http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/162.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

EDUCAÇÃO ESPECIAL E FONOAUDIOLOGIA: UM ESTUDO BASEADO NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE DISSERTAÇÕES E TESES
Maria Cristina P. I. Hayashi
Prof. Dra. Departamento de Pós-Graduação de Educação Especial da UFSCar
Suzelei Faria Bello
Mestranda em Educação Especial da UFSCar – bolsista CNPq

RESUMO

A interface entre a Educação Especial e a Fonoaudiologia ocorre pelo fato dessas ciências possuírem objetos de estudos semelhantes, além do que o trabalho interligado entre os profissionais potencializa o crescimento para ambas as áreas. Nesta perspectiva, o objetivo proposto para esse trabalho encontra-se em compreender como a Fonoaudiologia foi tomada como objeto de pesquisa na Educação Especial, com base na análise da produção científica de dissertações e teses do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar. Para tanto, mapeou-se a produção científica em Educação Especial com interface em Fonoaudiologia de dissertações e teses defendidas no PPGEEs/UFSCar no período de 1981 a 2005. Este Programa foi escolhido por ser o primeiro e único da área no país. Os procedimentos metodológicos para desenvolver a pesquisa concentram-se na coleta de dados das dissertações e teses em Educação Especial defendidas no PPGEES/UFSCar que possuam interface com a Fonoaudiologia, categorização e análise bibliométrica dos resultados obtidos. Este estudo foi direcionado para valorizar a interdisciplinaridade existente entre estas áreas de conhecimento, apontar lacunas, tendências e temas emergentes que propiciaram o desenvolvimento de novas pesquisas que permitiram favorecer a atuação conjunta desses profissionais. Além disso, pretendeu-se contribuir para a construção de um processo salutar de reflexão e avaliação do conhecimento produzido em Educação Especial e Fonoaudiologia consolidado na produção científica de teses e dissertações.


Palavras-chave: Produção Científica. Educação Especial. Fonoaudiologia.
Introdução

As diferentes ciências constroem conceitos, teorias e desenvolvem produtos que são rapidamente incorporados, por organizações sociais e por todas as relações que se preocupam com a disseminação do conhecimento.
Diante do crescente dinamismo e complexidade estabelecida pelas produções cientificas, “fazer ciência hoje significa compreender e partir de mecanismos simples para os mais complexos”, ou seja, estar disposta a operacionalizar mudanças, a contribuir com eficácia para ressaltar a importância do objeto a ser estudado. (BARROS, 2000, p.5).
Deste modo, as inovações científicas e tecnológicas influenciam o desenvolvimento econômico, político e cultural, o que permite um crescente avanço social dos países. Como refere Marques (2001), o Brasil não permaneceu alheio a tal processo e assim torna-se importante compreender a real contribuição das atividades científicas para satisfazer necessidades básicas da sociedade e para o desenvolvimento econômico e social dos países. Duarte, Silva e Zago (2004) reforçam esses argumentos ao apontarem que a evolução da ciência perpassa a produção científica e a difusão social do conhecimento, e parece ser consolidada a partir de estudos e análises dos suportes documentais que veiculam as pesquisas em cada área.
Nos cursos de pós-graduação, segundo Poblacion, Noronha e Curras (1995) há uma gama de produções frente à literatura cinzenta, que é definida como teses e dissertações e que se caracterizam por serem de divulgação restrita e de difícil acesso, porém como independem das formalizações exigidas em livros e revistas para publicações, acabam fluindo com rapidez entre seus pares, além de considerarem que 90% das informações que os pesquisadores necessitam são oriundos desses trabalhos.
Os cursos stricto-senso são responsáveis por uma gama elevada de conhecimento e cabe a universidade, o lócus propício, para cultivo e geração de novo saberes, assim tem-se em vista as colocações de Dantas (2004) que a pós-graduação no Brasil, está intimamente relacionada à pesquisa, sendo este segmento responsável pela crescente produção cientifica tanto nos aspectos qualitativos quanto quantitativos. Em torno dessa articulação, de produzir ciência, a academia gerencia um papel fundamental na construção de novos conhecimentos e os Órgãos Governamentais de Fomento ao alocar substanciais recursos financeiros para a concretização da produção científica que se traduzem na defesa de dissertações e teses.
O aumento da produção científica estimula a pesquisa em várias áreas do conhecimento e ao pontuar esta visão, analisar tendências de investigações sobre determinado campo possibilita um balanço do conhecimento científico produzido, bem como aponta novas possibilidades de investigações (BUENO, 2004).
Assim, pelo fato do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da UFSCar (PPGEES/UFSCar) constituir-se no primeiro e único programa stricto-senso do gênero no país, em que pese o fato de outros Programas possuírem linhas de pesquisa relacionadas à Educação Especial e não um programa próprio. Sendo que no curso de seus 28 anos de existência, o PPGEES/UFSCar, já promoveu a defesa de 341 dissertações e 28 teses de doutorado, considerando que a defesa da primeira tese ocorreu no ano de 2000, o que demonstra a vultosa contribuição desse Programa para a consolidação da pesquisa científica no país na área de Educação Especial.
A opção pelas dissertações e teses como unidades de análise neste trabalho prendeu-se ao fato de que esse tipo de produção científica é bastante significativo na área de Educação Especial, não apenas pela pressuposição de que traz contribuições inovadoras, como também, se espera que elas se constituam no alicerce para outros tipos de publicações, tais como comunicações em congressos, artigos e livros (WITTER, 1998).
Assim, por meio do campo de conhecimento construído pela Educação Especial e pela Fonoaudiologia considera-se que a construção da relação entre elas perpassa a história de formação e consolidação das duas ciências, mediante a fundação em 1854 do Imperial Colégio para meninos cegos, hoje Instituto Benjamim Constant. (JANNUZZI, 2004). E em 1855 com a fundação do Colégio Nacional, destinado ao ensino dos surdos, que passou por vários nomes até ser reconhecido em 1957 como de Instituto Nacional de Educação de Surdos, mais conhecidos como INES.
Na interface entre a Fonoaudiologia e a Educação Especial são significativas as pesquisas na área de linguagem e audição unindo as áreas e complementando suas formações como demonstram os trabalhos realizados pelos autores apresentados a seguir.
Paro (2002) realizou avaliação audiológica periférica e processamento auditivo em portadores de Síndrome de Down, comparou os resultados com um grupo controle, correlacionando-os aos processos terapêuticos e educacionais. Demonstrou a importância da audição periférica e das habilidades do processamento auditivo para o processo terapêutico e educacional, além de considerar significativa a sistematização de tais avaliações nessa clientela, com a finalidade de detectar, intervir e minimizar os prejuízos de tais alterações deste modo, proporcionar melhor qualidade de vida aos portadores de Síndrome de Down.
Walter (2005) desenvolveu técnicas de Comunicação Alternativa e Ampliada para deficientes severos que visava sua independência comunicativa, buscando condições favoráveis ao convívio social, escolar e familiar. Demonstrou que cabe ao fonoaudiólogo desenvolver técnicas de comunicação alternativa que forneça condições comunicativas funcionais que respeite as individualidades, condições motoras e capacidades cognitivas.
A relevância da produção cientifica em Educação Especial foi analisada por Bueno (2004) no balanço que realizou sobre a produção do Programa de PPGEE/UFSCar-1981/2001 expressa nas dissertações que enfocaram o estudo da escola. Ao cotejar a produção discente do programa com os demais programas de educação, o estudo permitiu observar que a temática das necessidades especiais educacionais é bastante privilegiada na produção científica.
Entre outras pesquisas relevantes no contexto que envolve a Educação Especial, destaca-se a de Silva (2004) que realizou uma análise bibliométrica da produção científica dos docentes de PPGEE/UFSCar. Após o levantamento da produção bibliográfica contida na Plataforma Lattes, a autora analisou os artigos publicados em periódicos e concluiu que a produção científica da Educação Especial, por se tratar de uma área multidisciplinar, possui ligações com outras áreas de conhecimento, principalmente com a Educação.
No contexto da análise da produção científica em Educação Especial, Hayashi et al. (2005) também realizaram um estudo em que identificam as competências informacionais necessárias para realizar análises bibliométricas da produção científica nessa área de conhecimento.
Tendo como foco a produção científica em Fonoaudiologia, Campanatti-Ostiz (2004) realizou pesquisa com o objetivo de conhecer parte da Fonoaudiologia brasileira à luz de seus periódicos científicos e para tanto realizou um levantamento dos termos publicados e comparou-os com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Realizou ainda, uma caracterização estrutural quanto aos aspectos periodicidade, tiragem, anúncios, apoio financeiro, indexação em bases de dados, numeração de fascículos, quantidade de fascículos, artigos e referências bibliográficas e caracterização de indicador de impacto.
Além disso, a autora analisou sete periódicos nacionais de Fonoaudiologia no período 1986-2001, registrados no Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia (IBICT) e, portanto, já possuidores do International Standard Serial Number (ISSN). Os resultados obtidos nessa pesquisa demonstram que a Fonoaudiologia brasileira precisa desenvolver alguns aspectos em seus processos de editoração e de produção científica, principalmente com relação aos termos utilizados pelos fonoaudiólogos brasileiros que devem ser integrados ao DeCS com auxílio de grupos de especialistas das subáreas da Fonoaudiologia.
Por considerar de fundamental importância a observação do usuário para a avaliação de linguagem documentária, Boccato (2005) realizou na pesquisa de mestrado, uma proposta de avaliar, pela perspectiva do usuário, a linguagem documentária DeCS – Descritores em Ciências da Saúde, utilizada para a recuperação da informação no sistema LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), produzido pela BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, com o intuito de obter indicadores para delinear as estratégias de aprimoramento da linguagem na área de Fonoaudiologia.
Como se viu até o momento, as análises da produção científica em Fonoaudiologia permitem verificar o estado da arte dessa ciência, além de sugerir intersecções com outras áreas, tais como com a Educação Especial. Neste horizonte, vislumbra-se um caminho enriquecedor para construção de novos conhecimentos ao se objetivar analisar a produção científica de dissertações e teses em Educação Especial que apresentam interface com a Fonoaudiologia.
A área da Educação Especial, nos últimos anos, conquistou avanços significativos no que tange ao desenvolvimento das pesquisas científicas, sendo isto possível, por meio da criação de cursos de pós-graduação strito-sensu, realizados por diferentes profissionais dentro do contexto da Educação Especial. Assim, surgiu uma geração de docentes e pesquisadores contribuindo paulatinamente para formação de profissionais centrados nas gestões que regem esse campo de atuação (OMOTE, 2000).
Dessa forma, acredita-se que ao identificar a interface entre a Educação Especial e a Fonoaudiologia por meio das suas produções científicas consolidadas fornecerão subsídios importantes para o avanço do conhecimento científico em ambas as áreas que resultem em melhores condições para as pessoas com necessidades especiais.

Método

A metodologia utilizada neste trabalho foi documental; de nível exploratório-descritivo que oportunizou uma análise da produção científica em Educação Especial e Fonoaudiologia de forma a viabilizar generalizações no uso dos dados e apresentar caminhos para novas pesquisas na área, conforme definem Landim et al. (2006) e Minayo (2000).
A análise documental torna-se uma estratégia valiosa para abordar os dados qualitativos, pois os documentos apresentam uma constituição de fonte temática estável e rica, além de consolidada e reconhecida pela comunidade científica. Além de possibilitar desvelar aspectos novos de um problema, bem como, contemplar informações obtidas por outras técnicas de conhecimento (LUDKE,1986).
Sendo assim, o corpus documental investigado foi o conjunto de dissertações e teses defendidas no PPGEEs da Universidade Federal de São Carlos, no período de 1981 a 2005. O estabelecimento destas datas-limite justifica-se pelo fato de que a primeira dissertação foi defendida em 1981 e somente em 2000 ocorreu à primeira defesa de tese, uma vez que o nível doutorado só foi implantado no PPGEEs em 1998. O levantamento foi realizado por meio da leitura dos títulos, resumos e através dos descritores comuns às duas ciências que ao todo se basearam em 16.

Resultado

Em um levantamento desta produção científica como demonstra a figura 1, a identificação de 321 dissertações e 21 teses defendidas (dados de novembro/2005), 60 dissertações e 9 teses abordaram  a temática da fonoaudiologia.

Figura 1. Descrição dos trabalhos desenvolvidos no PPGEEs/UFSCar com interface em Fonoaudiologia.

A figura 2 demonstra os descritores semelhantes às duas áreas Educação Especial e Fonoaudiologia que permitiram encontrar a interface entre as duas ciências sendo eles: Aprendizagem simbólica (1); Aquisição de vocábulo (1); Desenvolvimento de linguagem (2); Lábio – leporino (2); Linguagem (2); Deficiência auditiva (4); Fonemas (4); Fala (4); Distúrbio de aprendizagem (4); Habilidade lingüística (4); Autismo (5); Implante coclear (5); Características audiológicas (5); Habilidades comunicativas (6); Deficiência mental (7); Leitura e escrita (13).


Figura 2. Descrição dos descritores encontrados.

Discussão

O estudo da análise da produção científica em Educação Especial permitiu, até o momento, encontrar uma gama de inter-relações que demonstra a interdisciplinaridade existente entre as ciências de Educação Especial e Fonoaudiologia o que possibilitou demarcar um campo de intercessão que maximiza a relação entre elas.
Ao encontrar 69 trabalhos caracterizando a interface entre as duas ciências pode-se constatar a existência multidisciplinar da Educação Especial, pontuada no estudo de Silva (2004) que concluiu através da análise da produção científica da Educação Especial, que esta se tratar de uma área multidisciplinar, pois possui ligações com outras áreas de conhecimento, aqui pautada pela Fonoaudiologia.
Ao salientar os descritores encontrados cabe aqui ressaltar que para um resultado satisfatório nas buscas documentais é necessário uso de descritores que direcionam o trabalho para indexação. Pois segundo Ascensão (2002) a função dos descritores é exprimir, tendencialmente, o conteúdo do trabalho. Assim, pode-se observar que na relação entre a Educação Especial e a Fonoaudiologia o pico máximo de intersecção entre as ciências se compõe em Leitura e Escrita.
Portanto, o trabalho possibilitou um processo salutar de reflexão e visualização do conhecimento produzido em Educação Especial e Fonoaudiologia consolidado na produção científica de teses e dissertações.

Referências Bibliográficas
ASCENSÃO, J. de O. As funções da Marca e os descritores na internet. Revista da ABPI, São Paulo, n.61, nov/dez. p. 44-52. 2002.
BOCCATO, V. R. C. Avaliação de linguagem documentária em Fonoaudiologia na perspectiva do usuário: estudo de observação da recuperação da informação com protocolo verbal. Marília: PPGCI/Unesp, 2005. (Dissertação de mestrado).
BARROS, P. M.F. Do simples ao complexo em Fonoaudiologia. Revista SymposiuM, Ciência, humanidades e letras, Pernambuco, ano. 4, n.especial, p.5-19, 2000.
BUENO, J.G. As dissertações sobre escola: balanço tendencial da produção do Programa de Pós-graduação em Educação Especial da UFSCar 1981/2001. In: ALMEIDA, M. (Org.). Temas em Educação Especial: avanços recentes. São Carlos: Edufscar, 2004. p.21-28

CAMPANATTI-OSTIZ, H.. Periódicos nacionais em Fonoaudiologia: caracterização de termos, estrutural e de indicador de impacto. São Paulo, FFLCH/USP, 2004. (Dissertação de Mestrado)

DANTAS, F. Responsabilidade social e pós-graduação na Brasil: idéias para (avali)ação. Disponível em: http://www2.capes.gov.br/rbpg/portal/conteudo/160_172_ responsabolodadesocial_posgraduaçao_brasil.pdf.

DUARTE, E. N.; SILVA, E. P.; ZAGO, C. C. Gestão do conhecimento: revelações da produção científica. Informação e Sociedade: Estudos, João Pessoa, v.14, n.2, p.1-18, 2004.

HAYASHI, M. C. P. I. et al. Competências informacionais para utilização da análise bibliométrica em Educação e Educação Especial. Educação Temática Digital, Campinas, v. 7, n. 1, p. 9-22, 2005.

JANNUZZI, G. M A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao inicio do século XXI. Campinas. Autores Associados, 2004.

LANDIM.F.L.P; LOURINHO;L.A; LIRA.R.C.M; SANTOS, Z.M.S.A. Uma reflexão sobre as abordagens em pesquisa com ênfase na integração qualitativa-quantitativa. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v.19, n.1, p.53-58, 2006.

LUDKE, M; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU,1998.

MARQUES, M. B. Um esforço de contribuição à análise da pesquisa em saúde no Brasil. Parcerias Estratégicas, Brasília, v.13, 2001. p.151-167.

MINAYO, M. C. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 17. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

OMOTE, S. Classes Especiais: comentários à margem do texto de Forizan & Caiado, Revista Brasileira de Educação Especial, v.6, n.1, 2000.

PARO. P. M. M. Incidência de perdas aditivas e desordens do processamento auditivo em portadores de Síndrome de Down implicações educacionais. São Carlos: PPGEEs/UFSCar, 2002. (Dissertação de mestrado).

POBLACION, D. A; NORONHA, D. P; CURRAS, E. Literatura Cinzenta versus literatura branca. Revista Ciência da Informação, v.25, n.2, p.1-10, 1995.

SILVA, M.R. Análise bibliométrica da produção científica do Programa de Pós-graduação em Educação Especial da UFSCar. 1998 – 2003. São Carlos: PPGEEs/UFSCar, 2004. (Dissertação de mestrado).

WALTER, C. C. de F. Os efeitos da adaptação do PECS associado ao currículo funcional natural em pessoas autistas infantil. São Carlos: PPGEEs/UFSCar, 2005. (Tese de doutorado).

WITTER, G.P. (Org.). Produção científica. Campinas: Ed. Átomo, 1998.