http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/078.htm |
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
COMUNICAÇÃO: FORMAS NÃO-VERBAIS
Rita de Cássia Silveira Cambruzzi
Maria da Piedade Resende da Costa
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo identificar e analisar a comunicação entre a mãe e a
adolescente surdocega e, instrumentalizar a interventora, visando contribuir e promover o
desenvolvimento da comunicação.
INTRODUÇÃO
No decorrer da história os surdocegos foram submetidos ao abandono ficando à mercê da
sociedade, visto que não se enquadravam aos modelos vigentes assim como todos os deficientes
porque não sabiam como ensiná-los. Sendo assim, a educação do surdocego teve seu início no
século XIX, a partir do momento que Dr. Samuel Griddley Howe aceita educar Laura Brigdman,
surdocega desde dois anos onde aprendeu a se comunicar por sinais (MAIA, 2004, MONTEIRO,
1996). Diante do que foi exposto, podemos deduzir que para ocorrer à comunicação com a pessoa
surdocega é necessário o aprendizado e o domínio de um código.
Ser surdocego não significa dizer que é um surdo que não vê e nem um cego que não ouve e, sim
uma pessoa que apresenta uma combinação das perdas dos sentidos de distância (audição e visão).
Além disso, a surdocegueira é uma deficiência única e não a somatória de surdez com cegueira ou
vice-versa, e, sim uma pessoa privada sensorialmente que, necessita de metodologia própria e não a
somatória de duas metodologias: uma para surdos e outra para cegos (McINNES & TREFRRY,
1982). Segundo Jürgens (1997, p.1): tudo que está fora de seu alcance não existe: seu mundo é
totalmente diferente, é tridimensional visto que, esta é realidade vivenciada por todos nós. A
audição, por sua vez, permite que o contato visual se mantenha para o desenvolvimento da
codificação, de expressarem-se mesmo quando os objetos não estão presentes (CAMBRUZZI &
COSTA, 2006).
Há pelo menos três características psicológicas e comportamentais que as pessoas surdocegas
podem apresentar como Hallahan & Kaufman (2003, p.396) apontam: acesso à informação,
comunicação e locomoção pelo ambiente. A obtenção de informações é muito difícil para as
pessoas surdocegas causa um impacto negativo na habilidade de se comunicar devido a restrição da
informação (HALLAHAN & KAUFMAN, 2003).
Mais adiante, os autores, indicam que o maior obstáculo para estas é a comunicação visto que, as
pessoas sem oportunidades de comunicação podem tornar-se isolada socialmente porque o contato
com outras pessoas pode tornar-se ameaçador. Outra característica psicológica e comportamental
vivenciada pelos surdocegos é a locomoção, pois para estes há uma restrição na sua habilidade de
fazer o uso de sinais auditivos para a sua localização.
Comunicar é um processo de informação entre parceiros onde uns influenciam o comportamento do
outro (ORELOWE & SOBSEY, 1991). Portanto, a comunicação é inerente ao homem e pode se
manifestar de várias formas desde o choro, sorrisos, gestos, mudanças de tônus, olhares.
Conforme Stremel (1999, p.1): A comunicação consiste no intercâmbio de uma mensagem
entre duas ou mais pessoas. As pessoas se comunicam de maneira muito distintas e por
muitos motivos diferentes. A autora acrescenta que: As crianças que são surdocegas
possivelmente nunca aprendam a falar. [...] podem expressar-se e receber as mensagens.
[...]. Podem expressar o que querem e o que necessitam, e podem tomar decisões.
A comunicação expressiva para Stremel (1996, p.1): implica enviar uma mensagem à outra(s)
pessoa(s) para: (a) fazer que algo ocorra ou (b) deter algo que já está acontecendo. Relata que
: [...] são capazes de expressar-se de vários modos diferentes. [...] devem ser receptivos as
suas variadas formas de comunicação. [...] devemos fomentar as oportunidades em que se
pode apresentar a comunicação expressiva.
A pesquisa foi embasada nos princípios de van Dijk, como a Nutrição – que é caracterizada pela
formação de vínculo entre a criança surdocega e o mediador. O mediador deverá acolhê-la para
propiciar segurança constituindo o suporte de uma relação de confiança e, através desta vinculação
que o surdocego pode acessar aos outros níveis de comunicação (CAMBRUZZI, 2002). O
sucesso da intervenção pedagógica futura dependerá de como este processo de aproximação
ocorra de acordo com as etapas: resiste à interação; permite e admite à interação; colabora
passivamente com a interação; demonstra prazer e satisfação durante a interação; responde aos
estímulos provenientes da interação; acompanha e orienta a interação; imita condutas, ações e
movimentos vivenciados durante a interação e, inicia a interação, por si mesma, tocando o outro e
buscando ser tocado; tenta se comunicar e recompensa o outro com um sorriso ou uma vocalização
(CADER-NASCIMENTO & COSTA, 2006; McINNES & TREFFRY, 1992).
Na fase da Ressonância, conforme Cambruzzi (2002, p.11): não há uma separação entre a
surdocega e o mediador, [...] a função do mediador é penetrar em seu universo respondendo
as ações da criança estabelecendo um diálogo, não verbal [...]. É importante estabelecer uma
intenção comunicativa e, não lhe impondo respostas artificiais, já que, começa a perceber o
movimento através do corpo assim como, pode utilizar outras formas de estimulação sensorial.
Nos Movimentos Co-ativos, os movimentos são realizados em uníssono, mas já se estabelecendo
uma separação entre a criança e o mediador, isto é, os movimentos a criança realiza lado a lado. À
medida que, o surdocego conquistar as etapas anteriores objetos representativos podem ser
introduzido para antecipar as atividades através de movimento co-ativo também conhecido como
imitação concorrente.
Nas Referências Não-Representativas o surdocego indica, por exemplo, as partes do seu corpo em
resposta a um modelo tridimensional. Os Gestos Naturais, por sua vez, poderão ser utilizados pelos
surdocegos de forma espontânea em contexto de suas rotinas diárias. Estes gestos naturais podem
ser modificados através do processo desnaturalização e descontextualização, ou seja, o primeiro
pressupõe modificações graduais do gesto por meio de indicações táteis convertendo-o em sinal
formal; já a descontextualização reflete no desenvolvimento de antecipações e imagens mentais que,
passa a pedir objetos e ações fora do contexto em que os mesmos foram inicialmente significados
(CAMBRUZZI & COSTA, 2006; CADER-NASCIMENTO & COSTA, 2005; MAIA &
CADER-NASCIMENTO, 2003; GOOLD, 1997).
CHEN, DOWNING & RODRIGUEZ-GIL; 2000-2001, citados por Cambruzzi (2005, p.26),
relatam que, em algumas situações, o uso de estratégias de aprendizagem táteis são comuns:
guia mão–sobre–mão, guia mão–sob–mão, sinais adaptados, e dicas de toque.
O Guia mão–sobre–mão envolve o adulto já que, a sua mão está sobre a mão da
criança à
medida que explora um objeto ou sinal. Embora essa técnica seja essencial, podem trazer
algumas desvantagens, pois algumas crianças podem resistir à técnica, porque não gostam da perda
de controle das mãos. Entretanto, outras crianças tornam–se passivas porque ficam esperando pela
mão do outro (CHEN et al., 2001/2001; MILLES, 1999 citados por CAMBRUZZI, 2005).
O Guia mão–sob–mão envolve que o adulto gentilmente deslize sua mão pela parte de baixo
da mão da criança enquanto a criança explora o objeto e, para o surdocego pode significar o
apontar. A principal vantagem é que o guia não é controlador, e à medida que as crianças e adultos
exploram objetos juntos criam uma base para a linguagem. Os sinais adaptados ou sinais táteis são
outros meios de comunicação, dependendo da situação e do contexto. Portanto é importante que os
mesmos (sinais adaptados, sinais táteis e toques) sejam consistentes (HALLAHAN &
KAUFMAN; 2003).
METODOLOGIA
Participaram deste estudo, a mãe e uma adolescente surdocega (DAMAS) conforme caracterização
contidas nos Quadro 1 e Quadro 2, respectivamente.
No Quadro 1, podemos observar as características pessoais da mãe tomando como referências
idade,escolaridade, n o de filhos.
Quadro 1 – Mãe
Idade
|
Estado civil
|
Nível de escolaridade
|
Nº de filhos
|
Observações
|
32
|
Casada
|
4ª série do Ensino
Fundamental
|
4 (incluindo
DAMAS)
|
Idades:7 a 17anos.
Esposo - 42 anos
|
O Quadro 2, demonstra a Síndrome da Rubéola Congênita – SRC– como causa da surdocegueira
que acarreta problemas auditivos, visuais e cardíacos.
Quadro2 – DAMAS (Adolescente)
Idade
|
Etiologia
|
Audição
|
Visão
|
Saúde
|
Comprometimentos
|
15
|
Síndrome
da Rubéola
Congênita
|
Perda auditiva
Neurosensorial
Profunda
Bilateral
|
Catarata
Congênita
Grau
Moderado
|
Cirurgia
Cardíaca
|
Comunicação
|
A pesquisa foi desenvolvida em ambiente natural, ou seja, em domicílio que, está localizado na zona
rural do município de Palhoça, a 40 km de Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina-
Brasil, onde as atividades foram realizadas.
Foram construídos recursos de apoio para a mãe como: cadernos da seqüência do
café/almoço/janta e o da estimulação perceptiva; cartelas com os objetos de referência para
organizar e fixar a seqüência da rotina bem como a montagem de um dicionário com as figuras
relacionadas com as atividades e a vivência do dia-a-dia. Além desses recursos, utilizou-se o kit
vocabulário de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) que continha dez categorias: alimentação,
animais, brinquedos, cores, datas comemorativas, família, frutas, meio de comunicação, meios de
transporte e vestuário. O objetivo destes recursos era fixar os conceitos que envolviam a situação e
principalmente, relacionar as diferentes formas de representação visual do objeto de um plano
tridimensional (objeto em si) para um plano bidimensional, bem como o aproveitamento da sua visão
residual. O vocabulário em LIBRAS, em especial, foi oferecer o suporte no aprendizado já que é
uma das formas de comunicação que o surdocego pode valer-se, bem como proporcionar o
desenvolvimento lingüístico e cognitivo do educando surdocego, possibilitando assim o acesso a
mais uma forma de comunicação.
Foi mantido um contato com a família para o esclarecimento da pesquisa em termos de objetivos,
do tempo de duração, aplicação de protocolos (entrevista avaliação funcional da visão, no início e
no término da pesquisa, protocolos para a coleta de dados, filmagem das sessões assim como, os
aspectos éticos que envolviam a pesquisa. Após os esclarecimentos a mãe concordou em
participarem como sujeitos da pesquisa (ela e a adolescente) com a assinatura do termo de
consentimento esclarecido. Algumas sessões foram filmadas e outras o registro cursivo para as
anotações das atividades desenvolvidas durante as sessões.
Para a coleta de dados foram utilizados os protocolos construídos adotando como suporte as
formas de comunicação não-simbólicas de Siegel-Casuey & Gues (1989) que foram transformadas
em categorias para o registro e análise dos resultados. As categorias adotadas foram: movimento,
vocalizações, expressões faciais, orientação, pausas, toques, manipulação ou movimento com outra
pessoa, ação sobre objetos, assumir posições, gestos convencionados, ações descritivas,
afastamento, comportamento agressivo ou auto-agressivo.
Na categoria movimento (Mo), foram observadas mudanças de tônus muscular em respostas a voz
ou a resistência ao contato físico, comportamentos de excitação em resposta à estimulação ou
antecipação de um acontecimento ou em relação a estímulos súbitos ou preparar-se para agir. As
vocalizações (Vo) foram consideradas as que emitem para chamar ou dirigir a atenção, para
respostas a situações agradáveis como o riso ou ainda o choro em resposta ao desconforto.
Foram consideradas como expressões faciais (Ex), resposta a familiares, a objetos e a situações
através do sorriso ou ao reagir a sensações desagradáveis ou inesperadas com caretas. A
orientação (Or) – relaciona-se com comportamentos como olhar ou apontar na direção de uma
pessoa ou objeto e, para procurar/ dirigir a atenção bem como para indicar desinteresse ou recusa
quando o desvia. Pode, também, utilizar o olhar para se dirigir a uma pessoa, objeto ou
acontecimento inesperado.
Às pausas (Pa) indica que, as paralisações se relacionam com a antecipação de um acontecimento e
então interrompia para esperar instruções ou para dar vez ao interlocutor. Os toques, manipulação
ou movimento com outra pessoa (To) foram observados em situações de co-atividade, ou seja,
move-se em conjunto ou segue o movimento de outra pessoa.
Na ação sobre objetos (Aç) foram considerados aspectos como estender a mão para pegar objetos
ou para tocá-lo, manipulando-os adequadamente. Os comportamentos contemplados nesta
categoria – assumir posições (As) – foram relacionados com o deslocamento no ambiente natural
para pedir ou indicar alguma coisa em determinada parte do espaço em que se encontrava. Os
gestos convencionados (Ge) são pontuados nas diferentes formas de comunicação utilizadas pela
mãe como gestos icônicos, caseiros e a LIBRAS para se fazer entender e, que a adolescente
compreendeu. Nas ações descritivas (Ad), os comportamentos são indicativos de uma ação: pegar
a bola e esticar o braço indicando o atirar, indicar que está cheirando uma flor; fazer sons
semelhantes ao de animais e objetos para referir-se a eles. Em um nível mais avançado, esperado
nesta categoria, é o desenhar uma figura para descrever ou pedir uma atividade.
Os comportamentos, na categoria afastamento (Af), estão relacionados com o evitar quer seja uma
atividade ou interação através do distanciamento; a última, o comportamento agressivo ou auto-agressivo (Co) que está diretamente correlacionada ao o bater, arranhar, morder, atirar ou destruir
objetos para protestar contra alguma ação ou em respostas a frustração ou a dor.
RESULTADOS
Verificamos que DAMAS apresentou um salto qualitativo no seu desenvolvimento, mudanças
significativas de comportamentos assim como na aquisição de conhecimentos, na comunicação
como também no uso da visão.
Podemos constatar que, no transcorrer da pesquisa a adolescente demonstrou respostas afirmativas
em situações que envolvem atenção, interesse por objetos, utilização do tato, localização da fonte
luminosa, no fixar a luz significando que a adolescente utiliza a visão residual adequadamente. O
aproveitamento da visão residual foi fundamental para o aprendizado da LIBRAS, pois a mesma
volta a sua atenção para as mãos da mãe se aproximando enquanto a mãe as repetia. À medida que
estes comportamentos da adolescente eram mais constantes, respondia imediatamente para a
execução das solicitações em LIBRAS. Deste modo, as oportunidades de comunicação foram
significativamente maiores entre mãe e adolescente surdocega, pois houve uma decodificação por
parte da adolescente e, a mãe, também, decodificou as mensagens não verbais da adolescente.
Para a análise de dados das sessões tomamos com referência as formas de comunicação não
simbólica (Siegel-Casuey& Guess,1989). Entre as quinze sessões realizadas foram escolhidas duas
sessões (1ª, e 15ª) proporcionando uma visão do desenvolvimento da comunicação entre mãe e
adolescente.
Na tabela 1, a maior prevalência na forma de comunicação não-simbólica corresponde a 22%
orientação, 16% que indica pausa, 15% na ação sobre objetos, 12% para toque, manipulação ou
movimento com outras pessoas, o índice de 9% correspondem às expressões faciais, conforme
Tabela 1.
Tabela 1- Freqüência de formas comunicativas não-simbólicas
1ª sessão
|
|
Mo
|
Vo
|
Ex
|
Or
|
Pa
|
To
|
Aç
|
As
|
Ge
|
Ad
|
Af
|
Co
|
TOTAL
|
TOTAL
|
14
|
13
|
15
|
35
|
25
|
19
|
23
|
6
|
6
|
0
|
1
|
0
|
157
|
Na Figura 1 estão registrados os índices das respostas de todas as categorias como: movimentos,
vocalizações com assumir posições, afastamento e, para as ações descritivas e comportamento
agressivo ou auto-agressivo com as suas respectivas percentagens no decorrer da sessão.
Figura 1. Resultados das formas de comunicação não-simbólicos
As pausas indicam que, a adolescente, necessita ainda de instruções para continuar o que começou,
indicando insegurança e, o apoio da mãe é imprescindível para a conclusão das tarefas. É
importante esclarecer que, as pausas, podem ser estratégias de antecipação a um acontecimento ou
a espera de instruções. Percebemos que, o toque, a manipulação e o movimento com outra pessoa
(To) como orientadora da ação. Observamos que, há a necessidade da co-atividade no momento
da ação já que inicia o movimento e, pára, em seguida, o toque oferece segurança à adolescente
para continuar. As expressões faciais (10%) denotam que, se comunica com a mãe em resposta a
situações familiares, a objetos e acontecimentos que lhe proporcionam sensações agradáveis,
prazerosas ou situações desagradáveis.
Tomando como base os dados coletados e registrado na tabela 2, verificamos o número expressivo
ações sobre objetos (25), de gestos convencionados (20), oito respostas para a orientação e seis
para deslocar-se.
Tabela 2 – Freqüência de comportamentos comunicativos não-simbólicos
15ª sessão
|
|
Mo
|
Vo
|
Ex
|
Or
|
Pa
|
To
|
Aç
|
As
|
Ge
|
Ad
|
Af
|
Co
|
TOTAL
|
TOTAL
|
0
|
0
|
7
|
8
|
2
|
0
|
25
|
6
|
20
|
0
|
0
|
0
|
75
|
Observamos na Figura2 que, há um aumento significativo na ação sobre objetos com 32% das
manifestações não-simbólicas e, em relação aos gestos convencionados, há um número expressivo
de respostas cujo índice é de 29%. Estes dados representam que, o nível de atenção é maior em
direção a mãe (Orientação–12%), pois se percebe que, a mesma, os realiza no seu campo visual, o
que favorece sensivelmente a identificação, facilitando, assim, a compreensão do gesto seja ele
icônico, em LIBRAS ou gesto indicativo.
Quanto aos gestos convencionados, o índice de compreensão é grande porque os gestos da Língua
de Sinais, gestos icônicos, gestos indicativos, gestos ‘caseiros’ relacionam-se com as atividades,
estabelecendo o código entre o significado e significante (ver Figura 2).
Figura 2 – Resultados das formas de comunicação não-simbólicos
Percebemos no desenvolvimento das sessões que há um crescimento contínuo e importante no
índice dos gestos convencionados como: “calcinha”, “sutiã”, “pegar”, “comer”, “sentar”, “abrir”,
“fechar”, “acabou”, “NÃO”, “não acabou”, “água” (LIBRAS); ‘cortar, manteiga, mexer, escovar,
ensaboar-se, pentear, lavar a louça, levanta, abrir a torneira, vem, tomar café, lavar as mãos’
através de gestos icônicos e, gestos indicativos para a pia, geladeira, armário, sabão, esponja;
gestos caseiros para xícara, pão, por exemplo.
A expressão facial é outro dado a ser observado, pois nesta sessão, evidenciou satisfação na
atividade que estava executando. Esta satisfação foi manifestada através de sorrisos enquanto
manipula a louça, principalmente, e observa visualmente as peças que retirava o sabão e, tatilmente
para perceber se havia algum resíduo.
CONCLUSÃO
O sucesso desta intervenção ocorreu devido a dois aspectos importante: o ensino direto e a
estruturação de rotina. O ensino direto é obrigatório visto que o surdocego não aprende de forma
incidental e, tem a necessidade de que a informação ocorra diretamente. E, a estruturação de rotina
é indispensável no estabelecimento de um ambiente de aprendizagem que conduza o surdocego ao
sucesso e, a um ambiente seguro.
Em relação às formas de comunicação não-simbólicas a adolescente apresentou uma ampliação
considerável na aquisição de conhecimentos devido ao empenho da mãe no aprendizado da Língua
de Sinais, ampliando as possibilidades de comunicação nas atividades desenvolvidas no dia-a-dia.
Além deste aspecto, como apoio fez uso de todos os recursos para comunicar-se.
Há a necessidade de aumentar o número de parceiros na família, para que a adolescente possa
receber as mensagens e decodificá-las e, como conseqüência natural comunicar-se. E, para o
fortalecimento da comunicação atual as atividades funcionais são a chave para a comunicação
interativa, portanto o estabelecimento de comunicação mais eficiente, pois estas proporcionam
oportunidade para a efetivação da comunicação.
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