http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/255.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
PERCURSO METODOLÓGICO: DA BUSCA DE DOCUMENTOS AO RESGATE 
DO DISCURSO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DA FADERS
Andréa Asti Severo1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
1   Mestre em Educação pelo PPGEDU/UFRGS. Psicóloga da Fundação de Articulação e Desenvolvimento em 
Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e Altas Habilidades no Rio Grande do Sul 
(FADERS). Integrante do núcleo de estudos em políticas de inclusão escolar. Este artigo relata o estudo 
apresentado na dissertação de mestrado: EDUCAÇÃO, ATENDIMENTO E GESTÃO: ANÁLISE DE UMA 
FUNDAÇÃO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DO RIO GRANDE DO SUL, defendida em 30 de abril 
de 2007.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a dimensão histórica, institucional e política da 
Fundação de Articulação e Desenvolvimento em Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de 
Deficiência e Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (FADERS). A investigação foi realizada 
por meio de análise documental, visando a apreender e analisar os discursos políticos contidos 
nos documentos considerados. O referencial teórico tem como base a análise de discurso 
político, considerando principalmente as contribuições de autores como Eni Orlandi, Jenny Ozga 
e Norman Fairclough. Destaca-se a história de uma instituição com mais de três décadas, 
marcadas por diversos movimentos institucionais, observados nos discursos políticos. Tais 
discursos foram analisados, procurando-se destacar sua relação com a história, as tensões 
presentes nas condições de sua produção e a tendência às repetições que se mostram, apesar da 
flutuação das denominações.
Palavras-chave: Educação. Educação Especial. Discurso Político. Políticas Públicas. FADERS.
Introdução
O presente trabalho pretende resgatar a historicidade da Fundação de Articulação e 
Desenvolvimento em Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e Altas 
Habilidades no Rio Grande do Sul (FADERS)2; problematizar sua função como órgão de 
execução e coordenação da Política Pública Estadual para Pessoas Portadoras de Deficiência 
(PPD) e Altas Habilidades (PPAH); e contribuir para o entendimento de seus diversos 
movimentos institucionais, a partir da reflexão do que é ser uma instituição pública criada 
preferencialmente para o atendimento até sua transição, para ser o órgão responsável pela 
Política Pública para as “pessoas portadoras de deficiência” e para as “pessoas portadoras de 
altas habilidades” no Rio Grande do Sul.
2  Criada pela Lei Estadual nº. 6.616, em 23/10/1973 e, posteriormente, alterada pelas Leis Estaduais nº. 8.535 de 
21/01/1988, nº. 9.049 de 08/02/1990 e nº. 11.666 de 06/09/2001, a FADERS é uma Fundação Pública de direito 
privado, vinculada à Secretaria de Estado da Educação. É mantida com recursos públicos, mas pode captar 
recursos e/ou conveniar-se com órgãos públicos ou privados.
Este estudo resultou da minha prática diária, em que percebia um distanciamento e, porque não 
dizer, uma fragmentação entre o oficial – isto é, aquilo que está impresso nas diretrizes e 
objetivos da nova Lei da FADERS, que destaca o planejamento, a coordenação e a articulação 
da Política Pública Estadual e o real processo de trabalho dos técnicos, ainda prioritariamente 
centrado no atendimento. Em um trabalho dessa natureza, reconheço uma dupla implicação 
como profissional e como pesquisadora, já que ingressei, nessa instituição, como psicóloga, em 
1992.
O objetivo desta pesquisa é a análise relativa à dimensão histórica, institucional e política da 
Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de 
Deficiência e Altas Habilidades no Rio Grande do Sul. Para tanto, elegeu-se como metodologia 
de pesquisa a análise de discurso tendo como base as contribuições de autores como Eni 
Orlandi, Jeny Ozga e Norman Fairclough. O corpus documental foi constituído por documentos 
normativos e não oficiais, sendo que a principal escolha foi por analisar três relatórios, pois estes 
foram produzidos em um momento específico, sendo seu conteúdo constituído por diversas 
vozes, as quais foram tecendo uma narrativa política em um determinado contexto histórico.
Metodologia
A presente pesquisa apresenta-se como um estudo qualitativo, de natureza descritivo-analítico-interpretativa, tendo como objetivo principal analisar a dimensão histórica, institucional 
e 
política da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas 
Portadoras de Deficiência e Altas Habilidades no Rio Grande do Sul. Para alcançar tal objetivo, 
elegeu-se como principal procedimento metodológico desta pesquisa a análise documental, 
sendo utilizados dois tipos de documentos: oficial e técnico.
Os documentos foram selecionados e separados em três eixos, que eu denomino tempos 
institucionais:
–    1º Tempo Institucional: Relatório da Comissão Especial para 
Estudar o Problema do 
Excepcional no Estado do Rio Grande do Sul;
–    2º Tempo Institucional: Relatório Final da Comissão Especial 
para Assuntos dos 
Portadores de Deficiência;
–    3º Tempo Institucional: Relatório da Nova FADERS: A Posição 
dos Trabalhadores.
A escolha de tais relatórios deve-se principalmente à busca da singularidade do momento 
histórico de sua produção e ao seu conteúdo, composto por diversas vozes, as quais foram 
tecendo essa narrativa política.
A opção metodológica pela divisão em três eixos visou a facilitar o trabalho de análise dos 
discursos políticos contidos nesses documentos.
Garcia (2004) assinala que, para analisar os discursos presentes nos documentos, torna-se 
necessário recorrer a “subsídios teórico-metodológicos”. Segundo a autora:
Considera-se que as fontes documentais representativas da política educacional 
expressam o resultado, num tempo e espaço históricos, da disputa e consenso de 
idéias travadas por diferentes forças sociais. Tais documentos representam a 
apropriação, por parte de seus formuladores, de conjuntos de pensamentos, 
políticas, ações vividas pelas distintas populações. Dentre aquilo que já está 
presente na vida social, os formuladores dessa documentação enfatizam, 
sublinham, focam algumas práticas e pensamentos, desqualificam, obscurecem e 
desprezam outros (GARCIA, 2004, p. 1).
Os documentos falam, possuem voz e memória, portanto, têm vida, uma vida simbólica, 
expressa através de uma linguagem não transparente, que necessita ser traduzida, interpretada, 
enfim, indo em busca de seus significados. Para tanto, é necessário construir um aporte teórico 
que sustente o trabalho de análise. Autores como Eni Orlandi, Norman Fairclough e Jenny Ozga 
contribuem para fundamentar a análise dos discursos políticos presentes nas fontes documentais. 
É interessante apontar que uma autora, como Eni Orlandi (2005), não faz especificamente análise 
do discurso de documentos que envolvam um contexto político; já Fairclough (2001) é um autor 
que destaca a importância da compreensão dos discursos políticos, relacionando-os com as 
mudanças sociais, procurando perceber seus sentidos, conceitos, concepções e significados. 
Ozga (2000) enfoca a política como um processo em construção, e não como um produto 
pronto e terminado, fechado em si mesmo.
Orlandi (2005) refere que a análise de discurso, como o próprio nome indica, possui seu foco no 
discurso, e não somente na língua, na gramática. O que interessa é o discurso, e a autora observa 
que este, na sua origem, traz “a idéia de curso, de percurso, de correr por, de movimento”. Um 
texto como o Relatório da Comissão Especial para Estudar o Problema do Excepcional no Rio 
Grande do Sul, de 1972, é um discurso em movimento. Como pesquisadora, nas diversas 
leituras do documento analisado, eu ia sendo conduzida nesse percurso pelas palavras, captando 
seus diversos sentidos num trabalho intenso de reflexão.
Para Orlandi:
É preciso referi-lo às suas condições de produção, estabelecer as relações que ele 
mantém com sua memória e também remetê-lo a uma formação discursiva – e não 
outra – [...]. Os sentidos não estão nas palavras elas mesmas. Estão aquém e além 
delas. Conseqüentemente, podemos dizer que o sentido não existe em si, mas é 
determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo no processo sócio-histórico em que as palavras são produzidas. As palavras mudam de sentido 
segundo as posições daqueles que as empregam. Elas “tiram” seu sentido dessas 
posições, isto é, em relação às formações ideológicas nas quais essas posições 
se inscrevem (ORLANDI, 2005, p. 42-43).
Voltando ao Relatório, que foi constituído por diversas vozes, é possível observar que, apesar 
de a palavra “excepcional” aparecer inúmeras vezes ao longo das suas 100 páginas, ela assume 
um sentido diferente, dependendo da formação discursiva em que está inscrita. A palavra 
“excepcional”, dita por um coronel, possui um sentido que pertence a uma determinada posição 
ideológica; referida por um pai representante da APAE, assume outro sentido, assim como para 
um professor, um médico, entre tantas outras vozes.
Enfim, a análise é um “processo” constituído por um “corpus”. No caso desta pesquisa, é 
constituída por um “corpus documental” (FAIRCLOUGH, 2001), sendo imprescindível que a 
teoria venha mediar, durante todo o processo de análise, “a relação do analista com o seu 
objeto, com seus sentidos, com ele mesmo, com a interpretação” (ORLANDI, 2005).
O texto seria, então, a unidade de análise; o analista não falará sobre o texto, e sim sobre o 
discurso apreendido por ele. Torna-se importante assinalar que, em relação à análise do discurso 
político, os textos não são a política “propriamente”, mas sim a “sua representação” (GARCIA, 
2004). De acordo com essa autora:
Cada conceito, individualmente, funciona como um ingrediente que ganha novos 
contornos mediados pelo caldo ideológico e teórico no qual está embebido. 
Nesse processo, os conceitos estão relacionados a representações, a imagens 
formadas a partir de fatos, objetos, pessoas, situações. São históricos e suas 
significações são datadas, portanto, os sentidos atribuídos às palavras estão 
relacionados à história, à ideologia, ao simbólico, ao político, ao cultural [...] 
(GARCIA, 2004, p. 17).
No Relatório, encontram-se diversos conceitos que, como Garcia refere, funcionam como 
“ingredientes”, e eu acrescentaria exclusivos, porque, se fossem modificados, a receita não seria 
a mesma, ou melhor, o discurso não seria o mesmo. Essa exclusividade se dá devido ao fato de 
esses “ingredientes” estarem imersos num “caldo ideológico e teórico”, sendo que suas 
significações são historicamente datadas – no caso, seria o ano de 1972, em plena ditadura 
militar do Governo Médici.
Fairclough (2001) aponta a importância que os discursos possuem, pois não são somente 
espelhos representativos das instituições, são também formadores e, ao mesmo tempo, são 
construídos através das relações sociais que os constituem. Para o autor:
Os discursos não apenas refletem ou representam entidades e relações sociais, 
eles as constroem ou as “constituem”; diferentes discursos constituem 
entidades-chave (sejam elas a “doença mental”, a “cidadania” ou o “letramento”) 
de diferentes modos e posicionam as pessoas de diversas maneiras como 
sujeitos sociais (por exemplo, como médicos ou pacientes), e são esses efeitos 
sociais do discurso que são focalizados na análise de discurso. Outro foco 
importante localiza-se na mudança histórica: como diferentes discursos se 
combinam em condições sociais particulares para produzir um novo e complexo 
discurso (FAIRCLOUGH, 2001, p. 22).
A história e o tempo formam os discursos políticos. Ao buscá-los, deparei-me com fatos, 
acontecimentos, dizeres e não-dizeres carregados de sentidos e de significados. Procurei 
reconhecer e compreender, através da análise, as descontinuidades, rupturas, conflitos, 
resistências impressas nas vozes que construíram esse discurso.
Resultados e considerações finais
A partir das escolhas temáticas, os caminhos da pesquisa começaram a ser percorridos tendo 
como foco inicial de análise observar  os movimentos institucionais, levando em conta a 
polarização dos desafios do seu cotidiano e a possibilidade das diversas leituras dos fenômenos 
produzidos historicamente. Estes movimentos foram sendo constituídos pelo entrelaçamento de 
diversos fios que foram tramando a existência institucional. Dois destes fios foram se mesclando 
ao longo do tempo: o atendimento e a gestão. Como observar estas alternâncias nos movimentos 
da instituição? Através da análise dos discursos políticos contidos nos documentos. Para se 
conhecer e compreender as políticas é preciso apreender/analisar os discursos. Discursos 
relativos a documentos elaborados e construídos dentro de um espaço institucional.
Portanto, são todos estes elementos, que vão compondo e produzindo o discurso institucional, 
repleto de significados, ambigüidades e contradições e é através destes que é possível 
compreender estes fenômenos. Quando se pesquisa é necessário aproximar-se e conhecer o 
objeto investigado e este processo ocorre em diversos planos que irão incluir as minhas 
motivações mais profundas, os meus desejos, a minha curiosidade, a minha trajetória pessoal, 
entre outros tantos interesses que fazem parte da minha relação com a pesquisa e vão 
propiciando não só que eu conheça o objeto pesquisado, mas implica o próprio conhecimento 
de quem pesquisa.
Tendo clara esta dupla implicação na pesquisa, nas condições de pesquisadora e integrante do 
corpo técnico da instituição, iniciei a procura dos documentos optando pela escolha de três 
documentos para a análise. Os documentos foram selecionados e separados em três eixos, 
denominados tempos institucionais.
O Relatório da “Comissão Especial para Estudar o Problema do Excepcional no Rio Grande do 
Sul” foi o documento escolhido para a análise referente ao 1º tempo institucional. Este primeiro 
tempo está relacionado com a criação da FAERS, as suas origens, ao seu nascimento 
institucional. É importante ressaltar que ao resgatar a história através da análise dos discursos 
políticos contidos neste documento considero possível percorrer uma outra história não mais 
centrada em determinantes, mas em seus efeitos e sentidos.
Este jogo de nuances que vão se configurando no decorrer da análise através do ressurgimento 
de seus significados e sentidos no discurso. Neste 1º relatório grifei o vocábulo problema como 
um marcador ou sinalizador no discurso. As palavras e expressões possuíam uma força 
discursiva devido à linguagem eloqüente empregada na época. Uma época marcada pela 
ditadura militar, pela vigilância e o controle. Uma sociedade que espreita de “atalaia” o 
“excepcional”, mantendo-se distante, de vigia.
Um dos primeiros movimentos que se observa nesta trama discursiva e vai se estabelecendo ao 
longo dos anos é tecido pelo fio da “política de atendimento”, sendo produzido e cerzido desde 
a sua criação. A FAERS é criada para ser um lugar de atendimento ao excepcional, sendo assim 
todas as suas ações foram direcionadas para este fim, sedimentando e cristalizando este caráter 
executivo da Fundação.
Já no 2º tempo institucional referente a Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao 
Superdotado no Rio Grande do Sul – FADERS, o foco de  análise foi o “Relatório Final da 
Comissão Especial para Assuntos dos Portadores de Deficiência”. Outra comissão é formada 
em 29 de outubro de 1991 para resolver assuntos relativos aos “portadores de deficiência”.
É interessante observar que a Fundação quando é criada lhe é dada condições de realizar este 
atendimento, investindo em recursos humanos e em formação de seus profissionais. Com o 
passar dos anos e tendo passado por diversas mudanças de governo e inúmeras reformas 
administrativas, seus movimentos institucionais vão se tornando oscilatórios determinando um 
“enfraquecimento” institucional. Neste relatório as vozes não são somente dos pais ou 
representantes das “pessoas portadoras de deficiência”, as entidades representativas deste 
segmento se fazem presentes, no entanto a voz da “pessoa portadora de deficiência” ainda 
permanece no anonimato, pois os comentários registrados de representantes de entidades foram 
permitidos, registrados, embora não identificados, não sendo reconhecidos. A FADERS sempre 
esteve vinculada à Secretaria de Educação desde a sua criação, sendo esta relação marcada por 
momentos de aproximação, de afastamento e de conflito entre ambas. O que se observa no 
discurso é uma luta de territórios entre estes dois órgãos públicos configurando uma situação de 
litígio e o motivo deste embate seria a coordenação da educação especial no Estado. Com a 
criação do Departamento de Educação Especial e por este estar desempenhando as mesmas 
competências da FADERS esta situação de disputa acentuou-se ainda mais.
Os movimentos institucionais, naquele momento constituem um discurso da indefinição, 
conduzindo a um sinuoso caminho discursivo atravessado por uma pluralidade de sentidos e 
significações, marcado por ambigüidades, contradições e repetições. Uma Fundação que deveria 
ser mais autônoma nas suas ações, que detêm todo um conhecimento adquirido ao longo dos 
anos, vai ficando enfraquecida, sendo destituída de uma maneira não formal, mas efetiva de suas 
competências ao exercer em paralelo as mesmas atribuições com outro órgão público no mesmo 
sistema de governo.
O 3º tempo institucional é relativo à Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas 
Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades no Rio Grande do Sul, 
instituída em 6 de setembro de 2001. “Nova FADERS a Posição dos Trabalhadores” foi o 
relatório analisado referente a este 3º tempo institucional. Diferente dos dois anteriores, este não 
é fruto do trabalho de uma comissão e nem possui depoimentos e sim é uma compilação de 
diversos documentos e textos que apresentam a trajetória percorrida pelos “trabalhadores” da 
Fundação, seus dirigentes e entidades durante o processo de transição e formulação da “nova” 
Lei da FADERS.
O texto em análise, “Proposta para uma nova FADERS”, caracterizou-se por apresentar os 
projetos relativos a gestão denominada “Democrática Popular” (1999-2002) referentes às 
“pessoas portadoras de deficiência” e as “pessoas portadoras de altas habilidades”. É anunciada 
uma mudança de paradigma, visando à “superação” do assistencialismo para a cidadania. Sendo 
instituída a “Política Pública para Pessoas Portadoras de Deficiência e para Pessoas com Altas 
Habilidades no Rio Grande do Sul” a FADERS é designada a coordenar e articular esta política 
“para o conjunto do governo”. O “novo” é a palavra-chave deste discurso político como se 
possível ao instaurar o “novo” desinstituir as políticas consideradas “tradicionais”. Considero 
inapropriado afirmar que houve uma mudança de paradigma, mas sim uma mudança de enfoque , 
de perspectiva, envolvendo um processo longo de passagem de uma política de atendimento 
para a articulação e desenvolvimento de políticas públicas.
Nesta trama discursiva foram identificados três fios geradores e sinalizadores destes discursos. O 
primeiro destes fios é o fio do problema, este é a base da trama, pois este tem em seu âmago 
diversos sentidos como hesitação, perplexidade, dificuldade, negatividade, o inexplicável, o 
incompreensível, o enigma. Este fio vai fazendo uma trama com o segundo fio do assunto, este é 
mais genérico, que circula, embora deve-se estar atento na forma como este termo esta posto no 
discurso, pois no momento em que é referido: “solução existe”, este deixa de ser um assunto 
voltando a ser compreendido como um problema. Já o fio que vai emaranhando-se com os 
outros dois é o fio da posição, sendo este tecido por atores pertencentes, muitos destes, a 
diversos setores e movimentos sociais inserindo um novo arranjo entra as linhas do tecido 
discursivo.
Os movimentos institucionais não são estanques, estes interagem entre si, ou seja, a FAERS de 
atendimento pode ter sida extinta na letra da Lei, mas seus sentidos e significados permanecem 
em movimento no discurso. O mesmo ocorre com a FADERS de Atendimento e A FADERS de 
Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas.
Estes movimentos articulam-se entre si e vão determinando e produzindo os movimentos da 
educação especial no Estado.
Três tempos institucionais foram aqui analisados. A história voltou no tempo e o tempo na 
história. Movimentos institucionais foram se apresentando nas asas do tempo, mostrando e 
indicando uma travessia não-linear, repleta de voltas, retornos, rupturas, descontinuidades, que 
podem apontar para o “novo” – o “novo” traz o “velho” e este vai se transformando.
Referências
FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Tradução: 
Izabel Magalhães. Brasília: 
UNB, 2001.
GARCIA, Rosalba Maria Cardoso. Políticas públicas de inclusão: 
uma análise no campo da 
educação especial brasileira. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, 
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso. Princípios 
& procedimentos. Campinas, SP: 
Pontes, 2001.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso & leitura. 3 ed. São 
Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora 
da UNICAMP, 1996.
OZGA, Jenny. Investigação sobre políticas educacionais. 
Terreno de contestação. Coleção 
currículo, políticas e práticas. Porto: Porto Editora, 2000.