http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/156.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

ALGUMAS QUESTÕES REFERENTES À EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM MÚLTIPLA DEFICIÊNCIA SENSORIAL
Shirley Rodrigues Maia – AHIMSA – GRUPO BRASIL
Elcie A. F. Salzano Masini – MACKENZIE/USP


RESUMO

Esta comunicação tem como objetivo disseminar informações sobre surdocegueira, um tipo de múltipla deficiência sensorial. Não há pesquisas oficiais sobre incidência e número de pessoas com surdocegueira. Os dados existentes são os coletados por profissionais especializados atuantes nesta área. Segundo informações do Grupo Brasil, composto por instituições brasileiras que trabalham com surdocegueira, a rubéola congênita é responsável por 60% das causas dessa deficiência, o que enfatiza lacunas da medicina preventiva, educação comunitária e educação especial no Brasil. Esta comunicação aponta e discute questões a partir de 1) dados sobre atendimentos educacionais a pessoas com deficiências sensoriais múltiplas, coletados e sistematizados de pesquisas de Mestrado que se voltaram para este tema; 2) dados sobre programas realizados na Campanha promovida pelo Grupo Brasil, em diferentes Estados, para informar sobre surdocegueira, em treinamentos curtos e cursos acadêmicos de pós graduação, para formação qualificada de educadores de pessoas com essa dupla deficiência sensorial

Introdução

Não há, no Brasil, pesquisas oficiais a respeito da incidência da múltipla deficiência sensorial, nem sequer especificamente da surdocegueira, nem do número de pessoas com esta deficiência. Os dados, ainda insipientes, a esse respeito procedem do trabalho realizado por educadores pioneiros que atuam em instituições especializadas. Da coleta de informações junto a profissionais – referência na área da surdocegueira no Brasil (Associação para Deficientes da Áudio Visão - ADEFAV e Associação Educacional para Múltipla Deficiência - AHIMSA) - foi delineado o perfil da situação de atendimento nacional, conforme apresentado nos Quadros de I a V.
Neste país há mais crianças (e adultos) com deficiências do que nos países desenvolvidos. Há lacunas de pesquisas oficiais referentes à incidência, bem como às causas da surdocegueira. Segundo informações e registros do Grupo Brasil, (composto por instituições brasileiras que trabalham com surdocegueira) a rubéola congênita é a causa responsável por 60% dos casos de surdocegueira. Esses dados põem em evidência déficits da medicina preventiva, da educação comunitária e da educação especial brasileira. Esta comunicação apresenta dados referentes a: 1) atendimentos para educação e reabilitação de pessoas surdocegas, coletados junto a Instituições especializadas, e suas famílias; 2) treinamento, em cursos de extensão, realizados pelas instituições especializadas e cursos acadêmicos de pós-graduação, para formar pessoas para atenderem e educarem pessoas com essa dupla deficiência sensorial.
Objetiva assinalar:
- o que existe para o atendimento da pessoa surdocega - educação e reabilitação;
- lacunas no atendimento à pessoa surdocega – na medicina preventiva,
            na educação comunitária e na educação especial referente ao surdocego;
- a urgência de refletir sobre as conseqüências dessas lacunas no Brasil.

Método: O que existe para o atendimento da pessoa surdocega no Brasil

Da coleta de informações junto a profissionais de associações de atendimento e de apoio a famílias de pessoas com múltiplas deficiências sensoriais; a instituições especializadas em surdocegueira que compõem o Grupo Brasil e junto à Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde foi criado o primeiro Curso de pós graduação lato sensu para formação de educadores nessa área, foi delineado o perfil da situação de atendimento, conforme os Quadros apresentados a seguir.
Os Quadros de I a V evidenciam crescimentos nos anos de 2005/ 2006 2007 em relação a 2003/ 2004: o Quadro I no que diz respeito ao número de atendimentos, bem como à capacitação de profissionais para realizar o atendimento; o Quadro II referente à expansão das instituições de apoio aos surdocegos e famílias em diferentes Estados; o Quadro III quanto à ampliação de registro de localização de pessoas surdocegas no território nacional; o Quadro IV referente ao número de Estados que oferecem serviços as pessoas surdocegas; o Quadro V diz respeito à formação acadêmica de profissionais e à realização de pesquisas na área da surdocegueira.

Quadro I - Situação de atendimento à pessoa com múltipla deficiência sensorial em São Paulo
INSTITUIÇÕES ESPECIALIZADAS QUE ATENDEM PESSOAS SURDOCEGAS – Estado de São Paulo
Escola de educação básica Anne Sullivan  São Caetano
Atende crianças com autismo, paralisia cerebral, estudantes surdos e surdocegos
_____________________________________________________________________________
Associação para deficientes da audio visão – ADEFAV - São Paulo
Oferece: diagnostico; estimulação precoce, pré-escola, grupos de leitura e escrita, atividades pré vocacionais, oficina de papel, oficina de cerâmica, orientação e mobilidade, programa de alimentação, atividade de integração sensório motora, programas para adultos,  supervisão a outras escolas para inclusão de estudantes, orientação de pais; assessoria técnica a profissionais do campo

Suporte técnico a educadores em vários Estados do Brasil            
2003
Estados
                                                                           2004 e 2005
Número de Profissionais                               Estados                         Número de Profissionais
Ceará
                                       18                              Fortaleza (Ce)
Rio de Janeiro
                                        55                             Natal (RN)
Rio Grande do Norte
                                        29                             Recife (Pe)
Pernambuco
                                        26                              Porto Alegre (RS) 
Pará
                                                                                              3 Estados  do Nordeste e 1 do Sul= 100
 
                                                                                              São Caetano (SP)                       =   30
 
                                                                                              ADEFAV  São Paulo (SP)         =   40
 
 Total de profissionais  128                                                                 Total de profissionais = 172
Alunos atendidos


___________________________________________________________________________
Associação Educacional para múltipla deficiência – AHIMSA - São Paulo
Oferece diagnóstico; escola; orientação de pais, assessoria técnica a profissionais do campo; programas acadêmicos (leitura/ escrita/ acompanhamento em escolas regulares)
Programas não acadêmicos (atividades como locomoção e mobilidade, atividades da vida diária, simples trabalhos domésticos recreacionais de execução; escola e comunidade, trabalho vocacional para adultos surdocegos)
Centro Eva Lindsted – CEL - São Paulo
Oferece: programa de intervenção precoce e orientação familiar
Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual - LARAMARA - São Paulo
Oferece: programa de intervenção precoce e orientação familiar.











2003                                                                                                      2004 e 2005
Alunos atendidos 100                                                                                           Alunos atendidos 145


Quadro II – Associações Brasileiras de surdocegos e famílias
ASSOCIAÇÕES
Associação Brasileira de pais e amigos dos surdocegos e múltiplos deficientes sensoriais – ABRAPASCEM
2003                                                                       2005
São Paulo (capital)                                                  São Paulo (capital)
São José dos Campos (SP)                                       São José dos Campos (SP)
Curitiba (Pr)                                                           Curitiba (Pr)
Umuarama (Pr)                                                       Campo Grande (MS)
Florianópolis (SC)                                                   Aracajú(SE)
Brusque (SC)                                                           Santa Maria (RS)                                                                                                                                                   Juiz de Fora(MG)
Pato Branco (RS)                                                    Pato Branco (PR)
Dourado (MS)                                                         Brasília (DF)
Barreiras (BA)                                                        Barreiras (BA)
JI – Paraná (RO)                                                     JI – Paraná (RO)
Campo Grande (MS)
                                                               Cruz Alta (RS)
                                                               São José (SC)
Associação Brasileira de Surdocegos – ABRASC
2003                                                                       2005
Representações                                                       Representações
São Paulo                                                                São Paulo
Regional centro - Rio Grande do Sul                        Rio Grande do Sul
                                                                               Brasília
                                                                               Curitiba
                                                                               Minas Gerais
Distrito Federal
Bauru

Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial
Todas as instituições nos seguintes Estados do Brasil:
Minas Gerais                            Paraná                     Rio De Janeiro                         Rio Grande do Sul
 Mato Grosso do Sul                 Tocantins                               Brasília                                    Espírito Santo
Santa Catarina                         Sergipe                      Bahia                                      Rondônia                   
São Paulo



Quadro III - Estados em que foram localizadas pessoas surdocegas
ESTADOS EM QUE FORAM LOCALIZADAS PESSOAS SURDOCEGAS
                       2003                                                                                               2005
                                                                                                                              Acre                        Amazonas
Alagoas                   Pernambuco                                                                           Alagoas                   Pernambuco
Amapá                    Rio de Janeiro                                                                        Amapá                    Rio de Janeiro
Bahia                      Rio Grande do Norte                                                             Bahia                      Rio G. do Norte
Ceará                      Rio grande do Sul                                                   Ceará                       Rio Grande do Sul
Distrito Federal      Rondônia                                                               Distrito Federal      Rondônia
                                                                                                                              Maranhão               Piauí
Mato Grosso          Roraima                                                                                 Mato Grosso          Roraima
Mato Grosso do Sul               Santa Catarina                                                        Mato G. do Sul Santa Catarina
Minas Gerais          São Paulo                                                                               Minas Gerais          São Paulo
Pará                        Sergipe                                                                                   Pará                        Sergipe
Paraná                                                                                                                   Paraná                     Tocantins
                                                                                                                              Espírito Santo        Goiás
                                                                                                                              Paraíba    
Quadro IV - Estados com serviços para pessoas surdocegas
ESTADOS COM SERVIÇOS PARA PESSOAS SURDOCEGAS
2003                                                                                                      2005
Ceará                                                                                                     Bahia
Santa Catarina                                                                                        Ceará
Paraná                                                                                                   Maranhão
São Paulo                                                                               Mato Grosso do Sul
Minas Gerais                                                                                          Minas Gerais
Paraná                                                                                                   Paraná
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte                
Rio Grande do Sul
Mato Grosso do Sul                                                                 Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Sul
                                                                               Rondônia
Santa Catarina                                                                                        Santa Catarina
São Paulo (Capital: 5 centros 2 fora da Capital)                                     São Paulo
                                                                                                              Sergipe
                                                                                                              Acre
                                                                                                              Pernambuco
                                                                                                              Amazonas
                                                                                                              Pará
                                                                                                              Pernambuco
Quadro V - Cursos e Grupos de Estudos em Universidades

CURSOS E GRUPOS DE ESTUDOS EM UNIVERSIDADES
Curso “Formação de educadores de pessoas com deficiências sensoriais e múltiplas“
__________________________________________________________________________________________
GRUPO DE ESTUDOSencontros mensais na Universidade Presbiteriana Mackenzie de 2001 a 2004
Participantes Presenciais
Universidade Presbiteriana Mackenzie professores, alunos e ex alunos do Curso lato sensu “ Formação de Educadores”
Escola Paulista de Medicina – Universidade federal de São Paulo
Centro de Apoio ao professor de Excepcionais (CAPE)
Associação Educacional para múltipla deficiência – AHIMSA –
Associação brasileira de assistência ao deficiente visual – LARAMARA
Grupo Brasil
Participantes Virtuais:
ABRAPASCEM- Paraná-
Centrau-
Genétka-  PR
Secretaria. Educação Especial -  Brasília-
Fundação Catarinense de Educação Especial - F.C.E.E.
CURSOS
Curso  de pós – graduação lato sensu “ Formação de Educadores de pessoas com deficiências sensoriais e múltiplas” – Universidade Presbiteriana Mackenzie em convênio com Program Hilton Perkins para a educação de pessoas surdocegas e múltiplo deficientes , desde 2000 até 2007.
Curso  de pós – graduação stricto sensu Mestrado e Doutorado , com pesquisas sobre surdocegueira
6  Mestres em Distúrbios do Desenvolvimento na Universidade Presbiteriana Mackenzie, de 2004 a 2006
1 Mestre em Ciências Médicas na Universidade Estadual de Campinas, em 2004.
1 Mestre em Distúrbios da Comunicação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 2000
1 Doutorado em Educação Especial, na Universidade Federal de São Carlos, em 2004
1 Mestranda em Educação Especial na  Universidade Federal de São Carlos, 2007
2  Mestrandas com Projeto de Dissertação, na  Faculdade de Educação da USP, 2007
1 Doutoranda  com Projeto de Tese na , Faculdade de Educação da USP, 2007





Resultados: Lacunas no atendimento à pessoa surdocega
Os dados dos Quadros VI e VII apresentados a seguir, como os anteriores, não procedem de pesquisas oficiais, mas sim do trabalho realizado por educadores pioneiros que atuam em instituições especializadas.
O Quadro VI diz respeito à causa da surdocegueira de 583 pessoas atendidas em diferentes locais, cujos dados registrados nos arquivos do Grupo Brasil, foram organizados por Maia (2004). O Quadro VII, referente ao número de pessoas com surdocegueira e com múltipla deficiência que recebem atendimento educacional em diferentes cidades de vários Estados foi organizado pelo Grupo Brasil, apontando um total de 720 surdocegos atendidos e de 423 múltiplos deficientes atendidos.  
Pode-se facilmente verificar a discrepância entre esse número de pessoas atendidas e os números dos Quadros VIII e IX correspondente ao número de pessoas com surdocegueira e com múltiplas deficiências, localizadas no Censo Escolar MEC 2006 dos  dados referente a 2005 e 2007 dos dados referente a 2006.
Quadro VI Causas da surdocegueira mais freqüentes no Brasil 
Etiologia
Número de casos em porcentagem
Localidades encontradas
Rubéola Congênita
60%
São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Santa Catarina. Mato Grosso do Sul, Ceará, Pernambuco; Rio de Janeiro, Bahia, Distrito Federal.
Citomegalovírus
 
2%
São Paulo, Minas Gerais.
Diversas Síndromes
3%
São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal.
Prematuridade
10%
São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.
Toxoplasmose
5%
São Paulo, Minas gerais, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Mato Grosso do Sul.
Síndrome de Usher
20%
São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina.
Fonte: Grupo Brasil – 2003 (estudo de 583 casos)

Quadro VII - Dados sobre Atendimento Educacional de Surdocego e Múltiplo Deficiente
Localidade
Quantidade Surdocego e Deficiente Múltiplo
Programa de Atendimento
Incluídos em Escolas Regulares
São Paulo
São Paulo
77 Def. Múltiplos
37 Surdocegos
Ahimsa
02
São Paulo
São Paulo
45 surdocegos
23 múltiplos
Grupo Brasil
Day Center Yolanda de Rodriguez
 
 São Caetano do Sul -São Paulo
06 surdocegos
CIVE
 
 São Caetano do Sul São Paulo
12 surdocegos
Anne Sullivan(SCS)
 
São Bernardo do Campo São Paulo
14 surdocegos
Neusa Bassetto e Centro Nice Tonhozi (SBC)
 
Santo André-São Paulo
50
Deficientes Múltiplos
01 Surdocego
Prefeitura Municipal de Santo André
Todos são atendidos nas escolas da rede municipal
Ribeirão Pires-SP
35 Deficientes Múltiplos
Prefeitura Municipal, de Ribeirão Pires.
Todos são atendidos na escolas da rede municipal
Jaboticabal
 
06 surdocegos
14 múltiplos
APAS
 
São José dos Campos- SP
06 surdocegos
15 múltiplos
Prefeitura Municipal de São José dos Campos
 
Campinas-São Paulo
14 surdocegos
CAIS
 
Rio de Janeiro
14 surdocegos
Instituto Benjamim Constant
 
 Niterói Rio de Janeiro
07 surdocegos
Prefeitura Municipal de Niteroi
 
Angra dos Reis
14 surdocegos
15 múltiplos
Escola de Surdos e CAP
 
Rio de Janeiro
15 surdocegos
Helena Antipoff
 
Juiz de Fora - Minas Gerais
15 surdocegos
50 múltiplos
Instituto Bruno Vianna
 
Belo Horizonte - Minas Gerais
06 surdocegos
36 múltiplos
Instituto São Rafael
 
Curitiba-Paraná
25 surdocegos
 
CENTRAU
 
Colombo-Paraná
02 surdocegos
Prefeitura Municipal
 
Maringá-Paraná
06 surdocegos
CAPES
 
Porto Alegre-Rio Grande do Sul
143 surdocegos
FADERS
 
Jí Paraná-Rondônia
06 surdocegos
15 múltiplos
APAE-Jí Paraná
 
Campo Grande-Mato Grosso do Sul
48 surdocegos
CAS
Distribuídos por 18 municípios de Mato Grosso do Sul
 
Salvador
Bahia
22 surdocegos
40 múltiplos
Instituto de Cegos da Bahia
 
Alagoinhas Bahia
06 surdocegos
15 múltiplos
Escola ECAi- Fundação do Caminho
A escola ECAI é inclusiva
Barreiras Bahia
01 surdocegos
10 múltiplos
 
ABID
01 surdocego
Fortaleza Ceara
10 surdocegos
Instituo de Cegos
 
Aracaju-Sergipe
16 surdocegos
10 múltiplos
CAS
CAP
APADA
 
Santarém Pará
04 Surdocegos
12 múltiplos
Prefeitura de Santarém
 
Rio Branco-Acre
02 surdocegos
CAS
 
Manaus-Amazonas
06 surdocegos
CAS
CAP
 
Palmas- Tocantins
01 surdocego
06 def. multiplos
APAE
 
 João Pessoa-Paraiba
06 surdocegos
FUNDEP
 
Recife
12 surdocegos
Prefeitura Municipal de Recife
 
Natal-Rio Grande do Norte
10 surdocegos
Prefeitura Municipal de Natal
 
Mossoró - Rio Grande do Norte
06 surdocegos
Prefeitura Municipal de Mossoró.
 
Macapá-Amapa
05 surdocegos
Prefeitura Municipal
 
Belém Pará
06 surdocegos
Estado
 
Vitória-Espírito Santo
06 surdocegos
Programa Catavento
 
São José Santa Catarina
97 surdocegos
Fundação Catarinense dados de vários municípios.
 
Florianópolis-Santa Catarina
15 surdocegos
ACIC
 
Distrito Federal
42 surdocegos
Escolas de Brasília e CAS
05
São Luiz-Maranhão
05 surdocegos
Prefeitura Municipal de São Luiz
 
Fonte: Grupo Brasil – 2006 (Dados levantados nos cursos de Formação de Multiplicadores e Palestras no Programa sobre Inclusão e Diversidade)








Quadro VIII CENSO ESCOLAR – MEC 2006 dados referente a 2005

Pessoas com Surdocegueira                               1.126
Pessoas com Deficiência  Múltipla                  67.000





Quadro IX Censo Escolar –MEC 2007 dados referente 2006
Após trabalho nas Regiões Nordeste e Norte e nas cidades de Campina Grande-PB, Barreiras BA, Paraná para todo estado, São Luiz-Ma, Mossoró e Natal RN, Rio Grande do Sul em 43 municípios.

Pessoas com Surdocegueira                               2.718
Pessoas com Deficiência Múltipla                   74.605




Segundo estudos feitos pelo Grupo Brasil, de 1997 a 2003, para cadastrar as etiologias referentes a surdocegueira, neste país, a rubéola congênita, localizada nos Estados São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Santa Catarina. Mato Grosso do Sul, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, e Distrito Federal, foi apontada como responsável por 60% das causas de surdocegueira no Brasil (Cf. MAIA 2004).
Conforme. MAIA (Ibid) os estudos do Grupo Brasil, de 1997 a 2003, sobre a etiologia da surdocegueira, apontou a rubéola congênita como a causa responsável por 60% dos casos localizados nos Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Santa Catarina. Mato Grosso do Sul, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, e Distrito Federal. Esses dados ilustram quão deficitários é, no território nacional, a medicina preventiva e a educação comunitária. Essa afirmação fica mais bem esclarecida com as informações apresentadas, em São Paulo, no I Fórum Internacional sobre surdocegueira por Munroe (2004), presidente da Associação Canadense de Surdocegos e Rubéola (CDBRA), conforme segue. Rubéola é um vírus que existe espalhado pelo mundo com interrupções que ocorrem durante o final do inverno e a primavera. É um vírus muito contagioso e é transmitido por contato direto ou com inalação de secreções da boca ou nariz de uma pessoa infectada, sem grandes conseqüências. Em uma mulher grávida o vírus pode ter um efeito devastador. Se a infeção ocorrer logo após a concepção e durante as primeiras 8 – 10 semanas de gestação, pode resultar em múltiplos defeitos de nascimento, acima de 90% de casos. De acordo com Nicholas (1999), somente em 1941, a alta incidência entre a infecção da rubéola (denominada inicialmente sarampo alemão) durante o início da gravidez e a catarata congênita foi observada pelo oftalmologista australiano Norman Gregg, que também relatou sobre a alta freqüência de baixo peso de recém nascidos, de defeitos congênitos do coração, de surdez e de problemas de nutrição entre crianças que nasceram com o sarampo alemão. O desenvolvimento de órgãos do feto afetado pelo vírus inclui os olhos, a orelha interna, o cérebro, o coração e sistemas circulatório e endócrino. A ocorrência de múltiplos defeitos associados com a rubéola é denominada Síndrome de Rubéola Congênita (SRC).
Eram reduzidos os estudos sobre a rubéola até a ampla epidemia mundial entre 1962 e 1965 quando mais de 10% de mulheres grávidas pelo mundo foram infectadas. O vírus da rubéola foi cultivado em 1962. Isso levou à produção de uma vacina no final dos anos 60.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o único meio de eliminar a rubéola descontrolada e prevenir a SRC é através de um programa de vacinação universal. Nesse sentido, recomendou duas abordagens preventivas, para eliminar a CRS: 1) imunização de adolescentes meninas e/ou mulheres em idade de procriação; 2) vacinações universais de crianças e jovens.
Em muitos países desenvolvidos e alguns países em desenvolvimento a vacinação rubéola em grande escala durante a década passada reduziu drasticamente ou praticamente eliminou a rubéola e a SRC. A vacina rubéola foi introduzida no Canadá em 1969 após o que a incidência de casos relatados de rubéola declinou dramaticamente. Os últimos 2 anos onde relatos estão disponíveis o número de casos relatados foram 24 (1999) e 27 (2000) ou 0.08/100,000.
Essas informações de Munroe evidenciam que a rubéola congênita como causa de 60% da surdocegueira no Brasil, requer imediatas providências referentes à medicina preventiva, à educação comunitária e à educação especial.
Discussão: A Urgência de refletir sobre as conseqüências das lacunas
* Como organizar uma parceria da Educação e Saúde para atendimento na área da Saúde e acompanhamentos dos casos de rubéola congênita.
* Apoio para diagnostico Precoce da Síndrome de Usher, para acompanhamentos das pessoas, familiares e profissionais da educação.
* Organizar programas de apoio nos centros referência como CAS - Centro de Apoio ao Surdo e CAP - Centro de Apoio Pedagógico.
* Organização das Publicações sobre o tema surdocegueira e deficiência Múltipla.

Referências Bibliográficas
MAIA, S. R. A educação do surdocego – diretrizes básicas para pessoas não especializadas. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Distúrbios Universidade Presbiteriana. Mackenzie, 2004.
MAIA, S.; GIACOMINI, L. O atendimento ao aluno surdocego em MENDES, Enicéia G., ALMEIDA, Maria Amélia, WILLIAMS, L. C. A. (orgs) Temas em Educação Especial avanços recentes. São Carlos EdUFSCar, 2004.
MASINI, Elcie.F.S. Atendimento educacional a alunos portadores desurdocegueira em MENDES, Enicéia G., ALMEIDA, Maria Amélia,  WILLIAMS, L. C. A. (orgs) emas em Educação Especial avanços recentes. São Carlos EdUFSCar, 2004.
MUNROE, S. Surdocegueira e Síndrome da Rubéola Congênita em 1° Fórum Internacional sobre Múltipla Deficiência e Surdocegueira  São Paulo: Grupo Brasil, 2004
MEC/INEP (Censo Escolar)