http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/325.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL: EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM O APOIO DAS TECNOLOGIAS ASSSITIVAS
Profa. Dra. Iolanda B. C. Cortelazzo    iolanda.cortelazzo@utp.br
Prof. Mestre Carlos Alves Rocha   
carlos.rocha@utp.br
Profa. Mestre Márcia Silva Di Palma 
marciadipalma@yahoo.com.br


RESUMO

Este trabalho apresenta algumas considerações sobre o projeto de pesquisa sobre formação e professores para a educação a distância com base em um projeto de intercâmbio de alunos de cursos de Graduação de instituições brasileiras e americanas sobre a promoção da inclusão de alunos com necessidades especiais em classes regulares, As alunas intercambistas tiveram sua iniciação científica coletando dados sobre as diferenças entre currículos e ações pedagógicas referentes à inclusão e ao uso das tecnologias assistivas1 para alunos com necessidades especiais. Foram orientadas na seleção, classificação e análise de dados produzindo conhecimento em trabalhos de conclusão de curso e, junto com seus orientadores subsidiaram questionamentos de trabalhos de dissertação. Os primeiros resultados  revelam a necessidade de um programa mais intenso de formação de professores para a inclusão escolar.

Introdução

Cientistas sociais, economistas, políticos, todos são unânimes em dizer que o início do milênio apresenta um cenário que não comporta mais a educação tradicional para uma sociedade industrial. Os avanços da tecnologia permitem ao homem ter cada vez mais tempo livre, já que as tarefas tanto de uma sociedade agrícola como de uma sociedade industrial passaram a consumir muito menos tempo e labor humano com todos os novos recursos tecnológicos. Embora alguns cientistas sociais viessem anunciando essas mudanças e a necessidade de se preparar para elas há décadas, não se lhes deu atenção e o mundo assiste a formação cada vez maior de mão de obra especializada para um mercado que já não precisa dessa mão de obra, isto é particularmente visto na área da formação de professores e , ainda mais específico na formação de professores para a educação inclusiva.
A formação do cidadão, do profissional, do ser humano precisa ser redirecionada para uma sociedade em que lazer, entretenimento, trabalho e estudo terão importâncias iguais de modo que não haja desemprego, miséria, exclusão e em que os portadores de necessidades especiais poderão estar inseridos como cidadãos atuantes e  respeitados.
Dentro desse contexto, faz-se necessária uma nova formação de professores, de educadores, para que se preparem com consciência e proficiência para essa nova realidade.
Os professores precisam se desenvolver através da prática, da reflexão, da experimentação para reelaborar o seu conhecimento e construir novos conhecimentos com seus alunos. Os cursos de formação inicial e contínua precisam conter novas estratégias, nova filosofia para oferecer novas visões sobre o discurso e a prática do professor. Os professores não podem exigir que seus alunos façam o que eles, professores, nunca antes, tentaram fazer. Professores necessitam repensar conceitos tais como Tecnologia, Comunicação, Exclusão, Sociedade Civil e Educação de modo a poder educar para a Sociedade do Conhecimento2  com ênfase em uma vida sustentável e mais humanizada.

1  Adota-se o conceito de tecnologia assistiva "Qualquer produto, instrumento, estratégia, serviço e prática, utilizado por pessoas com deficiência e pessoas idosas, especialmente produzido ou geralmente disponível para prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, incapacidade ou desvantagem e melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos”
2  Termo criado por Bell em 199_ ( apud Hargreaves, 2004, p. ).

O rápido desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e, mais particularmente, os avanços das tecnologias digitais na última década do século XX têm aumentado o fosso entre os que têm e os que não têm conhecimento, entre os que têm e os que não têm acesso às informações através das redes digitais, aprofundando a exclusão social. Exclusão está que não é marcada apenas por fatores socio-econômicos, mas também por fatores culturais (de mentalidade) e até biológicos (baixa capacidade física ou mental).
Warschauer traça um paralelo entre a alfabetização e o acesso às novas Tecnologias de informação e comunicação. Em “Literacy and ICT Access” (Warschauer, 2002, p. 11), esse autor apresenta uma síntese de seis questões que se assemelham na questão da alfabetização e do acesso às novas tecnologias, tanto a alfabetização quanto o uso das TICs são práticas sociais diferentes em diferentes contextos sociais e em diferentes culturas. Ambas se desenvolvem gradativamente e nenhuma das duas práticas tem utilidade por si só; cumprem-se, apenas, dentre de funções específicas; ambas dependem de artefatos físicos, de habilidades, de conteúdo e apoio social. A alfabetização tanto quanto o domínio das TICs são questões educacionais, mas também de aquisição de poder. Assim, como Warschauer escreve, o acesso às TICs, bem como a alfabetização, “para a inclusão social não pode permanecer no fornecimento de artefatos e canais de comunicação. Antes, requerem o compromisso de um conjunto de recursos, todos desenvolvidos e promovidos com vistas ao poder político, econômico e social das comunidades e dos indivíduos em questão” Indica, ainda,  vários pesquisadores que apresentam quatro questões fundamentais relacionados com a tecnologia e a inclusão social. Estas questões referem-se a  recursos físicos que abrangem computadores e as conexões de telecomunicações; a recursos digitais, ou seja os materiais disponibilizados ‘online’; a recursos humanos que implica a educação e a capacitação em diferentes tipos de práticas para o uso do computador e das comunicações telemáticas; e a recursos sociais que são as estruturas na comunidade, nas instituições,  que dão suporte ao acesso às TICs . “Considerando esses quatro tipos de recursos, é importante perceber a relação iterativa (que se repete) com o uso das TICs. De um lado cada um dos recursos é um contribuinte para o uso efetivo das TICS.... Por outro lado, o acesso a cada um desses recursos é um resultado do uso efetivo das TICs...Se usados adequadamente, esses recursos podem, então, servir como um círculo virtual que promove o desenvolvimento social e a inclusão. Se usados de forma inadequada, esses elementos podem servir a um círculo vicioso de subdesenvolvimento e exclusão” (Warschauer, 2002, p. 11).
Pesquisadores brasileiros e americanos que compartilham investigações sobre o uso das tecnologias de informação e de comunicação na Educação constataram que algumas dessas tecnologias são de grande apoio para pessoas portadoras de necessidades especiais que enfrentam uma série de barreiras, impedindo-as de atuarem e contribuírem como pessoas ativas, visto que algumas não conseguem ter bom desempenho nas tarefas de casa, na escola e outras, ainda, nem conseguem trabalho. Uma vez que as instituições onde atuam têm pesquisas em desenvolvimento na área de Educação Especial, esses pesquisadores decidiram escrever um projeto em conjunto com o objetivo de contribuir na formação de profissionais – professores, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos - que possam auxiliar os portadores de necessidades especiais por meio das tecnologias, denominadas tecnologias assistivas. Essas tecnologias têm um potencial para diminuir as barreiras e desenvolver, nessas pessoas, habilidades funcionais que permitam a sua inclusão na sociedade. Daiane P. Bryant  e Brian R.  Bryant  definem  tecnologias assistivas como “Aplicações da ciência e da engenharia e outras disciplinas que resultem em processos, métodos ou invenções que dêem suporte pessoas portadoras de deficiências” (BRYANT e BRYABT, 2003, p.2).

A pesquisa


O foco principal do projeto é o intercâmbio entre estudantes de Graduação dos dois países visando desenvolver a capacitação de futuros profissionais da Educação para a inclusão de indivíduos portadores de necessidades especiais na sociedade com o auxílio da tecnologia assistiva, em especial, as Tecnologias de Informação e Comunicação, com autonomia no exercício de atividades escolares e no exercício de sua cidadania.
Os alunos brasileiros e os alunos americanos, participantes do intercâmbio, desenvolveram atividades acadêmicas, teóricas e práticas e vivenciaram o uso de dispositivos, programas  e serviços da tecnologia assistiva para promoveram a capacitação de pessoas portadoras de necessidades especiais a viverem com autonomia em escolas especiais, em escolas regulares e, socialmente, na comunidade em que vivem.
De 2004 a 2007, 11 alunos brasileiros e 3 alunos americanos  participaram desse estudo em ambos os países. Paralelamente à aprendizagem dessas atividades e estudo, os intercambistas, orientados por docentes das quatro instituições desenvolverão atividades ligadas às questões relativas à apropriação da cultura e ao uso apropriado das TIC, promovendo o desenvolvimento de competências culturais para a inclusão social.
Os alunos tiveram imersão na cultura do país que visitaram, e a transferência de pelo menos  18 créditos obtidos pelos alunos durante o semestre letivo em cada instituição associada ao consórcio, para o currículo de sua instituição de origem. O currículo implementado em colaboração com as instituições parceiras apresentou uma abordagem sobre tecnologia assistiva e ampliação da comunicação, incluindo princípios psico-sociais de comunicação e linguagem; diversidade cultural; comunicação; e diferentes necessidades especiais. Além de proporcionar o uso de ambientes virtuais de aprendizagem para a comunicação dos alunos entre si, e entre eles e o corpo docente, buscou-se intensificar o uso dessas tecnologias numa perspectiva de produção de cultura e de conhecimentos. Um dos componentes online mantiveram os alunos conectados entre si e com os docentes enquanto visitando a país anfitrião. Uma disciplina online foi compartilhada por todos os alunos, permitindo a troca de conhecimento no conteúdo da área do projeto, e a experiência cultural vivida no estrangeiro. Ainda, as TIC foram utilizadas para a comunicação de rotina entre os coordenadores do projeto e docentes colaboradores, numa perspectiva de produção colaborativa online.
Como resultado deste projeto, ambos os países foram beneficiados com qualificação de profissionais que puderam adquirir maior experiência e melhor formação teórica.
O objetivo maior foi o estudo e a discussão sobre a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola regular e nas atividades cotidianas da sociedade,  com o apoio da tecnologia assistiva e desenvolvendo habilidades para gerar alternativas criativas e apropriadas, comumente disponíveis de forma complementar nos dois países parceiros (Estados Unidos e Brasil).
Em paralelo, coordenadores e professores têm debatido a importância da preparação do professor para, na educação de alunos da Graduação, desenvolver atitudes de respeito à diversidade e às necessidades especiais, derrubando atitudes de discriminação e preconceito que são bastante visíveis nas instituições superiores de ensino em relação aos portadores de necessidades especiais da Educação Básica e na Educação Superior.
Mas a preparação do professor não pode desenvolver apenas competência operacional, é necessário também, e principalmente,  repensar os valores que são os pilares da sociedade e que precisam ser reintegrados na formação do indivíduo pela família e pela escola.
Pesquisa, leitura e expressão em diferentes linguagens são essenciais no processo de ensino e aprendizagem em qualquer área do conhecimento.
Um dos objetivos da CAPES ao financiar um programa de melhoria da Educação Superior em que instituições brasileiras e americanas desenvolvem uma parceria é provocar a implantação de projetos de pesquisa nos Programas de Pós-Graduação. Atendendo esse objetivo, o NUPPEI Núcleo de Pesquisas em processos Educacionais Interativos, por meio de sua coordenadora, Iolanda Bueno de Camargo Cortelazzo, pesquisadora principal do referido projeto de Intercâmbio na UTP, elaborou e começou a realizar o projeto de pesquisa Formação de Professores para Educação Especial contando com a participação da pesquisadora Mestre Ana Irene de Oliveira da Universidade Estadual do Pará, de professores da Graduação da FCHLA, da UTP, de alunos do PPGEd Mestrado em Educação; e com a colaboração da pesquisadora,  Mestre Ana Irene Alves de Oliveira, docente de Terapia Ocupacional da Universidade do Estado do Pará, cuja linha de pesquisa tem sido sobre a utilização de Tecnologias Assistivas, mais especificamente sobre a contribuição do computador no desenvolvimento cognitivo e na comunicação alternativa de crianças com paralisia cerebral. As alunas Mirella Prosdócimo e Cleuza Kuhn, do curso de Letras, a aluna Fernanda C. M Monteiro de Terapia Ocupacional e a aluna Franciele Savaris Sória que freqüentaram o segundo semestre de 2004, Ingrid Adam, do curso de Pedagogia, Olívia Carvalho Vivi, Gisele  e Vanessa  do curso de Letras, em 2005, e as alunas  Bruna e Gislaine do curso de Letras e Salete Volski do curso de Psicologia em 2006, na Bridgewater State College foram orientadas para coletarem dados sobre como currículo americano enfrenta ou incorpora as questões referentes à inclusão e às necessidades especiais; e sobre como a cidade de Bridgewater, Boston e Philadelphia tratam as pessoas com necessidades especiais.
Esse projeto de intercâmbio serviu de base para a pesquisa, originando atividades em que os professores e alunos participantes buscaram refletir sobre as crenças e valores relacionados ao paradigma de construção colaborativa do conhecimento que promova o crescimento do ser humano.
É necessário, no entanto, ter consciência que o professor só se compromete com a sua mudança e com o projeto que se propõe se internamente estiver disposto a mudar; e se seu projeto individual tem pontos de conexão com o projeto coletivo, dessa forma as expectativas podem ser mais realistas.
Formação contínua não é só para professor,  abrange coordenadores e administradores. É difícil desenvolver um trabalho novo com os professores se administradores e coordenadores que tomam as decisões não tiverem a mesma visão conceitual. É preciso que a comunidade escolar como um todo participe de uma forma ou de outra do projeto de promoção de inclusão de portadores especiais. As tecnologias podem auxiliar e muito essa inclusão. Essa foi uma das constatações que se teve na pesquisa. A falta de envolvimento e a pouca valoração das ações dos alunos por alguns professores dos cursos a que os  alunos estavam matriculados causou, inicialmente, frustração e desânimo nos intercambistas; porém a atitude crítica de pesquisador que lhes era infundida pela coordenadora do projeto levou-os a desenvolverem os seus trabalhos de conclusão de curso nessa temática.
Em consonância com o Projeto de Educação Inclusiva do MEC (BRASIL, 2005) que objetiva

... a formação de gestores e educadores para efetivar a transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos, tendo como princípio, a garantia do direito dos alunos com necessidades educacionais especiais de acesso e permanência, com qualidade, nas escolas regulares.

e considerando as questões já explicitadas, teve-se o objetivo de analisar como se criam  redes colaborativas de professores, pesquisadores, coordenadores e administradores, na proposta de um programa de formação de professores, tomando por base o que escreveu, Ana Maria Souto, da Rede Saci,

É o sentido de cooperação entre semelhantes que dá vida a uma rede. A participação em redes torna as pessoas mais responsáveis, respeitadoras de si mesmas e criativas, ao expandir a matriz de conexões de cada um. É praticamente impossível antever o alcance e o poder de uma rede (SOUTO, 2003).

Assim, este projeto propôs-se a desenvolver uma pesquisa - que envolveu, também, sensibilização, reflexão, planejamento e ação - com  administradores, coordenadores, professores e alunos.
Buscou-se, ainda, transferir para sua prática na sala de aula, na escola e na comunidade, uma ação colaborativa de inserção dos alunos com necessidades educativas especiais na sociedade como seres humanos pró-ativos e cidadãos atuantes e responsáveis.

Porque formação para a Educação Especial?

Os pesquisadores perceberam que a questão era mais profunda do que atender às necessidades educativas especiais de alunos com deficiências específicas. A questão mais grave se refere ao conhecimento, às habilidades e às atitudes que os licenciados em Pedagogia  e nas demais licenciaturas têm em relação à educação de alunos não considerados “normais”.
Com base nas interlocuções com os participantes do Programa de intercâmbio e de seus levantamentos preliminares de dados sobre deficiência, diversidade cultural e inclusão, verificou-se que há lacunas na formação dos professores em relação a essas questões. Por exemplo, no curso de Pedagogia da UTP, havia, em 2004, apenas uma disciplina que tratava das questões da educação especial e das necessidades educativas especiais. Nos cursos de Letras, havia apenas uma disciplina optativa; em outras Licenciaturas, nem mesmo ua disciplina optativa.
O contato com a Profa. Ana Irene de Oliveira da Universidade Estadual do Pará trouxe a possibilidade de sua participação como pesquisadora colaboradora neste projeto de pesquisa e abriu as possibilidades da participação de seus pesquisadores no Fórum de Tecnologia Assistiva e Inclusão Social da Pessoa Deficiente, 2006, Belém PA, o que ampliou a discussão.
Os primeiros estudos para a implementação do projeto embasaram a definição de conceitos como inclusão, colaboração, trabalho em equipe, tecnologias assistivas fundamentais na pesquisa em questão e que recebem diferentes significados, dependendo do contexto que se estuda.
Os primeiros artigos resultantes da primeira fase da pesquisa se referem à educação inclusiva como a educação que promove a inclusão e aponta uma série de situações como formas de educação inclusiva, como quando Cortelazzo se refere à formação de professores: “A educação inclusiva acontece quando há uma formação de professores e os professores aprendem sobre as deficiências, distúrbios, transtornos, dificuldades, e saber diferenciá-los entre si” (Cortelazzo, 2006).
Rocha, pesquisador deste projeto “reflete sobre a necessidade da formação de professores para mudar seus conceitos e ampliar suas habilidades no processo de ensino e aprendizagem com alunos portadores de necessidades educativas especiais apoiando-se em tecnologias assistivas” (Rocha e Cortelazzo, 2006).
Assim a partir das discussões em fóruns e em encontros, bancas de defesa de trabalhos de conclusão de cursos e de dissertações, os pesquisadores passaram a  considerar que além de se falar em educação inclusiva, é preciso tratar da escola inclusiva. Para estes pesquisadores, passa a ser redundante a expressão educação inclusiva, pois educação é um processo de procura propiciar ao indivíduo condições para que ele faça parte de um grupo, de uma sociedade, e que receba um corpo de conhecimento e de valores desse grupo. A escola precisa incorporar a filosofia de iclusão para todos, não só para os que são deficientes.
Outro foco de discussão é relativo às tecnologias assistivas que segundo Rocha e Cortelazzo se referem a “todo e qualquer recurso que pode propiciar à pessoa que tem uma determinada deficiência autonomia suficiente para ser incluída socialmente, é tecnologia assistiva, seja esse recurso um serviço, um procedimento, uma técnica, um equipamento” ( 2006) .
Os primeiros resultados demonstraram que os professores  não possuem conhecimentos necessários sobre o processo de aprendizagem das pessoas com diferentes necessidades, nem sobre as abordagens de ensino que promovam essa aprendizagem. As tecnologias assistivas , nas instituições americanas estudadas são utilizadas como adaptações; no Brasil, as que estão utilizando e foram estudadas pelos pesquisadores, parecem buscar a emancipação e a utonomia, otimizando as potencialidades dos alunos com necessidades especiais. Porém, a maior aprte dos professores desconhecem o que são tecnologias assistivas, porque resistem, por falta de conhecimento, a reconhecerem os alunos com necessidades especiais como alunos competentes. Em decorrência, não possuem uma didática específica para uma prática pedagógica para  trabalhar com esses alunos com necessidades educativas especiais, embora tenham um discurso de inclusão, de respeito, de tolerância e de solidariedade. Constatou-se, ainda que, ao se depararem com alunos com deficiência(s) em sala de aula, os professores podem assumir atitudes impróprias, como ressaltam Rocha e Cortelazzo,

... a) ele simplesmente ignora as deficiências do aluno; b) ele passa a dar muita atenção a esse aluno em detrimento do resto da classe; c) ou ele solicita a retirada do aluno da sua sala de aula porque não consegue  lidar com a situação. Qualquer que seja a atitude, fica muito clara a falta de formação adequada para se lidar com a inclusão (2006).

Com base nas discussões trazidas pelas alunas brasileiras que participaram do Programa de intercâmbio, de suas experiências em salas de aula com deficientes auditivos naUTP, das experiências das pesquisadoras Di Palma e Malinoski3, conclui-se  que

Quando os professores conhecem como esse tema tem sido tratado na História da Educação, conhecem a legislação brasileira referente ao tema; sabem como outros países tratam o tema; sabem o que é colaboração, conhecem as suas regras e desenvolvem habilidades para distinguir o que pode ser resolvido com sua ação, o que precisa ser trabalhado por uma equipe multidisciplinar e o que precisa ser encaminhado para um especialista (Cortelazzo, 2006).

Concluindo, ao se preparam para trabalharem em equipe, como coletividade profissional, desenvolvendo atitudes de ação e de acolhida, de orientação, de produção de conhecimento e de divulgação e de socialização de suas descobertas, de seu conhecimento e de seus saberes, os professores têm possibilidades de fazerem a diferença  e atuarem de maneira transformadora para uma escola inclusiva.
As tecnologias assistivas são necessárias e essenciais, mas a formação dos professores para sua utilização tem que se basear no seu uso emancipatório de autonomia e humanidade e para isso os professores precisam superar a sua resistência a lidar com a diversidade.
A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais se constrói pela ação colaborativa de profissionais da Saúde e da Educação que, convergindo suas forças, estratégias e recursos, acompanhados por essas mesmas pessoas com necessidades especiais (crianças, jovens e adultos) e com suas famílias passem a discutir questões como inclusão, colaboração e educação que são partes de uma ação humana para uma sociedade  mais humanizada e um futuro sustentável.

3  depoimentos em reuniões de avaliação do Programa do Intercâmbio

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