http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/237.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

ATENDIMENTO PEDAGÓGICO HOSPITALAR: UM ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA.
Ana Cristina Freire da Silva
Graduanda do Curso de Pedagogia, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva (NEI/UERJ) – acfreire_uerj@yahoo.com.br
Edicléa Mascarenhas Fernandes
Professora Adjunta do Departamento de Educação Inclusiva e Continuada da Faculdade de Educação / UERJ- Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva (NEI/UERJ) – ediclea@globo.com
Clayton Paiva Coelho
Graduando do Curso de Pedagogia, bolsista de Iniciação à Docência do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva (NEI/UERJ) - clayton400@gmail.com
Luciana Barros da Silva Farias
Graduanda do Curso de Pedagogia, bolsista de Iniciação à Docência do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva (NEI/UERJ) - lucpeda@gmail.com
Eunice de Castro e Silva
Graduanda do Curso de Pedagogia, bolsista do Programa de Extensão do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva (NEI/UERJ) - nicepeda@yahoo.com.br
Annie Gomes Redig
Professora substituta do Departamento de Educação Inclusiva e Educação Continuada da Faculdade de Educação/ UERJ; pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva (NEI/UERJ) – annieredig@yahoo.com.br
 

RESUMO

O presente trabalho, vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva (NEI/UERJ), da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, apresenta pesquisa realizada a partir dos projetos de Iniciação à Docência “Atendimento Pedagógico Hospitalar e Modalidades de Atendimento em Educação Especial”, e o Projeto “Atendimento Pedagógico Precoce para Crianças com Deficiências e Atraso de Desenvolvimento no Ambulatório de Recém-Nascidos de Risco do Hospital Infantil” desenvolvidos no Hospital Ismélia da Silveira, do Sistema Único de Saúde de Duque de Caxias no Estado do Rio de Janeiro. Esta pesquisa objetiva identificar as necessidades das crianças hospitalizadas e possíveis riscos no seu desenvolvimento, acompanhar os recém nascidos do Ambulatório de Desenvolvimento Infantil, preparar a família e a criança para o processo de inclusão escolar e na sociedade e consolidar o trabalho do profissional de Pedagogia na instituição hospitalar.


Introdução
Este trabalho, vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva (NEI/UERJ), da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, apresenta a pesquisa realizada a partir dos projetos de Iniciação à Docência “Atendimento Pedagógico Hospitalar e Modalidades de Atendimento em Educação Especial”, e o Projeto “Atendimento Pedagógico Precoce para Crianças com Deficiências e Atraso de Desenvolvimento no Ambulatório de Recém-Nascidos de Risco do Hospital Infantil” desenvolvidos no Hospital Ismélia da Silveira, que pertence ao Sistema Único de Saúde de Duque de Caxias
A pesquisa fundamenta-se nos direitos especiais da criança em processo de internação através do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990; da Resolução nº. 41, de 13 de outubro de 1995, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente que ressaltam o direito de ser acompanhado por sua mãe ou responsável, durante todo o período de sua hospitalização, o direito de desfrutar de formas de recreação, formas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar, e o direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para a sua cura e reabilitação. A criança é conclamada no artigo 2º do dispositivo legal a se tornar um parceiro ativo em seu processo de tratamento, aumentando assim a aceitabilidade em relação à internação hospitalar, de forma que sua permanência seja mais agradável. Como proposta teórica, utilizam-se os pressupostos da teoria da complexidade do fenômeno do adoecimento humano como descritos por Castiel (1994) os estudos de Ceccim (1997) e Fernandes (2000), que se encontram em consonância com o Programa Nacional de Humanização dos Espaços Hospitalares, em que a Pedagogia pode contribuir como área de conhecimento primordial neste processo.
Hoje a inclusão é reconhecida como um espaço de igualdade, liberdade, democracia e autonomia. De acordo com (FERNANDES; GLAT; ORRICO; REDIG & FEIJÓ, 2005):

a inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais na sociedade, seja no ensino regular, no mercado de trabalho, no lazer, enfim, possui como objetivo a promoção de um cidadão com direitos e deveres igualmente aos demais indivíduos. (p.144)

O perfil do pedagogo no Currículo do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro é atuar em diversos espaços institucionais. Sendo assim, é relevante o preparo deste profissional para atuação em modalidades de atendimento da Educação Especial que se deslocam do cotidiano dos espaços escolares para outros espaços institucionais. Pois como afirma Ceccim (1997):

O atendimento pedagógico educacional no ambiente hospitalar deve ser entendido como uma escuta pedagógica às necessidades e interesses da criança, buscando atendê-las o mais adequadamente possível nesses aspectos.O apoio pedagógico agrega à assistência aspectos de valorização da auto-estima através de recursos que reduzem uma certa desvalia do adoecimento e suas conseqüências. A criança deve saber que, mesmo afastada temporariamente de sua classe, de sua escola, de seus professores, não será tão diferente dos outros no seu retorno. (p. 93)


O atendimento pedagógico hospitalar envolve uma interface com psicólogos, recreadores, equipe de enfermagem, serviço social, medicina e pós-graduandos de áreas afins. O intercâmbio ocorre formalmente através de sessões de estudo semanais, nos encontros de estudo de caso; e de maneira informal no cotidiano da instituição.
Neste sentido os objetivos da pesquisa são: identificar as necessidades das crianças hospitalizadas e possíveis riscos para o seu desenvolvimento, acompanhar os recém nascidos do Ambulatório de Desenvolvimento Infantil, preparar a família e a criança para o processo de inclusão escolar e na sociedade e consolidar o trabalho do profissional de Pedagogia na instituição hospitalar.

I - Metodologia
O enfoque metodológico é a pesquisa participante em que o professor-pesquisador, através do acompanhamento dos usuários implementa e desenvolve propostas pedagógicas compatíveis aos espaços hospitalares (educação precoce no Ambulatório de Desenvolvimento Infantil e atividades pedagógicas no espaço da Brinquedoteca) monitorando o desenvolvimento dos bebês e mantendo o vínculo escolar da criança no momento de sua internação.
A pesquisa possui rotina de um encontro de estudo semanal para planejamento e sessões pedagógicas ao longo da semana em diversos espaços hospitalares. A dinâmica do atendimento pedagógico fundamenta-se na Pedagogia de Projetos, sendo o brincar o fio condutor da dinâmica educativa, que centraliza uma temática escolhida pelos profissionais e usuários; e em torno da mesma, diversas atividades são desenvolvidas, tais como desenhos, dramatizações, hora do conto, videoteca e folclore regional.
O atendimento aos bebês e às famílias é realizado em abordagem interativa família-bebê a partir do protocolo de avaliação que consiste na caderneta de desenvolvimento com atividades domiciliares de rotina semanal, tendo como base os indicadores de capacidades adaptativas do protocolo da American Association on Mental Retardation, adaptado do estudo proposto por Fernandes (2000), além da avaliação do desenvolvimento global de recém nascidos de risco através do Inventário Portage Operacionalizado por Williams e Aiello (2001), o inventário Crescer Brincando (PÉREZ - RAMOS, 2002) e Brinquedos e Brincadeiras para o bebê (PÉREZ - RAMOS, 1995). Este material foi escolhido por propiciar além da avaliação do desenvolvimento a interação pedagogo-família-bebê.
Do processo interativo grupal os pesquisadores desenvolvem folhetos informativos do projeto como: “Meu filho tem síndrome de Down, e agora?”, “Por que estimular meu filho através da brincadeira?”.
Através de uma cartografia determinada o projeto acontece nos seguintes espaços:
 1- Pátio de recreação (observação do grupo, observação individual, atendimento grupal);
2- Pedagogia de Projeto (atividades vinculadas a projetos e datas culturalmente festejadas);
3- Sala da Brinquedoteca (observação individual, avaliação individual, espaço de aula);
4- Reunião com grupo;
5- Bebês, brinquedos e brincadeiras (enfermaria de lactentes).
8- Ambulatório de Desenvolvimento Infantil: Acompanhamento de Recém Natos de Risco
O pátio é o local onde o espaço do brincar possibilita melhor interação entre criança- acompanhante. A Brinquedoteca é um espaço de ação humanizadora em consonância com a Política Nacional de Humanização- Humaniza SUS, que se respalda nos preceitos definidos na lei 11.104 de 21 de março de 2005 que dispõe sobre a obrigatoriedade de brinquedotecas nas unidades de saúde. É provida de brinquedos e jogos educativos, catalogadas de acordo com faixas etárias. É o lugar onde acontecem reuniões com o grupo de acompanhantes, observações sistemáticas, observação individual, atendimento grupal e atividades vinculadas a projetos e datas culturalmente festejadas.
O acompanhamento das atividades é desenvolvido através das fichas dos inventários, dos diários de campo e dos cadernos de registro de desenvolvimento.

II- Desenvolvimento Infanto- Juvenil: Corpo, sentido e movimento
Analisaremos através de vinhetas de alguns casos acompanhados os objetivos que a pesquisa:

II. 1- O caderno de desenvolvimento e os kits de brincadeira
Através deste caderno o responsável registra como é o dia-a-dia da criança, e também seus anseios, dúvidas e o traz a cada novo encontro para que o pedagogo faça leitura e assim repasse atividades novas e registre também o que foi realizado. O pedagogo estrutura adaptações curriculares para fazer atividades com as crianças segundo a necessidade apresentada por cada uma. O brincar é de fundamental importância nos encontros realizados, pois através da brincadeira é permitida a estimulação do olhar, da coordenação motora, do raciocínio e de diversos pontos que antes eram esquecidos e pouco estimulados e nos permitindo realmente uma aproximação com a criança e a família, sendo este o fio condutor do atendimento.  As famílias percebem o ritmo de desenvolvimento de cada bebê.

II. 2- O encontro entre as famílias
Outro ponto da pesquisa que merece destaque é o resultado obtido com os pais dos bebês. A maior parte deles ao entrarem com seus filhos no projeto encontram-se um pouco que receosos quanto ao que será feito, se irá modificar efetivamente algo na vida de seu filho. No início, apresentam diversas dúvidas sobre a deficiência e o atraso do desenvolvimento, além do “medo” de fazer algo errado. Quando as dúvidas sobre como agir com seu filho especial são esclarecidas, percebe-se um maior envolvimento na relação que esses pais têm com a criança e com o projeto.
Nas reuniões, têm a chance de trocar experiências com outras famílias sobre suas angústias e medos em comum. Atualmente vinte bebês encontram-se em acompanhamento devido a seqüelas no momento do parto e síndromes genéticas, a maior parte com síndrome de Down. As famílias atendidas possuem níveis sócio-econômicos diversificados, pois devido a especificidade deste trabalho, mesmo famílias com plano de saúde não dispõem desta especialidade.
Todos os bebês são acompanhados na pediatria e possuem atendimentos complementares em fisioterapia, fonoaudiologia, cardiologia e genética de acordo com a necessidade. Quatro freqüentam programas educacionais em creches ou escolas da rede pública, dois freqüentam equoterapia, cinco com carência social foram encaminhados e recebem Benefício de Prestação Continuada e outros aguardam resposta da perícia.
Em relação à percepção da importância do papel do pedagogo hospitalar destaca-se a fala de um familiar:

 “Acho bom ter professores na área médica. Quando N. nasceu parecia um velório. Ah! Mãezinha a filha do Romário tem também. Ninguém me falou procure tal lugar” (referindo-se a encaminhamentos para programas de educação precoce).

Algumas vezes, as mães percebem-se excluídas no ambiente familiar junto ao seu filho com deficiência, como relata a mãe de M. (portador da síndrome de Down):

“Quando M. nasceu o pai dele se afastou, a família também, a senhora pediu para conversar com ele. Depois desse dia tudo mudou.” (referindo-se ao encontro com a família).

II. 3- Vinhetas do campo de pesquisa: Os bolsistas de pedagogia em cena
Vinheta 1- Intervenção na Oficina do Ambulatório de Desenvolvimento Infantil:“A família de J. procurou o projeto através do incentivo de uma amiga que tem uma filha de dez anos, com síndrome de Down e que atualmente faz acompanhamento no ambulatório de psicologia do hospital. Quando a mãe de J. chegou foi explicado o que vem a ser o atendimento de educação precoce. No primeiro encontro foi observado que J. não possuía oralidade, no entanto tinha uma grande empatia com música. Foi dado para a mãe o caderno de acompanhamento para o registro de atividades do bebê. No segundo encontro a mãe de J. escreveu no caderno todo o cotidiano do bebê e suas dúvidas, decidimos estimular a criança através de músicas infantis, a resposta a este estímulo foi imediato. Sorrisos, olhares e o bater de palminhas. No decorrer dos encontros trabalhamos a coordenação motora, pois ela apenas engatinhava, também trabalhamos atividades com espelhos, histórias de livro de panos e uma atenção especial à musica. Atualmente J. consegue ficar de pé, sua oralidade melhorou, consegue emitir alguns sons como “mama”, e aponta aquilo que ela quer.” (Diário de campo do bolsista)

Vinheta 2- Intervenção na Brinquedoteca: “Li para as crianças a estória de uma menina que era muito curiosa, mas antes de começar a ler perguntei-lhes se eram curiosas, ao que responderam: Não. Então, comecei a contar a estória, depois de contá-la conversamos sobre a importância de ser curioso. Perguntei depois da estória se eles achavam bom ou ruim ser curioso. M. disse que era bom, mas E. dizia ser ruim. Tentei insistir fazendo uma recapitulação de quantas coisas a menina da estória havia descoberto, mas E. continuava insistindo que era ruim. Intrigada, indaguei-lhe o porquê. E. contou que no lugar onde mora, se ele fosse curioso e perguntasse as coisas para um traficante poderia morrer. Precisei de alguns instantes para refletir e compreender todo o contexto social que aquela criança vivia, e em uma tentativa de entender e reverter sua situação, expliquei que ele poderia ser curioso, mas com as pessoas certas, como sua professora e seus pais. Essa criança encontrou no espaço do projeto um lugar em que pôde expressar toda sua insegurança de não poder realizar uma ação tão necessária ao desenvolvimento infantil – a curiosidade” (Diário de campo do bolsista)

Vinheta 3- Intervenção no pátio de recreação: “Li para dois meninos uma estória infantil sobre um rato do campo e da cidade, depois refletimos um pouco sobre a história e propus que fizéssemos um desenho e falássemos sobre ele. Fui a primeira a falar sobre o meu desenho, logo depois M. contou sobre o seu, ele copiou alguns desenhos do livro e do meu, seu desenho estava bastante rico, no entanto ao pedir que falasse, ele se limitou a repetir minha estória. Contudo, pude notar que no seu desenho havia um pequeno caixão, com uma pessoa dentro e uma cruz, perguntei sobre o que era aquilo, em um primeiro momento ele não quis falar, mas depois disse que a pessoa havia morrido porque tinha sido mordido no tornozelo por um rato. Conversando com M. descobri que ele estava internado há dois dias com pneumonia e que era a primeira vez que se internara. Provavelmente estava com medo de morrer, porque sabe que um hospital é um 'lugar para pessoas doentes'. M. encontrou no desenho uma forma de expressar o seu medo de morrer e encontrou em mim um interlocutor que estivesse interessado em escutar suas angústias.” (Diário de campo do bolsista)

Vinheta 4 - Intervenção na Brinquedoteca: “Uma adolescente de 12 anos, na 6ª série diante de uma enfermidade no coração, teve que se internar, justamente no período de provas da escola. E dentro do hospital, em um ambiente totalmente diferente, com rotinas particulares de alimentação, medicação, visitação dos médicos acabou se esquecendo de muitas coisas de sua matéria escolar. Conversando com ela me disse que teria que fazer provas de recuperação quando voltasse à escola. Diante desta situação, comecei um trabalho com ela com a matéria que já se esquecera, e na verdade não tinha aprendido bem na escola, no caso  a raiz quadrada, na disciplina de matemática. Sua mãe então argumenta que se soubesse, teria trazido seus cadernos e livros para estudar com o novo professor, e com certeza tiraria nota 10 nas suas próximas provas de recuperação.  Recordo-me, que em um determinado momento, sentindo um certo cansaço dela comecei a lhe ensinar italiano para descontrair. O que ela gostou muito e se mostrou satisfeita com o aprendizado no fim da aula. Na semana seguinte, sua mãe relatou que chegando a casa disse aos familiares que ela estava muito bem no hospital, aprendera até palavras em italiano.” (Diário de campo do bolsista).

Considerações finais
Esta pesquisa nos permite perceber que os resultados que vêm sendo alcançados nos projetos de “Atendimento pedagógico hospitalar e modalidades de atendimento em educação especial”, e “Atendimento pedagógico precoce para crianças com deficiências e atraso de desenvolvimento no ambulatório de recém-nascidos de risco do Hospital Infantil” têm sido relevantes do ponto de vista científico. Possibilita pontos importantes de investigação metodológica para serem replicados em outras instituições de saúde. Uma relevância social de destaque é a que se refere ao exercício da cidadania por parte dos usuários do serviço de saúde.
A pesquisa enfatiza a importância de políticas públicas fundamentada nos direitos especiais da criança em processo de internação que efetivem prevenção e que promovam políticas de educação inclusiva dentro da diversidade hospitalar, garantindo assim um fortalecimento das relações afetivas entre a criança e seus familiares.
Desse modo, a presença do pedagogo nas instituições de saúde é fundamental para que a mesma desenvolva ações de humanização de forma integral. Ao atuar em espaços escolares ou não-escolares, o pedagogo deve possuir o objetivo de formar cidadãos críticos e reflexivos, conscientes do seu papel na sociedade. E com a presença deste as atividades pedagógicas poderão ser desenvolvidas dentro do ambiente hospitalar, garantindo um direito essencial à infância que é o direito à educação. Segundo afirma Libâneo (2002): “o campo do educativo é bastante vasto, porque a educação ocorre na família, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política.” (p.31).
E corroborando com a reflexão de Libâneo, Fernandes (2004) destaca a importância do trabalho de pedagogia hospitalar:
“Fortalecer as redes de relação e solidariedade é o sentido maior da proposta. Brincar passa a ser um tema transversal a todos os envolvidos no processo. É comum ouvirmos dos colegas de trabalho a expressão: Vamos Brincar? Um hospital pode ter cor e alegria principalmente se ele é para atender crianças.As equipes acabam se envolvendo: oferecendo brinquedos, mimeógrafo, CDs, folhas de papel.Cada um se permite a “brincar” com sua infância e criança internas que afloram: nutricionistas enfeitam a bandeja de guloseimas relativas à Festa Junina. Há bandeirolas coloridas. Dietas não necessitam serem feias, podem ser belas como quitutes de festa. São duas horas de encontro, um encontro preparado por todos. Um hospital hospitaleiro, que pretende acolher a criança e sua família, não condiz ao modelo inicial das primeiras instituições que recebiam os doentes como caridade, ou no início da idade moderna como um lugar asséptico, a criança vista somente como um corpo a ser tratado.Um hospital hospitaleiro é aquele onde todos possam ter sua parcela de participação e decisão,um coletivo de sentimentos, de afetos, sabores e saberes transversalizados em relações simétricas família- equipe, criança- profissional. Um processo permanente de construção e reconstrução, onde o brincar, o trabalhar com prazer, o cuidar e o diálogo possam ser os fios condutores de um espaço de transformação.” (p.32)


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