http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/204.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
O PROGRAMA PASSO A PASSO DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE PARA 
PESSOAS SURDOCEGAS: SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS E ANÁLISE
Lilia Giacomini – AHIMSA – GRUPO BRASIL
Elcie A. Forte Salzano Masini – Mackenzie\USP
RESUMO
Este Programa nasceu de observações de surdocegos adultos em que foi detectada a necessidade 
de apoiá-los e despertar neles a vontade de estar em grupo, de comunicar-se, de poder deslocar-se 
com independência e segurança, de voltar a estar incluso na vida cotidiana e profissional, e 
principalmente, de terem autonomia, no “ir e vir” a que cada cidadão está reservado o seu direito de 
acordo com a Constituição (1988). Baseados na Constituição de 1988, com vistas a favorecer esta 
população a desfrutar de seus direitos, a nossa preocupação em escutar nossos alunos era a de 
desenvolver um programa de orientação e mobilidade que pudesse ter um olhar atento às 
especificidades desta população para que pudessem resgatar a liberdade, a autonomia e 
principalmente sua qualidade de vida. Assim nasceu em 2003, o Programa Passo a Passo com 
objetivos de: implementar o programa criado pela Ahimsa para surdocegos pré-lingüísticos e 
deficientes múltiplos sensoriais e organizar um programa específico para pessoas surdocegas pós-lingüística. Esse programa faz parte de uma das Oficinas oferecidas no Grupo Brasil para o trabalho 
de reabilitação em Orientação e Mobilidade.
Introdução
Este trabalho sugere caminhos para a inclusão das pessoas surdocegas na escola, trabalho, 
atendimento à saúde e outros ambientes, ao desenvolver recursos para o desenvolvimento de 
autonomia e acessibilidade e de dar diretrizes para professores de Orientação e Mobilidade de 
programas escolares de surdocegos.
A Orientação e Mobilidade é um conjunto de estratégias e técnicas utilizadas com toda as 
informações sensoriais que promove e devolve a pessoa surdocega um deslocamento orientado e 
seguro para conhecer o seu entorno bem como resgatar a auto-estima, autonomia e principalmente, 
a qualidade de vida para as pessoas surdocegas adultas.
A relevância deste trabalho está em discutir e estudar um tema importante para conhecimento do 
mundo, desenvolvimento da aprendizagem, autonomia e a inclusão da pessoa surdocega.
Assim, os objetivos gerais deste trabalho são:
1.         Sistematizar dados do Programa Passo a Passo 
de Orientação e Mobilidade para pessoas 
Surdocegas pós-lingüísticas.
2.         Elaborar um Protocolo de Avaliação 
para mostrar as especificidades da surdocegueira no 
trabalho de Orientação e Mobilidade.
3.         Implementar e ampliar os recursos e técnicas 
de orientação e mobilidade para as pessoas 
com surdocegueira.
Método
O programa Pedagógico de Orientação e Mobilidade foi baseado no Enfoque do Movimento, 
segundo Dijk (apud Goetz, Guen, Strenei-Campbell, 1983) o qual ressalta a importância da 
nutrição1 ressonância2 e o movimento co-ativo3 com pessoas surdocegas 
para o processo de 
aprendizagem O autor assinala a importância da relação do professor de orientação e mobilidade 
com a pessoa surdocega, que inicia no corpo a corpo e não só de aplicação das técnicas de guia 
vidente, auto-proteção e de bengala longa.
Esse enfoque requer consideração à história de vida, necessidades e interesse do aluno, suas 
condições sensório-motoras, seu estilo e ritmo de aprendizagem; o que envolve o bio-psico-social, 
para que ocorra transferência e autonomia na orientação e mobilidade em vários ambientes.
Os estudos de Hill (1990 apud Garcia, 2001) também contribuíram para organização pedagógica 
do programa Passo a Passo, passamos a descrever abaixo os aspectos de maior relevância para o 
programa, tanto para surdocegos pré e pós-lingüísticos:
a)         Aspectos Cognitivos: aquisição e transferência para a prática de referências (corporal, 
de 
lateralidade, temporais, espaciais e outros); natureza dos objetos relacionados com o ambiente; 
nomear e reconhecer objetos bem como saber suas funções; lógica de pensamento; solução de 
problemas com atenção às tomadas de decisão; transferência, abstração e generalização.
b)         Aspectos Psicomotores: movimentos básicos com ou sem locomoção e manipulatórios; 
habilidades perceptivas (sensoriais residuais, hápticas, cinestésicas, proprioceptivas, olfativas, de 
coordenação e outras); capacidades físicas (resistência e tônus muscular) e habilidades motoras.
c)         Aspectos Psico-emocionais: atitudes, auto-imagem, autoconfiança, interesse, disposição 
para aprender, controle emocional, trabalhar a aceitação da sua nova identidade e apoio da família.
Resultados e Discussão
A pesquisa será realizada com quatro surdocegos pós-lingüísticos de Síndrome de Usher.
Para esta coleta de dados usaremos segundo Bogdan e Biklen (1982) a pesquisa qualitativa ou 
naturalística, “que envolve a obtenção de dados descritivo, obtidos no contato direto do 
pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o processo que o produto e se preocupa em 
retratar a perspectiva dos participantes”. Para isto foi criado um Protocolo de Observação para se 
ter as características e as necessidades específicas de cada sujeito.
Segundo Ludke e André (1986), analisar os dados de forma qualitativa significa “trabalhar” todo 
material obtido durante a pesquisa. Nosso material de pesquisa serão os registros das observações 
realizadas sobre as aulas de orientação e mobilidade dos alunos surdocegos.
Nossa proposta de trabalho para análise de dados será:
ü         Releitura do material pesquisado
ü         Organização das descrições em determinada 
ordem
ü         A partir dessa organização, será feita uma classificação 
dos dados, considerando os itens do 
Protocolo de Avaliação e um Questionário para cada sujeito.
Estaremos atentos para analisar tanto do conteúdo referente aos itens do Protocolo, quanto dos 
dados detalhados da descrição do ocorrido nas situações de aula, isto é manifestações corporais, 
interrupções e pausas nas atividades, silêncios e ruídos, etc. e dados do questionário. 
Depois da análise dos dados registrados será feito um trabalho de apresentação dos dados, 
comparando-os com os referenciais teóricos existentes sobre orientação e mobilidade de pessoas 
cegas e material referente a pessoas surdocegas.
1  A etapa de Nutrição é muito importante, pois, é neste período que a pessoa surdocega e o professor, criam 
vínculos, laços de confiança que servirão como base para as atividades que realizarão juntos. .O sentimento de 
Segurança é fundamental para o aprendizado. Nesta etapa é importante o contato corporal para a realização de 
movimento ,favorecendo o aprendizado e construção da memória.
2  Na etapa de Ressonância, o professor se posiciona atrás da pessoa surdocega, envolvendo-a com seus  
braços, realizando as atividades e movimentos juntos.
3  Na etapa do movimento Co-Ativo fazemos uso da técnica de mão sobre mão (o professor posiciona sua mão 
sob a mão da pessoa surdocega) ajudando-a realizar explorações de objetos, pessoas, ambientes e em suas 
atividades.
Referências Bibliográficas
BOGDAN, R. C. e BIKLEN, S. K. Abordagens qualitativas de pesquisa. A pesquisa etnográfica e 
o estudo de caso in Pesquisa em educação abordagem qualitativa, 1982, Ludke M. e André, M., 
São Paulo: EPU, 1986.
BUENO, G. Manual de noções e técnicas para o desenvolvimento de habilidades básicas para 
orientação e mobilidade do cego. In Cadernos do EDM, FEUSP, vol. 3, nº 1, out. 1992
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de dezembro de 1988, DOU 
05.10.88. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm acessado em 
31.03.2007.
BRASÍLIA, SEESP. Programa nacional de apoio à educação de deficientes visuais- formação de 
professor de orientação e mobilidade, projeto: ir e vir, ABEDEV, 2002.
CUNHA, A G.. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Nova Fronteira: São Paulo, 2 ed, 
1999 (p. 526 e 564).
DAMEN, G.W. J., KRABBE, P., F.M, KILSBY, M. MYLANUS, E. The Usher lifestyle survey: 
maintaining independence: a multi-centre study in International Journal of Rehabilitation Research. 28 
(4): 309-320, December 2005.
FELIPPE. J. A. (elaboração) Caminhando juntos: manual de habilidades básicas de orientação e 
mobilidade. Brasília: MEC, SEESP, 2003.