http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/268.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

PROJETO ALTA-TA & INCLUSÃO: DESENVOLVENDO CONHECIMENTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DE RECURSOS DE ALTA TECNOLOGIA ASSISTIVA
Profa. Dra. Enicéia Gonçalves Mendes
(Docente do Depto.Psicologia e do PPGEEs – Universidade Federal de São Carlos)
Profa. Dra. Cristina Yoshie Toyoda
(Docente do Depto.Terapia Ocupacional e   do PPGEEs– Universidade Federal de São Carlos)
Gerusa Ferreira Lourenço
(Mestranda em Educação Especial - Universidade Federal de São Carlos)
Noemia Fraga  Rodrigues de Moraes
(Aluna do Curso de T.Ocupacional)
Pedro Henrique T.Q. de Almeida
(Aluno do Curso de T.Ocupacional)
Tânia Daoud Miranda
(Aluna do Curso de Psicologia)


RESUMO

A partir da constatação de que crianças com severas disfunções motoras apresentavam sérios problemas relativos à escolarização em ambientes inclusivos um grande projeto de pesquisa está sendo executado com utilização de recursos de Alta Tecnologia que comporta 3 subprojetos de investigação com o objetivo de verificar o impacto do uso desses recursos. Os resultados parciais apontam que a utilização de recursos computacionais é benéfica e essencial para os portadores de paralisia cerebral grave nos processos de escolarização e que a implementação dos recursos de alta tecnologia assistiva requer conhecimento e habilidades dos profissionais que precisam ser efetivamente formados nesta nova área conhecimento.

Estima-se que exista no país cerca de seis milhões de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais1, para um contingente oficial de matrículas em torno de 500 mil alunos (INEP, 2003), considerando o conjunto de matrículas em todos os tipos de recursos disponíveis (desde escolas especiais até escolas e classes comuns). Portanto, a grande maioria dos alunos com necessidades educacionais especiais continua hoje fora de qualquer tipo de escola, o que configura muito mais uma exclusão generalizada da escola, a despeito da anterior retórica da integração e/ou da recente proposta de inclusão escolar.
O Grupo de Pesquisa Formação de Recursos Humanos em Educação Especial (GP-FOREESP) da UFSCar tem se dedicado a produzir estudos com o intuito de contribuir para o processo de universalização do acesso e melhoria da qualidade do ensino oferecida à população alvo da educação especial.

1  Tal estimativa não é facilmente encontrada nos documentos oficiais e essa informação foi extraída de uma reportagem publicada no jornal “Folha de São Paulo” em 11/06/99, cuja fonte noticiada foi o Ministério da Educação.

No ano de 2001 começou-se a estudar o caso do município de São Carlos (SP), onde havia uma intenção política manifesta de iniciar a implementação de uma política de inclusão escolar. Um projeto de grande porte foi realizado para identificar e caracterizar as crianças com necessidades educacionais especiais espontaneamente inseridas nas creches; escolas de Educação Infantil - EMEIs e escolas de Educação Básica - EMEBs. Assim, construiu-se um banco de dados com o cadastro de todas as crianças notificadas, com a finalidade de produzir indicadores que possibilitassem acompanhar o futuro da política de inclusão no âmbito do sistema municipal. Adicionalmente, tomando como base os resultados e problemas apontados no levantamento, foram promovidas ações de formação continuada para 90 educadoras de creches, sobre o uso de estratégias de mediação ou facilitação de competências sociais e de linguagem de crianças pequenas (MENDES et al., 2002a, 2002b)
Em 2002 foi iniciado um novo projeto de grande porte, cujos objetivos foram: replicar o estudo da identificação de alunos com necessidades especiais em creches, a fim de comparar os dados e avaliar se as ações de formação continuada desenvolvidas neste período produziram alguma mudança, investigar a situação atual das crianças identificadas em 2001 e descrever e analisar como o educador de creches estaria desenvolvendo seu trabalho quando alunos com necessidades educacionais especiais se encontravam inseridos em suas turmas, com o objetivo foi identificar e descrever exemplos de práticas pedagógicas inclusivas e situações-problemas vivenciadas pelos educadores de creches, e que poderiam ser úteis para se criar material didático em programas de formação de professores (CHIMETTO, 2004).
Tomando como base as evidências produzidas pelo conjunto dos estudos desenvolvidos considerou-se necessário investigar processos mais efetivos de desenvolvimento pessoal e profissional dos educadores envolvidos no processo de inclusão escolar.
Em 2004 foi iniciado o terceiro projeto de grande porte, denominado como “SOS Inclusão”, composto por cinco sub-projetos, que tem como objetivo desenvolver, implementar e avaliar uma experiência de trabalho colaborativo entre a universidade e as escolas municipais, com a  meta de promoção da política de inclusão escolar no sistema municipal. O projeto avaliou uma experiência de consultoria colaborativa de estudantes dos cursos de pedagogia, psicologia, educação física, terapia ocupacional e fisioterapia para os professores de alunos com necessidades especiais, investigou procedimentos de tutoria de colegas e de qualificação de professoras no uso de estratégias pedagógicas inclusivas, promoveu tanto o desenvolvimento pessoal e profissional, para os estudantes em formação inicial, como formação continuada para os educadores e produziu  efeitos no desenvolvimento das crianças com necessidades especiais envolvidas no projeto.
Os resultados do “S.O.S. Inclusão” e também comprovados em estudos anteriores (LAUAND, 2000; MENDES e TOYODA, 2005) apontaram um desafio muito grande no tocante à escolarização em ambientes inclusivos de crianças com severas disfunções motoras, especificamente dos portadores de paralisia cerebral em nosso país devido a:
* Muita precariedade nas condições de acessibilidade física das escolas de modo geral;
* Sofrimento dos professores sem suportes, evidenciados pela sensação de impotência, e solidão, alem da sobrecarga com o manejo da situação de ter que assumir a responsabilidade pela locomoção, cuidados  de higiene, alimentação, e etc.
* Sofrimento dos alunos, decorrentes da falta de conforto e segurança dos mobiliários e manuseios descuidados de pessoas leigas, impossibilidade de participação nas atividades da escola; e
* Grande descompasso entre o potencial das crianças e o nível de aprendizagem que elas alcançavam, em função tanto da falta de recursos tecnológicos, quanto de pessoal qualificado para utilizá-los.
A partir de tais constatações decidiu-se priorizar esta população com o projeto “ALTA-TA & INCLUSÃO: Viabilidade dos Recursos de Alta Tecnologia Assistiva na Inclusão Escolar de Portadores de Severas Disfunções Motoras”.2

2  Este projeto foi submetido ao Edital Universal do CNPq, tendo sido aprovado e iniciado em maio de 2005 (Processo CNPq N. 480588/2004-0).

O termo “tecnologia assistiva”, relativamente pouco utilizado ainda em nosso país, tem como definição mais usual a contida numa lei dos E.U.A. de 1988, Technology-Related Assistance for Individuals With Disabilities Act (1988) que especifica: “qualquer equipamento ou sistema que seja utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais de indivíduos com incapacidades”. O objeto da tecnologia assistiva se define como uma ampla variedade de recursos destinados a dar suporte (mecânico, elétrico, eletrônico, computadorizado, etc.) a pessoas com deficiência, visando à acessibilidade (LAUAND, 2005).
Os diferentes tipos de recursos de tecnologia assistiva são classificados por diferentes autores (por exemplo, MANN e LANE, 1995, LANGONE, MALONE, KINSLEY, 1999, KING, 1999; COOK E HUSSEY, 2002), em três categorias:
a) recursos de baixa- tecnologia: recursos simples, não elétricos, cuja vantagem seria o baixo custo e requer menos treinamento para o uso;
b) recursos de média-tecnologia: geralmente elétricos, porém sem um sistema computacional; e
c) recursos de alta- tecnologia: que geralmente requerem sistemas computadorizados, operados através de programas de softwares especiais  são mais complexos e as vezes multifuncionais.
A educação de alunos com necessidades educacionais especiais requer recursos diferenciados, e dentre esses se incluem os recursos de TA. A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e Cultura (SEESP/MEC), na “Coleção Saberes e Práticas da Inclusão”, reconhece e pontua alguns recursos de informática para pessoas com necessidades especiais para o alcance dos objetivos curriculares (BRASIL, 2005).
Assim, o computador pode possibilitar um grande salto na qualidade de vida da pessoa com paralisia cerebral, pois ele pode ser utilizado como instrumento para facilitar a aprendizagem acadêmica, a comunicação, e em fim, garantir a participação e inclusão social destes indivíduos no lar, na escola, no trabalho e na comunidade.
O uso de computadores por pessoas com paralisia cerebral no Brasil iniciou-se na década de 80, e paralelamente a introdução da informática na educação comum. Sampaio e Reis (2004) encontraram relatos de experiências iniciadas na UNICAMP, UFRGS, UFMG e instituições envolvidas em projetos de pesquisa tais como o EDUCOM (Núcleo de Estudos de Informática na Educação), sendo que nestas universidades a investigação envolvia alunos com ou sem deficiência. Entretanto, apesar dessas iniciativas iniciadas já há algumas décadas, infelizmente em nosso país, nem a pesquisa e nem a aplicação desse tipo de recurso teve a mesma evolução observada em outros paises, de modo que tais recursos computacionais ainda estão inacessíveis para a grande maioria das escolas públicas.
No contexto mundial, e particularmente nos paises desenvolvidos de modo geral, observa-se também que foi a partir da década de 80 que ocorreu um grande avanço na pesquisa sobre recursos de TA. Nos contexto norte-americano, por exemplo, a aprovação de legislação (“The Individuals With Disabilities Education Act – IDEA” nos EUA) em 1988 e políticas públicas específicas, parecem ter sido decisivos para ampliar o acesso a tais tipos de recursos. A partir dai as agências governamentais se organizaram e passaram a oferecer diversos programas para disponibilizar recursos, nas áreas de medica, educacional, vocacional, alem de proporcionar serviços direcionados para atender as necessidades de indivíduos com deficiências, veteranos de guerra e idosos (RESNA, 2004 apud LAUAND, 2005).
Observa-se na atualidade que incentivo à pesquisa sobre tecnologia assistiva é grande, e pode ser evidenciada pelo grande número de publicações norte-americana, com destaque para o Journal of Special Education Technology, periódico bimestral existente desde o final da década de 1980, e que congrega informações sobre pesquisas e inovações na área. Alem disso observa-se que nos EUA os estados têm assumido em conjunto com universidades, a implementação de uma política de desenvolvimento e implementação de recursos de TA, de modo que vem crescendo exponencialmente tanto o desenvolvimento de produtos quanto a prestação de serviços em centros de reabilitação, ou por profissionais da área da educação, saúde, trabalho e assistência social.
Assim, os recursos de alta tecnologia assistiva geralmente envolvem sistemas computadorizados, operados através de programas especiais de softwares, podendo ser usado por alunos com deficiências de fala, alunos com dificuldades de aprendizagem, que requerem instrução individualizada, ou alunos com deficiências motoras, que de outro modo não teriam acesso ao currículo, pela falta de movimentação para manipular os materiais básicos de escrita (lápis, caderno, borracha, etc.).
Infelizmente em nosso país tais recursos ainda estão inacessíveis para a grande maioria da população das escolas públicas e mesmo onde eles existem não são utilizados pela falta de conhecimento dos educadores. Assim, embora em outros países tenha ocorrido nos últimos anos um crescimento explosivo da aplicação da tecnologia assistiva para pessoas com disfunções motoras, no Brasil, o avanço dessa área ainda tem sido lenta, principalmente no tocante ao uso de recursos de alta tecnologia aplicados à educação, pois ainda que os recursos sejam acessíveis, ainda faltaria treinamento para que os educadores pudessem utilizá-los.
Considerando as dificuldades encontradas em nosso país, tanto de ampliar as oportunidades educacionais para alunos com necessidades especiais em ambientes inclusivos, quanto de melhorar efetivamente a qualidade de ensino para os que conseguem acessar e permanecer na escola comum, esse projeto tem como objetivo desenvolver, implementar e avaliar um programa educacional destinado a portadores de severas disfunções motoras, cuja escolarização tem sido desafiadora em função da necessidade do apoio de recursos de alta Tecnologia Assistiva para favorecer o acesso ao currículo.
Além disso, é objetivo desse grande projeto a produção de conhecimentos teóricos na área e também a formação de recursos humanos para a implementação adequada desse tipo de recursos.
A literatura sobre educação inclusiva tem apontado diversas estratégias para que as escolas minimizem as barreiras para a aprendizagem e caminhem em direção a um ensino de qualidade. Entre tais estratégias poderiam ser destacadas, em relação ao professor do ensino comum, a recomendação para prover informação e promover sensibilização a fim de quebrar preconceitos e mitos; garantir formação permanente para todos os profissionais envolvidos no processo de ensino; valorizar o professor, que é o responsável pela tarefa fundamental da escola e estabelecer sistemas de colaboração e/ou cooperação, fortalecendo uma rede de apoio.
Assim, na educação inclusiva cresce a adesão ao princípio de que os professores não devem trabalhar sozinhos, mas sim em equipes, compostas por um grupo de indivíduos cujas propostas ou funções são derivadas para uma filosofia comum e alcance de objetivos comuns.
Com esse princípio em mente e buscando atender as premissas da universidade enquanto uma agência de pesquisa, ensino e extensão, o programa de pesquisas desse projeto envolve atualmente três subprojetos relacionados a uma pesquisa de mestrado e duas de iniciação científica, além de contar com quatro alunos de graduação envolvidos com a extensão universitária e alunos de disciplinas tanto da pós-graduação como da graduação.
Especificamente com relação à produção de conhecimento científico, na pesquisa de mestrado está sendo desenvolvido um instrumento para auxiliar o profissional na avaliação, indicação e implementação do melhor tipo de recurso de alta tecnologia assistiva a partir das demandas motoras da criança com paralisia cerebral, tendo em vista a complexidade do processo de implementação desse tipo de tecnologia, e de forma a contribuir na busca de um modelo teórico para a implementação de tecnologia assistiva no país, além de dar continuidade aos estudos sobre a temática já realizados no grupo. O objetivo desse sub projeto de pesquisa é desenvolver procedimentos específicos para verificar a elegibilidade de alunos com paralisia cerebral da rede regular de ensino para o uso de recursos de alta tecnologia assistiva, mais especificamente dispositivos computacionais. A metodologia empregada é a de caráter descritivo e envolve a construção de um protocolo, possível de ser aplicado por qualquer profissional que tenha conhecimentos sobre alguns recursos disponíveis e também que esteja ou tenha convivido com alunos com paralisia cerebral. Espera-se ao final da pesquisa a viabilização de um instrumento para a avaliação e a prescrição de recursos de alta tecnologia assistiva que viabilizem o acesso ao computador e, dessa forma, às tarefas de leitura e escrita para o avanço no desempenho escolar dessas crianças. Além disso, busca-se realizar uma contribuição à prática dos profissionais que lidam com essa temática ao disponibilizar esse tipo de instrumento até então em falta no país, podendo contribuir para o desenvolvimento teórico da área.
Os projetos de iniciação científica envolvem a elaboração de manuais dos equipamentos em uma linguagem acessível aos usuários e profissionais, e a avaliação do avanço de seis crianças acompanhadas no primeiro ano do projeto, através da técnica de análise do conteúdo dos diários de campo produzidos pelos envolvidos nesse acompanhamento (universitários e professora da sala de recurso).
Desde o início das atividades do Projeto TA & Inclusão, no primeiro semestre de 2006, ficou clara a necessidade de material instrucional voltado aos professores e demais profissionais em contato com o projeto, pois boa parte dos dispositivos de Alta Tecnologia Assistiva adquiridos pelo Projeto não apresentava material instrucional ou, quando apresentavam manuais, toda a informação encontrava-se em apostilas muito extensas e predominantemente em inglês.
Partindo desta necessidade, este outro sub-projeto teve como objetivo confeccionar material instrucional voltado aos professores, pais e profissionais responsáveis pelas crianças atendidas pelo TA & Inclusão. Este material instrucional confeccionado tem por objetivo não só facilitar o uso dos dispositivos, mas também colaborar com sua divulgação no meio escolar, onde muitos profissionais desconhecem por completo a existência destes equipamentos, capacitando professores, pais e demais profissionais ligados à educação para o uso destes dispositivos e familiarizando-os com os recursos de alta tecnologia assistiva disponíveis. Objetivando dar aplicabilidade a este material dentro do ambiente escolar, os manuais desenvolvidos são testados diretamente com a população-alvo, composta por estudantes, profissionais e professores, de modo que as críticas e sugestões surgidas neste meio são incorporadas ao material, tornando-o específico para o uso no ambiente da sala de aula.
Até o presente momento foram confeccionados manuais para o teclado Intellikeys USB, Mouses especiais, acionadores e para o vocalizador Go Talk 20+. Além destes manuais, outras duas apostilas contendo conceitos básicos ao meio da informática foram confeccionadas, fornecendo aos professores e profissionais ligados ao projeto uma pequena base para lidar com os dispositivos e seus termos específicos.
A pesquisa colaborativa envolve trabalho conjunto entre os educadores da escola e pesquisadores, que num sistema de trocas e ajuda mútua devem buscar tanto produzir conhecimento quanto contemplar problemas imediatos do cotidiano escolar. A pesquisa colaborativa exige idas sistemáticas às escolas, uma vivência prolongada na sala de aula como observação participante e processos de análise, de planejamento de implementação e avaliação de intervenções que sejam compartilhadas entre pesquisadores e professores, em todas as etapas do delineamento.
O objetivo do presente estudo consistiu em descrever e analisar as atividades desenvolvidas e o desempenho das crianças-alvo ao longo do projeto, com base nos registros dos diários de campo. Os objetivos específicos foram:
.     Comparar as atividades e desempenho dos alunos na sala regular e de recurso.
.     Analisar o impacto do uso de recursos de alta-tecnologia no desempenho acadêmico das crianças-alvo.
Participaram desta etapa sete pesquisadores (duas coordenadoras, uma estudante de mestrado, um bolsista de iniciação cientifica e duas bolsistas de extensão), e as atividades realizadas foram: a) reuniões semanais de duas horas de duração, dos pesquisadores na universidade, b) permanência diária de no mínimo um dos pesquisadores e da professora do ensino especial alocada pela Secretaria de Educação na classe de recurso para desenvolver as atividades com as crianças, e c) reuniões semanais da professora da classe com um dos pesquisadores para as atividades de avaliação e planejamento.
No inicio a fim de avaliar as habilidades de leitura das crianças antes do inicio das intervenções foi utilizado o “Instrumento de avaliação do repertório básico para alfabetização – IAR” (LEITE,1984) , e foi efetuada uma avaliação baseada na seqüência de atividades do método fônico de alfabetização (CAPOVILLA, CAPOVILLA, 2004).
Depois tiveram inicio o teste e a introdução dos recursos indicados para cada criança. Selecionados os recursos começou a fase de aprendizagem do uso dos recursos para o desempenho de atividades acadêmicas. A Tabela I apresenta o numero de sessões e a duração total das intervenções feitas com cada criança (em horas).
  
Pseudônimo
Número de sessões
Duração (horas)
Alan
33
99
Carolina
06
18
Elena
30
90
Gustavo
12
36
Kaio
19
57
Sara
05
12
TOTAL
95
312


Para a coleta de dados foram utilizados equipamentos de registros de vídeos (máquinas fotográficas e filmadoras), diários de campo e fichas de avaliação de desempenho em leitura e escrita nos instrumentos já mencionados.

Os diários de campo consistem em registros de observações feitas por diferentes pesquisadores nas classes regulares e na sala de recursos de escolas municipais das crianças alvo do projeto, ao longo de seis meses. Assim, a coleta de dados através do diário teve inicio antes da implementação dos recursos. Conta-se atualmente com um conjunto considerável de dados, incluindo fotos, filmes, avaliações formais de desempenho na área de leitura e relatórios de observadores na forma de diários de campo das atividades dos seis alunos e seus respectivos professores nas classes comuns e na classe de recurso, onde os recursos foram implementados.  Após um ano e meio de desenvolvimento do projeto, os resultados parciais apontam que a utilização de recursos computacionais é benéfica e essencial para os portadores de paralisia cerebral grave nos processos de escolarização e que a implementação dos recursos de alta tecnologia assistiva requer conhecimento e habilidades dos profissionais que precisam ser efetivamente formados nesta nova área ainda pouco explorada no país.


Agradecimento
   Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

REFERêNCIAS

BRASIL. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos com deficiência física/neuro-motora / Coordenação geral: SEESP/MEC; organização: Maria Salete Fábio Aranha. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. 36 p. (Saberes e práticas da inclusão)

CAPOVILLA, A. G. S.; CAPOVILLA, F. C. Alfabetização: método fônico. 3 ed. São Paulo: Memnon, 2004. 428p.

CHIMETTO, C. N. Follow up de crianças identificadas como especiais em creches, dois
anos depois. Monografia de conclusão de curso. Psicologia. Universidade Federal de São
Carlos. 2004.

COOK, A. M.; HUSSEY, S. M.  Assistive Technologies. Principles and Practice. St. Louis, Missouri: Mosby, Inc. 2002.

LANGONE, J., MALONE, M.; KINSLEY, T. Technology solutions for young children with developmental concerns. Infants & Young Children, 11(4), 65-78. 1999.

LAUAND, G. B. A. Acessibilidade e formação continuada na inserção de portadores de
deficiências físicas e múltiplas na escola regular. 2000. Dissertação de Mestrado (Educação
Especial (Educ. do Indivíduo Especial)) - Universidade Federal de São Carlos. São Carlos.

______. Fontes de informação sobre tecnologia assistiva para favorecer a inclusão
escolar de alunos com necessidades especiais. 2005. Tese (Doutorado em Educação
Especial (Educ. do Indivíduo Especial)) - Universidade Federal de São Carlos. São Carlos.

KING, T. W. Assistive Technology: essential human factors. Allyn & Bacon. 1999.

LEITE, S. A. S. Instrumento de avaliação do repertório básico para alfabetização – IAR. São Paulo: Edicon, 1984. vol. 1 Manual de aplicação e avaliação, vol. 2 Caderno de respostas. 

MANN, W. C.; LANE, J. P. Assistive technology for infants, toddlers and preschoolers with disabilities. Journal of Special Education Technology, vol.12, n.4, p.31. 1995.

MENDES, E. G. et al. Alunos com Necessidades Educacionais Especiais inseridos em
Escolas Municipais de Educação Infantil: um estudo de caso em um município In: Congresso
Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial, Londrina. Novos Rumos da Educação
Especial. Londrina: Editora UEL, v.1. p.318 – 323. 2002.

MENDES, E. G. et al. A Inserção de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais nas
Escolas Municipais de Educação Básica da Rede Municipal de São Carlos In: III Congresso
Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial, Londrina. Novos Rumos da Educação
Especial. Londrina: Editora UEL, v.1. p.324 – 329. 2002.

MENDES, E.G. & TOYODA, C.Y. 2005. Projeto S.O.S. Inclusão - Consultoria colaborativa para favorecer a inclusão escolar num sistema educacional municipal. Relatório preliminar do Projeto. 15 páginas. São Carlos, Universidade Federal de São Carlos. Mimeo.

SAMPAIO, M. J. T., REIS, N. M. M. Utilização de informática na paralisia cerebral: possibilidades e recursos na clínica da terapia ocupacional. In: LIMA, C. L. F. A; FONSECA, L. F. Paralisia cerebral: neurologia, ortopedia, reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2004. p. 289-291.