http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/120.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

APRENDIZAGEM DA NATAçãO E A COORDENAçãO CORPORAL DE UMA CRIANÇA DEFICIENTE VISUAL: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES
SOLANGE RODOVALHO LIMA*
MARIA AMéLIA ALMEIDA**
*Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Educação Especial – UFSCar
 Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atividade Física e Saúde – NIAFS/UFU
**Programa de Pós-graduação em Educação Especial–UFSCar


RESUMO
Este estudo teve por objetivo avaliar a contribuição das atividades de iniciação à aprendizagem da natação na coordenação corporal de uma criança com deficiência visual. Foi realizado um delineamento experimental intra-sujeito do tipo AB. Participou do estudo uma menina cega congênita, com dez anos de idade. Para a coleta dos dados utilizou-se o Teste de Coordenação Corporal - KTK (KIPHARD; SCHILLING, 1976) e folha de registro para avaliar os comportamentos motores na água. Durante a intervenção aplicou-se estratégias para o ensino-aprendizagem do nado crawl, totalizando 24 aulas, com três sessões semanais de cinqüenta minutos cada. Os resultados apontam avanços nos comportamentos motores, no equilíbrio dinâmico e na velocidade ao saltar e em conseqüência na coordenação corporal da criança.


INTRODUÇÃO

A deficiência visual é um tipo de limitação sensorial que consiste basicamente em perda total ou parcial do sentido da visão. Os educadores classificam estudantes com deficiência visual baseando-se no grau em que cada um deles utiliza a visão ou outros sentidos (audição/tato) para aprenderem. A conceituação de deficiência visual, incluindo a cegueira, enfatiza a relação entre visão e aprendizagem, sendo definida como “um impedimento na visão que, mesmo com correção, afeta adversamente a performance educacional da criança” (HEWARD, 2003).
Coerente com a conceituação educacional, Hallahan e Kauffman (2003) afirmam que os cegos são aqueles que geralmente não possuem percepção luminosa, o que não significa ausência total de percepção de luz, mas que tal percepção, não lhes fornece qualquer informação do ambiente. O Braille é o meio mais comum de aprendizagem de leitura e escrita. Informações verbais também são usadas para ensinar-lhes novas idéias e eles necessitam ainda de treino de orientação e mobilidade.     
Para Leonhardt (1992) o equilíbrio e o sentido sinestésico são também afetados pela cegueira. Diante da falta de visão para fornecer as informações sensoriais que permitam um “feedback” postural, o equilíbrio torna-se difícil. Por isso o sentido sinestésico nos fornece informação referente ao traçado do movimento do corpo no espaço e deve ser educado a fim de ajustar o movimento a seus deslocamentos.
Conde (2001) afirma que entre as principais defasagens psicomotoras, apresentadas pelos deficientes visuais, destacam-se: imagem corporal, esquema corporal, equilíbrio dinâmico e estático, postura, coordenação motora, lateralidade, tônus muscular, expressão corporal.
As atividades desenvolvidas no meio líquido têm sido apontadas pelos estudiosos da área da atividade motora adaptada, como importante veículo para o desenvolvimento da sua capacidade de aprendizagem de crianças deficientes visuais. 
Esta pesquisa teve por objetivo geral avaliar a contribuição das atividades de iniciação à aprendizagem da natação para a promoção da coordenação corporal da criança deficiente visual.
Os objetivos específicos foram: a) Verificar os comportamentos motores adquiridos na água, antes e após a intervenção; b) Identificar as mudanças ocorridas no equilíbrio dinâmico; c) Verificar as alterações ocorridas na velocidade ao saltar; c) Comparar as mudanças ocorridas no equilíbrio dinâmico e velocidade ao saltar.

MÉTODO

Foi utilizado um delineamento experimental intra-sujeito do tipo AB, tendo “o indivíduo como seu próprio controle”. (NUNES e NUNES, 1987 apud ALMEIDA 2003) A refere-se ao período da linha de base e B ao da intervenção.

Sujeito
Uma menina, com dez anos de idade, cega congênita, sem percepção luminosa. O critério para escolha deveu-se ao fato de a criança não saber nadar e durante a coleta de dados não participar de outros programas de exercícios físicos e/ou esportivos.

Local
Os dados foram coletados na Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia– FAEFI/UFU. Os testes iniciais e finais ocorreram em uma sala de aproximadamente 30m quadrados. As sessões de linha de base e intervenção foram realizadas em piscina aquecida, medindo 12m de comprimento, por 8m de largura e profundidade entre 110cm e 150cm.

Instrumentos
Os instrumentos para coleta de dados foram: a) Teste de Coordenação corporal KTK (KIPHARD; SCHILLING, 1976); b) Folha de registro para avaliação dos comportamentos observados durante a linha de base e nas sessões de intervenção (quadro 2).

Procedimentos de Coleta de Dados
Após aprovação do Comitê de Ética em pesquisa com seres humanos, da Universidade Federal de Uberlândia e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelo responsável legal pela criança, teve início a pesquisa, conforme as seguintes fases:

a) Avaliação inicial e final
Antes das sessões de linha de base e, nas mesmas condições, após o período de intervenção aplicou-se o teste KTK (KIPHARD; SCHILLING, 1976), especificamente as tarefas equilíbrio dinâmico na trave cujo objetivo é avaliar a estabilidade do equilíbrio em marcha para trás sobre a trave e salto lateral que tem por objetivo avaliar a velocidade em saltos alternados.
 
b) Linha de base
Após a avaliação inicial e antes da intervenção, realizou-se a fase de linha de base, com o objetivo de observar os comportamentos motores apresentados pela criança dentro da piscina. Estes foram registrados após cada sessão em uma folha de registro (Quadro 2). A quantificacão dos comportamentos seguiu os critérios indicadores dos níveis de aprendizagem do nado Crawl, dispostos no quadro abaixo elaborado pelas pesquisadoras, baseado na pesquisa de Israel (2004, p. 76).
NF: Não Faz o comportamento
0  (0%)
AFT: Faz com Ajuda Física Total o comportamento motor (necessita de apoio em duas ou mais partes do corpo)
1  (25%)
AFP: Faz com Ajuda Física Parcial o comportamento (necessita de apoio em uma parte do corpo)
2  (50%)
AV: Faz com Ajuda Verbal o comportamento (necessita de reforço verbal)
3  (75%)
I: Independência (realiza o comportamento com domínio motor completo)
4  (100%)
Quadro 1 - Critérios indicadores dos níveis de aprendizagem dos comportamentos motores para o domínio do nado Crawl.

c) Intervenção
Observada e registrada a estabilidade dos comportamentos na linha de base, iniciou-se a intervenção, sendo três sessões semanais, de 50min cada, totalizando 24 sessões, num período de 57 dias. Foram aplicados procedimentos planejados para a iniciação à aprendizagem do nado crawl, compostos por atividades lúdicas (jogos e brincadeiras) e técnicas que objetivaram a desenvolver os seguintes comportamentos: a) adaptação ao meio líquido; b) propulsão de pernas; c) propulsão de braços coordenados com as pernas; d) respiração lateral; e) coordenação braços, pernas, respiração lateral. A mudança de estratégia de ensino de um fundamento para outro ocorria quando a criança atingia o critério mínimo estabelecido de 50% do comportamento motor, respeitando também o ritmo de desenvolvimento da criança.

RESULTADOS

1. Comportamentos motores adquiridos na água:
Os comportamentos motores, observados na água, durante as sessões de linha de base e de Intervenção, foram divididos em cinco etapas, as quais constituem os principais fundamentos do nado Crawl, conforme folha de registro elaborado pelas pesquisadoras (Quadro 2).
Comportamentos
LINHA
BASE
intervencao
A. ADAPTAÇÃO AO MEIO LÍQUIDO
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1. Entrar na piscina
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2. Sair da piscina
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3. Deslocar-se na água: andando ou saltando
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4. Colocar o rosto na água e expira
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5. Inspirar, colocar o rosto na água e expirar
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6. Mergulhar  todo o corpo na água
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7. Mergulhar  todo o corpo na água e expira
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8. Em pé realizar giros
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9. Flutuar em decúbito ventral em posição estacionária, com o
 corpo alinhado na horizontal 
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10. Flutuar em decúbito ventral, deslizando, com o corpo alinhado na horizontal
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11. Flutuar em decúbito ventral, girar para posição dorsal
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12. Flutuar na vertical, com auxílio dos membros superiores e inferiores
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B. PROPULSAO DE PERNAS EM DECUBITOVENTRAL
 
 
1. Segurar a prancha, bater pernas alternadamente com o rosto na água 
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2. Segurar a prancha, bater pernas alternadamente sem flexioná-las demasiadamente, com os pés  relaxados e o rosto na água
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3. Bater pernas alternadamente com braços estendidos a frente e rosto na água
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4. Bater pernas alternadamente, mantendo o corpo alinhado, com os quadris próximos à superfície, sem flexionar demasiadamente as pernas e pequena flexão da articulação coxo-femural
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C. PROPULSAO DE BRAÇOS COORDENADOS COM A PERNAS EM DECUBITO VENTRAL
 
 
1. Rosto na água, segurar a prancha com os braços estendidos, bater as pernas e rodar apenas um braço
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2. Rosto na água, segurar a prancha com os braços estendidos, bater pernas e rodar braços alternadamente
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3. Rosto na água, bater pernas alternadamente, rodar os braços alternadamente
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D. RESPIRAÇÃO LATERAL
 
 
1. Segurar a prancha com os braços estendidos, bater pernas, rosto na água gira-o para o lado até retirar a boca e o nariz fora da água sem elevar a cabeça. Inspirar, voltar o rosto para a água e expira.
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2. Segurar a prancha, bater pernas, rodar um braço, girando o rosto para o mesmo lado braço que esta rodando e respirar quando a mão estiver próxima ao quadril
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3. Segurar a prancha com braços estendidos, bater pernas alternadamente, rodar os braços alternadamente, girando o rosto para o lado da braçada que iniciará a recuperação, respirar quando a mão estiver próxima ao quadril.
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E. COORDENAÇÃO BRACOS, PERNAS,  RESPIRAÇÃO
 
 
1. Realizar propulsão dos braços, das pernas e  respiração lateral.
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2. Respiração unilateral com duas braçadas e uma respiração
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3. Respiração unilateral com quatro braçadas e uma respiração
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Quadro 2 - Roteiro para registro dos comportamentos observados nas sessões de Linha de Base e Intervenção.A figura 1 mostra a evolução no desempenho da criança em cada um dos cinco comportamentos trabalhados durante a intervenção. As primeiras quatro sessões referem-se à linha de base. As outras 24 correspondem ao período de intervenção

Figura 1. Evolução do desempenho em cada um dos fundamentos do nado Crawl

1.1 Adaptação ao meio líquido
Os dados mostram que na fase de Adaptação ao meio líquido, o percentual de desempenho obtido foi 33%. Na primeira sessão de intervenção a criança avançou para 56% e continuou evoluindo, sendo que no final da intervenção todos os comportamentos foram realizados com domínio motor completo. Esse domínio dos movimentos contribuiu, significativamente, na compreensão e realização dos movimentos requeridos nas etapas posteriores.

1.2       Propulsão de pernas em decúbito ventral
Os dados indicam que, na fase de linha de base, a criança não realizou nenhum dos quatro comportamentos no fundamento Propulsão de pernas em decúbito ventral.
Na 5ª sessão de intervenção, ocasião em que foram inseridas as primeiras estratégias de ensino com o objetivo de desenvolver este fundamento, a criança alcançou 6% de desempenho e continuou evoluindo nas sessões seguintes, alcançando domínio motor completo na 23ª sessão.     

1.3       Propulsão de braços coordenados com as pernas, em decúbito ventral.
Conforme os dados da figura 1, na linha de base a criança não dominou nenhum dos três comportamentos no fundamento Propulsão de braços, coordenados com as pernas, em decúbito ventral. Na intervenção, as estratégias de ensino objetivando desenvolver esse fundamento, foram iniciadas na 8ª sessão e nessa a criança alcançou 8% no desempenho. Apesar da continuidade na evolução da aprendizagem, o terceiro comportamento deste fundamento (Rosto na água, bater pernas alternadamente e rodas os braços alternadamente) foi realizado com ajuda verbal na 24º sessão de intervenção. A média total de desempenho obtida nos comportamentos foi  92%.

1.4       Respiração lateral em decúbito ventral
Os dados da figura 1 mostram que na linha de base a criança não apresentou nenhum domínio no fundamento Respiração lateral. As estratégias de ensino visando a desenvolver esse fundamento foram introduzidas na 13ª sessão de intervenção e na 15ª sessão a criança obteve uma média de 8% de desempenho. Nos três comportamentos dessa etapa (Quadro 2), houve evolução contínua. Entretanto, ao final da intervenção, apenas o comportamento um foi realizado com domínio motor completo, enquanto no dois a participante necessitou de reforço verbal e no três de ajuda física parcial. Com isto o desempenho obtido nos três comportamentos foi de 75%.

1.5       Coordenação braços, pernas e respiração lateral em decúbito ventral
De acordo com a figura 1 na linha de base nenhum dos três comportamentos no fundamento Coordenação dos braços, pernas e respiração lateral foi realizado. As estratégias de ensino objetivando a desenvolvê-lo foram introduzidas na 18ª sessão de intervenção, na qual a criança apresentou um desempenho de 16% nos comportamentos. Ao final da intervenção todos eles foram realizados com ajuda física parcial e a média total obtida foi de 50%.

Comparação de desempenho nos cinco fundamentos trabalhados
Os únicos fundamentos em que a criança obteve máximo desempenho foram: Adaptação ao meio líquido e Propulsão de pernas em decúbito ventral, alcançando média de 100% ao final de todas as sessões. No fundamento Propulsão de braços em decúbito ventral alcançou 92% e na Respiração lateral obteve 75%.
No fundamento Coordenação braços, pernas e respiração lateral, o percentual de desempenho foi de 50%, portanto bem abaixo dos outros. Considerando que este fundamento requer uma ótima coordenação dos movimentos, este resultado pode ser atribuído à restrição na vivência motora, defasagens no desenvolvimento motor da criança como também ao pequeno número de sessões (um total de seis) em que este foi especificamente trabalhado. Pode-se afirmar que a continuidade na vivência prática deste comportamento seria decisiva e necessária para obtenção do seu domínio motor completo, pois este é condição indispensável para o individuo nadar, ou seja, quando se tem o controle destes movimentos em deslocamento, a criança já estará nadando o estilo crawl.

2. Desempenho inicial e final no Equilíbrio dinâmico para trás e velocidade em saltos alternados

2.1 Equilíbrio dinâmico para trás
Nesta tarefa, na avaliação inicial o coeficiente motor inicial da criança foi de 43 pontos. Na avaliação final o coeficiente motor avançou para 44 pontos.
Tanto na avaliação inicial quanto na avaliação final a criança esteve quase sempre com o pescoço flexionado à frente com o queixo próximo ao peito. Tal postura pode ter influenciado a realização da tarefa, pois postura e equilíbrio estão em estreita relação.

2.2 Salto lateral
Nesta tarefa, o coeficiente motor inicial foi igual a 22 e na avaliação final avançou para 23.

Ao se comparar a avaliação inicial e final nas duas tarefas, constata-se que quantitativamente houve um pequeno ganho nos resultados apresentados na avaliação final. Não se observou diferença de ganho quantitativo entre a tarefa de equilíbrio na trave e salto lateral.

DISCUSSÃO

Os resultados indicam que no conjunto dos fundamentos trabalhados houve uma evolução significativa nos comportamentos motores adquiridos na água. A menor evolução no fundamento Coordenação braços, pernas e respiração lateral, aponta a necessidade de se ampliar o tempo de intervenção e permitir sua maior vivência motora e, conseqüentemente, seu domínio motor completo. Afinal 24 sessões, realizadas num período de 57 dias, pode ser considerado mínimo para o desenvolvimento de um programa para a iniciação a natação e ainda assim provocaram mudanças nos comportamentos motores aquáticos da criança.
Os resultados apresentados na avaliação final nas tarefas de equilíbrio dinâmico para trás e salto lateral e a comparação da evolução no desempenho da criança nos comportamentos trabalhados na água, oferecem evidências não desprezíveis de que as atividades de iniciação à natação contribuíram para a promoção da coordenação corporal da criança.
A participação nas atividades foi importante ainda, segundo relatos da mãe da participante, para o maior domínio nas atividades cotidianas da criança, tais como subir e descer escadas e entrar na “Van” que a levava para a escola. Além disso, segundo relatos da própria criança ao longo do trabalho, as atividades vivenciadas na piscina foram muito prazerosas para ela.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LEONHARDT, M. El Bebe Ciego: primera atención um enfoque psicopedagógico. Barcelona: Masson/Once, 1992. (Colección de Psicopedagogia Y Lenguaje).