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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
ESTUDO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA DE LEITURA COM
ALUNOS COM SÍNDROME DO ALCOOLISMO FETAL
Regina Keiko Kato Miura
Angela Vicente Alonso
Vanessa Aparecida Mariano Peluccio
Sabrina Alves
Joseléia Fernandes
Departamento de Educação Especial- Faculdade de Filosofia e Cièncias- Unesp- Marília
RESUMO
Numa jornada de trabalho pedagógico o professor deve utilizar o conhecimento científico para
elaborar e modificar rotinas, experimentar hipóteses de trabalho, recriar estratégias e inventar
procedimentos e recursos, dentre outros. Na situação de leitura é importante que o professor
ofereça oportunidades para o aluno ler, em várias atividades da rotina, lendo em conjunto com o
mesmo e utilizando estratégias de leitura que o auxilie a seguir adiante na leitura da palavra, frase ou
textos. O presente projeto de extensão teve por objetivo observar o desempenho em atividades de
leitura de duas crianças cujo diagnostico é síndrome do alcoolismo fetal e que tem apresentado,
como conseqüência, dificuldades de aprendizagem acadêmica. Estes alunos freqüentam o grupo de
atendimento educacional, desenvolvido durante o estágio curricular em Práticas de Ensino na área
de deficiência Mental, da Habilitação em Educação Especial, do curso de Pedagogia da FFC. A
prática de ensino é realizada no Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES). Visando
minimizar e superar as dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita foi utilizado o procedimento
de oportunidade de resposta seguido de modelo. Este procedimento foi utilizado anteriormente para
aquisição de linguagem oral em alunos com deficiência mental cujo resultado mostrou que o
decorrer de uma rotina oferece oportunidades de aprendizagem de resposta de comunicação. O
procedimento de leitura foi implementado durante a leitura de revistas de interesse do sujeito e livros
de histórias graduados em termos de dificuldade. Os resultados parciais têm demonstrado melhoras
no desempenho de leitura tanto na verbalização das palavras lidas quanto da fluência na leitura cujos
dados são semelhantes aos encontrados em outros estudos realizados com sujeitos que apresentam
dificuldades de aprendizagem.
Apoio: Proex/Unesp e CEES
1- INTRODUÇÃO
Investigações que analisaram as rotinas acadêmicas de crianças de séries iniciais em salas de aula
mostraram que a atividade de leitura é pouco requerida dos alunos. Normalmente, essa atividade se
resume a ler algumas palavras ou frases durante a aula (Moraes, 1980; Freitas, 1990; Vitaliano,
1991). Sendo assim, as crianças dessas salas de aula aparentemente têm poucas oportunidades
para apresentar e desenvolver habilidades de leitura, quando é importante que o professor
proporcione oportunidades de leitura ao aluno e que o coloque em contato com materiais textuais.
Mais recentemente, estudos sobre o desempenho de leitura e escrita de alunos na rede pública de
ensino apresentam resultados semelhantes de décadas passadas (Lustosa, 2000; Cappelini, Ciasca,
1999; Vilela, 2002). Algumas destas pesquisas relatam as angústias de pais com queixa de que o
filho não está bem na escola e que não gosta de ler e realizar as tarefas. Apesar de substancialmente
revistos os conceitos e teorias acerca da alfabetização, parecem ser pertinentes refletir e reavaliar a
aplicabilidade e a realidade de muitos alunos que continuam não aprendendo a ler e escrever.
Esta realidade escolar também constitui as principais características da atividade de leitura e escrita
de alunos com deficiência mental, ou seja, a dificuldade que os mesmos apresentam em se tornar
leitores fluentes e funcionais. Na tentativa de propor e alterar tal realidade escolar há pesquisas que
desenvolveram estratégias de ensino, que podem orientar os professores e melhorar o desempenho
do aluno nas atividades de leitura (Spradlin, Saunders & Saunders, 1989; Miura, 1992). Por
exemplo, Spradlin, Saunders & Saunders (1989) apontaram que a utilização de rotinas diárias,
como por exemplo, em situações de alimentação ou em situações lúdicas, oferece oportunidades
para promover a aprendizagem de respostas orais em crianças deficientes mentais. Considerando a
eficiência do procedimento que provê oportunidade de resposta seguida por modelo em atividades
de rotina diária, Miura (1992) investigou a adaptação desse procedimento na aquisição de
habilidades acadêmicas, especificamente em situação de leitura, objetivando estudar o efeito do
procedimento para desenvolver habilidades de leitura em alunos com dificuldades de aprendizagem.
O presente estudo teve por objetivo a replicação do estudo de Miura (1992) com sujeitos cujo
diagnóstico é de síndrome do alcoolismo fetal, para avaliar a generalidade dos resultados obtidos
anteriormente com população específica.
2- MÉTODO
Participantes: - dois alunos, um apresenta diagnóstico de síndrome do alcoolismo fetal e o outro
com histórico de efeito de álcool durante a gestação, com idade de 6 e 10 anos, respectivamente,
seus familiares e duas estagiárias do curso de pedagogia, habilitação em educação especial, área
deficiência mental
Local e material: A pesquisa foi conduzida numa sala do Centro de Estudos da Educação e da
Saúde – CEES/ UNESP-Marília.. O material de leitura constou de livro para avaliação intitulado:
“a menina e o pássaro encantado”, de Rubem Alves e livros para a intervenção: 18 livros de
história infantil (Coleção Estrelinha - Sônia Junqueira), graduados em níveis de dificuldades e textos
de revistas, jornais, gibis, etc, conforme o interesse do sujeito.
Procedimento: Basicamente o procedimento consistia em o o pesquisador sentar-se ao lado do
sujeito enquanto este lia a história; se o tempo que o aluno levava para ler uma palavra ultrapassasse
cinco segundos (ou se o aluno lesse incorretamente uma palavra), o pesquisador falava a palavra,
pedindo para o aluno repetir. Após a avaliação da leitura a seqüência de apresentação dos livros
variou de acordo com os livros infantis graduados em nível de dificuldade. O primeiro nível de
dificuldade equivale à leitura de histórias curtas, que contêm palavras que se repetem ao longo do
texto, compostas por sílabas simples. O segundo nível de dificuldade envolve textos mais longos e
com algumas sílabas complexas. Os livros do terceiro nível de dificuldade apresentavam textos mais
longos que aqueles dos níveis anteriores e com praticamente todas as dificuldades da linguagem
escrita (por exemplo: dígrafos, encontros consonantais). Cada nível de dificuldade era composto por
6 livros de histórias infantis. Assim, Todas as sessões de leitura foram gravadas em fitas de áudio e
posteriormente transcritas para protocolos de registros.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados parciais têm demonstrado dados positivos quanto ao processo de aprendizagem em
leitura e escrita. No entanto, não é apenas para o mundo do trabalho que esse conhecimento é
importante. Para a ampliação da participação social e exercício efetivo da cidadania ser um usuário
competente da leitura e da escrita é condição fundamental.
Observa-se na figura 1, os dados parciais de um dos participantes deste estudo, cujos dados são
representativos para o segundo participante. A figura 1 mostra a porcentagem de acertos em leitura
de palavras, com e sem dicas, de cada livro de acordo com o nível de dificuldades dos livros.
O participante P1 apresentou um aumento acentuado na leitura correta de palavras e diminuição
progressiva do número de ocorrências de dicas ou modelos por parte do instrutor. Um outro
resultado avaliado, com base no registro da duração do período de leitura, diz respeito ao tempo
de leitura registrado entre a primeira leitura de um livro e a repetição desse livro após passar por
outros livros no mesmo nível de dificuldade. Houve uma diminuição do tempo de leitura do livro, o
que provavelmente no decorrer do programa de leitura, favoreceu a compreensão da história lida. A
eficácia do procedimento pode ser devida à oportunidade proporcionada para o sujeito ter contato
freqüente com material textual, fazer relação entre a letra e o som da fala, relatando com seqüência
as histórias lidas e apresentar o desempenho de leitura num contexto não punitivo, com
disponibilidade de dicas ou modelos para a resposta e correções apenas quando se faziam
necessárias.
Atualmente o processo de leitura refere-se a um tipo de letramento que inclui tanto saber decifrar o
escrito, quanto ler/escrever com proficiência de leitor/escritor competente. Quer dizer, saber utilizar
nas práticas sociais de leitura e de escrita as estratégias e procedimentos que conferem maior
fluência e eficácia ao processo de produção e atribuição de sentidos aos textos com os quais se
interage LEITE (2001).
Estudos como esses confirmam a importância da utilização de um instrumento de avaliação de leitura
possibilitando principalmente aos profissionais da área educacional, e outras afins e a família, bases
para futuras intervenções. Bem como, definir ações e estratégias conjuntas para incentivar e avaliar
o processo de leitura compreensiva e participativa.
4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPPELINI, S. A.; CIASCA, S. M. Aplicação da prova de consciência fonológica (PCF) em
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Nº 1, edição trimestral, 1999.
FREITAS, M. L, H.O, Efeitos de um procedimento para ensino de leitura sobre comportamento s
acadêmicos em sala de aula. In: xx reunião anual de psicologia, 1990, Ribeirão Preto. São Paulo.
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JUNQUEIRA, S. O macaco e a mola . Coleção Estrelinha.1. 2a..ed.São
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________. O galo maluco. Coleção Estrelinha 1. 2a. Ed. São
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________. O pato e o sapo. Coleção Estrelinha 1. 2a. Ed. São
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________. A arara cantora. Coleção Estrelinha 2. 2a. Ed. São
Paulo: Editora Ática, 1985.
________. O caracol viajante. Coleção Estrelinha 2. 2a. Ed. São
Paulo: Editora Ática, 1985.
________. O barulho fantasma. Coleção Estrelinha3. 2a. Ed. São
Paulo: Editora Ática, 1985.
________. O peixe pixote. Coleção Estrelinha 3. 2a. Ed. São
Paulo: Editora Ática, 1985.
________. Um palhaço diferente.Coleção Estrelinha3. 2a.Ed.
São Paulo: Editora Ática, 1985.
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