http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/189.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
DESCRIÇÃO DAS ATITUDES SOCIAIS EM RELAÇÃO À INCLUSÃO ESCOLAR DO 
ALUNO DEFICIENTE
BALEOTTI, Luciana Ramos. 
Universidade Estadual Paulista, campus de Marília.
OMOTE, Sadao. 
Universidade Estadual Paulista, campus de Marília
RESUMO
Com a presente pesquisa buscou-se compreender um dos fatores criticamente relacionados ao 
caráter inclusivo da escola, o meio social, o qual necessita ser permeado por atitudes e ações 
acolhedoras, essenciais para a construção de um ambiente educacional inclusivo. Foram analisadas 
três escolas de Ensino Fundamental, sendo uma escola com aluno deficiente físico inserido na 3ª 
série, uma escola com aluno deficiente mental inserido na 2ª série e uma escola sem experiência de 
inclusão. Foram analisadas as atitudes sociais de 56 professores, três diretores, três coordenadores 
pedagógicos e de 78 alunos em relação à inclusão do aluno com deficiência.  Para a coleta de 
dados, foram utilizadas a Escala Likert de Atitudes Sociais em Relação à Inclusão e a Escala Infantil 
de Atitudes Sociais. As atitudes sociais dos diferentes segmentos de uma escola foram comparadas 
com as de outras escolas. Os resultados apontam diferenças significantes entre as três escolas 
estudadas, indicando que os educadores de uma escola com experiência de contato com aluno 
deficiente físico apresentaram atitudes mais favoráveis à inclusão do que aqueles sem essa 
experiência e aqueles que tiveram essa experiência com o aluno deficiente mental. Os educadores 
da escola na qual havia um aluno deficiente mental apresentaram atitudes ligeiramente mais 
favoráveis que os da escola sem nenhuma experiência de contato com aluno deficiente, mas a 
diferença não chega a ser estatisticamente significante. Já as atitudes sociais dos alunos não diferem 
de uma escola para outra. 
INTRODUÇÃO: As atitudes sociais, durante muito tempo, representaram uma importante área de 
estudo dentro da Psicologia Social para entender o comportamento humano. Atualmente, 
encontramo-nos imersos num novo momento histórico, no qual se discute com muita ênfase uma 
mudança de postura frente à minoria das pessoas consideradas excluídas de uma sociedade e 
implicitamente do sistema regular de ensino. Nesse sentido, parece ser de grande relevância 
tomarmos como referência o estudo das atitudes sociais a fim de entendermos o comportamento 
das pessoas diante desse novo paradigma. 
Rodrigues (1973) define atitudes sociais como sendo uma organização duradoura de crenças e 
cognições em geral, dotada de sentimentos pró ou contra um determinado objeto social, que 
predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este objeto. Ressalta que as 
atitudes são integradas por três componentes claramente discerníeis: o componente cognitivo, o 
componente afetivo e o componente comportamental. O componente cognitivo é constituído pelas 
crenças, conhecimento, maneira de encarar o objeto social. O componente afetivo é definido como 
sendo um sentimento pró ou contra um determinado objeto social, é o componente mais 
característico das atitudes sociais. O componente comportamental é a combinação da cognição e 
afeto como instigador de comportamentos dadas determinadas situações. Entretanto, não é raro se 
verificarem certas inconsistências entre as atitudes e os comportamentos expressos pelas pessoas. 
Isso se dá porque o comportamento não é apenas determinado pelo que as pessoas gostariam de 
fazer mas também pelas normas sociais e pelas conseqüências esperadas de seu comportamento. 
Assim, sabemos que é politicamente correto ser favorável à inclusão, no entanto as atitudes sociais 
favoráveis não são sinônimos da aceitação do deficiente no ensino comum e nem significam que 
estejam se viabilizando ações para a efetivação do processo de inclusão. Apesar das incongruências 
que podem haver entre as atitudes e o comportamento manifesto, estudá-las nos dará a possibilidade 
de verificar o direcionamento das ações das pessoas. 
Atualmente, a literatura tem apontando a importância de se estudarem as atitudes sociais de toda a 
comunidade escolar e principalmente as atitudes do professor em relação à educação inclusiva. A 
partir da compreensão das atitudes sociais dos professores em relação à inclusão, é possível ter 
alguma idéia das condutas que eles adotam em suas salas de aula. 
Pinheiro (2003), ao investigar as atitudes sociais, conhecimentos e opiniões de 72 professores do 
Ciclo I e Ciclo II do Ensino Fundamental em relação a educação inclusiva de alunos com perda 
auditiva, verificou que esses profissionais eram favoráveis à inclusão, mas apresentavam 
preocupações com a sistematização de tal proposta, acreditando que o ensino especial estava mais 
preparado para a educação de alunos surdos. A autora coloca que os dados apresentados também 
sugerem que não eram realizadas adaptações nas atividades das aulas a fim de se viabilizar o ensino 
inclusivo do aluno surdo. 
Caso os professores não tenham  atitudes que expressam respeito e valorização das diferenças, nem 
compromisso, não podem  responder adequadamente a essas diferenças. Bender, Scott e Vail 
(1995) evidenciaram que os professores do ensino comum com atitudes negativas em relação à 
inclusão utilizavam estratégias de ensino inclusivas menos freqüentemente que os professores com 
atitudes positivas. 
De acordo com a revisão da literatura americana, o gênero, a idade cronológica, o tempo de 
experiência docente no ensino comum, o nível de escolaridade e a experiência no ensino do aluno 
deficiente também são algumas das variáveis do professor, que podem estar criticamente relacionadas 
às suas atitudes sociais em relação à inclusão, embora seus efeitos específicos não estejam 
cabalmente esclarecidos. Embora existam resultados contraditórios, de um modo geral, pode-se 
sugerir que as atitudes sociais positivas em relação à inclusão são apresentadas por professores do 
gênero feminino (PEARMAN et al, 1992), mais jovens (BALBONI; PEDRABISSI, 2000), com 
menos tempo de experiência docente no ensino comum (BENNETT; DELUCA; BRUNS, 1997; 
HASTINGS; OAKFORD, 2003), com nível mais baixo de escolaridade (JOBE; RUST; BRISSIE, 
1996) e com experiência no ensino de alunos deficientes (BALBONI; PEDRABISSI, 2000; VAN 
REUSEN; SHOHO; BARKER, 2000).
Além das variáveis do próprio professor, as características e o grau de comprometimento do aluno 
com necessidades educacionais especiais podem determinar maior ou menor aceitação da inclusão 
pelos professores. A inclusão de alunos com comprometimentos menos severos tem maior aceitação 
que a daqueles que necessitam de assistência mais constante, como os alunos com múltipla deficiência 
(LANIER; LANIER, 1996). Estudos realizados por Jobe, Rust e Brissie (1996) apontam uma 
melhor aceitação da inclusão de alunos com deficiência física do que os que apresentam déficits 
cognitivos, emocionais ou comportamentais. 
Evidentemente, além da compreensão das atitudes dos professores, a compreensão das atitudes dos 
próprios alunos em relação à inclusão de seus pares com deficiência também  merece especial 
destaque para se ter uma idéia das possíveis relações que são estabelecidas entre eles.
Esposito e Reed (1986), com o intuito de avaliarem a influência do contato nas atitudes, estudaram as 
atitudes de crianças que tinham contato com pessoas deficientes. Os resultados mostraram que a 
experiência de contato produziu atitudes mais favoráveis nas crianças em relação a aceitação das 
pessoas deficientes, independentemente do tipo de deficiência e do tempo de contato. 
Na mesma direção, estudos realizados por Roberts e Smith (1999) e Roberts e Lindsell (1997), que 
tinham por objetivo avaliar a influência da experiência de contato sobre as atitudes de crianças de 
escolas primárias sem deficiência em relação a seus pares com deficiência física, apontam que a 
experiência de contato favoreceu as atitudes e a interação entre os alunos. 
Magiati, Dockrell e Logotheti (2002) investigaram as atitudes de 79 crianças entre 8 e 11 anos de 
idade acerca da inclusão, bem como a compreensão que essas crianças tinham em relação a 
diferentes tipos de deficiência e déficits de aprendizagem (deficiências mental, física e sensorial, 
autismo, hiperatividade e dislexia). As crianças responderam a uma escala de atitudes em relação à 
inclusão e a uma entrevista semi-estruturada. Os resultados mostraram que a maioria das crianças 
expressava atitudes positivas em relação à inclusão de seus pares deficientes. Quanto à concepção de 
deficiência, os dados mostraram que as crianças tinham uma compreensão maior em relação às 
deficiências mais evidentes como a deficiência física e a visual; já  a hiperatividade,  a dislexia e o 
autismo eram menos conhecidos por elas. Quando foi perguntado para as crianças desse estudo 
sobre as causas dessas deficiências, atribuíram à deficiência física e sensorial causas externas, como 
acidentes, e aos déficits de ordem cognitiva, problemas gerados na hora do nascimento.
Considerando-se o componente cognitivo como um dos elementos constituintes das atitudes sociais, 
parece  plenamente aceitáveis e até esperadas essas explicações acerca das causas da deficiência, já 
que o componente cognitivo refere-se às crenças, conhecimento, maneira de encarar o objeto social. 
Os pressupostos políticos e filosóficos que norteiam a proposta de educação inclusiva deixam claro 
que a idéia é a de se comprometer com tal proposta, no sentido de que os alunos com deficiência não 
estejam apenas inseridos fisicamente na classe comum, mas também, social e pedagogicamente. 
Entende-se que, caso  a comunidade escolar não tenha atitudes favoráveis em relação à inclusão dos 
alunos com deficiência, ela não irá se comprometer a dar respostas sociais e educativas adequadas 
para atender a essa minoria. 
São os aspectos não visíveis, como as crenças, os valores, as concepções, que estão embutidos nas 
ações de cada pessoa em relação ao deficiente, que irão determinar a qualidade da relação 
interpessoal e conseqüentemente o processo de ensino e aprendizagem inclusivo. 
Assim, é objetivo deste estudo a avaliação e análise das atitudes sociais das pessoas que compõem o 
ambiente educacional imediato de alunos inseridos em classes de ensino comum. Tal ambiente é 
constituído pelo professor e colegas da classe na qual está inserido o aluno deficiente, o próprio aluno 
deficiente, bem como os demais professores, o diretor e o coordenador pedagógico da escola. 
MATERIAL E  MÉTODO: Foram analisadas três escolas  municipais localizadas 
em bairros da 
periferia da cidade de Marília, sendo uma com aluno deficiente físico inserido em classe comum, uma 
com aluno deficiente mental inserido em classe comum e uma sem nenhuma experiência inclusiva. A 
escola sem experiência de inclusão foi utilizada como controle.   Os participantes deste estudo foram 
distribuídos em três grupos, sendo: Grupo 1- Comunidade de educadores representada por 56 
professores, por três diretores  e por três coordenadores pedagógicos das três escolas estudadas.  
Grupo 2 -  Constituído por 54 alunos, sendo vinte e quatro alunos não deficientes, que estavam  na 2ª 
série e na mesma classe do aluno com deficiência mental (DM). Salienta-se que o aluno deficiente 
mental não participou deste estudo. Vinte e nove alunos não deficientes, que estavam  na 3ª série e  
na mesma classe da aluna com deficiência física (DF), bem como  a própria aluna deficiente física.  
Grupo 3 - Vinte e três alunos da escola sem experiência de inclusão, que estavam na 3ª série.
A caracterização geral dos alunos deficientes, bem como os dados relativos ao diagnóstico foram 
adquiridos a partir de informações verbais obtidas junto às diretoras das escolas estudadas. O aluno 
deficiente mental era do gênero masculino, dez anos de idade, apresentava deficiência mental 
moderada.  Estava inserido na 2ª série da Rede Municipal de Ensino no período da tarde e, no 
período da manhã, freqüentava a APAE.  Quanto aos demais alunos da classe, nove eram do gênero 
feminino e quinze do gênero masculino.
Em relação a aluna deficiente física, é do gênero feminino, nove anos de idade, inserida na 3ª série 
da 
Rede Municipal de Ensino no período da manhã em uma classe  composta por outros 29 alunos, 
sendo 18 do gênero feminino  e 11 do gênero masculino. A aluna tem o diagnóstico clínico de 
paralisia cerebral e apresenta como seqüela diparesia. Material: Para mensurar as atitudes sociais 
dos professores, diretores e coordenadores pedagógicos acerca da inclusão escolar, foi utilizada   a  
Escala Likert de Atitudes Sociais em Relação à Inclusão (ELASI ). 
Para mensurar as atitudes sociais dos alunos, utilizamos a Escala Infantil de Atitudes Sociais. Análise 
de dados: A análise estatística dos dados da ELASI e da Escala Infantil  foi feita pela prova U de 
Mann-Whitney.
 RESULTADOS E DISCUSSÃO:  Procedendo à análise estatística, comparando 
os escores da 
escola 1 com os da escola 2, verifica-se que estes são estatisticamente superiores àqueles 
(p=0,0459). Isto significa que os educadores de uma escola com experiência de inserção de aluno 
deficiente físico em classe de ensino comum apresentam atitudes mais favoráveis à inclusão que 
aqueles sem essa experiência.  
Mais ou menos na mesma direção encontram-se os escores dos educadores da escola na qual há um 
aluno deficiente mental inserido em classe de ensino comum apresentam atitudes mais favoráveis que 
os da escola sem nenhuma experiência de inserção de aluno deficiente em classe de ensino comum. 
Entretanto, essa diferença não chega a ser estatisticamente significante (p=0,755). O fato de não ter 
havido diferença considerada significante entre a escola   que não tem experiência de inclusão e a 
escola cuja experiência  está vinculada ao aluno com deficiência mental, pode estar relacionado a uma 
experiência supostamente considerada negativa por essa escola. A experiência de contato 
considerada negativa, neste caso, parece resultar não apenas das características do ADM desse 
estudo mas também das características do contexto escolar no qual foi inserido. Tal contexto, 
dificultou e limitou a possibilidade de aprendizagem e interação desse aluno. A experiência positiva ou 
negativa do contato com alunos deficientes é relatada por alguns autores (MARTÍN, 1995; 
REUSEN; SHOHO; BARKER, 2000) como uma  variável que interfere para que os professores 
tenham atitudes sociais favoráveis ou desfavoráveis em relação à inclusão.
Outro fato a ser apontado é o tempo relativamente curto de convivência que a comunidade escolar 
teve com o ADM. Por ocasião da coleta de dados, os educadores haviam vivenciado a experiência 
da presença de um aluno com deficiência mental durante um semestre letivo, ao passo que os da 
escola com uma aluna deficiente física haviam vivido essa experiência durante cinco semestres letivos.
Uma terceira possibilidade, talvez a mais possível, deve ser apontada. Diz respeito à concepção de 
deficiência mental e de deficiência física mantida por esses educadores. Qualquer que seja a 
concepção de deficiência mental desses educadores, certamente, o prejuízo na capacidade cognitiva 
e conseqüentemente na de aprendizagem escolar deve aparecer como uma das características 
centrais dessa deficiência. Já a deficiência física é provavelmente concebida como uma alteração nas 
capacidades físicas sem prejuízo para a aprendizagem escolar. Daí, pode ser mais fácil compreender 
a possibilidade de ensino de um deficiente físico em classe de ensino comum, comparativamente ao 
ensino de um aluno deficiente mental.
A comparação entre as escolas que têm experiência com a inserção de  aluno deficiente físico em 
classe de ensino comum e as que têm essa experiência com o aluno deficiente mental, mostra que há 
diferença significante (p=0,0324) indicando também que na escola que tem experiência com o aluno 
deficiente físico, os educadores são mais favoráveis à inclusão que aqueles que têm experiência com 
aluno deficiente mental. 
O fato de haver maior aceitação da inclusão da aluna deficiente física pode estar relacionado à 
concepção de que a deficiência física não se constitui num fator tão crítico de normalidade, aceitação 
e inclusão escolar e social como parece ser em relação à deficiência mental. O grau do 
comprometimento físico da aluna desse estudo também pode ter influenciado as atitudes sociais da 
comunidade escolar  na direção de uma maior favorabilidade em relação à inclusão. O grau do 
comprometimento motor da ADF não exigiu modificação da dinâmica escolar no sentido da 
necessidade de alteração na prática pedagógica do professor ou da estrutura física da escola para 
favorecer a sua inserção na classe de ensino comum. 
A diferença estatisticamente significante entre essas duas escolas pode estar relacionada, também, à 
idéia da causalidade individual do problema. Assim, atribui-se  ao grau de deficiência do aluno 
deficiente mental a causa do seu fracasso escolar, o que acaba por restringir a sua participação nas 
situações de vida real, legitimando a biologização da educação e contribuindo para a exclusão desse 
indivíduo do sistema de ensino comum. Collares e Moysés (1996) enfatizam que, esse tipo de prática 
faz com que se desloque o "eixo de uma discussão político-pedagógica para causas e soluções 
pretensamente médicas, portanto inacessíveis à educação" (COLLARES; MOYSÉS, 1996, p.27). 
Nesse sentido, se o problema não é da escola e, sim, do indivíduo e dos profissionais da saúde que 
contribuem para atestar a ineficiência do aluno, não há sentido algum para que ocorra uma discussão 
político-pedagógica no sistema educacional. Assim, a escola exime-se de sua responsabilidade; afinal, 
o problema não está nela ...
Realizamos uma segunda  análise dos dados da ELASI, excluindo os diretores e coordenadores 
pedagógicos e mantendo apenas os professores, a fim de verificarmos as atitudes especificamente  
dessa população em relação à inclusão. 
Comparando os escores da escola 1 com os da escola 2, encontramos uma diferença significante 
entre essas duas escolas (p=0,0212) mostrando que os professores que têm experiência de inserção 
de aluno deficiente  físico em classe de ensino comum são mais favoráveis à inclusão que aqueles sem 
essa experiência. 
De fato, as diferenças entre os professores das escolas 1 e 2 são maiores, quando comparados os 
escores apenas dos professores do que quando comparados os escores de todos os educadores, 
ainda que fossem poucos os educadores não docentes excluídos dessa análise (apenas os diretores e 
coordenadores pedagógicos). Isto  pode ser visualizado, comparando-se as probabilidades 
encontradas na análise estatística. Quando todos os educadores foram comparados, a probabilidade 
encontrada para rejeitar a hipótese de igualdade foi de 0,0459. Já com a exclusão dos diretores e dos 
coordenadores pedagógicos, essa probabilidade foi de 0,0212.
Entre os professores da escola 1 e da escola 3, não há diferença significante (p=0,2742) nos escores 
das atitudes sociais em relação à inclusão. Ainda assim, é interessante comparar as probabilidades 
para a rejeição da hipótese de igualdade. Com todos os educadores havíamos encontrado 0,755. 
Somente com os professores, essa probabilidade foi de 0,2742. Embora, ainda seja insuficiente para 
apontar que as atitudes dos professores da escola 3 sejam mais favoráveis que as dos professores da 
escola 1, a menor probabilidade revela que a diferença entre as escolas é maior quando comparados 
apenas os professores. 
A comparação entre as escolas 2 e 3 mostra que há diferença significante (p=0,0324) entre os 
professores  da escola que têm experiência de inserção de aluno deficiente físico em classe de ensino 
comum e os que têm experiência semelhante com o aluno deficiente mental. Os primeiros são mais 
favoráveis à inclusão que os segundos. 
A ELASI é constituída por itens ideológicos e operacionais. Assim, procedemos a uma análise à 
parte desses itens, comparando os professores das três escolas estudadas, excluídos os diretores e 
coordenadores pedagógicos. 
Ao serem comparados os resultados obtidos entre os professores das escolas 1 e 2, constata-se que 
houve diferença significante, tanto nos itens ideológicos como operacionais (p=0,0233 e p=0,0355, 
respectivamente).
Em relação aos professores das escolas 1 e 3, verifica-se que não houve diferença significante nem 
para os  itens ideológicos nem para os operacionais (p=0,1538 e p=0,7064, respectivamente). 
Quando comparados os escores obtidos pelos professores das escolas 2 e 3, ambos com experiência 
de inclusão, constata-se que não houve diferença significativa quanto aos itens ideológicos 
(p=0,1091). Pelo fato de a inclusão ser um assunto atual, relevante e politicamente correto, de um 
lado, e por envolver valores pessoais profundamente enraizados sobre direitos,  normas de convívio 
social, mudança de postura frente às pessoas consideradas excluídas do contexto educacional, não 
causa estranheza que esses professores tenham respostas semelhantes para os itens ideológicos da 
ELASI. 
A análise dos itens operacionais mostrou que as atitudes sociais dos professores da escola com 
experiência de inserção de aluno deficiente físico são significantemente mais favoráveis que as dos 
professores da escola com a mesma experiência com aluno deficiente mental (p = 0,0115).
Esses resultados são particularmente reveladores. Os professores das escolas 2 e 3  possuem 
praticamente as mesmas atitudes em relação à inclusão, quando considerados os itens ideológicos, 
isto é, são igualmente favoráveis à inclusão em termos dos princípios teórico-filosóficos. Ao 
considerar os itens operacionais, esses dois grupos de professores apresentam atitudes 
significantemente diferentes. A ELASI avalia as atitudes sociais em relação à inclusão de deficientes 
em geral e não especificamente de deficiente físico ou deficiente mental. Apesar disso, os professores 
da escola com experiência de ensino de um aluno deficiente mental apresentaram atitudes sociais 
significantemente menos favoráveis que os da escola com deficiente físico, quando avaliadas em 
relação a itens operacionais. Esse achado sugere que esses professores podem ter-se baseado na sua 
experiência com um tipo específico de deficiente para formar crenças e sentimentos em relação à 
inclusão de deficientes em geral.
Já na comparação entre as escolas que têm alguma experiência de inclusão, não há diferença 
significante na dimensão ideológica (p=0,1091), mas há diferença significante na operacional 
(p=0,0115), sugerindo que, embora concordem igualmente na aceitação da inclusão, os professores 
com alguma experiência com aluno deficiente mental podem visualizar mais dificuldades concretas na 
operacionalização de estratégias inclusivas do que os professores com experiência com aluno 
deficiente físico.  
O meio social da escola se constitui também nas relações construídas com colegas de classe. Daí 
decorre a importância de se estudar também o acolhimento do aluno deficiente por seus colegas, que 
pode ser avaliado por meio das atitudes sociais destes em relação à inclusão. 
Procedendo-se à analise estatística dos dados, constata-se que as atitudes sociais dos alunos em 
relação à inclusão não diferem de uma escola para outra. Entre os participantes da escola 1 e da 
escola 2, não há diferença significante (p=0,1496). Portanto, a experiência de contato com o colega 
deficiente físico parece não alterar as atitudes desses alunos em relação à inclusão.
Quanto aos participantes das escolas 1 e 3, não se evidencia  diferença significante (p=0,3432) nos 
escores de atitudes sociais. A experiência com aluno deficiente mental também parece não alterar as 
atitudes desses participantes em relação à inclusão. 
Entre os participantes das escolas 2 e 3, que têm experiência de contato com aluno deficiente físico e 
deficiente mental, respectivamente, também não há diferença estatisticamente significante (p=0,7679), 
indicando que para esses dois grupos de alunos a natureza do comprometimento não interfere nas 
atitudes sociais, o que não acontece com os professores, os quais demonstram maior aceitação em 
relação à inclusão do aluno deficiente físico.  Talvez, isso se deva ao fato de as crianças serem mais 
desprovidas de preconceitos em relação aos seus pares e, por outro lado, diferentemente do papel 
do professor, o qual é o  responsável pelas adequações curriculares pertinentes,  cabe às crianças 
apenas  o papel da interação com os demais alunos no contexto socioeducacional. Evidentemente, as 
mediações planejadas pelo professor assumem um papel importante  para o processo de relações 
sociais do deficiente no âmbito escolar.  
Os resultados deste estudo indicam que os professores que tiveram experiência direta ou indireta com 
a educação de aluno deficiente físico apresentaram atitudes sociais em relação à inclusão mais 
favoráveis que seus pares de escola na qual a experiência de inserção se deu com um aluno deficiente 
mental. Com os alunos das classes nas quais estavam inseridos esses alunos deficientes parece que a 
natureza da deficiência não exerceu efeito diferencial sobre as atitudes sociais. 
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