http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/248.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
INCLUSÃO SOCIAL E EDUCACIONAL: UMA EXPERIÊNCIA EM AMBIENTES 
HOSPITALARES
Profa. Dra. Tânia Regina L. dos Santos 1
Aline Ribeiro Ferreira, Melina da Silva Aragão (Bolsistas)
Noely Betania Oliveira Quadros, Pamella Nascimento e Silva, Tatiane de Nazaré Rodrigues da 
Cunha (Voluntários)
Universidade do Estado do Pará - UEPA2
1 Coordenadora do Projeto de Extensão: “Educação Básica: inclusão social e educacional
2 Ação extensiva do projeto com financiamento da UEPA, desde 2004.
 
RESUMO
O Projeto de Extensão Educação Básica: Inclusão social e escolar é vinculado ao Núcleo de 
Educação Popular Paulo Freire – NEP do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade 
do Estado do Pará que promove estudo e práticas na área de educação popular com crianças, 
jovens, adultos e idosos, por meio de parcerias entre a Universidade e instituições públicas, 
filantrópicas e comunitárias. Desenvolvendo atividades que contribuem com a formação de discentes 
e docentes, utilizando variadas metodologias e práticas educativas voltadas para estas populações. 
As ações do Projeto são desenvolvidas em espaços, onde existam possibilidades de exercer o ato 
de educar, com crianças e adolescentes em tratamento de saúde especializados. Atualmente as 
atividades estão sendo desenvolvidas no Hospital das Clínicas Gaspar Vianna (HC), no Hospital 
Dia (HD), um Hospital publico estadual, em uma Unidade ambulatorial que atende crianças e 
adolescentes em tratamento psiquiátrico que necessita, de uma continuidade ao vinculo social e 
escolar . O Projeto de extensão se constitui em espaço privilegiado de formação dos discentes dos 
diversos cursos da Uepa e funciona em ambientes educativos que atendem crianças em tratamento 
de saúde especializado em hospitais. Acredita-se que as atividades desenvolvidas pelo NEP no HD 
Infanto- juvenil vêm contribuindo, com a melhoria da qualidade de vida das pessoas que freqüentam 
o espaço e possibilitam a absorção e produção de conhecimentos, utilizando o processo de leitura e 
escrita, visando também uma leitura de mundo, uma compreensão maior do cotidiano da vida nos 
sentido crítico. A intenção é gerar uma compreensão maior do cotidiano da vida no sentido critico 
atenuar o processo e tratamento de saúde fadigoso e prolongado que estão realizando longe do seu 
espaço comunitário e familiar. Essa parceria com a instituição tem como base a teoria de Paulo 
Freire, que formenta leituras de mundo e construção critica da valorização humana a partir de uma 
prática educativa alfabetizadora e libertadora. Partiu-se do principio da educação como prática de 
liberdade para a compreensão de uma dada realidade, sendo fundamental identificar como os 
sujeitos sociais identificam, explicam e elaboram o conhecimento a partir da realidade em que vivem.
Palavra-chave: Inclusão escolar, Educação popular, inclusão social, ambientes hospitalares.
Introdução
O trabalho apresenta reflexões sobre atividades de extensão vinculadas ao Projeto “Educação 
Básica: inclusão social e educacional em uma das ações do Núcleo de Educação Popular Paulo 
Freire - NEP”, do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará - 
UEPA, desenvolvendo estudos e práticas na área de educação popular infantil, com adolescentes e 
adultos, articulando a Universidade à instituições públicas e comunitárias, por meio de ações 
voltadas a formação de docentes e discentes, constituindo-se um laboratório de metodologia de 
ensino, produções e avaliações de materiais didáticos, realização de curso e oficinas, assessorias a 
projetos, práticas pedagógicas e de gestão. O Núcleo desenvolve ações interligadas de extensão, 
ensino e pesquisa, centradas em um eixo comum, a Educação popular em uma perspectiva 
Freiriana. As atividades educativas são realizadas por Grupos de Estudos e Trabalhos, cujos 
integrantes são professores e educadores de diversos cursos da Universidade e de Outras 
instituições de Ensino Superior de Belém.
 No ambiente hospitalar nos deparamos de modo geral, com pessoas, provenientes de diversos 
bairros da cidade e do interior do estado, que por sua condição de classe, acrescida de paciente em 
tratamento hospitalar, face à situação momentânea ou permanente de saúde que se encontram, estão 
sem acesso ao saber escolar. As ações desenvolvidas em ambientes hospitalares identificam que as 
crianças e adolescentes vivenciam situações adversas, tais como, enfrentamento da morte, e a 
esperança de cura, e a construção de projetos de vidas, entre outros. Os sujeitos dessas atividades 
educativas se encontram em situações diferenciadas: algumas permanecem por pouco tempo; 
outras, à em gravidade do tipo de doenças, permanecem mais tempo; ou porque não conseguem 
sair da crise psicótica. Cada uma delas, a sua maneira, deixou para trás a escola, a casa, a família, 
entre tantas outras coisas. As crianças e adolescentes, com as quais convivemos, vivenciam 
situações de tristeza e dor.
 Muitas vezes, as brincadeiras e as atividades lúdico-pedagógicas, lhes dão alento e alegria. Para 
Fontes (2005) a identidade de ser criança é, nestes espaços, esquecida pela internação ou 
tratamento prolongado, momento em que se depara com uma realidade completamente adversa e 
longe do espaço comunitário e familiar, que lhe é peculiar. O ser criança escondesse nas rotinas e 
praticas de cuidados com a saúde, que as visualizam como pacientes, que merecem cuidados 
específicos, no caso médicos e o educacional e o brincar ficam em segundo plano. Este afastamento 
temporário de sua rotina de vida familiar e comunitária provoca no educandos uma baixa auto-estima, uma apatia que em algumas situações necessitam serem resgatadas, sendo assim as 
atividades realizadas passam a funcionar como válvulas de escape à desesperança a situação 
momentânea que estão passando. A baixa auto-estima geralmente encontra-se associada a idéias de 
culpa, pois demonstram não estarem satisfeitos consigo mesmo, valorizam os erros, pois estes estão 
associados ao fracasso e desadaptação ao seu ambiente etário, social e escolar.diante destes 
quadros vivenciado nos ambientes hospitalares, os educadores do NEP oferecem ações lúdico-pedagógicas e educacionais visando ampliar e superar as dificuldades pessoais das crianças, 
fazendo com que se perceba potencialmente capazes assim contribuir para o seu processo de 
recuperação. 
A prática Metodológica Popular em Ambientes Hospitalares
 As práticas educativas metodológicas nos espaços hospitalares se pautam na teoria de Freire 
(1992; 1996) que fomenta leituras de mundo e construção critica da valorização humana, resultante 
de ações que visam o processo de alfabetização e de conscientização. Parte do principio da 
educação como prática de liberdade, para a compreensão de uma dada realidade, em que é 
fundamental identificar como sujeitos sociais explicam e elaboram o conhecimento, a partir da 
realidade em que vivem no caso especifico, as crianças e adolescentes em tratamento de saúde. As 
ações pedagógicas realizadas apontam para diversas situações importantes a serem trabalhadas, 
como por exemplo, às relações inter-pessoais que ajudam na compreensão entre as pessoas; e as 
relações familiares. Por meio de atividades lúdicas, juntamente com as atividades pedagógicas, 
trabalha-se a diversidade, na forma de murais, cartazes, textos, figuras, colagens, pinturas e rodas 
de conversas, resgatando o respeito, autonomia, a dignidade humana e a esperança.
 A confiança que nos é depositada, nos torna cúmplices de suas necessidades, de seus medos, 
sonhos, desejos, gerando diálogo com amorosidade e respeito pelas historias de vida e a busca 
coletiva do conhecimento, por possibilitar o encontro de sujeitos que refletem sobre sua realidade.
O processo pedagógico utilizado valoriza o diálogo, a oralidade, e a pergunta como fonte de 
conhecimentos, que orienta a prática educacional humanista e transformadora. “O diálogo impõe-se 
como caminho pelo qual homens encontram seu significado enquanto homens; o diálogo é, 
pois uma necessidade existencial ” (FREIRE, 1980, p. 83)     
A ação dialógica é um fator de suma importância para o procedimento do nosso trabalho, assim 
como a escuta pedagógica, pois se constitui em um processo recíproco, no ensino e aprendizagem 
de educandos e educadores.
O termo escuta provém da psicanálise e diferencia-se da audição, se refere a 
apreensão, compreensão de vozes e sons audíveis, a escuta se refere a compreensão 
de expectativas e sentidos, ouvindo através das palavras e lacunas do que é ditos aos 
silêncios, ouvindo expressões, gestos, condutas e posturas. A escuta não se limita ao 
campo da fala ou do falado (mais que isso). Busca perscrutar os mundos inter-pessoais 
que constituem nossas subjetividades para cartografar o movimento das forças de 
vida que engendram nossa singularidade (CECCIM, 1997, p. 31).
A escuta pedagógica nos possibilitou o desenvolvimento e a compreensão das necessidades dos 
educandos e suas famílias, na medida em que exercitamos o ouvir, pois eles têm anseios, medos, 
frustrações, sonhos, desejos, e direito a participação social que muitas vezes são silenciadas e 
negadas. Aperfeiçoar valores como Amor, respeito, afetividade, e solidariedade a cada sujeito, de 
acordo com sua peculiaridade. Para os educadores é fundamental perpetuar e aguçar a capacidade 
de captar significados não ditos, e interpretados pela percepção e observação de cada gesto e de 
cada olhar.
 Neste sentido, realiza-se um processo educativo que considera ser a educação importante para 
assegurar a cidadania das crianças e,m espaço hospitalar, traduzido por Freire (1992) como 
pedagogia da esperança. É, neste sentido que o processo educativo desenvolvido nos ambientes 
hospitalares é considerado um “instrumento” de formação da cidadania e da autonomia. A 
metodologia apresenta-se como dinâmica interdisciplinar e com flexibilidade curricular, tendo como 
referencia a analise contextual de temas e palavras geradoras extraídas de atividades criadoras 
desenvolvidas com os educando aos ambientes hospitalares e deve levar em consideração o estado 
clinico da criança ou adolescente e respeitar as limitações decorrentes da doença e do tratamento. 
No caso aqui expostos os efeitos colaterais das medicações.
Às atividades desenvolvidas de acordo a pesquisa sócio-antropológica, que subsidia a elaboração 
da rede temática e faz emergir os temas de maior significação para crianças e adolescentes. As 
ações acontecem de forma sistemática, a partir de um planejamento semanal e do registro das 
atividades e das falas significativas, que subsidiam outras atividades e temáticas geradoras. Este 
levantamento possibilita conhecer a historia de vida dos educandos, famílias, e responsáveis 
mediante sucessivos diálogos complementando por atividades individuais e em grupo, com auxilio de 
atividades lúdico-pedagógicas e educacionais.  Neste sentido, os trabalhos desenvolvidos a partir de 
temas geradores tornam-se fundamentais em atenção a estes aspectos citados anteriormente e ao 
desenvolvimento de uma postura que privilegia a construção do conhecimento, pois valoriza os 
saberes culturais, situando os conteúdos na perspectiva cultural dos educandos. Os temas geradores 
são caracterizados como um percurso que favorece a analise, a interpretação e reflexão critica, 
dialogo e criatividade. 
 Resultados da experiência educativa em ambientes hospitalares
 A educação popular em ambientes hospitalares reflete a esperança de vida e saúde e vai além da 
cura das enfermidades, exploram os sintomas físicos, pois constituem em luta pela vida, esperança, 
exclusão e desigualdade social.
A confiança que nos é depositada, nos torna cúmplices de suas necessidades, de seus medos, 
sonhos, desejos, gerando diálogo com amorosidade e respeito pelas historias de vida e a busca 
coletiva do conhecimento, por possibilitar o encontro de sujeitos que refletem sobre sua realidade.
A escuta pedagógica nos possibilitou o desenvolvimento e a compreensão das necessidades dos 
educandos e suas famílias, na medida em que exercitamos o ouvir, pois eles têm anseios, medos, 
frustrações, sonhos, desejos, e direito a participação social que muitas vezes são silenciadas e 
negadas. Aperfeiçoar valores como Amor, respeito , afetividade, e solidariedade a cada sujeito, de 
acordo com sua peculiaridade. Para os educadores é fundamental perpetuar e aguçar a capacidade 
de captar significados não ditos, e interpretados pela percepção e observação de cada gesto e de 
cada olhar.
Percebemos que nossas ações têm como representação um espaço de diálogo, amizade, afeto, 
respeito, de aproximação entre educadores e educandos, e acima de tudo um espaço humano de 
convivência e respeito. Sentir um abraço de um educando que diz “Vou sentir saudade”, ou 
quando associa a imagem de uma das educadoras com a personagem que mais gosta, e desenha um 
coração coma  seguinte frase: “Lupita você é minha dotora preferida”. Deixa clara a 
responsabilidade que temos em nossa prática educativa, pois temos a oportunidade de conhecer 
educandos que possuem diferentes dificuldades, necessidades, e patologias, como por exemplo, 
anorexia, em que uma jovem não possuía coragem de se olhar no espelho, quando chegou a 
desabafar as educadoras ”Eu não suporto me olhar no espelho, não gosto de ver meu corpo 
nem meu rosto, não gosto de nada em mim”.
Nesta experiência, compreendemos que o desenvolvimento do nosso trabalho corresponde a uma 
dimensão social e humana, e que experienciamos um trabalho em conjunto amoroso e harmonioso, 
entre educandos e educadores. Sendo esta uma grande contribuição para nossa formação como 
futuros profissionais, que defendem uma educação, para todos, libertadora e humanizadora.
Discussão
Tanto a criança quanto o adolescente, deixam um pouco de lado sua identidade, no momento em 
que se deparam com a realidade hospitalar, por estarem em tratamento médico, passam a se ver 
como pacientes de um hospital.
O nosso papel como educadores deve atender as necessidades educativas das crianças e 
adolescentes, respeitando o ritmo pessoal e estado clínico. Assim é promovido um apoio 
educacional, onde buscamos desenvolver as potencialidades dos educandos para que não percam o 
convívio social com a escola, devido seu afastamento e não se sintam excluídos do processo 
educativo.
Ceccim Fonseca (1999, p. 32) analisa a contribuição que o atendimento pedagógico em ambiente 
hospitalar proporciona nos sentido de não deixar que se crie um afastamento no processo de 
aprendizagem do aluno quando retorna a  escola.
Sem o menosprezo do pessoal da saúde a contribuição da educação para a 
integralização de atendimento pediátrico e para o reconhecimento e respeito às 
necessidades intelectuais e sócio intuitivas próprias as crianças a aos adolescentes, 
poder-se-á pensar em uma atenção hospitalar que afirme a vida e , por isso ofereça 
atuação educacional [...].
    
O ambiente hospitalar gera situações de confinamento como se o doente não tivesse condições de 
interagir com o outro, e nesta lógica a não saúde acaba sendo visualizada como um fator isolado do 
ser humano, conduzindo a situações opressivas, devida à incapacidade e limitações impostas 
biologicamente. A humanização no ambiente hospitalar implica na desconstrução de práticas e 
comportamentos sociais que restringem a interação do educando com o mundo e com as demais 
pessoas que circulam nestes espaços, de maneira que ao valorizar os saberes e vivencias de cada 
sujeito, estamos gerando situações de valorização da vida e da dignidade humana. Estas ações, 
entretanto não são insentas de dificuldades, entre as aquis destacamos. O fato de algumas crianças 
terem sido reintegradas a escola não significa que este retorno seja sem traumas, preconceitos ou 
rejeição, daí percebemos como necessário o acompanhamento deste processo no espaço escolar, e 
conhecer que situações vivenciam como são reintegrados, pois o processo educacional não se 
traduz apenas a partir do vinculo cognitivo, mas, sobre tudo, afetivo.
 Entretanto, consideramos significativo o fato de ser um espaço educacional valioso. Recurso para o 
dialogo, a alegria, o prazer e convivo fraterno, pois as práticas pedagógicas apresentam um caráter 
educacional e não escolar, o objetivo não é a escolarização. Percebemos a importância da escola na 
continuidade do tratamento, pois é necessária devida atenção as possíveis exclusões dos educandos 
da/na escola, considerando que essa pode ser sua ultima esperança de ser aceito em sociedade. Daí 
a necessidade desses sujeitos não perderem o vinculo social e escolar. Educar para a cidadania.  
Referências Bibliográficas
CECCIM, Ricardo Burg; FONSECA, Eneida Simões da.Classe hospitalar: 
buscando padrões 
referências de atendimento pedagógico – educacional à criança e o adolescente hospitalizados. 
Integração, n.21, p.31-40, 1999.
CECCIM, Ricardo Burg, CARVALHO, Paulo R. Antonacci,(orgs.) (1997). Criança 
hospitalizada: atenção integral como escuta à vida. Porto alegre: Editora de UFRGS. 
FONSECA, Eneida Simões da,(2003). Atendimento escolar no ambiente hospitalar. São Paulo: 
Memnom. 
FONTE, R. de S. Escuta pedagógica a criança hospitalizada: discutindo o papel da educação no 
hospital.Revista Brasileira de Educação.Mai/Jun/ Jul/ Ago. Nº 29. Rio de Janeiro: 2005
 FREIRE, P. A pedagogia da esperança: um encontro com a pedagogia do oprimido.Rio de 
Janeiro:Paz e Terra, 1992.  
_________. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento 
de Paulo Freire.São Paulo: Moraes,1980
__________. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz 
e Terra. 1996.