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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
RELAÇÕES ENTRE A EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA CONCEPÇÃO DE
PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DE EDUCAÇÃO.
Célia Regina Vitaliano
Universidade Estadual de Londrina
RESUMO
Este estudo surgiu do interesse em identificar como os professores universitários da área de Educação
estão percebendo a Educação Especial, uma vez que está em vigor, em nosso país uma política
educacional inclusiva. Foram participantes desta pesquisa 15 professores universitários da área de
Educação, atuantes no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, pertencentes ao
departamento de Educação. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas seguindo um roteiro
semi-estruturado. Os resultados obtidos evidenciaram três formas de conceber a relação entre a
Educação e a Educação Especial: alguns participantes já percebem a Educação Especial como fazendo
parte da Educação. Outros percebem que a Educação e a Educação Especial apresentam relações de
aproximação e distanciamento em relação a alguns aspectos e, outros avaliaram que a Educação e a
Educação Especial se encontram ainda separadas.
Introdução
Este estudo surgiu do interesse em identificar como os professores universitários da área de Educação
estão percebendo a Educação Especial, uma vez que está em vigor, em nosso país uma política
educacional inclusiva e esta prevê que a Educação Especial deve se constituir em uma “modalidade
escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para os educandos portadores de
necessidades educacionais especiais” (Lei nº 9.394/1996), com a função de “ apoiar, complementar,
suplementar e em alguns casos substituir os serviços educacionais comuns” (Diretrizes Nacionais da
Educação Especial na Educação Básica, 2001),visando a educação escolar e o desenvolvimento dos
alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) que devem ser matriculados no ensino regular.
Esta idéia de considerar a Educação Especial como parte integrante da área de Educação, com a
função de apoio e complemento, é decorrente do movimento de integração e mais recentemente de
inclusão que surge a partir do início dos anos 60, visto que, até então a Educação Especial era
predominantemente vista como uma educação destinada exclusivamente aos alunos deficientes e
deveria ocorrer de modo segregado, em escolas especiais.
Ao analisarmos a história da Educação Especial vemos claramente que ela se estrutura a partir de
iniciativas da área médica, na seqüência vemos a influencia da psicologia e a área da Educação, de certo
modo, sempre ausente das questões referentes à educação dos alunos com NEE. Constatamos este
fato no levantamento do estado da arte das pesquisas sobre formação de professores realizado por
André et al. (1999), que identificou que há escassos estudos sobre a formação do professor para o
ensino superior e mais raros ainda são os que versam sobre o atendimento às diferenças e à
diversidade cultural. Também percebemos este distanciamento, quando analisamos os títulos dos artigos
dos periódicos da área da Educação. Estes raramente trazem artigos que tratam de questões
relacionadas à educação dos alunos com NEE.
Compreendemos que atualmente estamos em fase de busca de integração entre as áreas de Educação
e de Educação Especial, muito embora a área de Educação Especial tenha se constituído com base na
exclusão da população de alunos com NEE do campo de ação da área de Educação. Um exemplo
marcante deste fato, foi o processo de construção dos testes de inteligência, Binet organizou em 1905
tais testes, devido a solicitação do governo francês de um instrumento de avaliação dos alunos que
permitisse selecionar aqueles que tinham condições de serem educados.Retrocedendo um pouco mais
na trajetória do tempo encontramos as análises de Jean-jacques Rousseau que comenta: “Não quero
nada de um aluno sempre inútil a si mesmo e aos outros que se ocupa unicamente a sobreviver e cujo
corpo é prejudicial à educação da alma.... Um corpo débil enfraquece a alma” (ROUSSEAU apud
GARDOU DEVALAY, p.35). Provavelmente esta idéia que remonta desde da idade antiga, visto que
Sócrates também a divulgava, influenciou o pensamento de muitos educadores e, só a partir da
comprovação da possibilidade de educabilidade das pessoas com NEE, da proclamação dos direitos
humanos, da divulgação do ideário de Educação para Todos aliado ao movimento de inclusão e
cidadania das pessoas com NEE, observamos a emergência de um discurso oposto a tal idéia.
De modo geral, no âmbito escolar, os professores já desenvolveram a consciência de que os alunos
com NEE devem estudar junto com os demais alunos, no entanto não sabem como proceder para
efetivar esta educação. Tais professores argumentam que é necessário a disponibilização para os alunos
com NEE professores e recursos da Educação Especial, visto que não foram preparados para ensinar
tais alunos. (VITALIANO, 2002). Estes dados evidenciam que o processo de construção das áreas de
Educação e de Educação Especial contribuíram para ocorrência desta situação e, provavelmente a
partir de agora as relações que forem construídas entre elas possibilitará ou não que os profissionais da
Educação junto com os profissionais da Educação Especial possam além de considerar adequada a
inclusão dos alunos com NEE efetivá-la. Para alguns pesquisadores a união entre as referidas áreas
favorecerá que a Educação melhore significativamente a sua qualidade, a exemplo Gardou e Develay
(2005, p.42) comentam: “ O estudo sobre as situações de deficiência e a investigação sobre a educação
inclusiva, parece-nos ter o seu lugar, todo o lugar, no campo das Ciências da Educação.”
Tomando como base este contexto pretendemos identificar como um grupo de professores
universitários da área da Educação, considerando nossa política educacional inclusiva, percebem a(s)
relação(es) que podem ser estabelecida(s) entre as áreas de Educação e Educação Especial.
Método
Participantes: Foram participantes desta pesquisa 15 professores universitários da área de Educação,
atuantes no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, pertencentes ao departamento
de Educação que ministravam disciplinas que compreendiam as áreas de: Didática, Fundamentos da
Educação, Psicologia, Orientação Educacional e Supervisão Escolar.
Procedimento: a coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas seguindo um roteiro semi-estruturado.
Resultados:
Os relatos obtidos, como veremos, mostraram que é variável a relação que estes participantes
estabeleceram entre a Educação e a Educação Especial. Para facilitar a compreensão das análises, este
tema foi dividido em três categorias que serão apresentadas a seguir.
1.1 A Educação Especial como parte da Educação
Constatamos que onze participantes apresentaram relatos considerando a Educação Especial como
parte da Educação geral: “... eu acho que elas são interfaciadas, não dá para você falar em Educação
sem estar percebendo, ou falando, da dimensão da Educação Especial. Porque uma faz parte da
outra.” Também identificaram que a finalidade da Educação Especial é a mesma da Educação. “... para
o exercício da cidadania e para atingir as potencialidades.”
Consideram ainda como um direito dos alunos especiais: “... da mesma forma que um aluno do ensino
regular tem direito a essa formação acadêmica, social e política, o aluno com deficiência também tem
....”
Três participantes destacaram que a Educação Especial tem suas especificidades: “... da mesma forma
que eu não trato um aluno adulto como eu trato uma criança, eu preciso conhecer o comportamento do
meu aluno com necessidades especiais.” Um dos participantes considera que a Educação Especial
contribui com a área da educação favorecendo os atendimentos exigidos pelo princípio da igualdade.
“... o princípio da igualdade é dar as pessoas diferentes tratamentos diferentes, de maneira que sejam
atendidas as especificidades. Então, nessa visão que eu tenho de igualdade, a Educação Especial ela
naturalmente teria preocupações específicas dentro da área da Educação geral.” Entendemos que estas
concepções, segundo as quais integram-se Educação Especial e Educação possam vir a favorecer a
aproximação de ambas no ambiente acadêmico, já que, de acordo com essas análises, não cabe o
distanciamento da Educação perante às questões consideradas pertinentes à Educação Especial.
Observamos também, que tais concepções ainda estão impregnadas do conceito de Educação Especial
vinculado ao atendimento das dificuldades específicas dos alunos especiais. Ainda está por ser
construída a concepção que estabelece relação entre a Educação Especial e a Educação, tendo em
vista, haver articulação entre ambas com o objetivo de realizar mudanças nas escolas, para que estas
se tornem mais adaptadas às necessidades de todos os alunos. Como analisa Martinez, Aguilar e Diaz
(1998 p.12), a Educação Especial passou da análise individual do déficit do indivíduo deficiente para a
análise do que a escola pode fazer para ser “capaz de dar resposta à diversidade sem importar a origem
nem a natureza das diferenças humanas.”Nesta direção, temos muitos pesquisadores, tais como, Asín e
Los Santos (1998), Bueno (1999), Omote (2000) e outros, que consideram que a aproximação entre a
Educação Especial e a Educação favorece, não apenas, a inclusão dos alunos especiais, mas, também a
melhoria das condições de atendimento a todos os alunos e o enfrentamento dos problemas da
educação, tais como, o analfabetismo, a evasão escolar e outros.
1.2 Relações de aproximação e distanciamento entre a Educação e a Educação Especial
Observamos que seis participantes apresentaram relatos identificando relações de aproximação e
distanciamento entre a Educação e a Educação Especial: “ ... eu vejo que, paralelamente, a gente vai
percebendo que a Educação Especial ela vai se distanciar, ou se aproximar da Educação, em função
do processo histórico da própria Educação. Então, quando você vê os deficientes indo no início desse
século para os grandes hospitais e tal, coincide com um momento de muita exclusão na Educação.
Então, ao mesmo tempo que a gente tem historicamente as duas áreas se distanciando, nós temos uma
aproximação das áreas em termos de que a Educação Especial passa a assumir aquilo que a Educação
não assume, e a relação acaba virando de subproduto mesmo, de ter que dar conta daquilo que a
outra não dá ....” Este relato mostra que a Educação Especial estabelece relação de aproximação e
distanciamento com a Educação ao lidar com o que a Educação abandona ou exclui de seu
atendimento.
Outro relato que também chamou a atenção, foi quanto aos recursos destinados à Educação Especial:
“... a gente vê que a Educação Especial se constrói fora da Educação, mas totalmente influenciada por
ela em termos das políticas dos recursos. Então, assim você vê que elas vão se cruzando fora do
espaço escolar...”
A especificidade da Educação Especial foi também um dos aspectos ambíguos, dois participantes
consideraram que a especificidade da Educação Especial é uma característica que a separa da
Educação geral: “... uma coisa é pensar a finalidade da Educação, tanto da Educação de uma forma
geral como a Especial, uma outra coisa é pensar a especificidade, então, o que é específico da
Educação Especial, porque a partir do momento que a gente começa generalizar eu acho que perde a
especificidade e, ela precisa ter.” Este relato contém uma preocupação que é comum no âmbito da
Educação Especial, que refere-se a necessidade de considerar que a aproximação entre a Educação
Especial e a Educação, ou seja, a inclusão dos alunos especiais, não significa que os alunos especiais
deverão apenas receber os atendimentos característicos do sistema regular. Consiste, sim, em prover a
escola do conhecimento desenvolvido pela Educação Especial, sobre o processo de ensino e
aprendizagem, os recursos materiais e tecnológicos desenvolvidos e os recursos humanos necessários
(professores especialistas). Omote (2000) também enfatiza esta necessidade, ao considerar que “a
presença de recursos de Educação Especial, num sistema escolar integrado, é a garantia para acomodar
na escola uma ampla gama de variações de diferenças individuais apresentadas por todas as crianças
escolarizáveis” (p.59).
Nos relatos que enfatizam o atendimento especial também parece estar implícita a concepção de que os
alunos normais não requerem tratamentos especiais, para eles basta o atendimento "padrão", apenas os
deficientes necessitam de tratamentos específicos. Esta é uma das concepções mais enfaticamente
combatida por Beraza (1998) e Fernández (1998); em substituição a ela, eles advogam a idéia de que
todo indivíduo tem suas especificidades, seus interesses, suas habilidades. Sendo assim, a escola teria a
função de lidar com elas e não supor que os seres humanos sejam iguais, exceto os indivíduos que
apresentam deficiências, dificuldades de aprendizagem ou culturas diferentes. Desta concepção deriva
a proposta de que a escola deve atender à diversidade, buscando o que de comum pode ser
desenvolvido com todos os alunos e o que de específico deve ser desenvolvido com cada um, em
separado, para maximizar o desenvolvimento de suas potencialidades.
Outro participante também comentou sobre as conseqüências do processo histórico de construção da
Educação Especial: “Acho que a gente teve um corte onde não deveria, acho que a Educação Especial,
ela deveria fazer parte da educação geral, mas para isso nós precisaríamos estar amparados não só em
termos de recursos, mas também a parte teórica.”
Verificamos que nestes relatos que o processo histórico foi considerado responsável pelo
distanciamento entre a Educação Especial e a Educação. Uma conseqüência deste distanciamento
sentido hoje é o despreparo geral dos que atuam na Educação, em relação às questões da Educação
Especial.
Estes relatos, embora mesclados de concepções relacionadas às diferenças entre a Educação e a
Educação Especial, de certa forma, mostram a tendência de buscar a aproximação entre as duas e a
consciência de que a nossa história deveria ter sido diferente. A construção da segregação não deveria
ter ocorrido.
1.3 Relação de separação entre a Educação e a Educação Especial
Seis participantes julgaram que existe separação entre a Educação e a Educação Especial, dentre estes
destacamos o posicionamento de dois participantes que, além de perceberem a separação entre a
Educação e a Educação Especial, também se sentem distantes desta. “É uma divisão muito grande, a
Educação Especial é uma coisa que não é da Educação formal, que devia ser lá na APAE, não é
assim. Eu acho que é por isso essa dificuldade que nós temos.” “Separação, hoje eu acho que existe
sim, eu acho que existe uma separação na rejeição, as vezes nós professores, de não querer ter
contato, aí trabalha de uma maneira bem separada mesmo.” Observamos nestes relatos a Educação
Especial associada especialmente ao deficiente mental, uma vez que a referência de Educação Especial
citada é a APAE . As concepções que geralmente estão implícitas nestas atitudes são as de que o
atendimento segregado é melhor para os alunos especiais e que eles são indivíduos anormais, diferentes
em tudo e não em alguns aspectos funcionais específicos.
Portanto, temos o peso da história da segregação dos deficientes, combinada com os sentimentos que
os deficientes costumam despertar, fatores que são percebidos, pelos participantes, como responsáveis
pela separação entre a Educação e a Educação Especial.
Dessa forma, compreendemos que a própria Educação muito tem contribuído para que a sociedade
desenvolva concepções negativas sobre as pessoas com deficiência, ao dificultar contatos de alunos
normais e de professores com os alunos especiais.
Outro relato que nos chamou a atenção referiu-se ao preconceito em relação ao profissional da área
de Educação Especial. “Eu percebo essa separação muito ao nível de preconceito tá, a gente nota até
com o profissional que trabalha com Educação Especial. Colocam esse profissional como se ele não
tivesse muito conhecimento... “ Observamos neste relato a apreciações correntes relativas aos
professores que trabalham com os alunos especiais, os quais são tidos como menos habilitados e
despreparados. Estas avaliações nos fazem lembrar das análises sobre o estigma de cortesia (Goffman
1988) que significaria estender os sentimentos, crenças e reações que se estabelecem com o deficiente,
às pessoas mais próximas dos mesmos.
No entanto, outro participante relatou que a separação entre a Educação e a Educação Especial ocorre
em razão da desinformação geral da sociedade e não por causa do preconceito. “... existe separação,
eu avalio menos por preconceito e mais por desinformação. ... A questão da mundialização da
globalização, isso retirou preconceitos da gente, só que a gente é desinformado e não sabe como lidar
com isso.
Para outro participante o processo histórico de atendimento aos alunos especiais e a vinculação da
Educação Especial com a Psicologia são fatores que contribuíram para a separação entre a Educação e
a Educação Especial atualmente observada. “Eu vejo como um problema sério da Educação Especial,
historicamente uma desvinculação da Educação... ela se constrói fora da educação geral, e no Brasil
isso vem marcadíssimo pelo assumir das associações de pais, não só da deficiência mental. Então via de
regra você pega historicamente a Educação Especial muito mais vinculada a Psicologia do que a
Educação.... e sendo totalmente assumida por instituições filantrópicas assistencialistas que relega o
pedagógico a um segundo, terceiro plano....” Este relato faz reportar às análises de Jannuzzi (1995) e
de Ferreira (1993) que também destacam a influência da Psicologia na educação dos alunos especiais,
especialmente na dos deficientes mentais. Ferreira (1993) enfatiza que a psicologia diferencial, com
seus testes psicológicos serviram para legitimar a ideologia das aptidões, possibilitando o descarte
democrático dos alunos com dificuldades escolares para atividades manuais. Fonseca (1995), no
entanto, comenta que muitas teorias de aprendizagem (atribuídas à área da psicologia) contribuíram
para mudar a idéia difundida até 1940, segundo a qual os “idiotas” eram incapazes de aprender. Para
ele, sistemas de modificação de comportamentos e modelagem permitiram evidenciar o potencial de
aprendizagem dos indivíduos deficientes mentais. Possibilitaram ainda, a construção de uma nova idéia,
a de que “a aprendizagem é reflexo do ensino e a otimização da aprendizagem subentende a otimização
dos recursos humanos e didáticos” (FONSECA, 1995, p. 58). A teoria de Piaget, por sua vez,
possibilitou que se percebesse que a aprendizagem não depende somente das condições internas para
ocorrer, são necessárias condições externas (o ensino). Além disso, o processo de aprendizagem dos
alunos deficientes, até mesmo deficientes mentais, caminha na mesma seqüência do desenvolvimento
observado nos indivíduos normais. Podemos deduzir das análises realizadas que a psicologia
influenciou a organização da educação para os indivíduos que apresentam necessidades educacionais
especiais de duas formas. A primeira, servindo como legitimadora da exclusão de “alguns” alunos com
dificuldades de aprendizagem do sistema regular de ensino; a segunda, mediante a comprovação de
que, com procedimentos adequados, os alunos deficientes, sobretudo os com deficiência mental,
desacreditados socialmente, têm a possibilidade de aprender. E a psicologia continua influenciando,
visto que perspectivas construtivistas e histórico-cultural indicam a importância da interação entre alunos
normais e especiais, como condição favorecedora do desenvolvimento e aprendizagem de ambos,
contribuindo para fortalecer o movimento de inclusão (BEYER. 2006).
Considerações finais
Pelas análises dos relatos sobre as concepções dos professores universitários acerca das relações que
estabelecem entre a Educação e a Educação Especial, constatamos que alguns deles já cultivam idéias
que levam a aproximar a Educação Especial da Educação, embora algumas vezes ainda exponham em
seus relatos concepções que admitem a segregação. Outros até assumem que realmente se percebem
distantes das questões da Educação Especial e evitam este contato. Imaginamos que a clareza a
respeito de tais concepções possa contribuir para a organização de estratégias que permitam modificar
as concepções que não combinam com o movimento de inclusão. Porquanto, como analisa Sousa e
Prieto (2001), se a Educação Especial continuar desarticulada da Educação geral ela vai manter a
segregação. Estas autoras observam que essa falta de articulação está presente em todas as instâncias
envolvidas com o processo de inclusão. Isso se comprova ao observamos que os pesquisadores de
Educação Especial vêm questionando, há tempo, a separação existente entre a Educação e a Educação
Especial, mas o contrário não ocorre, os profissionais e pesquisadores da Educação não questionam
este aspecto.
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