http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/325.htm |
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Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL: EDUCAÇÃO
INCLUSIVA COM O APOIO DAS TECNOLOGIAS ASSSITIVAS
RESUMO
Este trabalho apresenta algumas considerações sobre o projeto de pesquisa sobre formação e
professores para a educação a distância com base em um projeto de intercâmbio de alunos de
cursos de Graduação de instituições brasileiras e americanas sobre a promoção da inclusão de
alunos com necessidades especiais em classes regulares, As alunas intercambistas tiveram sua
iniciação científica coletando dados sobre as diferenças entre currículos e ações pedagógicas
referentes à inclusão e ao uso das tecnologias assistivas1 para alunos com necessidades especiais.
Foram orientadas na seleção, classificação e análise de dados produzindo conhecimento em
trabalhos de conclusão de curso e, junto com seus orientadores subsidiaram questionamentos de
trabalhos de dissertação. Os primeiros resultados revelam a necessidade de um programa mais
intenso de formação de professores para a inclusão escolar.
Introdução
Cientistas sociais, economistas, políticos, todos são unânimes em dizer que o início do milênio
apresenta um cenário que não comporta mais a educação tradicional para uma sociedade industrial.
Os avanços da tecnologia permitem ao homem ter cada vez mais tempo livre, já que as tarefas tanto
de uma sociedade agrícola como de uma sociedade industrial passaram a consumir muito menos
tempo e labor humano com todos os novos recursos tecnológicos. Embora alguns cientistas sociais
viessem anunciando essas mudanças e a necessidade de se preparar para elas há décadas, não se
lhes deu atenção e o mundo assiste a formação cada vez maior de mão de obra especializada para
um mercado que já não precisa dessa mão de obra, isto é particularmente visto na área da formação
de professores e , ainda mais específico na formação de professores para a educação inclusiva.
A formação do cidadão, do profissional, do ser humano precisa ser redirecionada para uma
sociedade em que lazer, entretenimento, trabalho e estudo terão importâncias iguais de modo que
não haja desemprego, miséria, exclusão e em que os portadores de necessidades especiais poderão
estar inseridos como cidadãos atuantes e respeitados.
Dentro desse contexto, faz-se necessária uma nova formação de professores, de educadores, para
que se preparem com consciência e proficiência para essa nova realidade.
Os professores precisam se desenvolver através da prática, da reflexão, da experimentação para
reelaborar o seu conhecimento e construir novos conhecimentos com seus alunos. Os cursos de
formação inicial e contínua precisam conter novas estratégias, nova filosofia para oferecer novas
visões sobre o discurso e a prática do professor. Os professores não podem exigir que seus alunos
façam o que eles, professores, nunca antes, tentaram fazer. Professores necessitam repensar
conceitos tais como Tecnologia, Comunicação, Exclusão, Sociedade Civil e Educação de modo a
poder educar para a Sociedade do Conhecimento2 com ênfase em uma vida sustentável e mais
humanizada.
1 Adota-se o conceito de tecnologia assistiva "Qualquer produto, instrumento, estratégia, serviço e prática,
utilizado por pessoas com deficiência e pessoas idosas, especialmente produzido ou geralmente disponível para
prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, incapacidade ou desvantagem e melhorar a autonomia
e a qualidade de vida dos indivíduos”
2 Termo criado por Bell em 199_ ( apud Hargreaves, 2004, p. ).
O rápido desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e, mais particularmente, os
avanços das tecnologias digitais na última década do século XX têm aumentado o fosso entre os
que têm e os que não têm conhecimento, entre os que têm e os que não têm acesso às informações
através das redes digitais, aprofundando a exclusão social. Exclusão está que não é marcada apenas
por fatores socio-econômicos, mas também por fatores culturais (de mentalidade) e até biológicos
(baixa capacidade física ou mental).
Warschauer traça um paralelo entre a alfabetização e o acesso às novas Tecnologias de informação
e comunicação. Em “Literacy and ICT Access” (Warschauer, 2002, p. 11), esse autor apresenta
uma síntese de seis questões que se assemelham na questão da alfabetização e do acesso às novas
tecnologias, tanto a alfabetização quanto o uso das TICs são práticas sociais diferentes em
diferentes contextos sociais e em diferentes culturas. Ambas se desenvolvem gradativamente e
nenhuma das duas práticas tem utilidade por si só; cumprem-se, apenas, dentre de funções
específicas; ambas dependem de artefatos físicos, de habilidades, de conteúdo e apoio social. A
alfabetização tanto quanto o domínio das TICs são questões educacionais, mas também de
aquisição de poder. Assim, como Warschauer escreve, o acesso às TICs, bem como a
alfabetização, “para a inclusão social não pode permanecer no fornecimento de artefatos e canais de
comunicação. Antes, requerem o compromisso de um conjunto de recursos, todos desenvolvidos e
promovidos com vistas ao poder político, econômico e social das comunidades e dos indivíduos em
questão” Indica, ainda, vários pesquisadores que apresentam quatro questões fundamentais
relacionados com a tecnologia e a inclusão social. Estas questões referem-se a recursos físicos que
abrangem computadores e as conexões de telecomunicações; a recursos digitais, ou seja os
materiais disponibilizados ‘online’; a recursos humanos que implica a educação e a capacitação em
diferentes tipos de práticas para o uso do computador e das comunicações telemáticas; e a recursos
sociais que são as estruturas na comunidade, nas instituições, que dão suporte ao acesso às TICs .
“Considerando esses quatro tipos de recursos, é importante perceber a relação iterativa (que se
repete) com o uso das TICs. De um lado cada um dos recursos é um contribuinte para o uso efetivo
das TICS.... Por outro lado, o acesso a cada um desses recursos é um resultado do uso efetivo das
TICs...Se usados adequadamente, esses recursos podem, então, servir como um círculo virtual que
promove o desenvolvimento social e a inclusão. Se usados de forma inadequada, esses elementos
podem servir a um círculo vicioso de subdesenvolvimento e exclusão” (Warschauer, 2002, p. 11).
Pesquisadores brasileiros e americanos que compartilham investigações sobre o uso das tecnologias
de informação e de comunicação na Educação constataram que algumas dessas tecnologias são de
grande apoio para pessoas portadoras de necessidades especiais que enfrentam uma série de
barreiras, impedindo-as de atuarem e contribuírem como pessoas ativas, visto que algumas não
conseguem ter bom desempenho nas tarefas de casa, na escola e outras, ainda, nem conseguem
trabalho. Uma vez que as instituições onde atuam têm pesquisas em desenvolvimento na área de
Educação Especial, esses pesquisadores decidiram escrever um projeto em conjunto com o
objetivo de contribuir na formação de profissionais – professores, terapeutas ocupacionais,
fonoaudiólogos - que possam auxiliar os portadores de necessidades especiais por meio das
tecnologias, denominadas tecnologias assistivas. Essas tecnologias têm um potencial para diminuir as
barreiras e desenvolver, nessas pessoas, habilidades funcionais que permitam a sua inclusão na
sociedade. Daiane P. Bryant e Brian R. Bryant definem tecnologias assistivas como “Aplicações
da ciência e da engenharia e outras disciplinas que resultem em processos, métodos ou invenções
que dêem suporte pessoas portadoras de deficiências” (BRYANT e BRYABT, 2003, p.2).
A pesquisa
O foco principal do projeto é o intercâmbio entre estudantes de Graduação dos dois países visando
desenvolver a capacitação de futuros profissionais da Educação para a inclusão de indivíduos
portadores de necessidades especiais na sociedade com o auxílio da tecnologia assistiva, em
especial, as Tecnologias de Informação e Comunicação, com autonomia no exercício de atividades
escolares e no exercício de sua cidadania.
Os alunos brasileiros e os alunos americanos, participantes do intercâmbio, desenvolveram
atividades acadêmicas, teóricas e práticas e vivenciaram o uso de dispositivos, programas e
serviços da tecnologia assistiva para promoveram a capacitação de pessoas portadoras de
necessidades especiais a viverem com autonomia em escolas especiais, em escolas regulares e,
socialmente, na comunidade em que vivem.
De 2004 a 2007, 11 alunos brasileiros e 3 alunos americanos participaram desse estudo em ambos
os países. Paralelamente à aprendizagem dessas atividades e estudo, os intercambistas, orientados
por docentes das quatro instituições desenvolverão atividades ligadas às questões relativas à
apropriação da cultura e ao uso apropriado das TIC, promovendo o desenvolvimento de
competências culturais para a inclusão social.
Os alunos tiveram imersão na cultura do país que visitaram, e a transferência de pelo menos 18
créditos obtidos pelos alunos durante o semestre letivo em cada instituição associada ao consórcio,
para o currículo de sua instituição de origem. O currículo implementado em colaboração com as
instituições parceiras apresentou uma abordagem sobre tecnologia assistiva e ampliação da
comunicação, incluindo princípios psico-sociais de comunicação e linguagem; diversidade cultural;
comunicação; e diferentes necessidades especiais. Além de proporcionar o uso de ambientes
virtuais de aprendizagem para a comunicação dos alunos entre si, e entre eles e o corpo docente,
buscou-se intensificar o uso dessas tecnologias numa perspectiva de produção de cultura e de
conhecimentos. Um dos componentes online mantiveram os alunos conectados entre si e com os
docentes enquanto visitando a país anfitrião. Uma disciplina online foi compartilhada por todos os
alunos, permitindo a troca de conhecimento no conteúdo da área do projeto, e a experiência cultural
vivida no estrangeiro. Ainda, as TIC foram utilizadas para a comunicação de rotina entre os
coordenadores do projeto e docentes colaboradores, numa perspectiva de produção colaborativa
online.
Como resultado deste projeto, ambos os países foram beneficiados com qualificação de
profissionais que puderam adquirir maior experiência e melhor formação teórica.
O objetivo maior foi o estudo e a discussão sobre a inclusão de alunos com necessidades especiais
na escola regular e nas atividades cotidianas da sociedade, com o apoio da tecnologia assistiva e
desenvolvendo habilidades para gerar alternativas criativas e apropriadas, comumente disponíveis de
forma complementar nos dois países parceiros (Estados Unidos e Brasil).
Em paralelo, coordenadores e professores têm debatido a importância da preparação do professor
para, na educação de alunos da Graduação, desenvolver atitudes de respeito à diversidade e às
necessidades especiais, derrubando atitudes de discriminação e preconceito que são bastante
visíveis nas instituições superiores de ensino em relação aos portadores de necessidades especiais
da Educação Básica e na Educação Superior.
Mas a preparação do professor não pode desenvolver apenas competência operacional, é
necessário também, e principalmente, repensar os valores que são os pilares da sociedade e que
precisam ser reintegrados na formação do indivíduo pela família e pela escola.
Pesquisa, leitura e expressão em diferentes linguagens são essenciais no processo de ensino e
aprendizagem em qualquer área do conhecimento.
Um dos objetivos da CAPES ao financiar um programa de melhoria da Educação Superior em que
instituições brasileiras e americanas desenvolvem uma parceria é provocar a implantação de
projetos de pesquisa nos Programas de Pós-Graduação. Atendendo esse objetivo, o NUPPEI
Núcleo de Pesquisas em processos Educacionais Interativos, por meio de sua coordenadora,
Iolanda Bueno de Camargo Cortelazzo, pesquisadora principal do referido projeto de Intercâmbio
na UTP, elaborou e começou a realizar o projeto de pesquisa Formação de Professores para
Educação Especial contando com a participação da pesquisadora Mestre Ana Irene de Oliveira da
Universidade Estadual do Pará, de professores da Graduação da FCHLA, da UTP, de alunos do
PPGEd Mestrado em Educação; e com a colaboração da pesquisadora, Mestre Ana Irene Alves
de Oliveira, docente de Terapia Ocupacional da Universidade do Estado do Pará, cuja linha de
pesquisa tem sido sobre a utilização de Tecnologias Assistivas, mais especificamente sobre a
contribuição do computador no desenvolvimento cognitivo e na comunicação alternativa de crianças
com paralisia cerebral. As alunas Mirella Prosdócimo e Cleuza Kuhn, do curso de Letras, a aluna
Fernanda C. M Monteiro de Terapia Ocupacional e a aluna Franciele Savaris Sória que
freqüentaram o segundo semestre de 2004, Ingrid Adam, do curso de Pedagogia, Olívia Carvalho
Vivi, Gisele e Vanessa do curso de Letras, em 2005, e as alunas Bruna e Gislaine do curso de
Letras e Salete Volski do curso de Psicologia em 2006, na Bridgewater State College foram
orientadas para coletarem dados sobre como currículo americano enfrenta ou incorpora as questões
referentes à inclusão e às necessidades especiais; e sobre como a cidade de Bridgewater, Boston e
Philadelphia tratam as pessoas com necessidades especiais.
Esse projeto de intercâmbio serviu de base para a pesquisa, originando atividades em que os
professores e alunos participantes buscaram refletir sobre as crenças e valores relacionados ao
paradigma de construção colaborativa do conhecimento que promova o crescimento do ser
humano.
É necessário, no entanto, ter consciência que o professor só se compromete com a sua mudança e
com o projeto que se propõe se internamente estiver disposto a mudar; e se seu projeto individual
tem pontos de conexão com o projeto coletivo, dessa forma as expectativas podem ser mais
realistas.
Formação contínua não é só para professor, abrange coordenadores e administradores. É difícil
desenvolver um trabalho novo com os professores se administradores e coordenadores que tomam
as decisões não tiverem a mesma visão conceitual. É preciso que a comunidade escolar como um
todo participe de uma forma ou de outra do projeto de promoção de inclusão de portadores
especiais. As tecnologias podem auxiliar e muito essa inclusão. Essa foi uma das constatações que
se teve na pesquisa. A falta de envolvimento e a pouca valoração das ações dos alunos por alguns
professores dos cursos a que os alunos estavam matriculados causou, inicialmente, frustração e
desânimo nos intercambistas; porém a atitude crítica de pesquisador que lhes era infundida pela
coordenadora do projeto levou-os a desenvolverem os seus trabalhos de conclusão de curso nessa
temática.
Em consonância com o Projeto de Educação Inclusiva do MEC (BRASIL, 2005) que objetiva
... a formação de gestores e educadores para efetivar a transformação dos
sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos, tendo como
princípio, a garantia do direito dos alunos com necessidades educacionais
especiais de acesso e permanência, com qualidade, nas escolas regulares.
e considerando as questões já explicitadas, teve-se o objetivo de analisar como se criam redes
colaborativas de professores, pesquisadores, coordenadores e administradores, na proposta de um
programa de formação de professores, tomando por base o que escreveu, Ana Maria Souto, da
Rede Saci,
É o sentido de cooperação entre semelhantes que dá vida a uma rede. A
participação em redes torna as pessoas mais responsáveis, respeitadoras de
si mesmas e criativas, ao expandir a matriz de conexões de cada um. É
praticamente impossível antever o alcance e o poder de uma rede (SOUTO,
2003).
Assim, este projeto propôs-se a desenvolver uma pesquisa -
que envolveu, também, sensibilização,
reflexão, planejamento e ação - com administradores, coordenadores, professores e alunos.
Buscou-se, ainda, transferir para sua prática na sala de aula, na escola e na comunidade, uma ação
colaborativa de inserção dos alunos com necessidades educativas especiais na sociedade como
seres humanos pró-ativos e cidadãos atuantes e responsáveis.
Porque formação para a Educação Especial?
Os pesquisadores perceberam que a questão era mais profunda do que atender às necessidades
educativas especiais de alunos com deficiências específicas. A questão mais grave se refere ao
conhecimento, às habilidades e às atitudes que os licenciados em Pedagogia e nas demais
licenciaturas têm em relação à educação de alunos não considerados “normais”.
Com base nas interlocuções com os participantes do Programa de intercâmbio e de seus
levantamentos preliminares de dados sobre deficiência, diversidade cultural e inclusão, verificou-se
que há lacunas na formação dos professores em relação a essas questões. Por exemplo, no curso
de Pedagogia da UTP, havia, em 2004, apenas uma disciplina que tratava das questões da
educação especial e das necessidades educativas especiais. Nos cursos de Letras, havia apenas
uma disciplina optativa; em outras Licenciaturas, nem mesmo ua disciplina optativa.
O contato com a Profa. Ana Irene de Oliveira da Universidade Estadual do Pará trouxe a
possibilidade de sua participação como pesquisadora colaboradora neste projeto de pesquisa e
abriu as possibilidades da participação de seus pesquisadores no Fórum de Tecnologia Assistiva e
Inclusão Social da Pessoa Deficiente, 2006, Belém PA, o que ampliou a discussão.
Os primeiros estudos para a implementação do projeto embasaram a definição de conceitos como
inclusão, colaboração, trabalho em equipe, tecnologias assistivas fundamentais na pesquisa em
questão e que recebem diferentes significados, dependendo do contexto que se estuda.
Os primeiros artigos resultantes da primeira fase da pesquisa se referem à educação inclusiva como
a educação que promove a inclusão e aponta uma série de situações como formas de educação
inclusiva, como quando Cortelazzo se refere à formação de professores: “A educação inclusiva
acontece quando há uma formação de professores e os professores aprendem sobre as deficiências,
distúrbios, transtornos, dificuldades, e saber diferenciá-los entre si” (Cortelazzo, 2006).
Rocha, pesquisador deste projeto “reflete sobre a necessidade da formação de professores para
mudar seus conceitos e ampliar suas habilidades no processo de ensino e aprendizagem com alunos
portadores de necessidades educativas especiais apoiando-se em tecnologias assistivas” (Rocha e
Cortelazzo, 2006).
Assim a partir das discussões em fóruns e em encontros, bancas de defesa de trabalhos de
conclusão de cursos e de dissertações, os pesquisadores passaram a considerar que além de se
falar em educação inclusiva, é preciso tratar da escola inclusiva. Para estes pesquisadores, passa a
ser redundante a expressão educação inclusiva, pois educação é um processo de procura propiciar
ao indivíduo condições para que ele faça parte de um grupo, de uma sociedade, e que receba um
corpo de conhecimento e de valores desse grupo. A escola precisa incorporar a filosofia de iclusão
para todos, não só para os que são deficientes.
Outro foco de discussão é relativo às tecnologias assistivas que segundo Rocha e Cortelazzo se
referem a “todo e qualquer recurso que pode propiciar à pessoa que tem uma determinada
deficiência autonomia suficiente para ser incluída socialmente, é tecnologia assistiva, seja esse
recurso um serviço, um procedimento, uma técnica, um equipamento” ( 2006) .
Os primeiros resultados demonstraram que os professores não possuem conhecimentos necessários
sobre o processo de aprendizagem das pessoas com diferentes necessidades, nem sobre as
abordagens de ensino que promovam essa aprendizagem. As tecnologias assistivas , nas instituições
americanas estudadas são utilizadas como adaptações; no Brasil, as que estão utilizando e foram
estudadas pelos pesquisadores, parecem buscar a emancipação e a utonomia, otimizando as
potencialidades dos alunos com necessidades especiais. Porém, a maior aprte dos professores
desconhecem o que são tecnologias assistivas, porque resistem, por falta de conhecimento, a
reconhecerem os alunos com necessidades especiais como alunos competentes. Em decorrência,
não possuem uma didática específica para uma prática pedagógica para trabalhar com esses alunos
com necessidades educativas especiais, embora tenham um discurso de inclusão, de respeito, de
tolerância e de solidariedade. Constatou-se, ainda que, ao se depararem com alunos com
deficiência(s) em sala de aula, os professores podem assumir atitudes impróprias, como ressaltam
Rocha e Cortelazzo,
... a) ele simplesmente ignora as deficiências do aluno; b) ele passa a dar
muita atenção a esse aluno em detrimento do resto da classe; c) ou ele
solicita a retirada do aluno da sua sala de aula porque não consegue lidar
com a situação. Qualquer que seja a atitude, fica muito clara a falta de
formação adequada para se lidar com a inclusão (2006).
Com base nas discussões trazidas pelas alunas brasileiras que participaram do Programa de
intercâmbio, de suas experiências em salas de aula com deficientes auditivos naUTP, das
experiências das pesquisadoras Di Palma e Malinoski3, conclui-se que
Quando os professores conhecem como esse tema tem sido tratado na
História da Educação, conhecem a legislação brasileira referente ao tema;
sabem como outros países tratam o tema; sabem o que é colaboração,
conhecem as suas regras e desenvolvem habilidades para distinguir o que
pode ser resolvido com sua ação, o que precisa ser trabalhado por uma
equipe multidisciplinar e o que precisa ser encaminhado para um especialista
(Cortelazzo, 2006).
Concluindo, ao se preparam para trabalharem em equipe, como coletividade profissional,
desenvolvendo atitudes de ação e de acolhida, de orientação, de produção de conhecimento e de
divulgação e de socialização de suas descobertas, de seu conhecimento e de seus saberes, os
professores têm possibilidades de fazerem a diferença e atuarem de maneira transformadora para
uma escola inclusiva.
As tecnologias assistivas são necessárias e essenciais, mas a formação dos professores para sua
utilização tem que se basear no seu uso emancipatório de autonomia e humanidade e para isso os
professores precisam superar a sua resistência a lidar com a diversidade.
A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais se constrói pela ação colaborativa de
profissionais da Saúde e da Educação que, convergindo suas forças, estratégias e recursos,
acompanhados por essas mesmas pessoas com necessidades especiais (crianças, jovens e adultos)
e com suas famílias passem a discutir questões como inclusão, colaboração e educação que são
partes de uma ação humana para uma sociedade mais humanizada e um futuro sustentável.
3 depoimentos em reuniões de avaliação do Programa do Intercâmbio
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