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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL: ANÁLISE EVOLUTIVA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA MATEMÁTICA
Maria Helena Rubin
Maria Amélia Almeida


RESUMO

Ainda que se observe ampliação gradual nos últimos anos da preocupação quanto ao acesso de jovens e adultos com deficiência aos processos de aquisição da leitura, escrita e da matemática, ou seja, aos conteúdos relacionados às séries iniciais do ensino fundamental, é notório que as ações são ainda incipientes. Considerando-se, portanto, a urgência em se investigar como está acontecendo a escolarização de jovens e adultos com deficiência mental, o objetivo deste estudo consistiu em avaliar, analisar e acompanhar o desempenho escolar nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática de 7 jovens e adultos com deficiência mental  moderada, com idade variando entre 16 e 23 anos,  6 do sexo masculino e 1 do sexo feminino. Os dados foram coletados através de avaliações iniciais e de acompanhamento, realizadas individualmente, durante um ano letivo e analisados quantitativamente através de figuras e tabelas e qualitativamente através da análise do desempenho de cada participante. Os resultados evidenciaram que os participantes do estudo obtiveram evolução significativa nos conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática relacionados às séries iniciais do ensino fundamental, o que comprova que jovens e adultos com deficiência mental apresentam potencial para aquisição de conceitos complexos como os relacionados à aquisição da leitura, escrita e matemática, ou seja, à alfabetização e pós alfabetização, desde que lhes sejam oferecidos programas de intervenção que respeitem e considerem suas características individuais, principalmente a idade cronológica, seus interesses, potencialidades e necessidade de ajuda. As conclusões sinalizam para a escassez de pesquisas nesta área e para a necessidade de realizar estudos que contemplem a aprendizagem escolar de jovens e adultos com deficiência mental e que ofereçam “sugestões” de estratégias facilitadoras para a aprendizagem dessas pessoas.

INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade, a escolarização das pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência passou por transformações, de acordo com os valores, a cultura e a visão que a sociedade de cada época tinha sobre o homem e o mundo, sobre a própria deficiência e a possibilidade de educar pessoas com esta condição.
Sabe-se, por exemplo, que, apesar dos recentes avanços que ocorreram e estão ocorrendo na escolarização das pessoas com deficiência mental, ainda há predominância de concepções que consideram a deficiência inerente à pessoa e seu organismo, sendo que esta tem, por isso, potencial reduzido para a aprendizagem de conceitos complexos, por estar sua aprendizagem relacionada ao seu déficit. Sendo assim, pode-se supor, que as práticas educativas baseadas nessa concepção, limitam e muito, ou até privam o investimento na escolarização dessas pessoas.
            A descrença se agrava, no caso dos jovens e adultos os quais, legalmente, já passaram da época convencionada para freqüentar a escolarização inicial.
No entanto, é fato que a educação de jovens e adultos nos últimos anos vem passando por análises e reformulações em nível nacional, o que demonstra que muitos educadores e as políticas públicas estão se preocupando com a estruturação desta modalidade ensino e com sua eficácia.
            Novas alternativas e propostas estão surgindo, no intuito de buscar, oferecer educação de qualidade, que permita a essas pessoas, que não se alfabetizaram na época convencionada pelo sistema, tornarem-se cidadãos com os mesmos direitos e deveres dos demais. Além disso, a educação, seja ela infantil, fundamental ou destinada a jovens e adultos, já se sabe, é um direito de todos, inclusive das pessoas com deficiência mental.
            Se existe, portanto, uma preocupação crescente com jovens e adultos normais não alfabetizados, porque não haver essa preocupação também com as pessoas que têm deficiência mental e que não se alfabetizaram na idade convencional?
Ide (1992) aprofunda-se na questão da escolarização da pessoa com deficiência mental, imprimindo a esta questão um caráter tão ou mais sério ainda do que os já destacados, ao afirmar
o deficiente mental tem sido considerado como uma pessoa apenas receptora mecânica de conhecimento que os outros têm, sem nunca ter participado na construção de qualquer saber e normalmente as propostas de ensino são baseadas na crença de que os fracassos escolares destas crianças são devidos a “defeitos” inerentes a estes alunos (Ide, 1992, p.41).
            Porém, essa situação deve e pode ser revertida a favor da aprendizagem efetiva dessas pessoas, desde que a legislação seja realmente cumprida, desde que programas educacionais não sejam elaborados com base nos “déficits”, desde que os currículos para alunos com deficiência mental sejam elaborados de forma a contemplar conteúdos da educação fundamental e não conteúdos reduzidos ou diminuídos em razão do atraso, desde que os programas e planejamentos de ensino sejam elaborados de acordo com o potencial que certamente essas pessoas possuem, pois como afirma Fonseca (1987):
(...) é preciso acreditar nas possibilidades dos DM (...) Os DM podem adquirir aquisições muito complexas. Muito há a fazer no âmbito da ciência e do ensino (...) A aprendizagem ao contrário do que pensam muitos responsáveis, não depende só das condições internas inerentes ao indivíduo que aprende, ela constitui o corolário do equilíbrio de tais condições internas (de aprendizagem) com as condições externas (de ensino), inerentes ao indivíduo que ensina (Fonseca, 1987, p. 56).
Essas colocações permitem concluir que o indivíduo com deficiência mental é capaz de aprender, desde que se acredite em seu potencial e lhes sejam oferecidas situações reais e objetivas de aprendizagem, relacionadas ao seu contexto sociocultural, à sua idade cronológica e ao seu interesse.

A Educação de Jovens e Adultos no Brasil 
            
A expressão “Educação de Jovens e Adultos” é recente no país. Para o MEC, “a educação de jovens e adultos insere-se em uma política global que visa a universalização da educação básica como um compromisso com o desenvolvimento humano, social, político, econômico, cultural e ético da Nação” (Poppovic, 1999, prefácio).
Haddad (1992) já na década de 90 afirmava: “falar sobre Educação de Jovens e Adultos no Brasil é falar sobre algo pouco conhecido. Além do mais, quando conhecido, sabe-se mais sobre suas mazelas do que sobre suas virtudes” (Haddad, 1992, p. 4).
            Esta afirmação traz em si uma forte crítica a essa modalidade de ensino, porém, pode ser comprovada se realizando-se uma profunda análise da história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil1.
Pode-se afirmar que o objetivo primordial da educação de jovens e adultos no Brasil é atender aqueles indivíduos que, por algum motivo, foram excluídos da escolarização formal, caracterizando-se como uma maneira de atender a necessidade de escolarização de jovens ou adultos que não tiveram acesso aos estudos na época convencional e que buscam, de alguma forma, sobreviver em uma sociedade onde o domínio da leitura, da escrita e do cálculo é cada vez mais valorizado, de forma que os conhecimentos adquiridos informalmente já não são suficientes, visto que existe a cobrança em termos de comprovação (certificação) dos estudos concluídos.
Considerando-se, portanto, a aprendizagem escolar de pessoas com deficiência mental e a aprendizagem escolar do jovem e do adulto no Brasil, pode-se fazer as seguintes considerações:
1. A educação especial, quando se refere à aprendizagem escolar, mais precisamente à alfabetização, ainda se encontra mais direcionada às crianças com idade entre 7 e 14 anos, ou seja, ainda não se percebe preocupação com a alfabetização de jovens e adultos com deficiência mental, da mesma forma como há em relação às crianças, sendo este fato confirmado por Nunes e col. (1998) que, após analisarem 149 dissertações da área de Educação Especial constataram que, em todos os estudos analisados, a faixa etária compreendia pré-escolares e escolares.
2. A legislação (Brasil, 1988 e Brasil, 1996) e a proposta orientadora das ações educacionais das APAEs do Brasil (APAE Educadora, 2001) reiteram importantes considerações sobre o direito que têm o  jovem e o adulto com deficiência mental de receber atendimento escolar voltado para a alfabetização inicial e para a alfabetização.
3. No entanto, os documentos oficiais sobre a educação de jovens e adultos no Brasil não cogitam, em momento algum de seu vasto referencial teórico, sequer a possibilidade de contemplar, nessa modalidade de ensino, a pessoa com deficiência mental.
Em consonância com este último aspecto, a literatura revisada sobre a escolarização de pessoas com deficiência mental também não mostra nenhum estudo específico sobre a aprendizagem escolar desses jovens e adultos com esta condição.
2 Para conhecimento do histórico das Bases Legais da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, ver o documento: Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos. Parecer CEB/2000, aprovado em 10/05/2000, já que fazer uma retrospectiva detalhada da evolução histórica da Educação de Jovens e Adultos não se enquadra no âmbito deste estudo.

OBJETIVO

            O presente estudo teve como objetivo avaliar, analisar e acompanhar o desempenho escolar nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática de 7 jovens e adultos com deficiência mental moderada, por meio de planejamento e intervenção, nas áreas acima citadas.

MÉTODO

Participantes

Participaram deste estudo, sete jovens e adultos de ambos os sexos, com deficiência mental de grau moderado e que freqüentam por 4 horas/dia programas de Educação Profissional de uma Escola de Educação Especial. Desses, 6 eram do sexo masculino e 1 do sexo feminino, com idade cronológica entre 16 anos e 6 meses e 23 anos e 4 meses. Os participantes freqüentavam também, em contra-turno, duas vezes por semana por 4 horas, nesta mesma escola, um programa denominado “Programa Acadêmico”, cujo objetivo era trabalhar conteúdos escolares da Educação de Jovens e Adultos: alfabetização inicial e alfabetização. O presente estudo foi realizado neste ultimo programa citado.

LOCAL

            O estudo foi realizado em uma escola de educação especial que atende pessoas com deficiência mental de grau moderado e severo, localizada em uma cidade do norte do Paraná.
            O programa no qual a pesquisa se era denominado de “Programa Acadêmico” e faz parte do setor de Educação Profissional desta Escola.

INTRUMENTOS

Para avaliar o repertório acadêmico dos alunos antes do início das intervenções, foi elaborado pela pesquisadora um roteiro para as áreas de Língua Portuguesa e Matemática, baseado na Proposta Curricular para o 1º Segmento do Ensino Fundamental para a Educação de Jovens e Adultos (Soares e col., 1997) e na Proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o Ensino Fundamental (Brasil, MEC, 1997a e 1997b).

MATERIAL

            Foram utilizados materiais como: caixa com materiais didáticos variados: papel sulfite, lápis preto, borracha, caneta esferográfica, jornais, revistas, livros juvenis e apostilas com exercícios específicos das áreas de Língua Portuguesa e Matemática.

Procedimento de Coleta de Dados

Os procedimentos utilizados para a coleta dos dados constaram das etapas a seguir:

Etapa 1:

a) Período preparatório
Antes de iniciar a coleta de dados, realizou-se reunião com a direção da escola para esclarecer o objetivo da pesquisa e solicitar sua autorização para que esta fosse realizada nesta escola.
Selecionados os participantes, realizou-se uma reunião com os pais e/ou responsáveis e a direção da escola visando explicar o objetivo e a dinâmica da pesquisa e solicitar aos pais autorização para que seus filhos participassem da mesma.

b) Comitê de Ética em Pesquisa
O estudo foi encaminhado também ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFSCar, registrado no CONEP/Conselho Nacional de Saúde, pelo ato 18 de março de 1997, para que apreciasse e aprovasse a pesquisa, que deliberou pela sua aprovação.

c) Linha de base – avaliação inicial
Essa avaliação teve por objetivo coletar dados iniciais específicos da aprendizagem escolar de cada participante pelo ato 18 de março de 1997 nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática. As avaliações foram realizadas individualmente, na própria escola sem tempo determinado para seu término, procurando-se respeitar o ritmo de cada participante.
As atitudes dos alunos diante das avaliações também eram registradas em um caderno de campo, uma vez que sempre surgiam dados significativos em relação às suas aprendizagens.

d) Análise dos dados da linha de base
Os dados dessa avaliação foram sistematizados em um registro descritivo para as áreas de Língua Portuguesa: Linguagem oral, Linguagem escrita e Domínio da leitura; e Matemática: Classificação e seriação, Contagem, Relação entre Quantidades, Leitura e escrita de números, Registro de quantidades e Operações com números naturais.
Durante a realização das atividades propostas: produções escritas, leitura, resolução de situações-problema, entre outras, os participantes poderiam receber as seguintes pontuações:
-    0 – não realiza – não consegue executar a atividade.
-    2 – precisa de ajuda/explicação – necessita de alguma explicação sobre a atividade/exercício.
-    4 – precisa de ajuda/orientação – necessita apenas de uma simples orientação sobre a atividade/exercício.
-    6 – precisa de ajuda/de exemplo – necessita que se mostre um exemplo semelhante à atividade/exercício.
-    8 – precisa de ajuda/ser questionado– necessita apenas de um simples questionamento, uma dica com o olhar ou mesmo de uma simples pergunta que o leve a refletir sobre a atividade/exercício.
-     10 – faz independente – realiza a atividade sem qualquer tipo de ajuda.

Etapa 2:
Conseguidos esses dados, passou-se para a segunda fase do projeto que consistiu na elaboração e aplicação de um plano com o objetivo de intervir nas dificuldades encontradas, bem como aplicar as avaliações de acompanhamento.

a) Procedimentos e Elaboração dos Planos de Intervenção
As intervenções foram realizadas nos dias e horários reservados pela professora em seu cronograma semanal para as áreas de Língua Portuguesa e Matemática, durante o 1º e o 2º semestres letivos (7 meses), num total de 16 horas mensais. Durante as intervenções foram realizadas, pelo pesquisador, avaliações de acompanhamento com o objetivo de analisar a evolução dos participantes.
Para elaboração dos planos de intervenção pedagógica a pesquisadora informou a professora regente sobre o desempenho de cada participante na avaliação inicial e juntas selecionaram os conteúdos que seriam trabalhados com cada participante, de acordo com seu potencial e interesse, tendo sido compostos dois níveis de planos de intervenção: um para os participantes que se encontravam em estágio mais avançado e outro para os que estavam no início do processo de alfabetização.

b) Aplicação das avaliações de acompanhamento
Durante e ao final da intervenção foram realizadas avaliações de acompanhamento cujo objetivo foi coletar dados a respeito da evolução (ou não) da aprendizagem dos participantes nas duas áreas trabalhadas.
Para essas avaliações utilizou-se o mesmo roteiro da avaliação inicial e também os mesmos procedimentos já descritos para a avaliação inicial – linha de base.

Procedimentos de Análise de Dados

Os dados foram analisados quantitativamente através de figuras e tabelas e qualitativamente de acordo com as análises e conclusões do pesquisador e do professor a respeito da evolução apresentada pelos participantes. As produções dos alunos também foram utilizadas para análise qualitativa dos dados.

RESULTADOS

Os resultados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa, através de figuras e tabelas e os representados de acordo com as áreas e subáreas trabalhadas no estudo, quais sejam, Língua Portuguesa: Linguagem Oral; Língua Escrita e Domínio da Leitura e, Matemática: Classificação e Seriação; Contagem; Relação entre Quantidades; Leitura e Escrita de Números; Registro de Quantidades e Operações com Números Naturais.
Na Linguagem Oral, observou-se que seis dos sete participantes já apresentam um bom domínio dos conceitos básicos relacionados à Linguagem Oral, mesmo antes do início do estudo. Desta forma, o objetivo das intervenções nesta área consistiu em oferecer situações que envolvessem o uso da Linguagem Oral de forma mais complexa e coerente. De forma geral, os dados permitem afirmar que o programa de intervenção favoreceu de forma significativa a evolução desses participantes no que concerne à Linguagem Oral, propiciando “a ampliação de suas formas de expressão, possibilitando-lhes o uso de modos de falar adequados a diferentes situações e intenções comunicativas” (Ribeiro e col. 1997, p.53), o que se percebeu não ser exigido anteriormente desses jovens. Observou-se, portanto, ao final do estudo, que os participantes se expressavam de forma mais clara, utilizando conceitos e raciocínios mais complexos do que apresentavam no início do estudo.
Em relação à Linguagem Escrita, os resultados mostram que todos os participantes apresentaram evolução, cada qual dentro de seu ritmo de aprendizagem, evidenciando que jovens e adultos com deficiência mental apresentam capacidade para alfabetizar-se e conseqüentemente fazer elaborações complexas como as envolvidas no processo de aquisição da escrita, desde que lhes sejam oferecidos programas de intervenção adequados às suas potencialidades.
Os resultados mostram ainda, que as dificuldades de cada participante em relação à aquisição dos conteúdos da Linguagem Escrita variaram bastante, sendo que em situações especificas, alguns necessitaram receber algum tipo de ajuda.
No que se refere ao Domínio da Leitura, os resultados mostraram que o desempenho dos participantes variou bastante, ocorrendo o mesmo quanto à evolução durante a intervenção. Dois participantes demonstraram ter tido pouco contato com a leitura formal, sendo que estes tiveram maior dificuldade. De forma geral, todos os participantes apresentaram evolução, mesmo que gradual. Os resultados mostraram ainda, que os mesmos apresentavam dificuldade para construir o significado da leitura.
Na área de Matemática, em relação à Classificação e Seriação, observou-se que todos os participantes, antes do início da intervenção, tinham muita dificuldade. No entanto, após breve período de intervenção, todos os participantes evoluíram significativamente, atingindo pelo menos 80% de rendimento na ultima avaliação.
Quanto à subárea de Contagem, observou-se que todos os participantes apresentavam, antes da intervenção, aprendizagem mecânica, ou seja, sem significado. Ao final do estudo, todos já apresentavam utilização funcional do conteúdo desta subárea.
 Na subárea Relação entre Quantidades, os resultados mostram que a maioria dos participantes já apresentava algum domínio dos conteúdos, sendo que todos atingiram 100% de rendimento na última avaliação. No entanto, os dados e as observações permitem ressaltar que, pela forma como os participantes “tratavam” as atividades relacionadas a esses conteúdos, percebeu-se que os mesmos foram “exaustivamente” trabalhados em programas anteriores, porém, de forma mecânica e não funcional.
Em relação à Leitura e Escrita de Números, os resultados mostram que os participantes encontraram dificuldades principalmente em ler e escrever números acima de 100. No entanto, todos apresentaram rendimento significativo com avanços graduais.
Na subárea Registro de Quantidades, os resultados mostram que, nenhum participante atingiu percentual superior a 40% de rendimento na primeira avaliação, realizada antes do início da intervenção. Ao final, todos também apresentaram evolução, porém esta foi lenta e gradual.
Em relação à subárea Operações com Números Naturais, os resultados mostram que estes eram bastante complexos para os participantes, porém, todos apresentaram avanço muito significativo logo após o início da intervenção.
De forma geral, os resultados obtidos na área de Matemática permitem afirmar que, ao final do estudo, os participantes eram capazes de integrar de forma equilibrada o papel formativo da Matemática (Ribeiro e col., 1997).
Como conclusão, os resultados gerais deste estudo evidenciam que jovens e adultos com deficiência mental moderada apresentam condições para a aquisição de conteúdos complexos, ou seja, para alfabetizar-se, desde que lhes sejam oferecidas condições adequadas e favoráveis da aprendizagem, baseadas em suas habilidades, interesses, idade, ou seja, em situações de aprendizagem contextualizadas à sua realidade.

BIBLIOGRAFIAS

APAE Educadora (2001). A escola que buscamos: proposta orientadora das ações educacionais. Brasília: Federação Nacional das APAEs.
Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal.
Brasil. (1996). Lei nº 9394, de 23 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília
Brasil: Secretaria de Educação Fundamental (1997a). Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF.
Brasil: Secretaria de Educação Fundamental (1997b). Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF.
Fonseca, V. (1987). Educação Especial. Porto Alegre: Artes Médicas.
Haddad, S. (1992). Tendências atuais na Educação de Jovens e Adultos. Em Aberto, ano 11 (nº 56), 3 - 12.
Ide, S. M. (1992). Alfabetização e a Deficiência Mental. Revista Brasileira de Educação Especial.  1 (1), 41 - 49.
Nunes, L. R. P.; Glat, R.; Ferreira, J. R.; Mendes, E. G. (1998). Pesquisa em Educação Especial na pós-graduação. Vol. 3, Rio de Janeiro: Sete Letras.
Ribeiro, V. M. M. (coord.); Vóvio, C. L.; Silva, D. da; Mendes, M. A. de A.; Mansutti, M. A.; Di Pierro, M. C.; Almeida, M. I. de; Joia, Orlando (1997). Educação de Jovens e Adultos – Proposta Curricular para o 1 º Segmento do Ensino Fundamental. São Paulo/ Brasília: MEC/Ação Educativa.