http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/083.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
PARALISIA CEREBRAL E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA: DEFININDO 
CONCEITOS
Mônica Mezzomo Pozzer- Secretaria de Ed. Municipal de Machadinho/RS
Gizeli Aparecida R. de Alencar - UEM
RESUMO
O objetivo desse estudo foi identificar e descrever os recursos e instrumentos de Comunicação 
Alternativa utilizados para subsidiar o trabalho desenvolvido junto às crianças com paralisia cerebral 
desprovidas de linguagem oral, bem como discorrer sobre o processo histórico, conceituar a 
Paralisia Cerebral identificando os possíveis benefícios. A pesquisa de campo do tipo descritiva, de 
maneira proposital, foi realizada em uma instituição no município de Maringá/PR O questionário foi 
utilizado como técnica de pesquisa e aplicado a uma professora e uma fonoaudióloga da instituição. 
Os resultados evidenciaram que a instituição, com base nos dados fornecidos pelos sujeitos da 
pesquisa, possui conhecimentos sobre os recursos alternativos de comunicação e seus respectivos 
benefícios, contudo, acesso a esses materiais são restritos, sendo que um dos fatores que 
contribuem para essa realidade são os altos custos.
Palavras Chave: linguagem; comunicação alternativa; paralisia cerebral.
Introdução
Quando pensamos em socialização e/ou convívio social logo nos reportamos à idéia de 
comunicação, geralmente está relacionada à linguagem oral e escrita. A comunicação, no entanto, é 
bem mais abrangente. Possuímos recursos não verbais como gestos e expressões faciais que nos 
permitem expressar nossos pensamentos e sermos compreendido pelo outro. Pautados no ideário 
de uma sociedade inclusiva e, por conseguinte, em uma educação de qualidade técnica e política 
que considere e contemple a diversidade, voltamos o foco de nossa pesquisa para os recursos 
utilizados para subsidiar o trabalho com o Paralisado Cerebral desprovido de linguagem oral.
Nosso interesse deve-se ao fato de constatarmos que a Comunicação Alternativa está ganhando 
espaço em eventos científicos, sendo tema de discussão, reflexão e disseminação de pesquisas 
científicas. Por outro lado, o desejo de buscar mais conhecimentos sobre o assunto, de maneira que 
pudéssemos contribuir para com o repensar a inclusão do paralisado cerebral, veio a ser reforçada 
ao ouvirmos a seguinte afirmativa: “não posso deixar minha mente ficar presa a uma cadeira de 
rodas.” (fragmento retirado do Filme: Gabi uma história verdadeira).
Isto posto, pode-se afirmar que para as pessoas com paralisia cerebral severa e com distúrbios de 
linguagem e de comunicação, o emprego de outros métodos de comunicação se faz necessário para 
interagirem com seu ambiente, com seus pares, com suas famílias e com a sociedade de forma geral. 
Nestes casos, assim como outros que na maioria das vezes, provocados por diferentes fatores 
etiológicos, uma das formas viáveis de comunicação está relacionada aos sistemas alternativos de 
comunicação que podem ser baseados em sinais pictográficos, ideográficos e arbitrários. 
Diante destas considerações o objetivo primeiro desse estudo foi identificar e descrever os recursos 
e instrumentos de Comunicação Alternativa e Ampliada utilizados por uma instituição localizada no 
noroeste do Paraná para subsidiar o trabalho desenvolvido junto às crianças com paralisia cerebral, 
desprovidas de linguagem oral, e os objetivos específicos foram: discorrer sobre o histórico da 
Comunicação Alternativa e Ampliada; conceituar a Paralisia Cerebral e identificar os possíveis 
benefícios oriundos dos recursos alternativos de comunicação no contexto educacional e social 
inclusivo. 
A partir da descrição da pesquisa esperamos contribuir com os respectivos profissionais com 
informações e esclarecimentos sobre os recursos alternativos de comunicação disponíveis, com 
intuito de subsidiar o trabalho, para assim postularmos não só uma educação de qualidade como 
também a inserção desses indivíduos no contexto social o menos segregado possível.
Metodologia
Optamos por realizar uma pesquisa descritiva, através de um estudo de caso proposital no 
município de Maringá, para verificarmos como a comunicação alternativa vem sendo utilizada e 
compreendida pelos profissionais que atuam junto a indivíduos com paralisia cerebral. Dentre as 
escolas e instituições que atuam junto a crianças e adolescentes com paralisia cerebral, desprovidos 
de linguagem oral no município de Maringá/PR, apenas uma utilizava recursos de Comunicação 
Alternativa e Ampliada. Para coletarmos os dados foi feito uso de questionário como técnica de 
investigação (GIL, 1999), junto a 01 (uma) fonoaudióloga e 01 (uma) professora, indicados pela 
coordenadora pedagógica, o qual foi validado antes de sua aplicação. O número de participantes na 
coleta de dados se justificou pelo argumento dado pela coordenadora da instituição ao afirmar que 
todos os professores utilizavam e conheciam o sistema igualmente, reduzindo assim, de forma 
significativa, o número de participantes da pesquisa.
I - CONCEITUANDO A ENCÉFALOPATIA NÃO EVOLUTIVA DA INFÂNCIA 
(PARALISIA CEREBRAL-PC)
A deficiência física não-sensorial, cientificamente definida como encéfalopatia não evolutiva da 
infância, é definida como alterações musculares, ósseas, articulatórias ou neurológicas e dependendo 
do seu grau pode acarretar limitações na capacidade de locomoção1; postura, movimento, ou uso 
das mãos, ou ainda limitações do vigor2, da vitalidade e da agilidade.
1  Deformações neuromusculares: limitam a capacidade de locomoção, de sentar-se em sala-de-aula e de manipular 
os materiais indispensáveis à aprendizagem. Incluem distrofia muscular progressiva, esclerose múltipla, 
poliomielite, espinha bífida, paralisia cerebral, seqüelas de traumatismo crânio-encefálico (hemiplegia), seqüelas 
de traumatismo raqui-medular (paraplegia e tetraplegia). Deformações ósseas também afetam a locomoção e a 
postura das mãos no trabalho escolar (Ex: pé torto congênito (genovaro), luxação congênita do quadril, escoliose, 
quistos e tumores ósseos, amputações congênitas ou por acidentes.
2  Deficiências que resultam em menor rendimento escolar em virtude da falta temporária ou crônica do vigor, 
vitalidade ou agilidade: deficiências cardíacas, febre reumática, tuberculose pulmonar, nefrite, hepatite infecciosa, 
leucemia, hemofilia, epilepsia, subnutrição, diabete, asma.
 Dentre todos os tipos de deficiência física não-sensorial, é o quadro da paralisia cerebral que 
apresenta as mais diversas alterações, pois a mesma é resultante de uma lesão ou desenvolvimento 
deficiente do cérebro, de caráter não progressivo, porém, permanente. (ALENCAR, 2003) 
Vale ressaltar que de acordo com o local e a extensão da lesão, podem ser observadas diferentes 
alterações na postura e no movimento, permitindo uma classificação da paralisia cerebral em: 
espástica, atetóide e atáxica (BRAGA, 1995). Destes, cerca de 65% apresentam também 
dificuldades de comunicação oral, os quais são variáveis - desde erros mínimos de articulação até a 
incapacidade absoluta de mover o aparelho fonoarticulatório de forma a produzir qualquer palavra 
inteligível.
O problema neurológico acarreta prejuízos em dois sentidos: no que se refere ao desenvolvimento 
da psicomotricidade, ou seja, na capacidade de movimentação corporal espontânea responsável 
pela alimentação, sono, marcha, e na capacidade intencional, responsável pelas atividades físicas de 
correr, brincar, rolar e saltar dentre outros. Em poucos casos uma criança apresenta uma única 
tipologia, normalmente, tem quadros mistos. Dependendo do local da lesão e a área do cérebro que 
foi afetada, de acordo com Campeão e Lima (2003), as manifestações são diferentes e podem ser 
classificadas em espástica, ateópide e atáxica.
Rotta (2002) faz um relato histórico, pontuando que desde o Simpósio de Oxford em 1959, a 
expressão Paralisia Cerebral era definida como seqüela de uma agressão encefálica que se 
caracteriza, primordialmente, por um transtorno persistente, mas não invariável do tônus, da postura 
e do movimento, que aparece na primeira infância como uma lesão não evolutiva do encéfalo. A 
partir dessa data a Paralisia Cerebral passou a ser conceituada como Encéfalopatia não Evolutiva da 
Infância.
Werner (1994), por sua vez, refere-se à Paralisia Cerebral como uma lesão que ocorre no cérebro, 
devido a problemas oriundos na gestação, que pode ocorrer durante ou após o nascimento, tendo 
como conseqüência uma deficiência nos movimentos que controlam o domínio motor e a postura do 
individuo.
Assim, para muitos autores, tais como Capovilla (1997) e von Tetzchener (1997), a paralisia 
cerebral configura-se como uma lesão no cérebro, não evolutiva que compromete o 
desenvolvimento motor, não fazendo referências ao comprometimento intelectual, o que nos leva a 
crer que na maioria dos casos o intelecto mantem-se preservado por traz de uns corpos imóveis e 
estáticos. Isto posto, não podemos nos esquecer dos outros caminhos cerebrais não lesados que 
poderão substituir os lesionados desde que sejam estimulados precocemente e de forma correta.
II - COMUNICAçãO ALTERNATIVA: SISTEMAS E RECURSOS
A comunicação alternativa compreende o uso integrado de vários componentes utilizados nos elos 
comunicativos, ou seja, símbolos, gestos, recursos, estratégias e técnicas. Esses sistemas se 
apresentam de forma manual e gráfica.
Os sinais manuais são utilizados como sistemas de comunicação alternativa que não requerem 
ajudas externas, o que permite maior autonomia do usuário. Os sinais ou sistemas manuais mais 
conhecidos são os gestos de uso comum, o alfabeto digital e a Língua Brasileira de Sinais, porém, 
sem as flexões e marcadores gramaticais complexos.
Já os sinais gráficos requerem ajudas externas temporariamente, ou seja, os indivíduos precisam 
conhecer e dominar o sistema para interpretá-lo. Existe uma variedade de sistemas gráficos para 
subsidiar a comunicação das pessoas desprovidas de linguagem oral com símbolos diferentes e 
logísticos próprios. Esses símbolos geralmente são compostos por fotos, desenhos de alta 
iconicidade, desenhos abstratos e ortografia tradicional. Os sistemas gráficos mais conhecidos são: 
Picsyms, Rebus, Bliss, O Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC) e O Picture 
Communication Symbols (PCS).
O Sistema Picsyms (Carlson,1985) foi desenvolvido a partir do trabalho com 
crianças pequenas 
com dificuldades de fala e contém aproximadamente 1800 símbolos.
  
    
        
    
    
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     Exemplo de imagens do Sistema Picsyms. 
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O sistema Rebus (Woodcock, Clark e Davies, 1968), por sua vez, é composto por 818 rébus ou 
logogrifos diferentes, os quais podem ser simples ou complexo. O sistema simples faz uso de um 
pictograma para representar uma palavra ou parte dela, enquanto o sistema complexo, que podem 
representar mais de 2000 palavras, combina pictogramas com letras, números, notas musicais, etc. 
inicialmente, o aluno formula a frase através das imagens, num segundo momento começa a ser 
incluído as preposições, para que estes percebam a construção gramatical correta, isso faz com que 
a criança crie formas de organizar também o seu pensamento.
  
    
        
        
        
    
    
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     menina 
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    falar 
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     simpático 
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     Signos Simples 
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     Signos combinados 
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    T 
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      (eu) 
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    C 
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      (asa) 
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    M 
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      (andar) 
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     TEU                                                            
    CASA                                          MANDAR 
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     Combinações com letras:  
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O sistema Bliss (Bliss, 1965; Hehner, 1980) é utilizado como meio de comunicação 
para pessoas 
com paralisia cerebral sem comprometimento intelectual e com déficits de linguagem. Ele é 
composto por três tipos de símbolos: aqueles semelhantes aos objetos que representam 
(pictográficos), os sugestivos dos conceitos que representam (ideográficos) ou aqueles reconhecidos 
por convenção internacional (arbitrários). Cabe ressaltar que esses símbolos podem ser 
recombinados para modular o significado dos mesmos, como na ilustração a seguir.
  
    
        
        
        
        
        
    
    
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     PROTEÇÃO 
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     MÃE 
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     MULHER  
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     Exemplo de imagens do Sistema Bliss. 
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O sistema PIC (Maharaj, 1980), é destinado a pessoas com deficiência mental, estimulando 
habilidades perceptuais e cognitivas, o que permite a comunicação por meio de 400 pictogramas de 
figuras brancas em fundo preto, desenvolvido para reduzir as dificuldades para discriminar figura-fundo. É de extrema importância que antes de iniciar um trabalho com recursos alternativos de 
comunicação, seja realizado uma avaliação considerando a idade do aluno, se está alfabetizado ou 
não, não deixando de considerar a realidade social em que este vive.
    
        
        
        
    
    
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     CAMINHÃO 
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     MÃE 
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     COMER 
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     Sistema PIC 
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O sistema PCS (Johnson, 1981, 1985), por sua vez, faz uso de 1400 figuras extremamente 
icônicas, destinando-se a alunos que não conseguem fazer uso de sistemas complexos e abstratos 
como o Bliss. Nesse caso, os pictogramas são mais elaborados, com mais possibilidades do usuário 
desse sistema fazer associações.
  
    
        
        
        
        
    
    
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     MÃE 
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     DORMIR 
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     CASA 
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     FELIZ 
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     Exemplo de imagens do Sistema PCS 
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Usuários de Comunicação Alternativa e Ampliada
De acordo com von Tetzchener (1997) para melhor compreendermos sobre as linguagens, 
podemos separar em grupos as pessoas que necessitam de Comunicação Alternativa e Ampliada, 
ou seja, o grupo que necessita de linguagem expressiva, o de linguagem de apoio e o de linguagem 
alternativa. 
No grupo de linguagem expressiva, são incluídos os indivíduos que têm boa compreensão da 
linguagem oral, mas apresentam dificuldades severas em se expressar oralmente. Neste grupo estão 
os paralisados cerebrais que não controlam os movimentos fonoarticulatórios, logo, sua fala é pouco 
compreensível.
O segundo grupo é o da linguagem de apoio, formado por paralisados cerebrais com disartria 
moderada e leve, pessoas com Síndrome de Down com grande atraso no desenvolvimento da fala, 
e crianças com problemas na oralidade e afásicos. Nestes casos a Comunicação Alternativa e 
Ampliada não vai substituir a fala e sim complementá-la, tornando-se um instrumento para recuperá-la.
O último grupo é o de linguagem alternativa, fazem parte deste, surdos, autistas e deficientes mentais 
severos. Estes indivíduos não usam ou raramente usam a fala. A Comunicação Alternativa e 
Ampliada vai proporcionar a eles a expressividade. 
III - RESULTADOS 
Mesmo se tratando de uma instituição que atende crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral, 
os resultados evidenciaram que os conhecimentos acerca dos sistemas e recursos alternativos de 
comunicação são restritos. Dentre as perguntas direcionadas aos participantes citamos como 
exemplo questões que referendavam: 1- o atendimento ou não de alunos com paralisia cerebral e a 
descrição dos recursos pedagógicos, 2- se possuíam conhecimentos sobre outros recursos além dos 
utilizados, 3- como a CAA era utilizada, 4 - seus benefícios, 5 - se era de uso restrito na instituição, 
e 6- quais os benefícios oriundos dos mesmos.
Respostas da professora:
1- Tem aluno com PC? Recursos Utilizados: “Sim. Para atender esses alunos são utilizados 
tacos de madeira com o alfabeto e sílabas móveis e também por apontamentos realizados 
pelos alunos.”
2 - Existem outros recursos: “Sim.”
3 – Forma de utilização: “com tacos de madeira”
4 – Benefícios:“são vários”
5 - Uso somente na instituição: “Não”.
6 - Contribuição dos sistemas referente à inclusão: “sim”. 
Respostas da fonoaudióloga:
1- Tem aluno com PC? Recursos Utilizados: “Nesses casos a fala é substituída por formas 
alternativas, código de sim e não, apontamento, escritas alternativas e comunicação 
alternativa. Os recursos são sistemas de comunicação alternativa (PCS, computador e 
impressora)”.
2 - Existem outros recursos: -“Sim. Temos vários sistemas de comunicação a disposição 
aqui 
no Brasil. ex: Bliss, PEC.”
3 – Forma de utilização: “pranchas com cartões, tacos de madeira, computador”
4 – Benefícios: “evidencia os desejos e necessidades do usuário”
5 - Uso somente na instituição: “Não. O material produzido nas sessões de fonoaudióloga é de 
propriedade da criança”.
6 - Contribuição dos sistemas referente à inclusão: “Sim. Pois possibilita as trocas de 
informações, socialização, auto-estima elevada e recursos para desenvolver atividades 
pedagógicas”.
Assim, verificamos que o acesso, conhecimento e a utilização dos recursos de CAA acontecem com 
maior freqüência por profissionais da área clinica e de reabilitação, do que por profissionais da 
educação como parte de sua prática pedagógica.
IV – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A linguagem, forma de comunicação desenvolvida na interação social, representa um dos mais 
importantes marcos do desenvolvimento infantil (NUNES, 1998). Os benefícios oriundos da 
comunicação alternativa são inquestionáveis, o qual pode-se evidenciar, muitas vezes, como a única 
forma de interação social da pessoa que não possui linguagem oral, bem como apropriar- se dos 
signos e significados. 
A instituição pesquisada vem dentro de suas possibilidades, atendendo as especificidades de seus 
alunos desprovidos de linguagem oral. Na coleta de dados realizada foi possível identificar que os 
materiais alternativos de comunicação utilizados são: tacos de madeira constituídos por alfabeto e 
sílabas móveis, sistema PCS, gestos convencionais de “sim” e “não” e escritas alternativas por meio 
do computador.
Foi possível constatar de acordo com o resultado da pesquisa que a instituição, tal qual 
evidenciados ainda em outras pesquisas, fazem uso de sistemas de baixa tecnologia, ou seja, utilizam 
imagens de programas, como o PCS, e constroem as pranchas para serem usadas em sala de aula, 
fixando-as em cavaletes para assim possibilitar o acesso daqueles que possuem desordem de 
postura e movimento. Esses tipos de pranchas geralmente são personalizadas e consideram, ou 
melhor, devem considerar as possibilidades cognitivas, visuais e motoras de seus usuários.
Os tacos, por sua vez, são números e alfabetos móveis confeccionados em madeira onde os 
profissionais que lá atuam utilizam para composição de sílabas, palavras e frases.
Percebe-se que, mesmo diante de alguns esforços, por parte dos profissionais que atuam 
diretamente junto a crianças e adolescentes com paralisia cerebral associada a dificuldades de 
articulação da fala, o cenário nacional denota ainda grandes dificuldades na inclusão, bem como ao 
direcionamento dos trabalhos pedagógicos voltados a essa população. Os recursos alternativos de 
comunicação ainda são insuficientes, apesar dos avanços tecnológicos e científicos, realidade essa 
justificada devido aos altos custos, a pouca divulgação e difusão desses sistemas. Além disso as 
escolas ainda necessitam de adaptações, como estrutura físicas, rampas de acesso a cadeirantes, 
cadeiras adaptadas, para alunos com comprometimentos motores, banheiros adaptados, dentre 
outros. 
No que tange aos aspectos educacionais e sociais, não podemos negligenciar o fato de que a 
linguagem desempenha um papel fundamental na construção do homem na medida em que é um 
instrumento relevante em seu processo de intermediação com o meio social e que mesmo na 
ausência da fala a comunicação pode e deve acontecer. “(...) em princípio, a linguagem não 
depende da natureza do material que utiliza... Não importa qual o meio, mas sim o uso 
funcional dos signos, de quaisquer signos que pudessem exercer um papel correspondente ao 
da fala nos homens”. (VYGOTSKY, 1999 p. 47)
Portanto, urge a necessidade de rompermos com as barreiras de aprendizagem e possibilitar a 
participação de todos os educandos, indistintamente, ou seja, investir numa proposta de educação 
inclusiva com recursos e metodologias diversificadas, compreendida como educação de boa 
qualidade técnica e política, para todos, o que infelizmente, apesar de ser uma aspiração antiga, 
ainda não se evidencia atualmente.
V – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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ALENCAR, E. (Org.), Tendências e desafios de Educação Especial. Brasília: Secretaria de 
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CARVALHO, Rosita E.Educação Inclusiva: com os pingos nos "is".Editora: Mediação-Porto 
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COLL C.; PALACIOS L. E MARCHESI.A. Educação e desenvolvimento. 2º edição- Porto 
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