http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/135.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
PRATICANTES DE BASQUETEBOL SOBRE RODAS DO MUNICÍPIO DE FOZ 
DO IGUAÇU – PR
Douglas Roberto Borella
Doutorando em Educação Especial – UFSCar
RESUMO
A busca por uma sociedade mais justa e igualitária representa um grande desafio, no que se refere ao 
paradigma da inclusão social de pessoas com deficiência física. A inclusão das pessoas com deficiências 
também está associada ao esporte adaptado que é uma grande alavanca para a busca de dignidade e de 
melhora na auto-estima, muitas vezes perdida por falta de uma oportunidade de mostrar-se capaz de 
realizar algo. O estudo teve por objetivo identificar as características dos praticantes de basquetebol 
sobre cadeira de rodas do município de Foz do Iguaçu, PR. Uma das preocupações foi saber de que 
forma este esporte esta contribuindo na convivência com a sociedade. Para isto, o estudo realizou-se 
através de entrevista individual com os 14 sujeitos, sendo 13 atletas e o técnico. Os resultados foram 
analisados com base nas respostas dadas pelos entrevistados. Por meio destas salientou-se a 
importância que o esporte adaptado teve para com estas pessoas, no que diz respeito à inclusão social, 
melhora na qualidade de vida, ganho do respeito da sociedade. Uma vitória para pessoas que depois de 
terem sofrido algum agravante que lhes deixou com alguma limitação. Por meio deste estudo 
conseguimos angariar subsídios que nos dá a certeza que, se todas as pessoas com deficiência física 
tivessem acesso a qualquer esporte, tudo se tornaria mais fácil para quem tem tantas dificuldades, sejam 
elas físicas, psicológicas como também arquitetônicas. Com este estudo visamos mostrar a importância 
do esporte na vida de qualquer cidadão, mas em evidência os deficientes físicos.       
Palavras chaves: esporte adaptado; basquetebol sobre rodas, inclusão, deficiência física. 
 
Introdução
A inclusão passou a ser um desafio para todos os segmentos da sociedade. Os profissionais da 
Educação Física, também inseridos nesse contexto, vêem-se diante desta situação. Reportamo-nos não 
somente as atividades da educação física, esporte, lazer e recreação para pessoas com necessidades 
especiais incluídas com a sociedade, e sim quanto à oportunidade de grupos de pessoas que 
apresentam necessidades especiais participarem, entre si, de algumas atividades oferecidas pela área da 
Educação Física. 
            A evolução dos esportes tem recebido atenção crescente, oferecendo, as pessoas com 
deficiência física, a oportunidade de vivenciarem sensações e movimentos que, frequentemente, são 
impossibilitados pelas barreiras físicas, ambientais e sociais.  
            A prática de atividades esportivas favorece a melhoria dos aspectos físicos e motores, melhora 
a condição cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora, o 
equilíbrio e o repertório motor. No aspecto social, o esporte proporciona a oportunidade de 
socialização entre as pessoas, independente da presença ou não de deficiências. Torna-a mais 
independente para a realização de suas atividades diárias e faz com que a sociedade conheça melhor as 
suas potencialidades. No aspecto psicológico, o esporte melhora a auto-confiança e a auto-estima, 
tornando as pessoas otimistas e seguras para alcançarem seus objetivos. 
            A pessoa com deficiência fisica, a despeito de alguma limitação, possui as mesmas necessidades 
básicas de outra pessoa qualquer, diferenciando, apenas, quanto ao aspecto motor.  Apesar de sua 
aparência física, também quer ter sucesso, reconhecimento, aprovação e ser desejado. (MATTOS, 
1994).
             Com freqüência, a aparência da pessoa com deficiência fisica é diferente, privando-a das 
atividades de vida diária. Quanto mais diferente for a sua aparência, maior será a possibilidade da 
pessoa com deficiência ser alvo de chacotas, de ser ridicularizado e até mesmo ser motivo de 
compaixão. A pessoa com deficiência deve ser persuadido de que todas as tentativas são válidas, 
mesmo que o sucesso seja mensurável: isso fará com que seja diminuído o sentimento de frustração.
            Para contribuir com o sucesso dessas pessoas, a prática de atividade física e/ou esportiva pode 
proporcionar a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir enfermidades secundárias 
à deficiência e promover a integração social. (LOPES, 2005).
            Neste sentido, observa-se que o esporte adaptado é um facilitador de caminhos para as 
pessoas com deficiências, promovendo a inserção e integração social e fortalecendo a personalidade 
dessas pessoas.
A escolha de uma modalidade esportiva pode depender, em grande parte, das oportunidades 
que são oferecidas às pessoas com deficiência, da sua condição sócio-econômica, das suas limitações e 
potencialidades, das suas preferências esportivas, facilidade nos meios de locomoção e transporte, de 
materiais e locais adequados, do estímulo e respaldo familiar, de profissionais preparados para atendê-los, dentre outros fatores (FREITAS, 1997).
A participação em esportes confere a oportunidade de desenvolver o condicionamento físico, 
de se dedicar a atividades de lazer, tornar-se mais ativo, de aprender habilidades para poder se ocupar 
nas horas vagas e de colher experiências positivas no grupo e no ambiente social.
            Quanto aos esportes para as pessoas com deficiência física, Souza (1994), enfatiza que o 
esporte adaptado deve ser considerado como uma alternativa lúdica e mais prazerosa, sendo este parte 
do processo de reabilitação das mesmas. 
O esporte adaptado surgiu no início do século XX, de forma muito tímida. As primeiras 
modalidades tiveram origem na Inglaterra e nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, entre 1944 e 
1952, surgiram as primeiras equipes de basquetebol sobre rodas. A partir daí, o esporte para pessoas 
com deficiências não parou de crescer (ADAM’S, et al, 1985). 
            O Basquetebol sobre rodas é considerado por muitos como um dos esportes mais atrativos, 
dinâmicos e emocionantes, entre aqueles praticados em cadeira de rodas. Um exemplo disto, segundo a 
Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas (IWBF), é que em Sydney (2000) mais 
de 300.000 pessoas assistiram aos jogos durante as Paraolimpíadas. 
            Esta modalidade é praticada por pessoas com lesões medulares, amputações, seqüelas de 
poliomielite e outras disfunções que as impedem de correr, saltar e pular. As regras são adaptadas pela 
Federação Internacional de Basquete – FIB - (LABRONICI, 2000).
            A popularidade do basquetebol, praticado tanto por pessoas andantes como por pessoas com 
deficiência física, e a evolução dos estudos relacionados à área da Atividade Motora Adaptada nos 
últimos tempos atuais, motivou-nos a pensar em um estudo que buscasse caracterizar os praticantes 
desta modalidade esportiva.  
             Para tanto, estabelecemos os seguintes objetivos: a) Identificar as características dos 
praticantes de basquetebol sobre cadeira de rodas; b) averiguar as percepções dos praticantes 
identificados sobre o impacto do basquetebol em suas vidas; e c) levantar informações sobre a equipe 
de basquetebol sobre cadeira de rodas do município de Foz do Iguaçu/PR.
Metodologia
Caracterização da pesquisa
O estudo caracterizou-se por uma Pesquisa Descritiva Exploratória, envolvendo entrevistas com 
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado de tal forma que a “estimulem a 
compreensão”. (GIL, 1996).  
População e amostra
Os participantes deste estudo foram 13 atletas e o técnico da equipe de basquetebol sobre 
cadeira de rodas do município de Foz do Iguaçu, PR. A idade dos atletas variou de 21 anos a 52 anos. 
Procedimentos para a coleta de dados
Primeiramente, entrou-se em contato com o técnico da equipe de basquetebol sobre cadeira de 
rodas de Foz do Iguaçu/PR e, por meio dele, foi estabelecido o contato com os atletas, no local dos 
treinamentos. Conforme consentimento do técnico e dos atletas elaborou-se um cronograma para a 
realização das entrevistas. As entrevistas foram realizadas na sala do departamento de esporte do 
Ginásio onde os mesmos realizavam as atividades. As entrevistas tiveram um caráter semi-estruturado, 
foram aprovadas, transcritas e devolvidas aos participantes para conferência. 
Análise de dados
            Os dados, após a transcrição e conferência, foram analisados qualitativamente, de acordo com 
as categorias previstas.    
Discussão dos resultados
            O basquetebol sobre rodas de Foz do Iguaçu surgiu a partir de uma parceria da Secretaria 
Municipal de Esporte e Lazer de Foz do Iguaçu juntamente com a participação da União dos 
Deficientes Físicos de Foz do Iguaçu (UDF), tendo por objetivo desenvolver a auto-estima dos seus 
praticantes, como também a inclusão dos deficientes físicos na sociedade. 
      A UDF, entidade filantrópica, fundada em 1995, nasceu da iniciativa e da história de vida 
própria de uma pessoa que sofreu um acidente automobilístico e que teve como objetivo de vida 
recuperar os movimentos e voltar a andar. Caso isso acontecesse, dedicar-se-ia à causa das pessoas 
com deficiências de Foz do Iguaçu/PR.
 Os treinamentos são realizados 4 vezes por semana. Os recursos para que esta modalidade 
aconteça são carreados através de um convênio entre a UDF e a Secretaria de Esportes do Município 
de Foz do Iguaçu. Cabe destacar que a equipe de basquetebol é filiada a Federação Brasileira de 
Basquetebol sobre cadeira de Rodas.
Características dos atletas:
            A idade dos atletas variou significativamente de 21 a 52 anos, porém, para eles, a idade não 
interessa, mas sim a força de vontade, motivação e a igualdade, pois nos treinamentos todos são 
tratados da mesma maneira, tratamento este que no dia-a-dia na maioria das vezes não acontece por 
outras pessoas.
            O estado civil é diferenciado, na sua grande maioria são solteiros, 3 são casados e 2 são 
divorciados. Mais da metade dos atletas tem pelo menos um filho. Ao serem questionados sobre as 
deficiências, todos responderam que a deficiência não foi congênita, e sim adquirida por várias causas: 
arma de fogo, paralisia infantil, acidente de trabalho, distrofia muscular e acidente automobilístico.
            Em relação às profissões apenas 3 deles estão inseridos no mercado de trabalho: comerciante, 
técnico administrativo e atendente comercial; os demais, pelo contrário, não trabalham atualmente, mas 
antes de adquirirem a deficiência estavam inseridos no mercado de trabalho; outros são aposentados. 
Também tivemos a curiosidade em saber por que buscaram o basquetebol. Os participantes 
responderam que no momento era o único disponível e por ser um esporte dinâmico, movimenta o 
corpo inteiro. A maioria dos atletas foram influenciados por amigos, professores e médicos. Para a 
prática desta modalidade, a maior dificuldade foi com o manejo da cadeira, por ser uma cadeira 
diferente da convencional. Quanto aos aspectos positivos, relatam que além de ser um lazer, uma 
fisioterapia, é uma maneira de inclusão na sociedade e que existem poucas opções para que tenham 
uma vida melhor.  
            Quando questionamos sobre os meios de locomoção, os atletas utilizam de triciclo, moto 
adaptada, veículo adaptado, a própria cadeira de rodas e ônibus. Também tivemos o interesse de saber 
sobre os ônibus adaptados de Foz do Iguaçu. Segundo eles, somente existem 4 ônibus adaptados na 
cidade, com horários e pontos já determinados, sendo estes insuficientes.  Porém, o que nos 
impressiona é que a grande maioria dos atletas são independentes para a locomoção. 
Os atletas ainda não são remunerados, praticam o esporte por que gostam, mas ainda sonham 
em serem valorizados financeiramente. Mesmo sem benefícios financeiros, os participantes apontam o 
que esta modalidade esta proporcionando: desempenho físico, moral, auto-estima, convívio com outras 
pessoas com deficiência, descontração, contra o stress, melhora da saúde, sensibilidade nos 
movimentos, integração, oportunidade e aumenta a força de vontade para tudo, sentem-se bem, 
realizados tanto físico, quanto espiritualmente, sentem-se diferentes, vitoriosos, têm sensações de 
liberdade, de uma conquista a mais, de serem úteis. 
Relatam também que houve uma melhora em relação à inclusão na sociedade, comentam que 
com o esporte adquiriram mais espaço, ficaram conhecidos. Surgem vários convites para palestrar nas 
escolas de toda região, como também para realizar jogos de exibição. Emocionam-se quando dizem 
que antes de iniciar o basquetebol quase não saiam nem se quer de suas casas, sendo o principal motivo 
à vergonha de ser um cadeirante. Relatam que até então, não existiam para a sociedade, e após as 
apresentações e as competições abriram-se as portas da cidade e começaram a conhecer outras 
pessoas, fazendo novas amizades. 
Pôde-se perceber que todos os atletas obtiveram benefícios, sejam estes físicos, psicológicos ou 
sociais. Com isto, todos foram unânimes em dizer que o esporte é um dos meios de inclusão das 
pessoas com deficiência na sociedade. 
      Quanto ao técnico, o mesmo trabalha há 12 anos com o esporte adaptado. Decidiu trabalhar 
com esta modalidade esportiva porque era atleta de futebol para amputados e quando participava de 
competições observava o basquetebol sobre cadeira de rodas. Sendo professor de Educação Física, 
trouxe para Foz do Iguaçu esta modalidade. Comenta que o principal objetivo da equipe é mostrar para 
a sociedade que as pessoas com deficiência podem mostrar suas capacidades através do esporte. 
            
Considerações Finais
Os dados obtidos neste estudo confirmam os dados da literatura que apontam para o papel 
fundamental do esporte adaptado para o desenvolvimento do ser humano. Através da vivência deste 
esporte por pessoas com características distintas umas das outras, conseguem melhorar sua perspectiva 
de vida, uma vitória para quem, conforme declarações, se via perdido em um mundo muito diferente do 
que eles estavam acostumados a viver.
Além de desvendar características pessoais importantes, o estudo proporcionou visualizar uma 
melhora na condição de vida destas pessoas, por meio da inclusão social.        Cabe destacar que para 
isto acontecer, sugere-se uma participação maior de professores de educação física que proporcionem 
oportunidades a estas pessoas que tem algumas limitações a mais que os “ditos normais”, fazendo com 
que elas não se sintam inválidas, mas que podem melhorar a sociedade em que vivemos.
O estudo possibilitou detectar várias dificuldades para a prática do basquetebol sobre cadeira 
de rodas, dificuldades que começam pela prática, como também a locomoção dos atletas, o que 
demanda uma efetiva parceria com empresas de transportes, por exemplo; dificuldades financeiras, já 
que a maioria dos atletas sobrevive de baixas aposentadorias. 
Não obstante, observou-se que a força de vontade e a busca por uma atividade física trouxeram 
benefícios aos atletas; melhoria na qualidade de vida, apoio no combate ao stress físico e psicológico, 
convívio com outras pessoas de cidades diferentes quando das apresentações e competições, 
integração com a sociedade; e, o que teve maior evidência foi à melhora da auto-estima, muitas vezes, 
perdida por ignorância de pessoas que nem sequer estendem a mão para ajudar na superação da 
deficiência e na adaptação a nova vida.
Os treinos e jogos de apresentação deram um grande indício de que a convivência entre 
pessoas com deficiência e a sociedade está caminhando, ainda que timidamente, em busca de uma 
sociedade mais justa, que de condições para que uma pessoa mesmo com várias dificuldades não tenha 
receio de buscar seus direitos, e através de seus direitos possam conviver e aceitar melhor tal situação.  
Sabe-se que ainda há muitas barreiras a serem vencidas, sendo necessário que as diferenças 
sejam respeitadas garantindo a igualdade de oportunidades e promovendo meios de acesso à felicidade 
a qual todos têm direito. 
O estudo mostrou-nos que todo ser humano tem suas dificuldades como também 
potencialidades, e que como profissionais da Educação Física devemos dar oportunidade para que toda 
pessoa seja ela atleta ou aluno, com algum tipo de deficiência ou não, tenha a oportunidade de poder 
mostrar tais potencialidades, cada qual de seu modo, conforme suas particularidades. 
Este estudo possibilita que outros possam ser realizados, já que verificou-se uma carência de 
produção nesta área especifica. O interesse demonstrado nos incentiva a que, cada vez mais, possa 
haver profissionais interessados em produzir conhecimentos no que se trata de valorização do ser 
humano, mas em especial as Pessoas com Necessidades Especiais. 
Referências Bibliográficas 
ADAM’S, R. C. DANIEL, A. N. RULLMAN, L. Jogos, esportes e exercícios para o deficiente 
físico. 3ª ed. São Paulo: Manole, 1985.
FREITAS, P. S. Iniciação do basquete sobre cadeira de rodas. Uberlândia: Gráfica Breda, 1997.
GIL, A. C.  Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
IWBF. International Wheelchair Basketball Federation. A Guide to the functional of Wheelchair 
Basktball Players. IWBF, 2004. 
LABRONICI, R. H. D. Esporte como fator de integração do deficiente físico na sociedade. São 
Paulo: 2000.
MATTOS, E. Educação Física e o desporto para pessoa portadora de deficiência. Local: 
Ministério dos Esportes. Curso de atualização. Convenio SESI/INDESP, 1994.
SOUZA, P. A. O esporte na paraplégica e tetraplegia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan 
S. A. 1994.