http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/152.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PARA PAIS: IMPACTOS NO DESEMPENHO ACADÊMICO DOS FILHOS
Fabiana Cia
 Elizabeth Joan Barham
(Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos/São Paulo)


RESUMO

Crianças que não possuem uma relação positiva, segura e afetuosa com os pais ou cujos pais usam práticas disciplinares rígidas, oferecem supervisão inadequada e mantém baixa qualidade ou freqüência de interação com seu filho, têm maior probabilidade de apresentar problemas de desempenho acadêmico. Considerando que a maioria das crianças que são classificadas com necessidade educacionais especiais apresenta baixo rendimento acadêmico, este estudo teve por objetivo o de avaliar o impacto de um programa de intervenção com os pais sobre o desempenho acadêmico dos filhos. Para avaliar o impacto da intervenção, os participantes foram divididos em três grupos: GE1 (Grupo experimental 1, composto por 29 crianças cujos pais participaram da intervenção) e GE2 (Grupo experimental 2, composto por 36 crianças cujas mães participaram da intervenção) e GC (Grupo controle, composto por 34 crianças cujos pais e mães não participaram da intervenção). A maioria dos participantes era de classe socioeconômica baixa e 78,8% das crianças estavam na 2ª série e 21,2% na 1ª série do Ensino Fundamental. A coleta de dados ocorreu em três escolas públicas. Realizou-se a intervenção com os pais em 12 sessões, com encontros semanais de 90 a 120 minutos de duração. Para responder ao objetivo, as crianças foram avaliadas usando o Teste de Desempenho Escolar – TDE (antes e após o programa de intervenção). Para comparar os dados obtidos em cada um dos três grupos, foram utilizados testes estatísticos de ANOVA. Como principais resultados pôde-se verificar que, em comparação com o pré-teste, no pós-teste, as crianças do GE1 apresentaram melhor desempenho em leitura e na pontuação total do TDE e as crianças do GE2 apresentaram melhor desempenho em leitura. Esses dados são indicativos da importância do envolvimento parental sobre o desempenho acadêmico das crianças e da realização de programas de intervenção com os pais para diminuir a incidência de crianças com história de fracasso escolar.
Palavras-chave: desempenho acadêmico, educação especial, práticas parentais, programa de intervenção.
Apoio financeiro: Fapesp.

INTRODUÇÃO

EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

Segundo a legislação brasileira (Parecer 17/2001 e estabelecido pela Resolução 02/2001, em seu Art. 5) um aluno é considerado com necessidades educacionais especiais quando apresentar durante o processo educacional: (a) dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica ou aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; (b) crianças com dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis e (c) altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes (BRASIL, 2002).
No Brasil, um número cada vez maior de alunos, quando não são bem sucedidos na escola, são erroneamente rotulados e classificados como deficientes, e encaminhados para classes ou escolas especiais. Outra parte desses alunos engrossa as estatísticas sobre o número de pessoas com baixo nível de rendimento escolar, de repetência e evasão, os quais constituem o fracasso escolar. Todos esses problemas aparecem com uma freqüência significativamente maior entre as crianças de camadas socioeconômicas menos favorecidas (BRASIL, 2002).
De fato, tanto no contexto brasileiro quanto no norte-americano, a maioria dos estudantes que está classificado como tendo necessidades educacionais especiais não tem uma excepcionalidade óbvia (BRASIL, 2002; HALLAHAN & KAUFFAMAN, 2005). Estes estudantes, geralmente do Ensino Fundamental, são identificados como tendo dificuldades de aprendizagem persistente, com história de fracasso escolar e/ou tendo problemas socioemocionais (por exemplo, baixo autoconceito e problemas de comportamento). Diante disto, nos Estados Unidos, a definição de educação especial foi ampliada para incluir todas as crianças que apresentam algum risco ou atraso no desenvolvimento (GARGIULO, 2003; HALLAHAN & KAUFFAMAN, 2005).
Um dos fatores que podem estar relacionado com o desempenho acadêmico das crianças é a baixa qualidade da interação entre pais e filhos. O envolvimento dos pais afeta a dedicação dos seus filhos aos estudos, o que contribui para o melhor desempenho acadêmico dos mesmos. Os filhos que contam com o maior envolvimento por parte dos pais (se interessam nos estudos do filho, ajudam o filho nas tarefas de casa e apóiam o filho quando apresenta baixo desempenho acadêmico) têm mais motivação para ir à escola, estudam com maior freqüência e apresentam melhor aproveitamento acadêmico (DUNN, 2004). Hill e Taylor (2004) ainda completam que a participação do pai na escola do filho (indo às reuniões escolares e mantendo contato freqüente com os professores), também ajuda no desempenho acadêmico das crianças.
De fato, os processos familiares refletem imediatamente nas interações entre pais e filhos e na emocionalidade dos cuidadores. A exposição da criança a práticas parentais pouco construtivas ou a sua privação de envolvimento afetivo com pais e mães constitui num fator de risco para o desenvolvimento da criança, aumentando sua vulnerabilidade a eventos ameaçadores externos ao seu ambiente familiar (MARTURANO, 2004). Em contrapartida, pais socialmente habilidosos, que estabelecem um ambiente familiar acolhedor, organizam contextos favoráveis que são mecanismos de resiliência e de proteção diante de fatores ameaçadores que usualmente as crianças estão expostas (AUNOLA & NURMI, 2005; DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2005).
Além das habilidades sociais educativas parentais, estudos têm evidenciado a relevância da participação de ambos os pais na educação de seus filhos (FAGAN & IGLESIAS, 1999). Até pouco tempo atrás a mulher tinha total responsabilidade pelos cuidados dos filhos; porém, com a sua inserção no mercado de trabalho, os padrões de criação da prole se modificaram. O homem não apenas está sendo o provedor, mas participa, com a mulher na educação e cuidados dos filhos. Este maior envolvimento do homem parece estar sendo benéfico tanto para a mulher quanto para os filhos, que podem obter maior apoio e sofrer menos riscos de ser negligenciados. Por isso, as investigações sobre práticas parentais deveriam focalizar não somente a atenção da mãe, mas também a dos pais e a divisão dos papéis parentais em sua influência no desenvolvimento dos filhos (OLIVEIRA ET AL., 2002; WEBER ET AL., 2004).
Considerando a importância das práticas parentais para o desempenho acadêmico dos filhos e a escassez de intervenções realizadas com pais e mães, no contexto brasileiro, este estudo teve por objetivo o de avaliar o impacto de um programa de intervenção com os pais sobre o desempenho acadêmico dos filhos.

MÉTODO


Para separar os efeitos da intervenção de mudanças produzidas por demais variáveis (história, maturação da criança, mudanças de atitudes de ambos os pais e dos professores de acordo com a idade da criança), essa pesquisa contou com 99 crianças, divididas em três grupos (29 do Grupo experimental 1, 36 do Grupo experimental 2 e 34 do Grupo controle, com média de idade de oito anos, sendo que 78,8% estavam na 2ª série e 21,2% na 1ª série do Ensino Fundamental). Todas as crianças moravam com ambos os pais e a maioria delas era de classe socioeconômica C e B2 (segundo CRITÉRIO BRASIL, 2006).
A intervenção com os pais contou com a participação de 29 pais do Grupo experimental 1 e 34 mães do Grupo Experimental 2. A média de idade dos pais era de 35 anos e a média de idade das mães era de 33 anos.

LOCAL DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados junto aos participantes ocorreu em três escolas: duas municipais (uma localizada em um bairro de classe socioeconômica baixa, com aproximadamente 413 alunos, distribuídos da 1ª a 4a série e a outra localizada em um bairro de classe socioeconômica baixa e média baixa, constituído principalmente de moradores que trabalham em uma empresa da cidade, com aproximadamente 946 alunos distribuídos da 1a a 8a séries) e em uma estadual (localizada na região central, com aproximadamente 800 alunos, distribuídos da 1ª a 8a série), localizadas no interior do estado de São Paulo.

INSTRUMENTOS – CRIANÇAS

Teste de Desempenho Escolar – TDE: Para obter um índice do desempenho escolar das crianças, foi utilizado o Teste de Desempenho Escolar – TDE (STEIN, 1994), que é um instrumento com propriedades psicométricas adequadas (confiabilidade interna) que avalia as capacidades fundamentais para o desempenho escolar. Este teste foi concebido para a avaliação de escolares de 1a a 6a séries do Ensino Fundamental e é composto por três subtestes: (a) escrita, envolve a escrita do nome próprio e de 34 palavras isoladas apresentadas sob a forma de ditado; (b) aritmética, requer a solução oral de três problemas e cálculos de 35 operações aritméticas, por escrito e (c) leitura, requer o conhecimento de 70 palavras, isoladas do contexto.

PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Com os pais que quiserem participar da intervenção e aceitaram a participação do filho na pesquisa foram entregues os dois Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (pai e criança). Além disso, a coleta de dados seguiu o mesmo procedimento no pré-teste e no pós-teste. Após o consentimento dos pais, a pesquisadora entrou em contato com as crianças, para explicar as atividades que estariam desenvolvendo e visando o estabelecimento do rapport. Em outro momento, foi aplicado nas crianças o Teste de Desempenho Escolar – TDE (aplicação individual, com tempo para a aplicação de 45 minutos).

INTERVENÇÃO

A intervenção focou o aprimoramento das habilidades sociais educativas dos pais para com seus filhos e o ensino de práticas parentais favorecedoras de comportamentos pró-acadêmicos, por parte dos filhos. Esta intervenção teve por objetivo orientar os participantes, de forma didática, sobre: (a) os fundamentos da análise aplicada do comportamento; (b) à necessidade de motivar seus filhos a se comportarem bem e a terem comportamentos adequados aos estudos; (c) a identificação dos determinantes de comportamentos desadaptativos dos filhos e (d) a aplicação, no dia a dia, dos procedimentos básicos de modificação do comportamento. A intervenção se baseou no pressuposto de que as crianças precisam ser reforçadas de modo freqüente, contingente, intenso, diferenciado e sistemático e que precisam ter modelos adequados dos pais e estava baseada nas intervenções realizadas por Caballo e Simón (2005), Del Prette e Del Prette (2005), Fagan e Iglesias (1999) e Pinheiro et al. (2006), dentre outros teóricos, de acordo com uma abordagem cognitivista-comportamental. Realizou-se a intervenção com os pais em um período de três meses (12 sessões: Programa de intervenção para pais, O papel paterno, Como manter e instalar comportamentos adequados no seu filho?, Reconhecendo e extinguindo comportamentos inadequados do seu filho, Treinando comportamentos paternos empáticos, Leitura do ambiente e análise funcional do comportamento infantil, O elogio e o feedback positivo dos pais para os filhos, Auxiliando no desempenho acadêmico do filho – Parte 1 e 2, Desenvolvendo a capacidade de se expressar, Impondo limites e solicitando mudanças de comportamento do filho e Encerramento do grupo), com encontros semanais de 90 a 120 minutos de duração. Em todas as sessões, foi solicitada tarefa de casa (exceto na sessão 12) ao final das mesmas e retomado e discutido essas tarefas na próxima sessão. Além disso, durante as sessões eram anotadas os exemplos, comentários e os relatos de tarefa de casa dos pais.
Durante o programa de intervenção, os pais poderiam solicitar atendimentos individuais com a pesquisadora, em caso de dificuldades que não poderiam ser solucionadas durante o mesmo. Além disso, foi estabelecido com os pais que haveria reposição das sessões para aqueles que precisassem faltar, antes de ocorrer à próxima sessão (os pais poderiam repor em outro grupo na mesma escola), de maneira que conseguissem participar da próxima sessão, tendo as mesmas informações que o restante do grupo. Ao final de cada sessão, dois pais, em média, recebiam atendimento individual. No total foram oferecidos oito grupos de pais: (a) Escola 1 (Grupo 1): realizado a tarde, composto por dois pais e duas mães; (b) Escola 1 (Grupo 2): realizado a noite, composto por dois pais e quatro mães; (c) Escola 2 (Grupo 1): realizado de manhã, composto por dois pais e três mães; (d) Escola 2 (Grupo 2): realizado a tarde, composto por dois pais e quatro mães; (e) Escola 2 (Grupo 2): realizado a noite, composto por sete pais e seis mães; (f) Escola 3 (Grupo 1): realizado a noite, composto por nove pais e seis mães; (g) Escola 3 (Grupo 2): realizado a tarde, composto por quatro mães; (h) Escola 3 (Grupo 3): realizado a noite, composto por cinco pais e cinco mães.

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS

As pontuações dos dados obtidos no TDE foram realizadas com base nos procedimentos apresentados nos seus respectivos manuais. No subteste de escrita, leitura e aritmética foi dado um ponto para cada resposta correta. O escore bruto de cada subteste e o escore bruto total de todo TDE foram convertidos por meio de uma tabela, com base na idade dos alunos, para chegar na classificação do seu desempenho: superior, médio e inferior para cada série escolar. Para comparar o desempenho acadêmico das crianças, considerando apenas um grupo, foi necessário combinar os escores das crianças da 1a e 2a séries do Ensino Fundamental no TDE. Sempre que é preciso combinar dados de dois grupos independentes, com distribuições normais, mas médias diferentes, pode-se subtrair ou somar um valor fixo a todos os escores de um dos grupos, para transpor a média para o mesmo valor do segundo grupo, sem afetar a forma da distribuição dos escores do primeiro grupo (HAYS, 1981). Sendo assim, optou-se por transformar os escores das crianças da 1a série para ter uma distribuição equivalente aos das crianças da 2a série. Para tanto, foram acrescentados cinco pontos dos escores de cada criança da 1a série em aritmética, oito pontos em escrita, quatro pontos em leitura e 17 pontos no escore total. Para comparar o desempenho acadêmico, entre os três grupos de crianças, no pré-teste e no pós-teste utilizou-se o Anova (SPSS- for Windows).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 compara o desempenho acadêmico (com base no TDE – Teste de Desempenho Escolar), no pré-teste e no pós-teste, entre as crianças do GE1, GE2 e GC.

Tabela 1. Desempenho acadêmico das crianças – TDE no pré-teste e no pós-teste: Comparação das crianças do GE1, GE2 e GC
Subtestes-
TDE
Experimental 1
(N = 29)
Experimental 2
(N = 36)
Controle
(N = 34)
Pré-teste
Pós-teste
Manova
Pré-teste
Pós-teste
Manova
Pré-teste
Pós-teste
Manova
Média/D.P.
Média/D.P.
F
gl
Média
/D.P.
Média
/D.P.
F
 
gl
Média
/D.P.
Média
/D.P.
F
 
gl
Aritmética.
11,7
(03,7)
12,9
(04,5)
1,10
2;56
12,4
(03,1)
12,7
(02,6)
0,28
 
2;70
12,1
(03,5)
11,3
(04,2)
0,72
2;66
Escrita.
23,7
(08,2)
24,9
(08,6)
0,29
2;56
28,7
(05,0)
29,3
(05,6)
0,26
2;70
24,9
(13,4)
26,6
(07,8)
0,70
2;66
Leitura.
59,1
(16,8)
67,1
(06,3)
5,69*
2;56
65,6
(05,9)
67,9
(03,2)
4,27*
 
2;70
56,5
(16,8)
61,1
(11,6)
1,91
2;6
Escore total.
94,9
(24,8)
104,9
(16,3)
3,46+
2;56
106,6
(11,5)
109,9
(08,5)
1,93
2;70
93,5
(25,2)
99,0
(18,4)
1,08
2;66
Nota: Pontuação máxima em aritmética = 38 (Escore médio = 10-13); pontuação máxima em escrita = 35 (Escore médio = 20-26); pontuação máxima em leitura = 70 (Escore médio = 58-66) e pontuação máxima total = 143 (Escore médio = 87-105).
+ p<0,1; *p<0,05.

Na comparação pré-teste entre os grupos, a pontuação das crianças do GE2 foi significativamente maior, do que as crianças do GC no subteste de leitura (F(2;96) = 4,26, p<0,05) e na pontuação total do TDE (F(2;96) = 4,15, p<0,05). Além disso, as crianças do GE2 apresentaram uma pontuação significativamente maior, do que as crianças do GE1 no subteste de escrita (F(2;96) = 4,32, p<0,05).
Considerando a comparação pós-teste entre os três grupos, verificou-se que no subteste de leitura, as crianças do GE1 e do GE2 apresentaram uma pontuação significativamente maior, quando comparadas com as crianças do GC (F(2;96) = 7,48, p<0,01). As crianças do GE2 apresentaram uma pontuação significativamente maior, do que as crianças do GC, na pontuação total do TDE (F(2;96) = 4,73, p<0,05).
Com relação às mudanças ocorridas entre o pré-teste e o pós-teste, observou-se que as crianças do GE1 (F(2;56) = 5,69, p<0,05) e do GE2 (F(2;70) = 4,27, p<0,05) tiveram uma mudança significativa na pontuação no subteste de leitura na fase de pós-teste. As crianças do GE1 também apresentaram uma pontuação significativamente maior, na fase de pós-teste, no escore total do TDE (F(2;56) = 3,46, p<0,1), como mostram os dados da Tabela 1.
A intervenção com os pais mostrou-se eficaz para a maximização do desempenho acadêmico das crianças, corroborando com os dados de Fagan e Iglesias (1999). Isso pode ocorrer porque a intervenção não abordou apenas temáticas específicas do desempenho acadêmico dos filhos, mas outras temáticas, envolvendo principalmente as práticas parentais para modelar os comportamentos problemas das crianças, aspecto este diretamente correlacionado com o desempenho acadêmico das crianças (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2005; MARTURANO, 2004).
Evidencia-se também que um treinamento realizado, tanto com os pais, quanto com as mães, tem impactos positivos no desempenho acadêmico dos filhos, apontando para a necessidade de aumentar o número de intervenções direcionadas também aos homens. De fato, o envolvimento paterno está diretamente correlacionado com o desempenho acadêmico das crianças (ANSELMI ET AL., 2004; DAVIDOV & GRUSEC, 2006).
Os resultados confirmam alguns dados da literatura e sugerem pesquisas com amostras ampliadas, considerando diferentes estratos sociais. Além disso, esse estudo fornece subsídios para outras intervenções, principalmente de caráter preventivo, na medida em que avaliou importantes temáticas a serem trabalhados com os pais para a maximização do desempenho acadêmico de crianças escolares, considerando principalmente estudantes de classes regulares que ainda não se encaixam nos critérios diagnósticos formais para encaminhamento à educação especial, mas cujos comportamentos preocupam pais e professores.

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