http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/301.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

PLANEJAMENTO DE ENSINO E DESENVOLVIMENTO GLOBAL DE UMA CRIANÇA COM DEFICIENCIA AUDITIVA INCLUIDA EM ESCOLA REGULAR
Angela Vicente Alonso;
Regina Keiko Kato Miura;
Joseléia Fernandes-
Departamento de Educação Especial- Faculdade de Filosofia e Ciências- Unesp- Marília


RESUMO

O presente estudo descreve sobre o planejamento do ensino e os dados de avaliação pedagógica realizado de um aluno com deficiência auditiva incluído em escola regular. O planejamento de ensino é o processo de tomadas de decisão sobre atuação dos professores no trabalho pedagógico, que visa a racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação de ensino-aprendizagem. Na área educacional a intervenção pedagógica e estimulação infantil são fundamentais para auxiliar crianças com Necessidades Educacionais Especiais no desenvolvimento e na aquisição de repertórios que promovam a independência e melhor desempenho escolar. O participante deste estudo foi uma criança com 4 anos de idade, apresentando deficiência auditiva bilateral com uso de um implante coclear e freqüentando uma escola regular. Os dados iniciais para elaboração de um planejamento de ensino ocorreram a partir da utilização do questionário preliminar realizada com a mãe, contendo à avaliação escolar, rotina, histórico sócio-econômico do aluno e de sua respectiva família.  Informações sobre o desempenho global em atividades do currículo da educação infantil foram coletados utilizando-se do inventário Portage. Com este instrumento de avaliação informal  em observação direta do desempenho do aluno em atividades recreativas e vivenciadas foram sistematizados os dados das áreas de socialização, linguagem, cognição, desenvolvimento motor e autocuidados. Em seguida, por meio de entrevista com a mãe e das informações anteriormente  pesquisadas, os planos de ensino individualizados foram elaborados, priorizando objetivos para as áreas com maior déficit, uma menos defasada e uma intermediária. A mãe observava os atendimentos educacionais e foram oferecidas orientações para continuidade do trabalho na rotina da casa. Os resultados da avaliação informal nas áreas especificadas mostraram avanços significativos no desempenho do aluno, não só nas áreas em que os objetivos educacionais foram almejados, mas também, nas demais áreas em que os itens avaliados não foram desenvolvidos. Relatos da mãe indicaram melhora no desempenho acadêmico na escola regular.


INTRODUÇÃO

O ato de avaliar a aprendizagem implica em acompanhamento e reorientação permanente da aprendizagem. Ela se realiza através de um ato rigoroso e diagnóstico e reorientação da aprendizagem tendo em vista a obtenção dos melhores resultados possíveis, frente aos objetivos que se almeja. E, assim sendo, a avaliação exige um ritual de procedimentos, que inclui desde o estabelecimento de momentos no tempo, construção, aplicação e contestação dos resultados expressos nos instrumentos; devolução e reorientação das aprendizagens ainda não efetuadas (LUCKESI, 2002, p. 79-88).  A avaliação pode ser implementada sistematicamente e ocorre concomitantemente com a  participação da família, pois o programa de intervenção deve enfatizar a participação dos pais afim de torná-los parte integrante do desenvolvimento de seus filhos.
O planejamento de ensino é o processo de decisão sobre atuação concreta dos professores, no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em constantes interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos (PADILHA, 2001, p. 33). Na opinião de Sant'Anna et al (1995, p. 19), esse nível de planejamento trata do "processo de tomada de decisões bem informadas que visem à racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação de ensino-aprendizagem". Sendo assim o planejamento de ensino é importante para o desenvolvimento global das necessidades individuais da criança; o ato de planejar, objetiva dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos.
O presente estudo apresenta dados de implementação de um programa de estimulação infantil individualizado para um aluno matriculado numa escola de ensino regular que apresenta deficiência auditiva.


METODOLOGIA

Participante: Uma criança com 4 anos de idade, apresentando deficiência auditiva  bilateral e faz uso de um implante coclear e aluno de uma escola regular
Local: Centro de Estudos da Educação e da Saúde- CEES, unidade auxiliar de ensino e  escola regular freqüentada pelo participante deste estudo.
Procedimento: A avaliação informal ocorreu em dois momentos etários distintos com idade de quatro e cinco anos respectivamente, sendo elaborada com base no Inventário Portage Operacionalizado: Intervenção com Famílias nas áreas de socialização, linguagem, cognição, desenvolvimento motor e autocuidados.
A aplicação da avaliação informal teve como objetivo analisar o desempenho em atividades e prover direcionamentos para um programa de ensino adequado e orientar a família. Por sua vez, a família comunicava o professor da sala regular para a continuidade do trabalho, em relação às estratégias de ensino adotadas e os recursos pedagógicos apropriados .
O programa de ensino iniciou-se com um levantamento de dados sobre a história de vida e rotina do aluno através de entrevista com a mãe a e interação pessoal com o aluno por meio de jogos e brincadeiras recreativas. Em seguida a partir de observação direta do desempenho do aluno em atividades recreativas e vivenciadas foram coletados dados para avaliação inicial utilizando o Inventario Portage.
Os planos de ensino individualizados foram elaborados priorizando objetivos para maior déficit, uma menos defasada e uma intermediária. Foram utilizados recursos de alfabeto móvel, jogos pedagógicos, informática, recortes, colagens, pinturas, leituras e escritas significativas como o próprio nome e dos familiares. Sempre objetivando trabalhar de maneira lúdica o novo conhecimento, desenvolvendo a percepção visual e auditiva, a socialização, conduzindo a observação, reflexão, análise e associação do conhecimento novo com os conhecimentos anteriormente construídos. A mãe observava os atendimentos educacionais e foram oferecidas orientações para a continuidade do trabalho na rotina do domicílio.


RESULTADOS

Os resultados da avaliação informal nas áreas especificadas mostraram avanços significativos no desempenho do aluno, não só nas áreas em que os objetivos educacionais foram almejados, mas também nas demais áreas em que os itens não foram desenvolvidos. Relatos da mãe indicaram melhora no desempenho acadêmico. A seguir, as figuras 1,2,3,4 e 5 sintetizam os resultados do desenvolvimento global  do aluno, após a intervenção pedagógica. As figuras mostram as porcentagens de acertos, de acordo com a faixa etária nas cinco áreas avaliadas, durante a primeira avaliação (A1) e a  segunda avaliação (A2):











Dados preliminares indicavam que a criança apresentava maior déficit na área de linguagem, ainda assim pode-se observar que houve um grande desenvolvimento nesta área. Os resultados nas áreas especificadas mostraram avanços significativos no desempenho do aluno, não só nas áreas em que os objetivos educacionais foram almejados, mas também, nas demais áreas em que os itens avaliados não foram desenvolvidos.
Os resultados da entrevista com a mãe do referido aluno mostra que a família apresenta ter bom conhecimento sobre como atuar e buscar informações sobre como conviver bem com a presença da deficiência do aluno na rotina familiar e social. Relatos da mãe também indicaram melhora no desempenho acadêmico na escola regular. Desta forma, a família e a escola educam a criança, compartilham o desejo de fazer o bem e ajudar ao máximo o pleno desenvolvimento integral.

REFERENCIAS

BAUTISTA, R. (coord.) Necessidades Educativas Especiais. Lisboa: Dinalivro, 1993.

CORREA, L.M. Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes regulares. Portugal: Porto Editora, 1999

LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem na Escola e a Questão das Representações Sociais. Eccos Revista Científica, vol. 4, fac. 02, Universidade Nova de Julho, São Paulo, pág. 79 a 88. Eccos revista científica, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 79-88, 2002. 12.ed. São Paulo: Cortez, 2002
PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.
SANT'ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L.; TURRA, C. M. Planejamento de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1995.

WILLIAMS, Lúcia Cavalcante de Albuquerque; AIELLO, Ana Lúcia Rossito. O Inventário Portage operacionalizado: intervenção com famílias. São Paulo: Memnom, 2001.