http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/308.htm | 
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
POLÍTICA PÚBLICA E A INCLUSÃO DO ALUNO SURDO NO ENSINO 
SUPERIOR.
Daniele Silva Rocha
Rosimar Bortolini Poker 
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins
Humanas – Pedagogia – Departamento de Educação Especial -Faculdade de Filosofia e 
Ciências – Campus de Marília.
Com a política de inclusão propaganda e defendida pelo Governo Federal desde 1990, 
os sistemas educacionais estão se organizando para atender os alunos com deficiência, visto que, 
estavam excluídos das classes regulares de ensino. A inserção desse alunado nas classes 
regulares iniciou-se no ensino fundamental e, atualmente, muitos alunos estão chegando no ensino 
superior.
No caso do aluno com surdez, pesquisas demonstram que vem ocorrendo um 
movimento nunca antes observado: alunos surdos estão começando a chegar às universidades 
iniciando sua vida acadêmica e de pesquisa. Até o momento, segundo Bragion (2007), da 
reportagem da Rede Anhanguera de Comunicação – RAC, só 1% de estudantes surdos 
alcançaram esse nível de ensino. Esse problema está relacionado à dificuldade da pessoa com 
surdez em se comunicar pela língua majoritariamente utilizada pelos ouvintes, ou seja, a língua de 
sinais e, também em dominar a segunda língua, ou seja, a língua portuguesa escrita.
Para os surdos, não é uma tarefa fácil a aquisição da língua escrita e dos conteúdos 
curriculares. Esses indivíduos precisam superar as dificuldades da compreensão da língua escrita, 
porque eles se baseiam na língua de sinais que é completamente diferente da língua portuguesa. A 
estrutura e a lógica da língua escrita é muito diferente da língua de sinais, que é a língua 
naturalmente aprendida e usada na comunicação da pessoa com surdez.
            Observa-se assim que mesmo com a disseminação da política educacional inclusiva onde 
são previstas as adequações curriculares no âmbito da escola, da sala de aula e individuais para 
o atendimento das necessidades especiais do aluno surdo, ainda existem muitas barreiras no 
processo de ensino e de aprendizagem do surdo que precisam ser enfrentadas durante toda a 
vida escolar. São poucos os que conseguem superar tais obstáculos alcançando o ensino 
superior. 
Um dos fatores que poderiam favorecer as condições de ensino do surdo, 
proporcionando o seu acesso ao currículo no ensino superior, seria a participação do intérprete 
de LIBRAS na sala de aula. O intérprete teria o papel de realizar a tradução da língua 
portuguesa na modalidade oral para a LIBRAS, possibilitando a comunicação entre surdos e 
ouvintes e o acesso aos diferentes conteúdos curriculares desenvolvidos nas diferentes 
disciplinas.
Entretanto, infelizmente, essa não é a realidade da grande maioria das instituições de nível 
superior. Ainda há um numero limitado de intérpretes e, além disso, nem todos têm competência 
para atuar no ensino superior.
Diante desse quadro, pretendeu-se com essa pesquisa analisar as políticas de inclusão do 
surdo no mundo universitário apontando as dificuldades da implementação dessa proposta e as 
conseqüências para o aluno.
Para tanto, foi feita uma pesquisa bibliográfica que analisou os documentos que trataram 
da inclusão do aluno surdo no ensino superior.
A pesquisa teórica demonstrou que apesar de existirem documentos que apontam para a 
construção de um ambiente educacional inclusivo, também para o ensino superior, as condições 
que garantem a aprendizagem do aluno com surdez não estão sendo implementadas. Os dados 
levaram à reflexão sobre as políticas públicas para a educação do estudante surdo e, 
principalmente, apontaram elementos para a elaboração de respostas educativas adaptadas às 
necessidades do surdo, capazes de favorecer a sua efetiva inserção no ensino superior. 
Os documentos apontam que a proposta da inclusão irá trazer uma melhoria para a 
sociedade, pois se pretende transformar a sociedade garantindo-se plena igualdade e respeito 
para todos. E também traz aspectos positivos, pois nela o aluno surdo participa com os mesmos 
direitos que qualquer outro, portanto, é um cidadão, favorecendo o aprendizado e desenvolve 
uma boa capacidade de comunicação. É um desafio que deve ser enfrentado com coragem, 
determinação e segurança e isso iniciará O processo de integração plena na sociedade.
Os resultados preliminares do estudo demonstraram que a proposta da educação 
inclusiva considera e discute a importância da inclusão de pessoas com deficiência no curso 
superior para a transformação da sociedade. É evidente a preocupação com a necessidade de 
inclusão daqueles que foram excluídos e sofreram em seu processo de escolarização. Assim, 
sugere-se o desenvolvimento de uma prática pedagógica que tentaria corrigir uma parte das 
injustiças educacionais, propiciando não apenas o aprendizado, mas a socialização da cultura 
desses indivíduos. 
A inclusão no ensino superior é uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento 
da educação escolar e para o beneficio de todos os alunos considerados com ou sem 
deficiências e de toda a sociedade.
A inclusão do surdo encontra-se, muitas vezes, nitidamente oculta, pois até agora o 
governo, de acordo com o decreto n º 5626 de 2005, só obrigou a contratação de intérpretes de 
sinais (LIBRAS) para as universidades federais. Assim, apesar da aceitação do aluno surdo no 
ensino superior ser obrigatória para as instituições, estas não são obrigadas a contratar o 
intérprete.
Além disso, ainda é preciso lutar pelo reconhecimento da profissão do intérprete de 
LIBRAS. Até hoje sua formação é confusa, não havendo critérios bem determinados que 
garantam a sua formação. Também não há cursos específicos para quem atua no ensino superior.
Outro aspecto a ser considerado é que, muitas vezes, as universidades não estão 
preparadas para receber o aluno surdo, pois não reconhece a realidade da inclusão, e 
infelizmente em alguns casos, os professores são preconceituosos em relação ao aluno. O surdo 
é obrigado a acompanhar a aula da forma que consegue, não havendo qualquer esforço por 
parte da instituição ou mesmo do professor para que o aluno acompanhe os conteúdos 
desenvolvidos.
As contratações de intérpretes de LIBRAS são, necessariamente, importante para os 
surdos, pois é sua própria língua materna e o acesso precoce à LIBRAS que possibilita ao surdo 
condições para desenvolver-se cognitivamente. Como os surdos assimilam conhecimento através 
das imagens e não pela sonorização de palavras, sua língua materna deve ofertada pelo canal 
visual.
Conclui-se então que temos avançado no processo de inclusão do aluno surdo, o que 
têm favorecido a mudança de visão que as pessoas têm, levando-as a respeitar a língua dessa 
população sendo considerados como diferentes e não inferiores. A sociedade está despertando 
para uma nova realidade com bom senso, seriedade e responsabilidade. A “democratização” da 
educação parece que, de modo geral, vem ocorrendo. 
Entretanto, apesar de termos dado o primeiro passo, não podemos parar por aí. É 
preciso lembrar que aproximadamente 80% da população surda brasileira ainda não chegou a 
concluir nem o ensino fundamental. Assim, as escolas, faculdades e universidades precisam se re-organizar para atender de forma concreta aos princípios da educação inclusiva contratando 
intérpretes, comprando materiais adequados além de promover a formação em serviço aos 
professores para que ofereçam um ensino de qualidade e condições propícias de aprendizagem 
para os alunos com surdez.
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