http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/146.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

IDENTIFICANDO FATORES DE RISCO: A PARTICIPAÇÃO DO PAI NOS CUIDADOS COM O FILHO É PREDITORA DO DESEMPENHO ACADÊMICO E DO AUTOCONCEITO DE ESCOLARES?
Fabiana Cia
 Elizabeth Joan Barham
(Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos/São Paulo)


RESUMO

No Brasil, mais da metade das crianças com necessidades educacionais especiais apresentam dificuldades de aprendizagem persistente e/ou têm baixo autoconceito. A literatura pertinente aponta que o desenvolvimento socioemocional é o principal construto afetivo-emocional e um preditor crítico do rendimento acadêmico. Além disso, sabe-se que a interação entre pai e filho tem sido considerada por pesquisadores como um influenciador direto no desenvolvimento infantil. Os filhos que têm boa qualidade de relacionamento com o pai, têm melhor autoconceito e maior dedicação aos estudos. Diante disto, o presente estudo teve por objetivo principal examinar as relações entre a participação do pai nos cuidados com os filhos, o autoconceito e o desempenho acadêmico de crianças iniciando as atividades escolares. Participaram deste estudo 97 pais (homens), com média de idade de 35 anos, sendo a maioria de classe socioeconômica baixa e média baixa. Além disso, este estudo contou com a participação de 99 crianças (média de idade de oito anos, 78,8% estavam na 2ª série e 21,2% na 1ª série do Ensino Fundamental, sendo 49 foram do sexo feminino e 50 do sexo masculino). A coleta de dados ocorreu em três escolas públicas (duas municipais e uma estadual). Os pais preencheram a Escala de participação do pai nos cuidados com os filhos, para avaliar o envolvimento paterno e as crianças preencheram o Teste de Desempenho Escolar-TDE (contendo quatro escores: Leitura, Escrita, Aritmética e Total), Self-description Questionnaire I-SDQI (contendo três escores: Autoconceito não acadêmico, Autoconceito acadêmico e Autoconceito total), para avaliar o desempenho acadêmico e o autoconceito, respectivamente. Para estabelecer relações entre as variáveis utilizou-se o teste de correlação de Pearson. Os resultados demonstraram que a freqüência de participação dos pais nos cuidados com os filhos estava positivamente correlacionada com o desempenho da criança em leitura, escrita e total (segundo o TDE) e com o autoconceito não acadêmico e total (segundo o SDQ1). Além disso, crianças com melhor autoconceito apresentaram maior desempenho acadêmico. Estes resultados demonstram a importância do envolvimento paterno nos cuidados com os filhos, para a formação do autoconceito e para o desempenho acadêmico de escolares e apontam para a necessidade de realizar intervenções educativas dirigidas aos homens para estes conhecerem as muitas ações que podem melhorar seu desempenho, enquanto pais.
Palavras-chave: desempenho acadêmico, envolvimento paterno, educação especial, pai, transição escolar.
Apoio financeiro: Fapesp.

INTRODUÇÃO
Tanto no contexto brasileiro quanto no norte-americano, a maioria dos estudantes que está classificado como tendo necessidades educacionais especiais não tem uma excepcionalidade óbvia (BRASIL, 2002; HALLAHAN & KAUFFAMAN, 2005). Estes estudantes são identificados como tendo dificuldades de aprendizagem persistente, com história de fracasso escolar e/ou tendo problemas socioemocionais (por exemplo: baixo autoconceito). Diante disto, nos Estados Unidos, a definição de educação especial foi ampliada para incluir todas as crianças que apresentam algum risco ou atraso no desenvolvimento (GARGIULO, 2003; HALLAHAN & KAUFFAMAN, 2005).
Entre os diversos fatores de risco que podem interferir no desenvolvimento infantil, os principais parecem ser exposição à pobreza (MARTURNAO, 2004), condições ambientais que possam causar doenças ou incapacidades, exposição a abuso ou violência (HALLAHAN & KAUFFAMAN, 2005), bem como, uma interação inadequada com a mãe ou com o pai (FLOURI & BUCHANAN, 2003).
A identificação de possíveis fatores de risco para o desempenho acadêmico e autoconceito de crianças, se torna mais importante, considerando as crianças que estão ingressando no Ensino Fundamental. Segundo Marturano (2004), o ingresso no Ensino Fundamental constitui um ponto de transição importante na vida da criança porque inúmeras mudanças ocorrem simultaneamente, requerendo adaptações elaboradas. Isso ocorre porque não só o contexto físico e social se diferenciam, mas as expectativas do meio social se tornam mais exigentes, a dependência é menos tolerada, as regras de convívio social ficam mais complexas e o suporte menos disponível. A exposição ao julgamento do outro instiga na criança a motivação para corresponder às expectativas, muitas vezes conflitantes, da família, da escola e do grupo de companheiros.
Embora o baixo desempenho acadêmico seja apenas uma das facetas do fracasso escolar, este é um indicador importante do grau de sucesso do complexo processo psicossocial envolvido. Uma revisão da literatura a respeito dos fatores que possam influenciar no baixo rendimento escolar revela um número considerável de pesquisas que consideram a noção de autoconceito como o principal construto afetivo-emocional e um preditor crítico do rendimento acadêmico, sendo que, crianças com baixo autoconceito tendem a ter baixo rendimento acadêmico, o que por sua vez, incrementa a avaliação negativa de si mesmo, mantendo um círculo vicioso (FORMIGA, 2004; GUAY, MARSH & BOIVIN, 2003).
Especificando a importância do envolvimento paterno sobre o autoconceito dos filhos, Cia e Barham (2005) realizaram uma pesquisa no contexto brasileiro para investigar a influência da qualidade do relacionamento com o pai sobre o autoconceito do filho. Foram estudados 58 homens e seus filhos em idade escolar e que viviam com ambos os pais biológicos, de famílias de classe socioeconômica baixa. Os resultados demonstraram que, quanto maior a freqüência de comunicação entre pai e filho, de participação do pai nos cuidados com o filho e quanto maior o tempo que o pai passa com seu filho, melhor o autoconceito acadêmico, autoconceito não acadêmico e autoconceito geral dos filhos.
Flouri e Buchanan (2003) investigaram a influência do pai no desempenho acadêmico e nas habilidades gerais do filho, focalizando a interação paterna com a criança. Os pesquisadores acompanharam 8841 famílias, provenientes de classes socioeconômicas variadas, observando a associação entre a interação pai e filho e o desenvolvimento dos filhos. Utilizaram como medidas: o envolvimento do pai e da mãe com o filho (quando criança), habilidade geral do filho (11 anos), motivação acadêmica do filho (16 anos), situação educacional aos 20 anos e saúde mental do filho em diferentes idades. Os resultados indicaram que um maior envolvimento do pai, quando o filho era criança, estava relacionado com melhor desempenho acadêmico e com um maior repertório de habilidades gerais do filho, quando adolescentes. Além disso, o maior envolvimento do pai influenciou no sucesso profissional dos filhos e na melhor habilidade para lidar com o estresse, quando adultos.
Considerando a importância das práticas parentais para o desempenho acadêmico e para o autoconceito dos filhos, este estudo teve por objetivo examinar as relações entre a participação do pai nos cuidados com os filhos, o autoconceito e o desempenho acadêmico de crianças iniciando as atividades escolares.

MÉTODO

PARTICIPANTES
Essa pesquisa contou com a participação de 97 pais (homens), com média de idade de 35 anos (variando entre 23 e 58 anos). O número de filhos foi, em média, dois e todos os participantes eram casados ou viviam como casados. Em relação à classe socioeconômica, 7,1% das famílias eram de classe socioeconômica D, 50,5% eram de classe socioeconômica C, 35,4% eram de classe socioeconômica B2 e 7,1% eram de classe socioeconômica B1 (CRITÉRIO BRASIL, 2006). Todos os pais exerciam algum tipo de atividade remunerada. Além disso, foram participantes deste estudo 99 crianças, com idade média de oito anos, variando entre seis e nove anos. Destas crianças, 49 foram do sexo masculino e 50 do sexo feminino, sendo que 21,2% estavam na 1ª série e 78,8% estavam na 2ª série do Ensino Fundamental.

LOCAL DE COLETA DE DADOS
A coleta de dados junto aos participantes ocorreu em três escolas: duas municipais e em uma estadual, localizadas no interior do estado de São Paulo.

INSTRUMENTOS
Participação dos pais nos cuidados com os filhos: foi construída com base em instrumentos já existentes (CIA, 2005). Trata-se de uma escala tipo Likert de 15 itens, com a pontuação dos itens variando entre 1, ‘nenhuma participação’ a 5, ‘muita participação’(α = 0,95).
Teste de Desempenho Escolar – TDE: Para obter um índice do desempenho escolar das crianças, foi utilizado o Teste de Desempenho Escolar – TDE (STEIN, 1994), que é um instrumento com propriedades psicométricas adequadas (confiabilidade interna) que avalia as capacidades fundamentais para o desempenho escolar. Este teste foi concebido para a avaliação de escolares de 1a a 6a séries do Ensino Fundamental e é composto por três subtestes: (a) escrita, envolve a escrita do nome próprio e de 34 palavras isoladas apresentadas sob a forma de ditado; (b) aritmética, requer a solução oral de três problemas e cálculos de 35 operações aritméticas, por escrito e (c) leitura, requer o conhecimento de 70 palavras.
Questionário para avaliação do autoconceito (Self-description Questionnaire 1 – SDQ1): Para avaliar o autoconceito das crianças foi utilizado o questionário Self-description Questionnaire 1 – SDQ1, que foi elaborado por Marsh e Smith (1982), validado na Inglaterra e na Austrália e está sendo adaptado para nosso contexto por Garcia e De Rose (2000). Este questionário é composto por 76 itens distribuídos em oito escalas (Habilidades Físicas, Aparência Física, Relacionamento com os Colegas, Relacionamento com os Pais, Leitura, Matemática, Assuntos Escolares em Geral e Autoconceito Geral). Estas oito escalas são divididas em duas categorias: autoconceito não acadêmico e autoconceito acadêmico.

PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Com os pais que quiserem participar e aceitaram a participação do filho na pesquisa foram entregues os dois Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (pai e criança). Após o consentimento dos pais, a pesquisadora entrou em contato com os mesmos para aplicar a Escala de Participação dos pais nos cuidados com os filhos. Em seguida, a pesquisadora entrou em contato com as crianças para explicar as atividades que estariam desenvolvendo e visando o estabelecimento do rapport. Em outro momento, foi aplicado nas crianças o Teste de Desempenho Escolar – TDE (aplicação individual - tempo de aplicação 45 minutos) e o Self-description Questionnaire 1 – SDQI (aplicação coletiva - tempo de aplicação de 30 minutos).

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS
Os dados quantitativos, obtidos por meio da Escala de Participação dos pais nos cuidados com os filhos foram analisados em termos descritivos, com medidas de tendência central e dispersão. As pontuações dos dados obtidos no SDQ1 e no TDE foram realizadas com base nos procedimentos apresentados no seu respectivo manual.
No entanto, para correlacionar as medidas do relacionamento pai-filho e do autoconceito das crianças com o desempenho acadêmico das mesmas, foi necessário combinar os escores das crianças da 1a e 2a séries. Sempre que é preciso combinar dados de dois grupos independentes, com distribuições normais, mas médias diferentes, pode-se subtrair ou somar um valor fixo a todos os escores de um dos grupos, para transpor a média para o mesmo valor do segundo grupo, sem afetar a forma da distribuição dos escores do primeiro grupo (HAYS, 1981). Sendo assim, optou-se por transformar os escores das crianças da 1a série para ter uma distribuição equivalente aos das crianças da 2a série. Para tanto, foram acrescentados cinco pontos dos escores de cada criança da 1a série em aritmética, oito pontos em escrita, quatro pontos em leitura e 17 pontos no escore total. A relação entre os indicadores do envolvimento paterno, desempenho acadêmico e autoconceito dos filhos, foi verificada por meio do teste de correlação de Pearson (p<0.05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 mostra a freqüência de participação dos pais nos cuidados com os filhos.

Tabela 1. Escala de comunicação verbal e não verbal iniciada pelo pai, para com seu filho.
Item
Média
(dias/ano)
D. P.
Educação escolar (auxílio na tarefa, exigência nos estudos) do filho.
3,64
1,27
Passear com seu filho.
3,59
1,36
Promover contato com parentes.
3,26
1,28
Punir seu filho por comportamento inadequado.
3,25
1,36
Controlar o círculo de amizades de seu filho.
3,23
1,35
Levar o filho a encontros religiosos.
3,19
1,47
Comprar roupas e brinquedos para seu filho.
2,98
1,29
Controlar a higiene do filho.
2,94
1,09
Promover atividades físicas.
2,87
1,23
Controlar horário de lazer/Assistir televisão.
2,87
1,17
Impor horário de deitar.
2,82
1,23
Ingerir alimentos com baixo valor nutricional (frituras e guloseimas).
2,73
1,06
Atender as solicitações de seu filho para comprar coisas desnecessárias.
2,67
1,19
Dar mesada ao filho.
2,66
1,36
Ler livros e revistas com seu filho.
2,40
1,27
Nota: O grau de participação foi apontado usando uma escala que variou de varia de 1, ‘nenhuma participação’ a 5, ‘muita participação’.

Como mostra a Tabela 1, os pais participavam com maior freqüência na educação escolar, em passear e em promover contato com parentes. De modo geral, os pais mostraram uma participação de média à média alta, nos cuidados com os filhos. A Tabela 2 mostra a avaliação do desempenho acadêmico das crianças, pelo TDE.

Tabela 2. Desempenho acadêmico das crianças - TDE
Subtestes - TDE
Média
D. P.
Escore médio
(2ª série)
Pontuação máxima
Aritmética.
12,1
3,39
10-13
38
Escrita.
25,9
7,44
20-26
35
Leitura.
60,6
13,9
58-66
70
Escore total.
98,6
21,7
87-105
143
Em aritmética, escrita, leitura e no escore total do TDE, as crianças apresentaram pontuação média, de acordo com as normas do TDE (STEIN, 1994), como mostra a Tabela 2. A Tabela 3 mostra os valores médios do autoconceito das crianças.

Tabela 3. Autoconceito das crianças
 
Média
D. P
Pontuação mínima
Pontuação máxima
Relacionamento com os pais.
31,5
7,57
11,0
40,0
Leitura.
30,9
8,33
09,0
40,0
Assuntos escolares em geral.
29,5
8,43
10,0
40,0
Matemática.
28,9
8,46
08,0
40,0
Relacionamento com os colegas.
28,9
7,93
09,0
40,0
Aparência física.
27,5
7,80
09,0
39,0
Habilidades físicas.
27,1
7,65
11,0
40,0
Autoconceito geral.
28,8
8,52
08,0
40,0
Autoconceito não acadêmico (média: habilidades físicas, aparência física, relacionamento com os pais e com os colegas).
28,8
7,30
10,50
39,5
Autoconceito acadêmico (média: matemática, leitura e assuntos escolares em geral).
30,2
8,95
9,33
40,0
Autoconceito total (média de todas as habilidades).
29,5
7,86
9,92
40,0
A pontuação máxima para cada aspecto medida no SDQI é 40.

Segundo a amostra de referência, as crianças, em média, apresentaram um autoconceito satisfatório (GARCIA & DE ROSE, 2000). As crianças apresentaram maior autoconceito no relacionamento com os pais e em leitura, como mostra a Tabela 3. A Tabela 4 mostra a relação entre o envolvimento paterno, o desempenho acadêmico e o autoconceito de escolares.

Tabela 4. Correlação (Pearson) entre o envolvimento paterno, o desempenho acadêmico e o autoconceito de escolares
 
Pontuação em
Aritmética
Pontuação em
Escrita
Pontuação em
Leitura
Pontuação Total no TDE
Participação do pai nos cuidados com o filho
Participação do pai nos cuidados com o filho.
0,176
0,231*
0,216*
0,245*
---
Autoconceito não acadêmico – SDQ1.
0,364***
0,474***
0,367***
0,481***
0,263**
Autoconceito acadêmico-SDQ1.
0,427***
0,541***
0,407***
0,544***
0,145
Autoconceito total-SDQ1.
0,410***
0,515***
0,397***
0,524***
0,205*
Nota: *p<0,05; **p<0,01, ***p<0,001.

Os dados da Tabela 4 mostram que a freqüência de participação dos pais nos cuidados com os filhos estava positivamente correlacionada com o desempenho da criança em leitura, escrita e total (segundo o TDE) e com o autoconceito não acadêmico e total (segundo o SDQ1). Além disso, crianças com melhor autoconceito apresentaram maior desempenho acadêmico. Esse relacionamento de qualidade entre pai e filho, trouxe benefícios para os filhos no desenvolvimento do autoconceito e também no desempenho acadêmico, corroborando com outras pesquisas que também demonstraram a importância da qualidade do relacionamento entre pai e filho sobre o desenvolvimento do autoconceito (CIA & BARHAM, 2005; HONG & HO, 2005) e do desempenho acadêmico (CIA, D’AFFONSECA & BARHAM, 2004; FLOURI & BUCHANAN, 2003; HONG & HO, 2005), assim como ambos estarem positivamente correlacionados (GUAY ET AL., 2003; FORMIGA, 2004; MARTURANO, 2004).
Esses dados mostram que está aparecendo um novo padrão de paternidade, pois os pais não estão somente oferecendo suporte financeiro, mas estão participando junto com a esposa na educação dos filhos. Essa alta participação dos pais, denominada por “nova paternidade” também foi verificada em outras pesquisas envolvendo a figura paterna (BERTOLINI, 2002; CIA, 2005; TAYLOR & DANIEL, 2000).
O que pode estar contribuindo para essa alta participação dos pais na educação dos filhos é o aumento crescente do ingresso da mulher no mercado de trabalho. O ingresso da mulher no mercado de trabalho contribuiu para a estabilidade econômica da família e alterou as relações de poder entre homens e mulheres, havendo uma transformação nos papéis sociais ligados ao gênero no que diz respeito a participação em trabalho fora e dentro de casa. Sendo assim, a mulher passou a esperar outros tipos de resultados em suas interações no grupo familiar (RODRIGUES, ASSMAR & JABLONSKI, 2002) e deixaram de assumir toda a responsabilidade em relação aos filhos, exigindo um envolvimento paterno direto. No geral, esta nova divisão de tarefas resulta em uma melhoria nas relações familiares, uma vez que ambos os membros do casal entendem a importância das demandas profissionais e familiares e as crianças se beneficiam do maior envolvimento dos pais (BERTOLINI, 2002).
É interessante notar que, a maioria dos aspectos relacionados diretamente à participação do pai na educação do filho, que foram investigados neste estudo, se referia ao contexto interno da família e não ao contexto escolar. Sendo assim, pode-se afirmar, a partir das correlações estabelecidas entre o desempenho acadêmico e a qualidade do relacionamento entre pai e filho, que o sucesso acadêmico da criança, em grande parte, está relacionado ao contexto familiar da mesma. Diante disso, a escola não deveria se atentar apenas para a importância do papel do pai nas reuniões escolares (como por exemplo, estar realizando reuniões de pais em horários extras ao trabalho), mas também garantir intervenções com as crianças com baixo desempenho acadêmico tanto no âmbito escolar quanto no âmbito familiar, considerando, principalmente, as crianças que se encontram em fase de transição escolar.

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