http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/092.htm |
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
ATENDIMENTO ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA DA PROPOSTA DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE
UBERLÂNDIA
.
Helena Maria Gomes
ADA/NADH/CEMEPE/SME
Maria Isabel de Araújo
ADA/NADH/CEMEPE/SME
Maria do Socorro A. da Silva (autora)
ADA/NADH/CEMEPE/SME
Noemi Mendes A. Lemes
ADA/NADH/CEMEPE/SME
RESUMO
Este trabalho é um relato de experiência de uma proposta de atendimento às dificuldades de
aprendizagem da rede pública municipal de Uberlândia. Esta proposta foi implantada em
2007 e tem como objetivo atender alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem
inerentes aos fatores intra-escolares e extra-escolares como: a questão dos métodos de
ensino e aprendizagem; interação aluno, família e escola; dos conteúdos da avaliação; da
formação professor e da prática pedagógica, e com alto incide de repetência em uma mesma
série. O trabalho é bem recente, mas já efetivamos diversas ações dentre elas, cursos de
formação continuada e, o fato do professor acreditar na proposta e participar da formação
continuada a qual tem contribuído muito para o aprimoramento dos mesmos, já aponta
resultados significativos no processo de aprendizagem dos alunos.
INTRODUÇÃOO fracasso escolar é sem dúvida um dos mais graves problemas com o qual
a educação brasileira vem convivendo há muitos anos. Sabe-se que tal situação ocorre com
mais freqüência nas séries iniciais de 1ª a 4ª série do ensino fundamental.
Historicamente caminhamos tentando imputar “culpas” e responsabilidades a outrem, todavia
estas têm recaído sempre no próprio aluno e na família, e mais recentemente sobre o
professor e a escola. No entanto sabemos que o fracasso escolar não esta relacionado
apenas a um único fator e sim a vários fatores que determinam o sucesso ou fracasso escolar
no Sistema Educacional. (LOUREIRO; LINHARES, 2000).
Os atrasos e problemas de aprendizagem foram durante muito tempo situado no quadro das
ciências focando a falta de habilidade do sujeito. Mediante este quadro, os livros do
desenvolvimento e aprendizagem, apresentam grandes dificuldades para estabelecer uma
relação direta entre a dimensão psicológica atingida e o rendimento acadêmico e as interações
sociais estabelecidas pelo mesmo. Neste sentido, mais recentemente, tende-se a considerar a
interação de uma série de fatores e a pluricausalidade, cuja confluência específica irá
determinar o nível de rendimento e desenvolvimento da criança frente à situação de
aprendizagem.
Dessa forma ao se fazer referências às dificuldades de aprendizagem
não se pode também
perder de vista a presença de distorções inerentes ao próprio sistema educacional e as
influências ambientais que funcionam como contexto para as manifestações comportamentais
e as peculiaridades do indivíduo que pode apresentar, no sistema escolar, o sintoma de não
aprender. (PATTO, 1993).
O Núcleo de Apoio as Diferenças Humanas - NADH1 da Prefeitura Municipal de Uberlândia
é o núcleo responsável pela educação das pessoas com deficiência da rede de ensino de
Uberlândia. E, devido ao número significativo de encaminhamento de crianças ao núcleo para
avaliação psicopedagógica e ainda com base no levantamento e tabulação dos dados
fornecidos pelas escolas em pesquisa feita recentemente (agosto de 2006), deparamos com
uma estimativa de setecentas crianças que se encontram na condição de alunos com
dificuldade de aprendizagem. Dessa forma a Secretaria Municipal de Educação/NADH
buscou organizar uma proposta que pudesse atender ao quadro apresentado.
A PROPOSTA METODOLÓGICA
O projeto de Atendimento às Dificuldades de Aprendizagem atende alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem inerentes aos fatores intra-escolares e extra-escolares (a
questão dos métodos de ensino e aprendizagem; interação aluno, família e escola; dos
conteúdos da avaliação; da formação professor e da prática pedagógica) e com alto incide de
repetência em uma mesma série. A proposta pretende ainda identificar os casos reais de
dificuldades de aprendizagem; construir práticas pedagógicas que considerem a necessidade
dos alunos, através de um trabalho sistematizado; repensar sobre a atuação pedagógica e
refletir a forma de ensinar; contribuir para o declínio das queixas em dificuldades de
aprendizagem; desenvolver metodologia que atenda a necessidade do aluno; perceber o
“discurso oculto” dos professores frente às dificuldades de aprendizagem.(PADA, 2007).
Foram inseridas na proposta quarenta e seis escolas da Rede Municipal de Uberlândia do
ensino fundamental de 1ª a 4ª série.
1 NADH é o núcleo de atendimento às pessoas com deficiência da rede municipal de ensino. O objetivo
do NADH é viabilizar a educação por meio do Atendimento Educacional Especializado na Rede Pública
Municipal de Ensino, voltado para a diferença humana, em específico para as pessoas com deficiência ou
seja, com limitações físicas, sensoriais, mentais, altas habilidades e talentosos e condutas típicas. (NADH,
2005)
Foram estabelecidos alguns critérios para a atuação do professor do atendimento na proposta
das dificuldades de aprendizagem, como:
A) Perfil do Profissional:
· Possuir curso de graduação, pós graduação
em formação continuada que o habilite a
atuar com as dificuldades de aprendizagem. A formação docente deverá conter disciplinas e
conteúdos sobre:
· Desenvolvimento humano;
· Teoria de Piaget e
Vygostsky; teorias de aprendizagem;
· Diagnóstico
e intervenção pedagógica;
· Aspectos psico-sócio-edudacional,
dentre outros.
B) Atribuições do professor:
Vale ressaltar a importância de o professor desempenhar seu papel, ajudando o aluno a
se descobrir, se aceitar a se expressar, a se organizar, a se liberar, e assumir o
compromisso diante da realidade. O professor deve antes de tudo ter clareza de seus
objetivos, estando comprometido com a formação de indivíduos éticos, politizados e
engajados em uma luta pela mudança onde todos possam estar inseridos em um mesmo
contexto escolar. Afinal, fazer da diversidade um recurso de ensino significa mostrar que
os sujeitos têm direitos iguais e que todos necessitam aprender. Para tanto cabe-lhe ainda
desenvolver as seguintes funções:
· avaliação
pedagógica e elaboração do plano de intervenção;
· atendimento no turno
inverso em dois módulos de cinqüenta minutos semanais ou mais se
necessário;
· auxílio e ou acompanhamento
na classe comum;
· atuar de forma colaborativa
com o professor da classe comum para definição de
estratégias pedagógicas que favoreçam o aluno;
· participar das reuniões
de planejamentos desenvolvendo ações conjuntas com os
professores e pedagogos das classes comuns;
· promover trabalho com
a família dos alunos assistidos;
· preparar material específico
para o uso dos alunos.
Diante do exposto é possível dizer que a meta proposta é mostrar que as crianças se
desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado, onde todos
possam ser respeitados de acordo com suas habilidades e diversidades. Dessa forma, o
planejamento deverá respeitar e se adequar a individualidade dos seus alunos, modificando
algumas atividades, estratégias de ensino, mas para que isso aconteça é preciso capacitação e
é claro desejo de mudança.
C) Ações para a implementação
da proposta na escola:
· para a escola fazer
jus a este profissional deverá possuir um quantitativo mínimo de duas
turmas (1ª e 2ª série), no turno;
· divulgar e apoiar a
proposta no âmbito da comunidade escolar;
· disponibilizar espaço
físico;
· a equipe de pedagogos
deverá acompanhar a proposta;
· o suprimento do quadro
de professores necessário ao Atendimento às Dificuldades de
Aprendizagem - ADA, inclusive para substituições ocorrerá mediante processo seletivo a ser
realizado pelo NADH
· A escola indicará
ao NADH para seleção os professores efetivos interessados;
· O NADH selecionará
através de entrevista os professores que preencherem os pré-requisitos previstos na proposta para o A.D.A., referentes ao perfil, atuação e atribuições;
· O professor selecionado
pelo NADAH firmará em termo de compromisso didático junto
ao NADH/escola.
D) Da carga horária o professor de atendimento às dificuldades de aprendizagem
ü Uma vez ao mês (primeira quarta-feira útil) o professor cumpri sua jornada de trabalho no
CEMEPE (Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais Julieta Diniz - CEMEPE
com os profissionais que acompanham esta frente, utilizando este dia para estudos, formação
continuada do professor e em outras atividades inerentes à profissão..
E) Recursos Humanos
· a escola conta com
um ou dois professores, conforme a demanda da escola, para
atuação no atendimento às dificuldades de aprendizagem;
· tem o acompanhamento
dos pedagogos responsáveis pelas séries atendidas. Estes fazem
intercâmbio entre o professor do ADA e os professores regentes das turmas atendidas;
· os pedagogos envolvem
a família dos alunos nesta proposta de trabalho.
F) Da formação dos grupos
de alunos:
· Após o diagnóstico
feito pelos professores que atuam no atendimento às dificuldades de
aprendizagem, os pedagogos responsáveis pelas turmas dos alunos que são
atendidos
constituirão grupos de no máximo quatro (04) alunos por série e dificuldade de aprendizagem.
· O atendimento aos alunos é na própria escola, no contra turno, com uma carga horária
semanal mínima de duas horas aulas por semana, podendo ser diferenciada em consideração
às dificuldades de aprendizagem.
· O atendimento dos alunos
das escolas da zona rural acontece dentro do mesmo turno do
ensino regular.
· Os pais ou responsáveis
legais zelam pela freqüência do aluno a ser atendido. O aluno
que faltar consecutivamente às atividades sem justificativa é alertado e comunicado
expressamente o fato aos pais que assinam um termo de responsabilidade.
G) Acompanhamentos do CEMEPE/NADH às
Escolas
· Há acompanhamento
da equipe do NADH especifica para está proposta;
· Acontece visita às
escolas pela equipe do NADH sempre que for necessário
· Oferecemos curso de
formação continuada aos profissionais atuantes nesta frente de
trabalho (encontros semanais e grupos de estudos)
· Os encontros são
uma vez por mês, no turno da manhã e tarde (conforme turno de
trabalho na escola).
RESULTADO/CONCLUSÃO.
Este projeto, o ADA, já acontece na rede municipal de ensino de Uberlândia desde março de
2007. Já efetivamos cursos desenvolvendo os seguintes assuntos: Apresentação da proposta;
Desenvolvimento da Lecto-escita; Como trabalhar com Anamnese; Inteligências Múltiplas
(vídeo); Aplicação das Provas Piagetianas;
Elaboração de instrumentais como: relatórios; termo de responsabilidade; termo de
desligamento; Registro e Análise de sala de aula; Desenvolvimento Humano; Áreas do
Conhecimento: Audição e Linguagem; Competências cognitivas e habilidades perceptuais
necessárias para a leitura e escrita; Teoria e Prática: jogos pedagógicos- recursos necessários
a Alfabetização; Psicomotricidade: Concepções e práticas na educação de crianças com
Dificuldades de Aprendizagens; Os aspectos fonaudiólogicos que interferem no processo da
aquisição da leitura e escrita; Construção de Jogos Pedagógicos para a alfabetização; Déficit
de Atenção/Hiperatividade. As maiores contingências enfrentadas são: Falta de conhecimento
dos professores em detectar a dificuldade da criança; resistência para trabalhar com jogos;
falta de domínio para registro dos jogos; sistematização das aulas em dar seqüência aos temas
trabalhados; algumas escolas enfrentam problemas de freqüência de alunos, poucas.
Atualmente o trabalho está fluindo melhor e já conseguimos resultados satisfatórios, já temos
em várias escolas alunos que estão sendo desligados por ter alcançado bons resultados e
solucionado a sua dificuldade. Acreditamos também que esses resultados se devem ao fato
do professor acreditar na proposta e participar da formação continuada a qual tem
contribuído muito para o aprimoramento dos mesmos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NÚCLEO DE APOIO ÀS DIFERENÇAS HUMANAS- NADH. Mimmeo, 2005.
MEDEIROS, Paula C., LOUREIRO, Sônia Regina; LINHARES, M.B.M. A auto-eficácia e
os aspectos comportamentais de crianças com dificuldade de aprendizagem. Revista.
Psicologia Reflexão e Crítica. v.. 13, n.3, Porto Alegre, 2000.
PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar: história de submissão e
rebeldia. São Paulo: Queiroz, 1993.
PROJETO ATENDIMENTO ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM- ADA.
Mimmeo, 2007.