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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
PERSPECTIVAS ATUAIS PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS ALUNOS COM 
DEFICIÊNCIA MENTAL LEVE NA INCLUSÃO ESCOLAR
Aline Aparecida Veltrone
Profa. Dra. Enicéia Gonçalves Mendes
 Programa de pós-graduação em Educação Especial/ UFScar
Agência de fomento: FAPESP
RESUMO
Tendo em vista a opção do sistema educacional brasileiro pela construção de escolas inclusivas e a 
adoção de nomenclaturas menos preconceituosas que reconheçam a diversidade do alunado, bem 
como a necessidade de a escola se organizar para atendê-los e compreendendo a especificidade da 
criação da categoria da deficiência mental leve, este ensaio tem como objetivo, por meio da revisão 
bibliográfica e documental identificar como se deu a construção histórica da deficiência mental leve e 
proporcionar um quadro teórico que possa gerar reflexões acerca das reais condições e determinações 
da classificação desta condição, bem como avaliar se estas são coerentes dentro do contexto atual. Os 
resultados indicam que a escola historicamente tendeu em categorizar os alunos como deficientes 
mentais leves devido a sua não adaptação a cultura escolar. O diagnóstico destes alunos era feito 
somente no intuito de excluir, de legitimar a segregação deles para os serviços da Educação Especial. 
Não se diagnosticava para propor práticas pedagógicas. Na perspectiva da inclusão escolar é 
incoerente categorizar os alunos como deficientes mentais leves devido a uma não adaptação escolar, 
pois a escola deve ser para todos. A categorização, diagnóstico dos alunos com deficiência mental leve 
ou necessidades educativas especiais, só deve ser feita se trouxer benefícios para o processo de ensino-aprendizagem destes alunos, e não para impor limites e condições.
INTRODUÇÃO
O mais novo paradigma educacional é a inclusão escolar. É uma política que vem em defesa dos alunos 
que foram e ainda são segregados pela escola regular, por apresentarem características fora dos 
padrões do “bom escolar”. O princípio fundamental desta proposta é de que o sistema regular deve 
atender a diversidade do alunado, isto é, todos os que se encontram excluídos, freqüentadores da 
escola. Este atendimento inclui, necessariamente, o atendimento dos alunos considerados deficientes, 
tanto físicos, visuais, auditivos e mentais na escola regular (BRASIL, 2001). Para que a política da 
inclusão escolar possa ser bem-sucedida, para que possa satisfatoriamente atender as necessidades de 
todo o alunado, proporcionando a estes o desenvolvimento máximo de suas habilidades e 
potencialidades, é preciso que os sistemas escolares se atualizem, para que estejam preparados para 
atender a todos:
A mera inserção do aluno deficiente em classe comum não pode 
ser confundida com a inclusão. Na verdade, toda a escola precisa 
ter caráter inclusivo nas suas características e no funcionamento 
para que sejam matriculados alunos deficientes e sejam acolhidos. 
Uma escola que só busca arranjo especial determinado pela 
presença de algum aluno deficiente e na qual a adequação é feita 
para as necessidades particulares dele não pode ser considerada 
propriamente inclusiva. Estaria, em princípio, excluindo a 
participação daqueles cujas necessidades não podem ser 
satisfeitas pelas condições atuais de funcionamento. (OMOTE, 
2004, p.6)
Na busca de relações menos preconceituosas, uma das orientações da política de inclusão escolar 
nacional é a de que as escolas e a comunidade em geral adotem o termo necessidades educativas 
especiais ao se referir aos alunos que apresentam algum tipo de deficiência. Esta nova terminologia inclui 
os alunos deficientes físicos, auditivos, visuais, com condutas típicas e os alunos com deficiência mental. 
A Secretária de Educação Especial do Ministério da Educação (SEESP), no art. 5º, da resolução 
n.02/2001 define o conceito de educandos com necessidades especiais, em referência aos alunos que 
apresentarem no processo educacional:
- dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no 
processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento 
das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:
            a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica 
específica;
            b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, 
limitações 
ou deficiências;
- crianças com dificuldades de comunicação e sinalização 
diferenciada dos demais alunos, demandando a utilização de 
diferentes formas de linguagens;
-aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou 
deficiências; altas habilidades/superdotação e grande facilidade de 
aprendizagem.
É importante ressaltar que apesar de propor esta nova terminologia, o Ministério da Educação (MEC) 
ainda utiliza as categorias das deficiências para apresentar dados estatísticos sobre a matrícula dos 
alunos com necessidades educativas especiais no sistema regular de ensino (BRASIL, 2005), o que 
evidencia que o termo necessidades educativas especiais não nega a condição de deficiência de 
determinados grupos de alunos.
Poderíamos questionar se é coerente, dentro da política da inclusão escolar, falarmos de necessidades 
educativas especiais, ou até mesmo de categorias de deficiência. Se na atual proposta da escola para 
todos o sistema educacional deve se reestruturar para que seja efetivamente para todos, é correto falar 
em necessidades educativas especiais? Em condições de deficiência? Elas existiriam dentro da 
perspectiva da escola para todos?
Esta problemática é ainda mais complexa se pensarmos na categoria da deficiência mental leve Esta 
pode ser considerada peculiar devido ao fato de que é uma deficiência que historicamente foi 
perceptível e identificável apenas no ambiente escolar, ou seja, antes de entrar na escola os alunos 
considerados deficientes mentais leves não apresentavam quaisquer características e condutas que 
pudessem identificar uma condição de deficiência. 
Dentro desta perspectiva, este ensaio tem por objetivo identificar como se deu a construção histórica 
da deficiência menta leve e proporcionar um quadro teórico que possa gerar reflexões acerca das reais 
condições e determinações da classificação da condição da deficiência mental leve bem como avaliar se 
estas são coerentes dentro do contexto atual em que se propaga o discurso da inclusão, da escola para 
todos. A importância de se compreender o surgimento de uma categoria se justifica porque uma 
categoria não delimita somente uma condição, mas sim limites e possibilidades impostos à pessoa que 
carrega esta condição.
MÉTODO
Trata-se de um ensaio teórico. O método envolveu a análise documental e pesquisa bibliográfica em 
base de dados. 
RESULTADOS e DISCUSÃO
1. O surgimento da condição da deficiência mental
A condição da deficiência mental nem sempre esteve presente na escola. Apenas foi identificada a partir 
do momento em que a escola deixou de ser espaço exclusivo da elite. 
Até meados da industrialização somente a elite tinha acesso a educação escolar. Em uma estrutura 
agrária não era necessário que toda a população freqüentasse a escola, porque os conhecimentos 
necessários para que esta sociedade se sustentasse não eram transmitidos pela escola. Contudo, com o 
advento da industrialização, da urbanização, fazia-se necessário que a população em geral fosse 
educada, para que pudesse se adaptar e manter este novo sistema produtivo e este novo modo de vida.
Desta maneira, expandiu-se a educação para as camadas populares. Contudo, a escola não tinha se 
organizado para receber esta clientela, já que quase toda a sua cultura fora organizada tendo em vista a 
elite da sociedade. Muitas das crianças e adolescentes que adentravam a escola acabavam por 
encontrar bastante dificuldade de adaptação, de compreender a cultura produzida e transmitida pela 
escola. (PATTO, 1996). A dificuldade de adaptação de alguns alunos na escola regular foi facilmente 
transformada em patologia.
Estes alunos que não se adaptavam a cultura da escola, considerados deficientes mentais leves, 
acabaram constituindo o grupo do fracasso escolar. A responsabilidade do fracasso dos alunos ante as 
demandas escolares não era atribuída a escola, mas a clientela considerada inadequada que a 
freqüentava. Logo a escola tratou de responsabilizar estas crianças e adolescentes pelo fracasso ante as 
demandas escolares. Não questionava a estrutura escolar como também responsável por este fracasso. 
A culpa era, portanto, atribuída a características individuais e não a toda uma organização social vigente. 
Ao atribuir a culpa do fracasso exclusivamente as características dos alunos, a escola transforma as 
diferenças em patologias, em deficiência; condições que fogem da sua área de conhecimento. A partir 
do momento em que a escola, a área de conhecimento da Educação se utiliza exclusivamente de 
conhecimentos de outras áreas, está-se pedindo para que outros profissionais dêem conta de um 
problema que é gerado dentro da escola e, portanto, precisa ser resolvido dentro dela, considerando 
todas as suas variáveis e multideterminações:
O que tanto educadores quanto especialistas muitas vezes 
parecem esquecer, no ato de uma avaliação diagnóstica, por 
exemplo, é que a criança/adolescente em questão não é um caso 
clínico em abstrato, mas um sujeito sempre tributário de 
instituições, ocupantes de lugares e posições concretas, e que se 
funda a partir das relações nas quais a sua existência está inscrita. 
Ele é estudante de determinada escola, aluno de certo(s) 
professor(es), filho de uma família específica, integrante de uma 
classe social, cidadão de um país ( AQUINO, 1997, p.94). 
A escola acaba se fazendo de vítima de uma clientela considerada inadequada. Não se diz capaz de 
resolver os problemas que ela própria cria. Despotencializa os limites e possibilidades concretas da 
ação pedagógica.
 A escolarização das camadas populares, o conflitos de culturas, portanto, deu espaço para a 
identificação de uma nova categoria de anormalidade. Categoria esta que gerou classificações errôneas 
e impões limitações para um grande contingente educacional:
No Brasil, a deficiência mental  é um fenômeno que ganha forma 
na escola. Muitas crianças que estão perfeitamente integradas em 
seu ambiente familiar e na comunidade passam a ser reconhecidas 
como deficientes mentais após seu ingresso na escola e seu 
posterior fracasso no aprendizado acadêmico (...) No Brasil, deve 
ser frisado o fato de que a deficiência mental leve ganhou 
contornos mais nítidos quando começou a ampliação da oferta de 
ensino básico- de primeira a quarta séries do primeiro grau às 
camadas desfavorecidas da população e surgiu o denominado 
fenômeno (MAGALHÃES, 1997 p.18)
A partir do momento em que se definiu uma condição de deficiência, uma categoria de alunos para 
explicar o fracasso escolar, foi preciso também definir os procedimentos de diagnóstico deste alunado.  
Basicamente o diagnóstico era feito com base na fuga aos padrões do “bom escolar”. O critério para 
avaliar a normalidade seria o grau de inteligência em relação aos alunos da mesma idade, bem como a 
observação da atenção do aluno e sua memória (JANUZZI, 2001). 
Para atestar a cientificidade desta delimitação da deficiência mental, foram utilizados os testes de QI de 
Binet (1908), que procuravam medir a inteligência com base nos parâmetros de bom escolar, 
procurando-se, desta maneira, compreender e identificar a deficiência mental por meio, principalmente, 
da psicologia.
Inicialmente o diagnóstico, as classificações, tinham a tendência em conceber os eventos em categorias 
estanques, tendência em conceber o estabelecimento de análises simplistas, que não consideravam as 
múltiplas e complexas relações existentes entre as variáveis causadoras dos eventos. (PIRES, 1987)
As observações e aplicação dos testes de QI procuravam classificar os alunos em normais e anormais. 
Os anormais seriam aqueles que fugissem aos padrões do bom escolar. Contudo, o padrão do bom 
escolar levava em consideração conhecimentos, culturas que não necessariamente eram de 
conhecimento da grande clientela escolar. Não podemos deixar de considerar que este padrão de bom 
escolar poderia excluir aqueles de classes sociais menos favorecidas, cuja herança cultural, em 
decorrência de seu ambiente social e familiar, poderia ser diferente da cultura transmitida pela escola 
(MENDES, 1995)
Outro problema é que o diagnóstico era feito apenas com o objetivo de rotular o aluno considerado 
deficiente mental. Não tinha como intenção diagnosticar para propor ações pedagógicas, funcionava 
apenas no sentido de categorizar e estigmatizar:
O diagnóstico apenas sinalizará a quantidade do estado deficitário 
do organismo. Este organismo, por sua vez, passará a ser 
conhecido a partir da nomeação destes estados, como por 
exemplo, “deficiente”. O professor que atua na área terá seu 
“fazer determinado”, de diferentes maneiras, pelo resultado deste 
diagnóstico. Restará ao indivíduo diagnosticado arcar com os 
problemas oriundos dessa maneira de conceber o diagnóstico. 
(PIRES, 1987, p.4).
Quando o aluno é diagnosticado como deficiente menta leve ganha um nome e uma classificação e 
passa a ter explicado a sua ocorrência a partir da classe que pertence. O diagnóstico, depois de feito, 
exerce forte influência acerca de como os outros iram se comportar frente a este aluno. Não importa a 
maneira como seja feito ou os profissionais envolvidos neste processo; uma vez feito o aluno será 
categorizado e visto principalmente, a partir desta categorização.
Feito o diagnóstico e as conseqüentes classificações e categorizações é também imposto algumas 
condições para o aluno com deficiência mental leve. A principal é a de que ele deve ser segregado, não 
deve freqüentar os mesmos espaços educacionais que os demais alunos. Legitima-se, por meio do 
diagnóstico, a segregação dos alunos considerados deficientes mentais. 
Primeiramente, buscou-se a reabilitação destes alunos. No Brasil, esta educação especializada ficou 
conhecida primeiramente como ensino emendativo e posteriormente foi chamada de educação especial. 
O ensino emendativo e a posterior educação especial tinham por objetivo a reabilitação dos alunos com 
deficiência mental, isto é, “consertar” o que estava errado para depois inseri-los nos ambientes sociais 
freqüentados pelos demais alunos. (JANNUZZI, 2004) 
O ensino especializado no Brasil, via iniciativa pública, funcionava a partir das classes especiais, que 
deveriam funcionar anexas às classes comuns O objetivo destas classes era fornecer o ensino 
especializado para os alunos considerados deficientes mentais leves. A sua filosofia era apoiada nos 
preceitos da filosofia da normalização, em que havia a tentativa de integrar as pessoas com deficiência 
em ambientes educacionais com o mínimo de restrição possível, e que se aproximassem ao máximo dos 
ambientes naturais.
Portanto, podemos concluir que o diagnóstico da deficiência mental leve além de legitimar a segregação 
e a falta de interesse da escola por este tipo de alunado também acabou por definir limitações e 
potencialidades para este contingente de alunos. O diagnóstico era utilizado, na maioria das vezes, para 
responsabilizar os alunos sobre seus fracassos, ao mesmo tempo em que tirava da escola a 
responsabilidade de um problema que era por ela criado. Além disso, enfocava apenas um aspecto da 
condição da deficiência e desconsiderava outros aspectos importantes, que atualmente caracterizam a 
condição da deficiência mental como sendo multideterminada.
Em geral, o surgimento da categoria estava ligada a uma concepção organicista da deficiência mental. 
Desconsiderava o ambiente social na determinação da condição.
2. A inclusão escolar e a  deficiência mental
O documento “Educação Inclusiva: Documento subsidiário à política de inclusão” (SEESP, 2005) refere 
que a política de inclusão escolar para deficientes mentais é apoiada na definição e classificação das 
condições de deficiência mental propostas pela “American Association of Mental Retardation -(AARM) (LUCKASON, BORTHWICK-DUFFY, BUNTINX, 
COULTER, CRAIG, REEVE, 
SCHALOCK, SNELL, SPITALNIK, SPREAT, TASSÉ, 2002) , mencionando que:
Deficiência mental é a incapacidade caracterizada por limitações 
significativas tanto no funcionamento intelectual quanto no 
comportamento adaptativo expresso em habilidades conceituais, 
sociais e práticas. Esta inabilidade se origina antes da idade dos 18 
anos.
Além disso, a AARM propõe cinco suposições essenciais à aplicação na definição do conceito de 
deficiência mental: 
As limitações em funcionar do presente devem ser consideradas 
dentro do contexto dos ambientes da comunidade típico dos pares 
e da cultura da idade dos indivíduos.
A avaliação considera a diversidade cultural e lingüística, bem 
como as diferenças de uma comunicação sensorial, no motor e em 
fatores comportamentais.
Dentro de um indivíduo, as limitações coexistem freqüentemente 
com forças externas.
Uma finalidade importante de descrever limitações é desenvolver 
um perfil de sustentações requeridas.
Com excesso personalizado apropriado das sustentações ou um 
período sustentado, o funcionamento da vida da pessoa com 
deficiência mental geralmente melhora.
Da análise da própria definição e das suposições essenciais para a aplicação e definição do conceito 
proposto pela AARM, pode-se perceber que não é possível mais a explicação do fenômeno da 
deficiência mental a partir de causas individuais. Existe agora uma ênfase multideterminista na definição 
da deficiência mental. 
 Mesmo considerando que a ênfase multideterminista é um avanço no sentido em que considera também 
o ambiente social e cultural na delimitação da deficiência mental, contribuindo para que a 
responsabilidade do fenômeno não seja exclusiva do aluno assim diagnosticado, temos que nos 
questionar se esta mudança de enfoque é positiva ou se continuamos na mesma situação com relação a 
definição do alunado considerado com deficiência mental.
Dentro da proposta da inclusão total, da escola para todos, é coerente ainda caracterizar um aluno 
como deficiente mental leve ou com necessidades educativas especiais? Qual o sentido de se utilizar 
estes termos? O tratamento destinado a estes alunos será o mesmo que para os demais? Quais os 
benefícios advindos destas classificações? De quem será a responsabilidade pelas atuais situações de 
insucesso nas relações de ensino-aprendizagem nas escolas regulares, em especial nas escolas 
públicas?Estes questionamentos precisam ser claramente respondidos para que não regressemos no 
tempo e não legitimemos novas formas errôneas de classificação e segregação da população de alunos 
considerados como deficientes mentais leves. Formas que apenas legitimem um não saber fazer da 
escola regular.
É reconhecido que existem alunos que apresentam dificuldades diante das demandas escolares e que 
podem precisar de atendimento especializado para que possam se desenvolver diante das atividades 
acadêmicas e sociais. E, nestes casos, a escola para todos deve prover todos os recursos necessários 
para que os alunos sejam satisfatoriamente atendidos, sem, contudo, estigmatizá-los como alunos menos 
incapazes que os demais, como se fossem uma clientela inadequada diante das exigências impostas pela 
escola.
Portanto, mesmo considerando a variável multideterminista, a identificação dos alunos com 
necessidades educativas especiais ou deficientes mentais leves, deve ser feita somente se trouxer 
benefícios para o processo de ensino-aprendizagem destes alunos na escola regular, caso contrário não 
é necessária. Seria até mesmo antiético a escola rotular para se livrar de um problema de não conseguir 
atender os alunos que provém de ambientes em que convivem com uma cultura transmitida pela escola.
No atual contexto da inclusão escolar, da escola para todos, esta problemática fica ainda mais evidente. 
Se a escola deve ser para todos é incoerente existir grupos de alunos identificados como deficientes 
mentais e responsáveis por situações de fracasso ante as demandas escolares.  Caso o fenômeno da 
deficiência mental leve, do fracasso escolar existam, diversas variáveis devem ser identificadas e 
problematizadas, no sentido de resolver o problema e não de identificar e rotular os culpados. Os 
alunos sozinhos não podem mais arcar com toda a responsabilidade do fracasso escolar e até mesmo 
da condição da deficiência mental leve, já que são fenômenos que ocorrem dentro da escola e, 
portanto, por ela também são criados e por ela precisam ser resolvidos. 
Enfim, para que a política da inclusão escolar possa ser bem sucedida não basta que adotemos novas 
terminologias para se referir ao aluno considerado “problema”. É preciso que efetivamente estas novas 
terminologias tenham novos sentidos e que possibilitem o sucesso de todos os alunos na escola, até 
mesmo daqueles que fogem dos padrões de alunos por ela esperados.
REFERÊNCIAS
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G (Org.). Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas, São Paulo: Summus, 1997.
BRASIL.  Diretrizes Nacionais da Educação Especial para a Educação Básica. 2001
BRASIL. Educação inclusiva: Documento Subsidiário à Política de Inclusão. Mec/Seesp, 
Brasília, 2005.
BRASIL – MEC. Dados da Educação Especial no Brasil. Secretaria de Educação Especial/ 
Coordenadoria Geral de Planejamento/ SEESP, 2005. 
JANUZZI, G, S de M. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século 
XXI. Campinas, SP: Autores Associados, 2004. 
LUCKASON, R.; BORTHWICK-DUFFY, S. ; BUNTINX, W.H.; COULTER, D.L.; CRAIG, 
E.M.; REEVE,A.;  SCHALOCK, R.I.; SNELL, M.E.;  SPITALNIK, D.M.E.; SPREAT, S.; TASSÉ, 
M.J. Mental Retardation – Definition, Classification, and Systems of Supports. 9ed. Washington 
(DC). American Association on Mental Retardation. 2002. 
MAGALHÃES, R. de. C. B. P. Um estudo sobre representações de professoras de classe 
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MENDES, E.G. Deficiência Mental: A construção científica de um conceito e a realidade 
educacional. Tese de doutorado. Universidade de são Paulo. São Paulo, SP. 1995.
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PATTO, M.H.S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: 
T.A. Queiroz, 1996.
PIRES, H. Diagnóstico da deficiência mental no ensino da educação especial. Dissertação de 
mestrado. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos. SP, 1987.