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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
RESPIRAÇÃO ORAL: UM TEMA QUE PRECISA SER DISCUTIDO PELOS 
PROFESSORES
Profa Dra Olinda T. Kajihara (UEM/DTP)1
Paula Meneguetti Blanco (Bolsista do PIBIC/CNPq-UEM)*
Profa Ms Miriam A. B. Godoy (UEPG/DEMET)*
*  Grupo de Pesquisa Ensino, Aprendizagem e Avaliação Escolar.
RESUMO
A respiração oral decorre de uma doença que obstrui as vias aéreas superiores. Na infância, a 
passagem do ar na via nasal é prejudicada principalmente pela hipertrofia das tonsilas faríngeas 
(adenóides) e pela rinite alérgica. A obstrução nasal obriga a criança a mudar o modo respiratório, e 
a respiração de suplência promove alterações no desenvolvimento dento-facial, na alimentação, na 
fonação e na postura corporal. A respiração oral prejudica o sono e a qualidade de vida da criança 
respiradora oral, que apresenta sonolência, fadiga e dificuldade de atenção. Considerando que a 
rinite alérgica e a hipertrofia das adenóides são doenças muito freqüentes na infância, o problema da 
respiração oral precisa ser discutido pela Educação Especial. Este trabalho teve como objetivo 
avaliar o nível de conhecimento dos professores sobre a rinite alérgica, a hipertrofia das adenóides, 
a respiração oral e suas conseqüências na aprendizagem escolar. Participaram do grupo 
experimental 20 professores de alunos respiradores orais, e 39 professores do grupo de controle. 
Os professores foram entrevistados e responderam 17 questões, e os resultados demonstraram que 
os professores têm poucos conhecimentos sobre as doenças obstrutivas e suas conseqüências no 
desenvolvimento infantil.
Palavras-chave: Respiração oral. Problemas de Aprendizagem. Educação Especial.
Introdução
A escola brasileira ainda precisa enfrentar muitos desafios para oferecer uma educação para todos. 
Investir na formação do professor é condição indispensável para alcançar práticas educativas 
inclusivas, pois atender a diversidade da população escolar exige a transformação dos saberes e das 
ações docentes. Considerando que a formação inicial do professor não contempla, muitas vezes, a 
diferença, a formação continuada necessita preencher essa lacuna. Assim sendo, a diversidade 
escolar precisa ser considerada nos cursos de capacitação, nas semanas pedagógicas e nos 
encontros de professores (DUK, 2005).
Muitos fatores podem levar um aluno a ter necessidades educacionais especiais, como, por 
exemplo, problemas cognitivos, emocionais, socioeconômicos e orgânicos. Entre os problemas de 
saúde que podem comprometer a aprendizagem escolar, podem ser citadas as doenças obstrutivas 
das vias aéreas superiores, como, por exemplo, a rinite alérgica e a hipertrofia das tonsilas faríngeas 
(adenóides).
A rinite alérgica consiste na inflamação da mucosa nasal, mediada por IgE, que ocorre após a 
exposição aos agentes alérgenos. Ela é a principal doença respiratória crônica por causa de sua 
prevalência, de seu impacto na qualidade de vida, no desempenho escolar e na produtividade no 
trabalho, de seu impacto econômico e de sua associação com a asma (BOUSQUET; VAN 
CAUWENBERGE, KHALTAEV, 2001). Os principais sintomas da rinite alérgica pediátrica são: 
obstrução nasal, tosse, espirros, prurido nasal, infecções recorrentes da garganta, halitose, angústia 
respiratória e fala anasalada. Nos casos de rinite crônica, a criança também apresenta fadiga diurna, 
diminuição do apetite e baixo crescimento físico. As crianças pequenas com rinite alérgica podem 
apresentar somente tosse, resultante de gotejamento pós-nasal e de irritação da laringe (LACK, 
2001; LAMPASSO; LAMPASSO, 2004).
Estima-se que a rinite alérgica afete de 10% a 40% da população mundial, e a sua prevalência está 
aumentando nas crianças e adultos (BOUSQUET et al., 2002). No Brasil, dados sobre a 
prevalência da rinite alérgica foram obtidos a partir do International Study of Asthma and Allergies in 
Chilhood (ISAAC). Essa pesquisa foi realizada com 721.601 crianças de 56 países (BOUSQUET; 
VAN CAUWENBERGE, KHALTAEV, 2001). Na primeira fase do estudo, executada no final da 
década de 1990, a prevalência de rinite em escolares brasileiros foi de 26,6% na faixa etária de 6 a 
7 anos, e de 34,2% na faixa etária de 13 a 14 anos. Na terceira fase do estudo ISAAC, realizada 
no início da década de 2000, a prevalência da rinite foi de 25,7% na faixa etária de 6 a 7 anos, e de 
29,6% na faixa etária de 13 a 14 anos (SOLÉ et al., 2006).
O tecido adenoideal está localizado na nasofaringe, ou seja, na porção da faringe situada acima do 
nível do palato mole. A hipertrofia das adenóides, ou seja, o aumento excessivo do tecido 
adenoideal decorrente de uma reação alérgica ou de agentes infecciosos, provoca obstrução da 
cavidade nasofaríngea porque o tecido adenoideano se aproxima da superfície superior do palato 
mole (SUBTELNY, 1954). Os sintomas mais importantes da hipertrofia das adenóides pediátrica 
são: obstrução nasal, respiração oral, fala anasalada e ronco noturno. Entretanto, as crianças com 
obstrução nasal não costumam reclamar da congestão nasal e nem admitem ter dificuldade em 
respirar pelo nariz. Outra queixa dificilmente observada nas crianças é o prejuízo do olfato. Essas 
características podem também passar despercebidas pelos pais, assim a boca aberta, a fala 
anasalada, o ronco noturno, ou até mesmo serem consideradas normais ou hábitos (PARADISE, 
1998). 
A obstrução nasal provocada pela rinite alérgica e pela hipertrofia das adenóides leva ao modo 
respiratório oral. Essa respiração de suplência impede o condicionamento do ar e deixa a criança 
mais vulnerável às infecções repetitivas (ARAGÃO, 1988). É comum, por exemplo, a ocorrência de 
otite média, que pode levar à perda auditiva (FERREIRA, 1999; MENDES; BARBOSA; 
NICOLOSI, 2005).
A respiração oral prejudica o desenvolvimento anatômico e harmonioso da face. Para respirar pela 
boca, a criança desloca a mandíbula para baixo e para trás, o que compromete a sucção, a 
mastigação, a deglutição e a fonação (ARAGÃO, 1988; CARVALHO, 2003). A boca aberta 
expõe os dentes à ação de vírus e de bactérias, e isso favorece a ocorrência de halitose, de 
gengivite e de cáries. O modo respiratório oral exige que a criança repouse a língua no assoalho da 
boca, o que contribui para a modificação da profundidade do palato e para o apinhamento dentário 
(MARCHESAN, 1997; MOTONAGA, BERTI; ANSELMO-LIMA, 2000; NOUER et al. 2005). 
Além disso, a respiração oral promove o encurtamento do lábio superior e a eversão do lábio 
inferior. Fissuras e ressecamento dos lábios também são freqüentes na criança (ARAGÃO, 1988; 
MENDES; BARBOSA; NICOLOSI, 2005).
As alterações das tonicidades da boca e da língua prejudicam a fonação do respirador oral, como, 
por exemplo, dos fonemas /s/ e /z/; /p/. /b/ e /m/ (CARVALHO, 2003). O deslocamento da 
mandíbula, a hipotonicidade da língua e o apinhamento dos dentes tornam difícil a trituração, o corte 
e a maceração de alimentos sólidos ou fibrosos, e por isso a criança ingere líquidos para auxiliar na 
deglutição. A dieta não balanceada contribui para a perda de peso, de flatulência e de dificuldade de 
defecação (BECKER, 2005; SÁ FILHO, 1994).
Durante o sono, o respirador oral apresenta inquietação, ronco, respiração ruidosa, sialorréia, 
despertares freqüentes; em casos mais graves, tem enurese, terror noturno, bruxismo e 
sonambulismo (CARVALHO, 2003; BOSSE, 2005). A sensação de sufocamento e o cansaço 
constante decorrente da dificuldade respiratória alteram o humor da criança, e por isso são 
freqüentes a irritabilidade, ansiedade, impulsividade e desatenção (CARVALHO, 2003). A má 
qualidade do sono, a fadiga diurna e a sonolência prejudicam a disposição do respirador oral para 
as atividades escolares, especialmente nas tarefas que exigem maior nível de atenção 
(GUILLEMINAULT; PELAYO, 1998). 
Estudos realizados nos últimos seis anos pelo Grupo de Pesquisa “Ensino, Aprendizagem e 
Avaliação Escolar”, ligado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual 
de Maringá, demonstram associação entre as dificuldades de atenção e de aprendizagem dos alunos 
respiradores orais. Na primeira dissertação, realizada por Godoy (2003), foram comparados os 
desempenhos escolares de um grupo de respiradores orais com diversos tipos de doenças 
obstrutivas (rinite alérgica, hipertrofia das adenóides, sinusite etc.) com o de um grupo de 
respiradores nasais. O estudo demonstrou que os respiradores orais apresentavam problemas gerais 
de aprendizagem (leitura e escrita, cópia de texto, interpretação de texto e aritmética) e que a 
dificuldade de atenção prejudicou, principalmente, a realização das atividades de cópia e de 
resolução de operações e problemas de aritmética.
A associação entre desatenção e dificuldades de cópia e de aritmética também foi observada por 
Leal (2004) em respiradores orais com hipertrofia das adenóides. Silva (2005), por outro lado, 
somente observou relação entre dificuldades de atenção e de cópia em crianças com rinite alérgica. 
Os respiradores orais que participaram desses dois estudos foram reavaliados por Gomes (2007). 
Nessa pesquisa, verificou-se que os respiradores orais não apresentaram melhora na aprendizagem, 
ou seja, o nível de dificuldade nas tarefas de resolução de problemas e de operações de matemática 
observado na 5a série do Ensino Fundamental era semelhante ao registrado na 3a série, e que as 
dificuldades de atenção também persistiram. 
Os resultados desse estudo demonstram a necessidade de se oferecer um atendimento educacional 
específico às necessidades dos alunos respiradores orais. Entretanto, para que isso ocorra, é 
necessário que os professores tenham conhecimento das conseqüências da respiração oral no 
desenvolvimento infantil. Assim sendo, este estudo teve como objetivo avaliar o nível de 
conhecimento dos professores sobre a rinite alérgica, a hipertrofia das adenóides, a respiração oral 
e suas conseqüências na aprendizagem escolar.
Método
O grupo experimental (GE) foi composto por 20 professores de 3ª e 4ª séries do Ensino 
Fundamental cujos alunos respiradores orais haviam participado, em 2003, de dois estudos 
realizados pelo Grupo de Pesquisa Ensino, Aprendizagem e Avaliação Escolar da UEM. Naquela 
época, os escolares foram selecionados e avaliados em uma Clínica-Escola de Odontologia de 
Maringá, e por isso os pesquisadores não tiveram contato com os professores das crianças. Para 
formar o grupo de controle (GC), foram selecionados 39 colegas de trabalho dos professores do 
grupo experimental que ministravam aulas nas 3ª ou 4ª séries. Os participantes do estudo assinaram 
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê Permanente 
de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá.
Como instrumento, foi elaborado um questionário contendo 17 questões abertas e fechadas para 
avaliação da formação profissional e do nível de conhecimento dos docentes sobre os sintomas, os 
tratamentos e as conseqüências da rinite alérgica, da hipertrofia das adenóides e da respiração oral 
na aprendizagem escolar. Todos os professores foram entrevistados nas escolas onde atuam.
Resultados e discussão
O Teste de Diferença de Duas Proporções foi utilizado para a comparação dos resultados dos 
grupos experimental e de controle (STATISTICA, 2006). Em relação à formação profissional dos 
professores, não houve diferença significativa entre os dois grupos (GE = 65%, GC = 51%, p< 
0,155): a maioria dos professores possui curso superior em Pedagogia. Entretanto, uma maior 
porcentagem de professores do grupo experimental apresenta curso de pós-graduação lato sensu 
(GE = 65%, GC = 41%, p < 0,043). A maioria dos professores dos professores dos dois grupos 
possui experiência somente no ensino público (GE = 80%, GC 77%, p< 0,397).
Em relação às doenças obstrutivas das vias aéreas superiores, a maior parte dos professores dos 
dois grupos (GE = 85%, GC = 74%, p< 0,170) informou que já teve alunos com rinite alérgica em 
suas turmas. Os dois tipos de definições mais freqüentes foram aqueles em que a rinite alérgica foi 
relacionada a um agente alérgeno, ou em que foram descritos sintomas da doença. Não houve 
diferença entre os grupos nesses dois tipos de respostas (agente alérgeno, GE = 45%, GC = 64%, 
p< 0,084; descrição de sintomas, GE = 35%, GC = 26%, p< 0,237). Portanto, os professores 
desconhecem que a rinite alérgica é uma inflamação da mucosa nasal, e definem a doença como um 
problema causado pelo contato com alérgenos (poeira, giz, tempo, produtos químicos etc.), ou uma 
doença que provoca certos sintomas.
Os professores têm conhecimento de alguns sintomas da rinite alérgica, e por isso afirmaram que as 
crianças podem ser identificadas em sala de aula porque emitem sons pelo nariz (fungam) e 
apresentam espirros, coriza, dificuldade para respirar, vermelhidão nos olhos, cefaléia, dor nos 
olhos, prurido nasal, obstrução nasal, irritação e/ou cansaço. Somente houve diferença entre os 
grupos em relação ao sintoma “espirro”, que foi menos citado pelos professores do grupo 
experimental. Nos dois grupos, os sintomas mais citados foram: coriza (GE = 45%, GC = 46%, p< 
0,471), espirros (GE = 20%, GC = 46%, p< 0,027), dificuldade para respirar (GE = 20%, GC = 
31%, p< 0,186), prurido nasal (GE = 40%, GC = 28%, p< 0,177) e obstrução nasal (GE = 30%, 
GC = 13%, p< 0,059). 
Os professores desconhecem dois sintomas específicos da rinite pediátrica, ou seja, a tosse e as 
infecções recorrentes da garganta. Esse desconhecimento não causa estranheza, pois a literatura 
médica indica que há pouco reconhecimento na prática clínica de que a tosse é muito importante na 
rinite alérgica pediátrica, e por isso ela é tomada como sintoma de asma. Situação semelhante é 
observada em relação às infecções recorrentes da garganta: a rinite alérgica na criança é 
freqüentemente diagnosticada erradamente como resfriado recorrente, e por isso muitas vezes é 
tratada inadequadamente com doses múltiplas de antibióticos (LACK, 2001; SKONER, 2001).
Em relação ao tratamento da rinite alérgica, os professores citaram os medicamentos, a não 
exposição aos agentes alérgenos, a limpeza do ambiente e a realização de atividade física. A 
porcentagem de professores que não soube indicar como a doença deve ser tratada foi semelhante 
nos dois grupos (GE = 15%, GC = 28%, p< 0,135). Mais da metade dos professores dos dois 
grupos apontou o tratamento medicamentoso (GE = 55%, GC = 67%, p< 0,185). A limpeza do 
ambiente é uma importante forma de prevenção da crise alérgica, mas foi pouco citada pelos 
professores do grupo experimental (GE = 05%, GC = 31%, p< 0,013).
Os professores acreditam que a rinite alérgica prejudica o desempenho escolar porque a 
indisposição deixa a criança desatenta em sala de aula (GE = 25%, GC = 41%, p< 0,114). Os 
professores desconhecem que a desatenção é conseqüência da má qualidade do sono, e que a 
sonolência e a fadiga diurna dificultam a realização das tarefas escolares (LACK, 2001).
Os professores têm um conhecimento superficial sobre a hipertrofia das adenóides. Não foram 
observadas diferenças intergrupos: mais da metade dos professores disse que já teve algum aluno 
com adenóides (GE = 65%, GC = 67%, p< 0,439). A doença foi definida pela maioria dos 
professores como “uma carne crescida” (GE = 90%, GC = 77%, p< 0,114). Portanto, a hipertrofia 
das adenóides foi descrita de forma mais superficial que a rinite alérgica. 
Os professores que participaram desta pesquisa disseram que é possível identificar a criança com 
adenóides em sala de aula porque ela apresenta voz anasalada e/ou tem dificuldade de respirar. 
Uma maior porcentagem dos professores do grupo experimental (GE = 45%, GC = 15%, p< 
0,007) citou a característica “voz fanhosa”. Não foram observadas diferenças entre os grupos em 
relação à “dificuldade de respirar” (GE = 40%, GC = 38%, p< 0,440). Portanto, grande parte dos 
professores conhece apenas um dos sintomas clássicos da hipertrofia das adenóides. Considerando 
que os docentes definiram a doença como “uma carne crescida”, é compreensível que tenham 
associado o obstáculo mecânico com a característica “dificuldade de respirar”.
A forma de tratamento mais citada pelos professores para o tratamento da hipertrofia das adenóides 
foi a cirúrgica. Entretanto, no grupo experimental essa forma de tratamento foi mais freqüente do 
que no grupo de controle (GE = 100%, GC = 82%, p< 0,024). De fato, a adenoidectomia é o 
tratamento mais indicado para a hipertrofia das tonsilas faríngeas (MOCELLIN, 1994).
Os professores acreditam que as dificuldades de respiração (GE = 20%, GC = 33%, p< 0,155) e 
de sono (GE = 10%, GC = 21%, p< 0,147) prejudicam a aprendizagem, e/ou que o mal-estar 
provocado pela doença faz com que a criança não consiga prestar atenção às aulas (GE = 25%, 
GC = 21%, p< 0,364). Assim como observado em relação à rinite alérgica, os professores 
acreditam que a hipertrofia das adenóides prejudica a aprendizagem porque, como toda doença, 
provoca indisposição física. Eles desconhecem que o ronco, o sono inquieto, os despertares 
freqüentes e a dificuldade respiratória repercutem no comportamento diurno, na forma de fadiga 
diurna, de sonolência e de dificuldade de atenção (RABHAR, 2004).
Os professores também responderam questões sobre o tema respiração oral. Cerca de metade do 
grupo de professores do grupo experimental afirmou que já teve alunos respiradores orais (GE = 
45%, GC = 38%, p< 0,303), enquanto a outra metade não soube informar (GE = 40%, GC = 
36%, p < 0,382). No grupo experimental, predominou a definição “respiração oral é respirar pela 
boca” (GE = 70%, GC = 36%, p< 0,008), e no grupo de controle a resposta “não sei” (GE = 
20%, GC = 44%, p< 0,037). É possível observar que o nível de conhecimento dos professores 
sobre esse assunto é menor do que sobre rinite alérgica e hipertrofia das adenóides. Ao afirmarem 
“é respirar pela boca”, os professores se limitaram a repetir o termo “respiração oral” e não 
souberam fornecer nenhuma informação adicional. 
Em relação à identificação do aluno respirador oral em sala de aula, 40% dos professores do grupo 
experimental disseram que é possível identificá-lo porque “fica de boca aberta”, enquanto outros 
40% não souberam responder. A resposta “porque fica de boca aberta” foi a mais freqüente nos 
dois grupos (GE = 40%, GC =23%, p< 0,089). Entre os professores do grupo experimental, a 
resposta “não sei” também teve uma alta freqüência (GE = 40%, GC = 03%, p< 0,000).
Em relação ao tratamento da respiração oral, o atendimento fonoaudiológico (GE = 40%, GC = 
26%, p< 0,137) foi o mais citado. Os professores deduziram que, por se tratar de um problema de 
respiração, o fonoaudiólogo deve ser o profissional que pode ajudar a criança. Nos dois grupos, 
metade dos professores não soube responder à questão (GE = 50%, GC = 54%, p< 0,386). 
É muito baixo o nível de conhecimento dos professores sobre a associação entre respiração oral e 
dificuldades de aprendizagem. Os professores estabeleceram a seguinte relação: a respiração oral 
provoca mal-estar físico, e por isso a criança fica “inquieta” e desatenta. Nessa questão, 
predominaram dois tipos de respostas: “não sei” (GE = 25%, GC = 20,5%, p< 0,354) ou “ela não 
consegue prestar atenção” (GE = 45%, GC = 43,6%, p< 0,471). 
Conclusão
Uma educação inclusiva deve ensinar a todos os alunos indistintamente. No entanto, para atender à 
diversidade da clientela escolar, é necessário conhecer as barreiras ao bom desempenho escolar. A 
formação inicial não tem proporcionado conhecimentos teórico-metodológicos suficientes para que 
o professor possa intervir junto às crianças com dificuldades de aprendizagem. 
O tema saúde e educação tem sido pouco discutido nos cursos de graduação e de pós-graduação. 
É por isso que os professores deste estudo, formados em Pedagogia e em cursos de especialização 
na área da Educação, conhecem muito pouco sobre as conseqüências das doenças obstrutivas das 
vias aéreas superiores e da respiração oral na aprendizagem escolar.
O fato de a rinite alérgica ser a doença nasal crônica mais freqüente na infância (SOLÉ; 
OLIVEIRA, 1998), e de a adenoidectomia ser uma das cirurgias mais realizadas na área da 
otorrinolaringologia (VIEIRA et al., 2003) demonstram a importância do papel do professor na 
identificação do aluno com obstrução nasal, a fim de evitar que a respiração oral crônica prejudique 
o desenvolvimento infantil. Por outro lado, nos casos em que as alterações orgânicas já tiverem 
ocorrido, o professor deve estar atento para oferecer um atendimento educacional especial ao aluno 
respirador oral. 
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