http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/222.htm |
|
Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA ESCOLA MUNICIPAL DE CAMPINAS
EDUCAÇÃO INFANTIL
Profa. Espa. Susy Mary Vieira Ferraz
RESUMO
A Educação Especial vem se construindo junto a SME desde 1989, na perspectiva de uma política
de educação com ações que visam efetivar inclusão de alunos com necessidades especiais no
processo desenvolvido no ensino regular.
As ações que se esperam da SME é que se unam esforços para ampliar a capacidade das escolas
de responderem a essa diversidade, minimizando suas dificuldades e todas as práticas excludentes e
segregadoras.
Atualmente, a Educação Especial dentro da SME atua no âmbito da Educação Infantil, Ensino
Fundamental e EJA II da Rede Municipal, atendendo alunos com deficiências, condutas típicas, com
altas habilidades ou com necessidades educacionais especiais, oferecendo: Grupos de Estudos e de
Formação sobre a Inclusão e o Apoio Pedagógico Especializado de professores de Educação
Especial.
O Professor de Educação Especial, que têm sobre sua responsabilidade blocos com 1 à 5 escolas,
dependendo do número de alunos e especificidades de trabalho, atuam junto com a Equipe
Escolar, com a função de trabalhar para que o processo de inclusão não se resuma à convivência
social, mas oferecer aos alunos um trabalho pedagógico especializado que permita o seu
desenvolvimento cognitivo, cultural e social, através do envolvimento em todas as atividades do
cotidiano da Unidade Educacional, levando em conta a existência de diferentes níveis, ritmos e
formas de aprendizagem e buscando sempre novas situações, procedimentos de ensino e estratégias
que promovam o avanço escolar.
Partindo desse referencial, o trabalho de Educação Especial nas Unidades Escolares, vem
modificando as concepções e preconceitos em relação à deficiência no ambiente escolar e levantam
e realizam discussões e práticas que contribuam para o desenvolvimento integral de todos.
A concepção de que a Educação tem o papel primordial no desenvolvimento da consciência, da
cidadania e de direitos, já que é na escola que a criança começa a conviver num coletivo
diversificado fora do contexto familiar, é que a Educação Especial afirma a importância da inclusão
de todas as crianças desde o berçário, pois quanto mais precoce a vinda da criança deficiente para
a escola ou quanto mais cedo se perceber e/ou encaminhar, maior será a possibilidade de
desenvolver as potencialidades e aquisição das habilidades e competências.
As propostas apresentadas pela Educação Especial, tem o intuito de reconhecer e valorizar os
alunos em suas peculiaridades étnicas, de gênero, cultura, partindo de suas realidades de vida, de
suas experiências, de seus saberes, fazeres e vão sendo tramadas em redes de conhecimento que
superem as dificuldades encontradas.
Certamente um professor que engendra e participa da caminhada do saber com seus alunos, como
nos ensinou Paulo Freire (1978), consegue entender melhor as dificuldades e as possibilidades de
cada um e provocar a construção do conhecimento com maior adequação, partindo dessa visão,
nossa proposta envolve as seguintes AÇÕES:
· Participação
efetiva na construção do Projeto Pedagógico
· Ações
conjuntas com a direção da escola
· Ações
conjuntas com a equipe escolar
· Ações
conjuntas com o(s) professor(es)/monitores das salas com alunos com deficiências ou
necessidades especiais
· Ações
envolvendo todos os alunos da unidade escolar
· Organização
documental da Educação Especial da escola
· Trabalho
com famílias/comunidade
· Participação
no GEM (Grupo de Estudo de Monitores)
INTRODUÇÃO
A Educação Especial conforme define a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educação
escolar. Sua ação transversal permeia todos os níveis – educação infantil, ensino fundamental,
ensino médio e educação superior, bem como as demais modalidades – educação de jovens e
adultos e educação profissional, voltada para a formação do indivíduo, cujos processos visam
promover o desenvolvimento das competências de pessoas com deficiências, condutas típicas, com
altas habilidades ou com necessidades educacionais especiais, cujo projeto, organização e prática
pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos e exigir diferenciações nos atos pedagógicos
que contemplem as necessidades educacionais de todos. (PCN - 1999)
Sob esse paradigma de inclusão, a ação educativa deve estar comprometida com a cidadania e com
a formação de uma sociedade democrática e não excludente, deve necessariamente promover o
convívio com a diversidade, que inclui não somente as diversas culturas, os hábitos, os costumes,
mas também as competências, as particularidades de cada um. A criança que conviver com a
diversidade nas instituições educativas, poderá aprender muito com ela. Pelo lado das crianças que
apresentam necessidades especiais, o convívio com as outras crianças se torna benéfico na medida
em que representa uma inserção de fato no universo social e favorece o desenvolvimento e a
aprendizagem, permitindo a formação de vínculos estimuladores, o confronto com a diferença e o
trabalho com a própria dificuldade.
A educação inclusiva garante então, o cumprimento do direito constitucional indisponível de
qualquer criança ao ensino, já. Uma proposta educacional inclusiva é aquela que vê os alunos com
deficiência como titular dos mesmos direitos que os demais, que pressupõe uma organização
pedagógica das escolas e práticas de ensino que atendam as diferenças entre todos os alunos, sem
discriminações indevidas, beneficiando a todos com o convívio e crescimento na diversidade. O
atendimento educacional especializado e os apoios especiais são instrumentos, às vezes necessários,
para que eles tenham acesso a uma educação de qualidade, mas não podem impedi-los de
freqüentar o mesmo ambiente que qualquer outro educando. (Cartilha, 2004)
Está em construção um sistema educacional que tenha um olhar para todos e a perspectiva dessa
educação ainda constitui um grande desafio, quando a realidade aponta para uma numerosa parcela
de excluídos do sistema educacional atual.
Enfrentar esse desafio faz parte do ideário da inclusão, que prevê uma escola aberta à diversidade,
com flexibilização e dinamização do currículo escolar: na proposta, nos objetivos, no
desenvolvimento dos conteúdos, no processo avaliativo, na temporalidade e Organização do
trabalho didático-pedagógico, no intuito de favorecer a aprendizagem.
As escolas de Educação Infantil, creches e similares, dentro de sua atual e reconhecida função de
cuidar e educar, devem estar preparadas para crianças com deficiência e outras necessidades
especiais. De acordo com a Cartilha (2004), se faz necessário para crianças de zero a seis anos:
oferecer atendimento educacional especializado, que pode envolver formas específicas de
comunicação, apenas quando este atendimento não ocorrer nas escolas comuns de Educação
Infantil. Proporcionar, quando necessário, atendimentos clínicos, que não dispensam atendimentos
individualizados. De acordo com o Estatuto da criança e do Adolescente, esses atendimentos não
podem ser oferecidos de modo a impedir o acesso à Educação Infantil comum, devendo este ser
incentivado pela instituição como forma de garantir a inclusão da criança.
Dentro das diretrizes destas escolas inclusivas, devem ser observados alguns aspectos fundamentais:
é indispensável que os estabelecimentos de ensino eliminem suas barreiras arquitetônicas,
pedagógicas e de comunicação, adotando métodos e práticas de ensino escolar adequadas às
diferenças dos alunos em geral, oferecendo alternativas que contemplem a diversidade dos
alunos, além de recursos de ensino e equipamentos especializados, que atendam a todas as
necessidades educacionais dos educandos, com e sem deficiências, mas sem discriminação, ou
seja: “Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”, admitir as diferenciações
com base na deficiência apenas para o fim de se permitir o acesso ao seu direito e não para
nega-lo.(Cartilha, 2004)
Mesmo que não consigam aprender todos os conteúdos escolares, há que se garantir também aos
alunos com severas limitações o direito à convivência na escola, entendida como espaço privilegiado
da formação global das novas gerações. Uma pessoa, em tais condições, precisa
inquestionavelmente dessa convivência.
Além disso, os conteúdos escolares que esse aluno não conseguir aprender numa escola que lhe
proporcione um ambiente desafiador e que adote as práticas de ensino adequadas à
heterogeneidade das salas de aula, provavelmente não serão aprendidos em um ambiente segregado
de ensino. Por outro lado, nada impede que esse aluno severamente prejudicado receba
atendimento educacional especializado, como complemento e apoio ao seu processo escolar
comum.
A Educação Especial dentro da SME atua no âmbito da Educação Infantil, Ensino Fundamental e
EJA II da Rede Municipal, atendendo alunos com deficiências, condutas típicas, com altas
habilidades ou com necessidades educacionais especiais, oferecendo: Grupos de Estudos e de
Formação sobre a Inclusão e o Apoio Pedagógico Especializado de professores de Educação
Especial com formação em áreas diversas: Deficiência Mental, Deficiência Auditiva, Deficiência
Física e Deficiência Visual, que se distribuem em Serviços variados:
Professor de Apoio no NAED (Núcleo de Ação Educativa Descentralizada) – Professor
eleito pelo grupo para coordenar o trabalho de Educação Especial em cada NAED.
Professor de Educação Especial na Escola – Apoio e desenvolvimento de um trabalho
pedagógico especializado diretamente com a equipe escolar e com os educandos.
Sala de Recursos
Deficiência Auditiva
Deficiência Visual
Sala em local diferenciado, onde professores dão assessoria pedagógica especializada aos alunos,
professores e pais.
Classe Hospitalar
Hospital Mário Gatti
Trabalho de parceria com o hospital, onde espaços são oferecidos para que o trabalho dos
pedagogos da Ed. Especial possa acontecer. Aí são encontrados brinquedos, jogos e realizadas
atividades diferenciadas e apoio pedagógico a todas as crianças que procurarem o local.
MÉTODO
O Professor de Educação Especial tem então, junto com a Equipe Escolar, a função de realizar um
trabalho pedagógico especializado que permita o seu desenvolvimento cognitivo, cultural e social,
através do envolvimento em todas as atividades do cotidiano da Unidade Educacional, envolvendo
as seguintes AÇÕES:
PROJETO PEDAGÓGICO
Efetiva participação na elaboração, desenvolvimento e avaliação do Projeto Político Pedagógico da
Unidade Escolar, pontuando a ação da Educação Especial na perspectiva inclusiva: levantando
metas, objetivos, necessidades, propostas e procedimentos que favoreçam o aprendizado de todos
os alunos e de modo especial, propondo a utilização de recursos, estratégias e ações necessárias às
especificidades em relação à aprendizagem dos alunos com deficiências e necessidades
educacionais especiais que se encontram matriculados nessa escola.
AÇÕES CONJUNTAS COM A DIREÇÃO DA ESCOLA
Orientar a Unidade Escolar quanto aos encaminhamentos necessários, para solicitação de avaliação,
acompanhamento de serviços especializados e condutas médicas.
AÇÕES CONJUNTAS COM A EQUIPE ESCOLAR
Estudos de temas relacionados à Educação Especial, que forem de interesse da Equipe Escolar, nos
momentos de TDCs ou Reuniões de Integração e Formação, propostos pelas professoras de
Educação Especial ou por palestrantes convidados.
Construção do “Cantinho da Diversidade” – Espaço especial na Biblioteca da Escola, que contará
com Livros, Artigos, Documentos com temas relacionados à Diversidade. Será realizado um
resgate dos materiais já existentes e captação de novos exemplares. Esse espaço será de livre
acesso a toda Equipe Escolar.
AÇÕES CONJUNTAS COM O(S) PROFESSOR(ES)/MONITORES DAS SALAS COM
ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS OU NECESSIDADES ESPECIAIS
Assessoria técnico-pedagógica especializada aos profissionais, desenvolvendo em conjunto com o
Professor/Monitor da classe, propostas pedagógicas que atendam as necessidades especiais do
alunado da Educação Especial;
Apoio individual ao Professor/Monitor, com sugestões de adaptações de atividades e curriculares,
definição da metodologia e avaliação adequada aos alunos com necessidades educacionais
especiais, de acordo com o planejamento da classe, para os alunos que necessitam desses
recursos.
Utilizar, elaborar ou recomendar materiais, equipamentos ou recursos apropriados aos alunos com
necessidades educacionais especiais.
Acompanhar e auxiliar os alunos com necessidades especiais dentro da sala de aula quando
necessário e em casos de extrema necessidade, fora dela.
AÇÕES ENVOLVENDO TODOS OS ALUNOS DA UNIDADE ESCOLAR
Realização de Atividades Lúdicas com todos os alunos com o Tema Diversidade, através de
Contação de Histórias, trabalho com fantoches, atividades sensoriais, filmes, jogos e brincadeiras.
Essas atividades serão realizadas com um pré-agendamento das Professoras de Educação Especial.
ORGANIZAÇÃO DOCUMENTAL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Organizar e atualizar os registros e prontuários dos alunos da Educação Especial
TRABALHO COM FAMÍLIAS/COMUNIDADE
Realizar reuniões com a família sempre que necessário para:
Entrevista (anamnese)
Verificação, encaminhamento e acompanhamento dos atendimentos recebidos nas áreas da saúde e
pedagógica;
Encaminhar para outros atendimentos quando houver necessidade;
Orientar em relação a posturas adequadas de auxílio nas questões que interferem no
desenvolvimento pedagógico.
Realizar
PARTICIPAÇÃO NO GEM (Grupo de Estudos de Monitores)
Trabalho de temas relacionados à Educação Especial, com todas as monitoras da Região Leste, nos
períodos da manhã e tarde. Lembrando que este grupo está aberto para participação de
professores.
RESULTADO
A avaliação de cada aluno ocorre através da percepção do progresso no desenvolvimento de cada
um consigo mesmo, tendo como base, registros de atividades e observações e sua progressão
educacional.
Todas as ações são avaliadas por toda a Comunidade Escolar, através de quantificação e
qualificação da mudança de atitudes de curto/médio/longo prazo.
O que se tem de resultado desse trabalho é o grande número de pessoas com deficiência incluídas
nas Escolas da Rede Municipal de Campinas e o acompanhamento da progressão desses alunos da
Educação Infantil ao Ensino Fundamental e depois ao Ensino Médio, este sem o acompanhamento
dos profissionais da Educação Especial, pois o Ensino Médio em Campinas não é de
responsabilidade da Rede Municipal.
DISCUSSÃO
Acompanhando as evoluções e modificações que tem sofrido toda a sociedade, principalmente com
o conceito da INCLUSÃO, uma nova concepção foi sendo consolidada em torno da valorização
pessoal e respeito às diferenças. Por conseqüência disso, os rumos da atuação profissional nas mais
variadas áreas, também se alteraram e estão tendo grandes desafios.
No contexto escolar já se encontram novas formas de se pensar o desenvolvimento e aprendizagem
pelos professores e um trabalho diferenciado, que ultrapasse preconceitos e ações limitadoras e
discriminadoras, também já fazem parte do cotidiano da escola inclusiva.
Está em construção então, um sistema educacional que tenha um olhar para todos e a perspectiva
dessa educação ainda constitui um grande desafio, quando a realidade aponta para uma numerosa
parcela de excluídos do sistema educacional atual.
Enfrentar esse desafio faz parte do ideário da inclusão, que prevê uma escola aberta à diversidade,
com flexibilização e dinamização do currículo escolar: na proposta, nos objetivos, no
desenvolvimento dos conteúdos, no processo avaliativo, na temporalidade e organização do
trabalho didático-pedagógico, no intuito de favorecer a aprendizagem de todos.
BIBLIOGRAFIA
Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares - Estratégias para a Educação de
Alunos com Necessidades Educacionais Especiais, Secretaria de Educação Fundamental.
Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1999.
Cartilha – O acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede
Regular/Ministério Público Federal: Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva
(organizadores)/segunda edição – rev. e atualiz. – Brasília: Procuradoria Geral dos Direitos do
Cidadão, 2004.
LEIS E DOCUMENTOS - ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
ÂMBITO FEDERAL E ESTADUAL:
Constituições 1988
Lei 7853/89
Lei 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente
Política Nacional de Educação Especial/94
Lei de adaptação de edificações e logradouros
Resolução SE 247/86
Lei 9394/96 – Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
1998 - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
2001 – Plano Nacional De Educação – Lei 10.172, De 09/01/2001
2001 - Diretrizes Nacionais Para A Educação Especial Na Educação Básica – 11/09/2001 -
Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil – Estratégias E Orientações Para A
Educação De Crianças Com Necessidades Especiais.
Decreto 3.956/2001 – Convenção de Guatemala
ÂMBITO MUNICIPAL:
Lei Orgânica do Município de Campinas/92
Regimento Interno das Unidades do Ensino Infantil
Regimento Interno das Unidades do Ensino Fundamental (Regular e Supletivo)
Estatuto do Magistério
Lei 6134/89
Portaria 1163-90 - Diretrizes Projeto pedagógico/SME