http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/323.htm | 
     | 
  

Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
O OLHAR DE PAIS DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL SOBRE O ENSINO 
COLABORATIVO
Vera Lúcia Messias Fialho Capellini
Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da UNESP/Bauru
Enicéia Gonçalves Mendes
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial – UFSCar/São Carlos
RESUMO
Este trabalho é uma etapa de uma pesquisa maior, que tomou como objeto de estudo o 
Ensino Colaborativo – estratégia de ensino em que o professor da classe comum atua 
colaborativamente com o professor especialista em educação especial. O objetivo principal da 
pesquisa foi verificar as possibilidades do ensino colaborativo no processo de inclusão escolar de 
alunos com deficiência mental.  Esta etapa consistiu em verificar junto aos pais de seis alunos com 
deficiência mental qual era a avaliação que fazia da implementação do ensino colaborativo na 
educação de seus filhos. A metodologia utilizada para coletar os dados foi entrevista realizada pela 
pesquisadora e pela professora da classe comum antes e depois da intervenção (início e final do ano 
letivo), além de anotações registradas sobre as reuniões realizadas em colaboração. A concepção 
dos pais foi de que o ensino colaborativo permitiu que os filhos avançassem, diminuindo as 
reclamações de que eles não faziam nada. Uma mãe relatou que a presença de duas professoras na 
sala permitiu que “cuidassem” melhor de seu filho, “coisa que anteriormente não acontecia”. Este 
trabalho demonstrou que os pais querem ser ouvidos, participam na educação dos filhos quando são 
instrumentalizados, pois  muitas vezes estes não fazem melhor por falta de orientação, além de que a 
troca de conhecimentos e informações, o planejamento colaborativo entre equipe escolar e família, 
favorece o desenvolvimento profissional e pessoal, essenciais para o pleno desenvolvimento do 
aluno com deficiência.
Introdução
Vivemos um momento histórico caracterizado por mudanças, turbulências e crises, mas 
também pelo surgimento de oportunidades. A inclusão social da pessoa com deficiência é uma 
delas. Este processo ganhou força na última década, sobretudo no âmbito escolar. Portanto, ainda 
que nas letras das leis nosso país já tenha garantido de fato o direito a matricula do aluno com 
deficiência na classe comum, estamos longe ainda de garantir de fato acesso, permanência e sucesso 
de todos os alunos que adentram as escolas brasileiras. Por conseguinte, novas estratégias de ensino 
precisam ser avaliadas pensando no rompimento com esta escola que está posta na atualidade que 
não cumpre seu papel do acesso ao conhecimento produzido pela humanidade nem mesmo para 
alunos que não tem nenhuma deficiência.
Em contrapartida, a relação família-escola, se constitui num dos maiores desafios postos na 
construção de uma escola democrática, ainda mais quando se pensa na possibilidade destas famílias 
estarem avaliado a qualidade dos serviços oferecidos, situação esta que já é realidade em alguns 
países.
Posto este novo paradigma, há que se pensar em mudanças no âmbito da escola, por isso o 
desenvolvimento profissional dos professores é uma forma efetiva de responder à complexidade da 
instituição escolar e do trabalho pedagógico nos dias de hoje. Todavia, é fundamental que o 
educador seja auxiliado a refletir sobre sua prática, a organizar suas próprias teorias, a compreender 
as origens de suas crenças para que possa tornar-se pesquisador de sua ação, um profissional 
reflexivo que, melhorando o seu trabalho em sala de aula, recrie constantemente sua prática. 
Ressalta-se, assim, a importância das trocas de experiências, dos debates com os pares, do apoio 
de equipes de suporte, em fim de colaboração.
Pimenta (1999) argumenta que o professor sozinho não consegue refletir a sua prática 
docente, sendo necessária uma discussão em grupo e de maneira colaborativa. Depreende-se daí, 
que o processo de formação do profissional deve ser em ambiente escolar e coletivo, envolvendo 
todos os participantes do processo.
A hipótese que se tem desse trabalho é a de que, ao auxiliar o professor a entender melhor 
as dificuldades de ensino, não estaria só participando e levando inovações, mas contribuindo para a 
(re)construção de saberes escolares com os mesmos, além de por outro lado, sensibilizar o 
professor para a necessidade de sua formação permanente e de um trabalho colaborativo, pois 
escola inclusiva não se faz com um só professor, mas sim por toda uma comunidade escolar, na qual 
a família precisa estar inserida. 
A atuação colaborativa demanda dos professores segundo Wood (1998), novas 
competências, tanto da Educação especial, quanto da educação comum, para conseguir minimizar 
os aspectos críticos que a literatura apresenta, relacionados aos papéis que exercerão num trabalho 
que requer constante partilha nas ações e nas responsabilidades.
É indiscutível que qualquer profissional, seja ele da educação comum ou especial, preocupe-se com sua formação 
enquanto educador, para que com consciência da realidade em que irá atuar, 
tenha fundamentação teórica que permita uma ação coerente, além de uma satisfatória 
instrumentalização técnica que lhe possibilite uma ação eficaz (SAVIANI apud MAZZOTTA, 
1993).
Neste ssentido, nenhum educador, com todos os saberes e competências necessárias, 
conseguirá efetuar uma prática com base na ação-reflexão-ação com qualidade, se não houver 
vontade política para garantir as condições adequadas para uma formação inicial e permanente de 
qualidade, bem como infra-estrutura necessária para uma prática pedagógica criativa e 
transformadora. 
A literatura estrangeira vem apontando que a colaboração entre professores da Educação 
Comum e Especial tem possibilitado uma reflexão da prática pedagógica e ampliando as 
possibilidades de melhor atender alunos com deficiência na classe comum, além de possibilitar um 
desenvolvimento profissional centrado na própria escola, maior envolvimento e satisfação das 
famílias (WEISS e LLOYD, 2002). Desta forma, este estudo foi  proposto com os objetivos de 
implementar o ensino colaborativo entre o professor especialista e o professor do ensino comum, 
que atendiam em suas salas alunos com deficiência mental e avaliar segundo os pais as 
conseqüências deste processo.
Método
Na área educacional tem sido considerado cada vez mais importante a necessidade de 
conhecer e explicar, com caráter científico, a natureza dos fenômenos educativos. Portanto, 
adotamos uma abordagem predominantemente qualitativa, que segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 
11) é “uma metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a indução, a teoria 
fundamentada e o estudo das percepções pessoais". Tal abordagem, para esses autores, tende a 
assumir um forte cunho descritivo e interpretativo.
Por conseguinte, a denominação do tipo de pesquisa do presente estudo pareceu-nos uma 
missão extremamente árdua. Conforme aponta Mizukami (1996, p.5).
O desenvolvimento de pesquisas com característica dupla de construir conhecimentos sobre um dado 
fenômeno ou conjunto de fenômenos e, ao mesmo tempo, intervir no contexto em que ocorre (m), de 
forma que os conhecimentos sejam construídos ou reconstruídos de modo colaborativo entre diferentes 
participantes – pesquisadores e sujeitos do contexto investigado -, apresentam características tais que 
dificultam sua classificação segundo um modelo metodológico determinado.
Por certo, uma categorização particular para uma pesquisa realizada em duas escolas 
públicas com tantas variáveis, seria limitadora, “diante do conceito e função da pesquisa de 
construção do conhecimento sobre problemas que pedem solução” (LÜDKE, 2001, p. 39).
A proposta de parceria nas pesquisas educacionais entre escolas e universidades em torno 
de um objetivo comum não é recente. Clark (1988) estudando a relação escola-universidade nos 
Estados Unidos, encontrou registros de experiência deste tipo desde o século XIX, destacando que 
a participação do professor atualmente se dá como parceiro nos estudos denominados de pesquisa 
ação.
O que se altera, portanto, não é propriamente o tipo de participação e envolvimento 
dos agentes da situação escolar no estudo, mas a natureza dessa participação. 
Professores, diretores, supervisores continuam "estudantes", continuam 
"informantes ou sujeitos de pesquisa", só que, nesse caso, tornam-se parceiros, 
usuários e co-autores do processo de pesquisa, isto é, não se trata mais de uma 
participação passiva, mas de uma participação ativa, consciente e deliberada em cada 
decisão, ação, análise ou reflexão realizada (GIOVANNI, 1998, p. 3).
Nesse contexto, sem pretender colocar a metodologia em uma camisa de força, este estudo 
se constitui em uma pesquisa de intervenção realizada colaborativamente, cujas características 
principais são explicitadas na pesquisa colaborativa ou pesquisa-ação colaborativa (CARR & 
KEMMIS, 1988; COLE & KNOWLES, 1993; CLARK et al, 1998; GIOVANNI, 2001; 
PIMENTA, GARRIDO & MOURA, 2000; MIZUKAMI et al, 2002; ELLIOTT, 2003; JESUS, 
GOBETE & ALMEIDA, 2004) e mais, especificamente, trata-se de um modelo de pesquisa em 
que os pesquisadores abandonam papéis tradicionais de detentores do saber, e os pesquisados, de 
serem objetos de análise e de compreensão, para se tornarem colaboradores na organização da 
pesquisa e na construção de novas realidades. 
Esse tipo de pesquisa é freqüentemente utilizado por um grupo de docentes, ou um 
pesquisador trabalhando junto a esse grupo, para tentar compreender, de forma sistemática e de 
ação planejada (THIOLLENT, 1998), a prática do cotidiano escolar, o efeito de uma determinada 
intervenção pedagógica, ou ainda, buscar possíveis soluções para um determinado problema ou 
respostas de um grupo (de professores ou alunos, por exemplo) a uma determinada ação 
pedagógica, dentro da sala de aula ou da escola. Os envolvidos na pesquisa têm participação ativa e 
determinante no movimento e direção das ações do estudo. Reúnem-se periodicamente para 
discussões sobre o andamento da pesquisa e possíveis remanejamentos de objetivos e direções das 
ações do trabalho do grupo. Uma característica determinante dessa modalidade de pesquisa é o 
fato dos objetivos poderem ser remanejados segundo o andamento de cada fase, marcada pelas 
reuniões periódicas do grupo participante.
A pesquisa colaborativa é o processo de investigação da ação que visa à apreensão, análise 
e crítica de contextos de ação com vistas à transformação (LIBERALLI, 2002) e para qual, são 
essenciais a valorização do saber e do saber fazer do professor, tomado como co-autor das 
atividades, visando a redução da distância entre concepção e execução (GIOVANNI, 1994; 
THIOLLENT, 1998).
No entanto, Mizukami et al (2002) afirma que há dificuldade em se estabelecer um consenso 
sobre o que significa a pesquisa colaborativa. 
Os autores localizam o marco da pesquisa colaborativa nos primórdios da tradição da 
pesquisa-ação, o que implica uma abordagem para inquirição a fim de não apenas 
gerar nova teoria e conhecimento, mas também contemplar problemas imediatos do 
dia-a dia da prática escolar (MIZUKAMI, et al., 2002, p.128).
Participaram nesta etapa da pesquisa seis professoras do ensino comum, seis pais de alunos 
com deficiência mental (exceto de dois alunos, que a participação não foi do pai e da mãe) e a 
pesquisadora. Os alunos com deficiência mental  foram nomeados neste estudo como (A1, A2, A3, 
A4 e A5). 
A coleta teve a duração de um ano letivo com cada conjunto de participantes (pais, 
professoras e pesquisadora), a qual ocorreu individualmente com cada família. Os dados foram 
coletados por meio de entrevista, visitas as famílias e anotações em diário de campo. Como os 
alunos e professores eram de escolas diferentes criei um cronograma para durante o ano 
acompanhar as professoras e as famílias em dias alternados. Os pais e as professoras sabiam que a 
pesquisa estava sendo desenvolvida concomitantemente com seis alunos diferentes, mas eles não se 
encontraram em nem um momento.
Resultado
O primeiro encontro envolveu a participação direta da pesquisadora em reunião com os 
pais, mais a professora da classe comum, realizada no Horário de Trabalho Pedagógico coletivo – 
HTPC (horário de trabalho coletivo destinado aos professores da rede estadual paulista), teve como 
objetivo explicitar as implicações do projeto, pedir a parceria dos pais como (co) responsáveis pelo 
sucesso acadêmico dos filhos. A reunião foi agendada por meio de um convite para os pais 
comparecerem a escola a fim de discutir questões sobre a educação dos filhos.
Nem sempre foi possível realizar a reunião, já no primeiro agendamento, pois dos seis pais, 
três não compareceram, então foi feito um novo convite, no qual deixamos um espaço para os pais 
colocarem o dia e horário que podiam. Desta forma criou-se outras alternativas para o início de uma 
conversa e assim com exceção dos pais do A 2 e de A 4, os demais alunos tiveram neste primeiro 
encontro o pai e a mãe participando. 
A pesquisadora visitou o lar da família de A1, por se tratar de uma família com grandes 
problemas de ordem socioeconômica, estas visitas foram necessárias, visando uma ação junto a 
Secretaria do Bem Estar Social, tamanha situação de pobreza que a família se encontrava.
Num segundo encontro ouvimos as expectativas dos pais com relação ao futuro dos seus 
filhos. Questionamos se sabiam sobre os direitos e deveres dos filhos, se os filhos tinham quem os 
acompanhasse nas tarefas, etc.
Como havia sido feito previamente um esquema de reunião (planejamento prévio do que se 
queria com a presença dos pais), no horário do HTPC, deixei as professoras responsáveis 
conduzirem as reuniões e somente manifestei-me quando solicitada. A pedido delas, preparei e li 
para os pais uma pequena cartilha contendo os principais direitos de todo o cidadão e das pessoas 
com deficiência. Ao término da leitura, foram esclarecidas as dúvidas e foi questionado se todos os 
direitos estavam sendo cumpridos e neste dia para encerrar o encontro, foram exibidos trechos de 
entrevistas (BRASIL, 1998) de pais falando sobre a inclusão de seus filhos no ensino comum. Ao 
término os pais também contavam como tinha sido a experiência deles até o momento.
Em um outro encontro, atuei diretamente com os pais. Aconteceu na última reunião, ao final 
da intervenção, e teve como objetivo principal tomar decisões acerca do futuro escolar dos alunos 
com deficiência mental. Por isso, discutimos muito sobre a promoção e/ou retenção. O outro 
aspecto contemplado foi a avaliação do projeto, em que os pais e/ou responsáveis (pois no caso de 
A2 foi à avó que participou) manifestaram suas opiniões sobre o ensino colaborativo.
Além desses encontros, cada professora a fim de melhorar a habilidade de se relacionar 
com as famílias, realizou dois encontros sozinhas, os mesmos foram planejados por nós, também em 
reunião de HTPC, mas a reunião aconteceu com os pais, a professora coordenadora de cada 
escola, e a professora da classe comum, pois o estudo ia terminar e seria importante que a escola 
adotasse essa prática no cotidiano escolar não pelo fato da pesquisa estar sendo realizada, mas 
como uma proposta presente no Projeto Político Pedagógico da escola. Depois das duas reuniões 
as professoras me relatam o desenvolvimento das mesmas. Tais encontros tiveram como objetivos 
uma maior aproximação da professora com os pais; conscientizá-los sobre a importância do apoio 
às tarefas, orientá-los sobre regras e limites e cobrá-los da valorização dos avanços conquistados 
por seus filhos, por menor que fossem.
Discussão
A concepção dos pais foi de que o ensino colaborativo permitiu que o filho avançasse, 
diminuindo as reclamações de que eles não faziam nada, o que permitiu que as professoras 
“cuidassem” melhor de seus filhos, pois tinha na sala duas professoras para cuidar dos alunos.
Os estudos revisados na literatura estrangeira também demonstram segundo os pais  efeitos 
positivos (SOBEL & VAUGHN, 1999, WEISS e LLOYD, 2002, WALTHER-THOMAS, 
KORINEK & MCLAUGHLIN, 1999; BEAN, 2006).
 Em relação aos direitos, exceto 
os pais de A5 e A6, não sabiam nada sobre adaptação 
curricular, terminalidade específica, etc. Quando, em uma das reuniões, argumentei que os pais 
deveriam participar mais do cotidiano da escola, que poderiam dar sugestões de como queriam a 
escola, etc. A madrasta de A3 respondeu que quem tem que decidir essas coisas é a diretora, “ela 
ganha para isso” completou, além do mais, disse que não entendia nada de educação. 
Contrariamente, a mãe de A5 afirmou na entrevista final que participava ativamente da escola, 
pagava uma quantia todo mês para a APM – Associação de Pais e Mestre - e que vinha em todas 
as reuniões para as quais era chamada, no entanto demonstrou uma visão limitada de seu poder de 
participação. 
Na entrevista final a mãe de A1 relatou que não queria que o projeto acabasse, pois achava 
que A1 teria muitas dificuldades sem mim, completou dizendo:
“Ela melhorou muito, tirou a touca da cabeça, vai ficar até doente, na outra 
escola. As professoras de A1 trabalharam direitinho com ela porque você estava lá 
para ajudar. Sobre a aprendizagem acho que ela melhorou um pouco, mas é muito 
preguiçosa, faz só quando ela quer’”.
Sobre as expectativas para o futuro, a mãe de A1 disse que queria que ela fosse bem aceita 
na 5ª série e que ela “desse conta” de ler melhor, pois ela escreve pouco. A mãe completou, 
afirmando que achava isso importante, e que ela ia precisar disso para empregar-se numa loja.
Percebi que minha ida à casa de A1, contribuiu para reforçar uma visão assistencialista que 
a família tinha da escola, pois a cada encontro a mãe de A1 indagava sobre cesta básica, roupas, 
leite, etc. Nas reuniões realizadas com a família, a mãe trazia a tona os problemas dos outros filhos, 
a doença do marido e afirmava que A1 estava com vontade disso, com vontade daquilo, etc. Para 
mim foi muito difícil interromper o contato com a família de A1. Para minimizar um sentimento de 
culpa que ficou, passei a visitá-los a cada 15 dias, depois uma vez por mês, até ir me desligando de 
vez. 
A família de A2, no caso, a avó afirmou que seu neto tinha melhorado muito, que estava 
feliz, pois ia passar para a quinta série. A avó falou na entrevista que não sabia falar muito bem, mas 
só tinha a agradecer, pois ele passou a fazer as tarefas. Comentou que o irmão até parou de chamá-lo de “cabeçudo”. As expectativas para o seu futuro eram as melhores. Destacou que ele esteve 
muito doente e isso o prejudicou na escola, mas agora com esse projeto de se ter duas professoras 
e uma ajudando na carteira dele sozinho, permitiu que ele recuperasse muito. Resultado semelhante 
a este é encontrado no estudo de Bean (2006).
O pai de A3 não soube informar se o ensino colaborativo ajudou. Afirmou que para ele a 
filha não tinha jeito para a escola, mas já estava passando roupa para ganhar uns trocados e logo iria 
trabalhar e, se conseguisse uma vaga iria colocá-la na SORRI10. Sua esposa, a madrasta de A3, 
comentou que ela estava mais solta que iria tentar mantê-la na escola na 5ª série, no entanto, “isso 
não era certo”, pois precisavam do dinheiro que ela poderia ganhar. Iam tentar deixá-la meio 
período na escola e meio trabalhando. A expectativa era de que ela conseguisse trabalhar para ser 
independente.
10 Sociedade para a Reabilitação e Reintegração do Incapacitado
A mãe de A4 e seu padrasto pouco participaram dos encontros, mas, na avaliação final, a 
mãe desabafou que seu filho não aprendeu a ler e ela não sabia “porque”. Disse que levou A4 na 
psicóloga uma vez, mas a profissional não pode fechar um diagnóstico com precisão. Foi orientada 
que ele deveria estudar em uma classe especial por ter menos alunos. A mãe não compreendeu 
porquê, mesmo agora com duas professoras, o menino não aprendia. Comentou que deveria ser 
porque ele fica muito nervoso e por isso já apanhou muito. Questionou a mãe: O pior que nem sei 
se ele vai querer voltar para a escola o ano que vem, ele será maior que os demais, e também, 
para quê? Retomou a fala dizendo que ia mandar para a escola sim, se não, ele ficaria na rua. A 
maior expectativa da mãe era que ele lesse, para poder seguir os estudos sabendo de verdade, para 
não ficar como ela que não teve estudo.
A mãe de A5 respondeu que o ensino colaborativo favoreceu em todos os sentidos, 
permitiu diminuir o número de aluno na sala, dividiu o trabalho da professora, enriqueceu as aulas, 
pois ela sempre vinha com alguma novidade. Comentou: Só tenho a dizer que minha filha sempre 
foi muito bem recebida na sociedade, como nas escolas que estudou e na escola atual. Quando 
questionada sobre a expectativa para o futuro dela, a mãe respondeu calmamente que em primeiro 
lugar queria que a filha fosse feliz e que todo o seu potencial fosse usado, para que ela seja uma 
pessoa normal dentro das suas limitações.
A mãe de A6, comentou que embora não tenha tido problemas sérios com a escolaridade 
da filha que até então, se dera em escola particular, era a primeira vez que alguma escola se 
preocupava tanto com a aprendizagem dela. Perguntou-me, se era por conta do meu projeto. 
Expliquei que certamente o ensino colaborativo favoreceu a adaptação de A6, pois no início ela saia 
muito da sala, mas, que a socialização dela com os demais colegas tinha sido boa sempre. 
Excetuando o hábito de sair da sala, ela sempre teve facilidade para se adaptar, tanto na sociedade 
como nas escolas, disse a mãe. Em relação à expectativa de futuro, a mãe relatou ter a melhor 
possível. Disse desejar que ela se desenvolva usando todo o seu potencial. Que seja independente. 
Percebeu satisfação dos pais quanto a esta estratégia de ensino, as escolas precisam 
incentivar a maior participação dos pais da educação dos seus filhos, mas para isto precisa-se se 
abrir e ouvir os pais. 
A relutância em estender as possibilidades de escolaridade a uma equipe, incluindo 
professores do ensino comum e especial, mais a família é fruto do despreparo profissional e 
barreiras atitudinais, ou seja, ainda não sabemos trabalhar colaborativamente. A sociedade deve 
estar voltada para estas questões, investindo na formação de seus membros. 
Supomos que através de tal prática pedagógica, a família, escola e comunidade possam tornar-se 
agentes formativos, melhorando a qualidade de vida de todos os alunos com ou sem deficiência.
Referências Bibliográficas
BEAN. Nancy Elizabeth. Effects of Co-Teaching in the Inclusive Middle School Classroom 
on Student Achievement, Student Attitudes, and Teacher Attitudes. Dissertation the Degree 
of Doctor of Education - Department of Educational Leadership. Disponível em: 
http://fred.ccsu.edu:8000/archive/00000338/02/Diss27.htm Acesso em 10.04.2007. 
BOGDAN, R. & BIKLEN, S. A investigação qualitativa em educação: uma introdução à 
teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.
GIOVANNI, M.L. O papel dês professores e dos pesquisadores: um desafio no processo de 
pesquisa-ação colaborativa. In: Anais X Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino: 
Ensinar e Aprender: sujeitos, saberes, tempos e espaços. Rio de Janeiro: UERJ, 2000. (Publicação 
em CD-Rom).
MAZZOTTA, M.J.S. Trabalho docente e formação de professores para a educação 
especial. São Paulo: EPU, 1993.
CARR, W. & KEMMIS, S. Teoria crítica de la enseñanza: la investigación-acción 
en la 
formación del profesorado. Barcelona: Martínez Roca, 1988.
CLARK, C.; HERTER, R.J.;MOSS, P.A. Continuing the dialogue on collaboration. American 
Educational Research Journal, 35(4), 785-791, 1998.
COLE, A.L. & KNOWLES, J.G. Teacher development partnership research: a focus on methods 
and issues. American Educational Research Journal, (30), 3, 473-495, 1993.
ELLIOTT, J. Recolocando como pesquisador: O enfoque da pesquisa-ação na prática docente. In: 
GERALDI, G.M.C.; FIORENTINI, D.; PEREIRA, E.M.A. (Org). Cartografia do Trabalho 
Docente. Campinas: Mercado e Letras, p. 137-152, 2003.
GIOVANNI, L.M. Do professor informante ao professor parceiro: reflexões sobre o papel da 
Universidade para o desenvolvimento profissional de professores e as mudanças sociais. In: ANAIS 
IX. ENDIPE (CD-Rom). Águas de Lindóia, SP, 1998.
GIOVANNI, M.L. O papel dês professores e dos pesquisadores: um desafio no processo de 
pesquisa-ação colaborativa. In: Anais X Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino: 
Ensinar e Aprender: sujeitos, saberes, tempos e espaços. Rio de Janeiro: UERJ, 2000. 
(Publicação em CD-Rom).
JESUS, D.M., GOBETE, G. & ALMEIDA, M. L. de. Construindo uma prática pela via da 
formação continuada: o impacto da pesquisa-ação colaborativa nas políticas e na 
formação/prática dos professores. Trabalho apresentado na ANPED/SUDESTE, 2004.
LIBERALI, F.C. Agente e Pesquisador aprendendo Na Ação Colaborativa. In: T. Gimenez, (org.) 
Trajetórias na formação de professores de línguas. Londrina: Editora da UEL, 2002.
LUDKE, M. O professor, seu saber e sua pesquisa. In: Educação e Sociedade, 
nº 74, 2001.
MIZUKAMI, M.G.N. Docência, trajetórias pessoais e profissionalização. In: REALI, A.M. & 
MIZUKAMI, M. da G. Formação de professores: Tendências atuais. São Carlos: 
EDUFSCar/Finep, p. 25-45. 1996.
MIZKAMI, M.G.N. et al. Escola e aprendizagem da docência: processos 
de investigação e 
formação. São Carlos: EDUFSCar, 2002.
PIMENTA, S.G. et al. Pesquisa Colaborativa na Escola como Abordagem Facilitadora para o 
Desenvolvimento Profissional de Professores. Relatório de Pesquisa, 1999.
PIMENTA, S.G.; GARRIDO, E.; MOURA, M.O. A pesquisa colaborativa na escola como 
abordagem facilitadora para o desenvolvimento da profissão de professor. In: MARIN (org). 
Educação Continuada. Campinas: Papirus, 2000.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1998.
WALTHER-THOMAS, C.S.; KORINEK, L.A.; MCLAUGHLIN, V.L. Collaboration to support 
students'success. Focus on Exceptional Children, 32(3), 1-18 W SL, 1999.
WEISS, M.P. & LLOYD, J.W. Congruence between roles and actions of secondary special 
educators in co-taught and special education settings. Journal of Special Education, 36(2), 58-68 
PB PD W SL, 2002.
WOOD, M. Whose Job is it Anyway? Educational roles In Inclusion. Exceptional children, 
vol. 
64, nº. 2, p.181-195, 1998.