um relacionamento saudável e produtivo 
com as demais pessoas (Z.Del Prette &Del Prette, 2005).
Incluem na dimensão situacional: a) regras sociais, e as normas 
explícitas e implícitas que definem o comportamento adequado, permitido 
ou proibido. B) repertorio de elementos necessários para atingir seus 
objetivos, c) seqüências de interação razoavelmente padronizadas para a 
consecução dos objetivos ou realização da atividade, d) conceitos 
compartilhados naquele ambiente.
A aprendizagem da competência social esta diretamente relacionada 
com as oportunidades que um individuo tem ao longo de sua vida, para 
participar ativamente de diferentes situações sociais (Z. Del Prette & Del 
Prette, 2001). De um modo geral, os procedimentos utilizados em THS 
implicam em estratégias cognitivo comportamentais (modelação, 
modelagem, instrução, reforçamento, ensaio comportamental e feedback).
Freitas (2005) verifica a escassez de programas de treinamento de 
habilidades sociais desenvolvidos em população não clinica que 
apresentem tipos diversos de deficiência, bem como seus familiares ou 
pessoas significantes.
         Embora seja desafiador Murta (2005) julga necessário o progresso 
na área de pesquisa de treinamentos de habilidades sociais, em 
populações diversas em mundo real. As análises feitas pela autora, 
possibilitam ampliar a perspectiva da aplicabilidade de programas de 
treinamento em habilidades sociais em todas as populações no Brasil.
         Diante disso, faz-se necessário a programa que esta pesquisa 
pretende seguir.
MÉTODOS:
Antes da coleta de dados, o projeto de pesquisa deverá ser 
submetido à apreciação de um Comitê de Ética em pesquisa com seres 
humanos, conforme previsto pela resolução 196/06do CONEP e após sua 
aprovação será dado o início do estudo.
Os participantes receberão instruções e orientações a respeito da 
pesquisa dos procedimentos a serem realizados, resultados da avaliação e 
benefícios do estudo. Estes devem assinar o termo de consentimento livre 
e esclarecido, autorizando a sua participação.
Participantes:
Todos os profissionais com deficiência física deverão passar pela 
etapa de seleção inicial.
Serão escolhidos no mínimo 5 profissionais e no máximo 8 
profissionais que apresentarem maior numero de habilidades sociais 
deficitárias. 
Material/ Instrumento:
Será utilizado o Inventário de Habilidades Sociais – IHS – Del 
Prette (Z. Del Prette & Del Prette, 2001) instrumento este que prioriza 
as classes de habilidades sociais de comunicação, habilidades sociais de 
civilidade, assertivas de enfrentamento, empáticas, de trabalho, e de 
expressão de sentimento positivo, da população a ser incluída, podendo 
caracterizar e identificar as habilidades sociais de cada indivíduo está 
inserido na empresa. 
Procedimentos;
Em primeiro instante haverá um contato com a empresa, e com o 
profissional de RH, responsável pela Inclusão de profissionais com 
deficiência em sua empresa.
Os trabalhadores serão submetidos a aplicação do Inventario de 
Habilidade Sociais ( IHS), o qual avalia as habilidades sociais de cada 
indivíduo.
Para aqueles que apresentarem o maior numero de habilidades 
sociais deficitárias será desenvolvido um programa, com atividades 
vivenciais baseada em vivências para o trabalho em grupo(Z. Del Prette 
& Del Prette, 2001), entre outros materiais existentes na literatura.
O programa constará de no mínimo 8 encontros com cada 
profissional, sendo que dois deles serão em grupos.Os encontros deverão 
ter um tempo de médio de 1 hora, onde as atividades serão aplicadas e 
discutidas com os participantes.
Estes encontros terão como objetivo principal apresentar ao 
trabalhador suas habilidades sociais que estão em déficit e  através de 
atividades treiná-las e discuti-las, mencionando supostas opções de 
mudanças para que consiga desenvolvê-las em seu ambiente de trabalho.
O treinamento já existente, propõe atividades de desenvolvimento 
que serão usados como base para aplicação do programa a ser aplicado.
O resultado inicial de habilidades sociais servirá como pré teste ao 
estudo. O IHS será novamente aplicado com a finalidade de verificar se 
houve diferentes resultados encontrados na avaliação inicial do IHS. Com 
isso espera-se verificar se o programa de Habilidades Sociais proposto 
com base nos resultados do IHS inicial teve efeitos ou não no repertório 
de habilidades sociais dos trabalhadores com deficiência física.
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