http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/327.htm | 
     | 
  

Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
 
TECNOLOGIA ASSISTIVA E LETRAMENTO: POSSIBILIDADES DE ACESSO A 
INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO E CONHECIMENTO:
UMA JANELA PARA O MUNDO DOS SURDOS E DEFICIENTES VISUAIS
AUTORAS: AMARAL, M L L.
ALVES,CC F
Prefeitura Municipal de Campinas
Secretaria Municipal De Educação
Departamento Pedagógico-Educação Especial
Sala De Recursos-Ceprocamp
O Ministério da Ciência e Tecnologia definiu tecnologias assistivas como recursos e serviços que 
reduzem ou eliminem as limitações decorrentes das deficiências: físicas, mental, auditiva, visual, a 
fim de colaborar com a inclusão das pessoas com deficiência (Brasil, 2005).
O objetivo da Tecnologia Assistiva é:"proporcionar à pessoa portadora de deficiência maior 
independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação da comunicação, 
mobilidade, controle do seu ambiente, habilidades de seu aprendizado, competição, 
trabalho e integração com a família, amigos e sociedade."... "Podem variar de um par de 
óculos ou uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado" ( 
http://www.clik.com.br/ta_01.html ).
De acordo com Santarosa (2001) a informática tem feito e está fazendo diferença na vida das 
pessoas com deficiência, pois seguramente essas pessoas têm melhores oportunidades de 
desenvolvimento, considerando as inovações tecnológicas. Ressalta que o computador como 
ferramenta cognitiva traz benefícios tais como acesso mais rápido à informação mais atualizada, 
abre novas perspectivas de desenvolvimento, de interação, de comunicação, de crescimento 
interpessoal e intrapessoal, favorecendo a participação de todos e constituindo-se um aliado ao 
processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais.
Na área da deficiência visual podem-se destacar como tecnologia assistiva os recursos ópticos, 
não-ópticos, Sistema Braille e o recurso da informática. Nesse trabalho será enfatizado o Sistema 
Braille e o recurso da informática por meio de computadores com sintetizadores de voz e 
ampliadores de tela.
O Sistema Braille é o principal meio de comunicação e escrita da pessoa com deficiência visual. 
Esse sistema de leitura e escrita por meio de pontos em relevo é usado, atualmente, em todo o 
mundo. Trata-se de um sistema que se adapta a todas as necessidades dos usuários cegos. Foi 
inventado por Louis Braille, jovem francês, em 1825. 
O Sistema Braille é composto por seis pontos, que são agrupados em duas filas verticais com três 
pontos em cada fila (cela Braille). A combinação desses pontos forma 63 caracteres que 
simbolizam as letras do alfabeto convencional e suas variações como os acentos, a pontuação, os 
números, os símbolos matemáticos e químicos e até as notas musicais. 
A leitura por meio dos pontos em relevo permite as pessoas cegas constatar os que as pessoas 
sabem e pensam, ou seja, permite conhecimentos. Por meio da escrita em relevo a pessoa cega 
pode expressar seus conhecimentos e pensamentos. O Sistema Braille abre janelas e portas para 
a comunicação, educação e cultura das pessoas cegas.
A informática por meio de computadores com sintetizadores de voz ou ampliadores de tela 
facilitou a vida das pessoas com deficiência visual, trazendo-lhe independência e autonomia no 
meio familiar, social, educacional e profissional. Podemos citar como sintetizadores de voz: 
Dosvox, Virtual Vision e Jaws. Esses programas apresentam sintetizador de voz que permite a e 
como ampliadores de tela: Zoom Text, Magic e Acessibilidade do Windows. 
Govoni e Carvalho (1999) afirmam que o uso do recurso da informática permite ao deficiente 
visual transpor barreiras que limitam a sua comunicação e seu desenvolvimento, pois agiliza a 
escrita e auxilia a superar grande parte das dificuldades encontradas nessa área. Hoje, o 
deficiente visual pode se comunicar com pessoas de qualquer parte do mundo e ler com total 
independência qualquer jornal brasileiro ou internacional. Um estudante deficiente visual pode 
entregar seus trabalhos em tinta como os demais colegas da sala de aula
De acordo com Campbell (2003) desde a invenção do Sistema Braille, nada teve tanto impacto, 
como a informática para os deficientes visuais. 
Tanto o Sistema Braille como o recurso da informática tem sua importância, sendo que um não 
substitui o outro. O Sistema Braille aliado ao recurso da informática proporciona aos deficientes 
visuais um horizonte infinito de informação e comunicação, permitindo que compreendam o 
mundo e façam as suas leituras de mundo.
Na área da surdez as dificuldades de leitura e escrita apresentadas por grande parte das 
pessoas surdas, têm preocupado profissionais envolvidos na educação de crianças, jovens e 
adultos surdos há muito tempo. 
A surdez é uma experiência visual que traz ao sujeito surdo a possibilidade de constituir sua 
subjetividade por meio de experiências cognitivo-lingüísticas diversas, mediadas por formas de 
comunicação simbólica alternativas, que encontram na língua de sinais, seu principal meio de 
concretização. 
Cada sujeito surdo é único, sua identidade se constituirá a depender das experiências 
socioculturais que compartilhou ao longo de sua vida. Há surdos que têm consciência de sua 
diferença e necessitam recursos essencialmente visuais nas suas interações; surdos que nasceram 
ouvintes e, portanto, conheceram a experiência auditiva e o português como primeira língua, 
surdos que passaram por experiências educacionais oralistas e desconhecem a língua de sinais; 
surdos que viveram isolados de toda e qualquer referência identificatória e desconhecem sua 
situação de diferença, entre outros. 
Essa compreensão diferenciada da surdez não permite classificações ou caracterizações por graus 
de comprometimento, uma vez que não estabelece limites para o sujeito que aprende, mas 
possibilidades de construção diversas. Esse é um grande desafio para o sistema educacional
Estudos têm evidenciado que, crianças surdas conseguem decodificar os símbolos escritos e 
geralmente não apresentam dificuldades grafêmicas, mas, na maioria das vezes, não entendem o 
que lêem. O letramento na surdez não se pauta na relação fonema/grafema escrita com oralidade 
daí a necessidade de nos   afastarmos da concepção de leitura e escrita que nós ouvintes usamos 
e nos aproximarmos da  escrita considerando-a como um conjunto de praticas discursivas.
As praticas discursivas são praticas sócias significativas que o sujeito exerce através da 
linguagem, vinculadas ao sentido que vai muito além da mera decodificação ou do processo de 
alfabetização. 
Língua de sinais
No caso de sujeitos surdos todo conhecimento  que ele tem do mundo é mediado pela língua de 
sinais, que vem assumindo um lugar cada vez mais necessário e importante na educação de 
surdos, e cabe  ao professor incentivar o contato com materiais escritos para que o surdo venha 
sentir necessidade de escrever.
A língua de sinais é a língua natural dos surdos, surgiram pela necessidade de pessoas surdas se 
comunicarem, expressarem idéias, sentimentos, argumentos, têm sistemas lingüísticos diferentes 
das línguas orais se desenvolvem no meio da comunidade surda.
“Segundo “Skliar, 1999:142:” a língua de sinais anula a deficiência e permite que os surdos 
constituam uma comunidade lingüística minoritária diferente e não um desvio da 
normalidade”.
Um projeto educacional de qualidade para surdos deve enfocar como premissas básicas: uma  
educação bilíngüe para surdos que  vê a língua de sinais como primeira língua e o português 
escrito como segunda língua, dando  direito do leitor utilizar duas línguas sem detrimento, mas 
com respeito a sua diferença e dando lhe oportunidade de poder escolher que língua irá utilizar e 
em que situação; e  a atuação de educadores bilíngües (surdos e ouvintes), como 
interlocutores no processo de aquisição da linguagem. Estes pressupostos oportunizarão o avanço 
acadêmico dos alunos surdos, em condições de igualdade com os demais alunos do sistema 
educacional.
O nosso grande desafio como educadores será como ensinar o surdo o português como segunda 
língua surdo na sua forma escrita. A escrita é um meio importante do qual o surdo não pode 
prescindir, posto que, com ela ele terá chances de competir  e de comunicar-se com o mundo 
ouvinte.
Existem várias razões para   o fracasso  de leitores surdos:  a falta do domínio da língua oral, os 
processos a que são submetidos no ensino do português através de práticas estruturadas 
repetitivas, sem contexto com uma lista de palavras a serem copiados obedecendo a regras de 
formação de palavras através de silabas, vocábulos sem clareza,  e coesão de produção de 
enunciados;  toda compreensão do processo de leitura fica prejudicado. 
Entretanto, esses estudos, partem do ponto de vista da língua majoritária, isto é, o fracasso 
lingüístico se refere ao domínio dessa língua. 
O surdo aprendiz de uma segunda língua somente será capaz de utilizar as informações desta 
nova língua, de tal forma a observar, comparar e concluir, tendo como base os construtos 
internos e hipóteses mentais adquiridos através da primeira língua. Acredito que isto somente será 
possível se o surdo estiver inserido num programa de Bilingüismo em que a língua de sinais seja 
desenvolvida e explorada com crianças surdas por meio de adultos surdos de sua comunidade, o 
mais cedo possível. 
O  surdo vem sendo exposto, sem dúvida, a  experiências educacionais empobrecidas, pautadas 
na busca do significado literal do vocábulo e não de forma a buscar um sentido ao texto. O texto 
praticamente, no início de sua experiência acadêmica  e quando  presente parece ter sido de má 
qualidade. Apresentam também empobrecimento de vocabulário uso de frases estereotipadas 
apesar de muitas vezes identificar significados de palavras. Tudo esta muito distante de se fazer o 
uso efetivo de uma língua com desenvoltura e compreensão
Agora se adotarmos em sua educação concepções de linguagem onde se expõe ao 
funcionamento lingüístico –discursivo mediados pela língua de sinais, os surdos podem sofrer os 
efeitos e ampliar seu vocabulário, sua compreensão, e ser sujeito numa condição especial- leitor- 
Só assim ele poderá realizar julgamentos sobre o sentido do texto e se posicionar diante do que 
outro autor produziu.
É necessário que haja um bom desenvolvimento e aperfeiçoamento da LIBRAS, introduzida 
precocemente, para que este aprendizado possa auxiliar o Surdo na aprendizagem  da língua 
portuguesa sua 2ª língua 
A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA DOS SINAIS.
Um dos maiores problemas que envolvem a educação dos Surdos é a de não poder expressar-se 
através da escrita de sua própria língua, fazendo uso da língua oral para escrever, sendo que esta 
não é a sua língua natural, pois o código escrito de uma língua oral está fundado foneticamente na 
grafia dos sons, dificultando seu aprendizado
A língua de sinais foi desenvolvida de maneira a demonstrar movimentos no espaço, e a 
representação de sua escrita deve estar correlacionada a escrita destes sinais.
 A escrita é um sistema de signos que não têm significado em si. Os signos representam outra 
realidade, isto é, o que se escreve tem uma função instrumental, funcionando como um suporte 
para a memória e a transmissão de idéias e conceitos. É necessário que o Surdo compreenda que 
a língua escrita dos sinais não tem nada a ver com o português, pois são duas línguas separadas, 
cada uma com seu sistema de escrita.
A escrita alfabética não capta as relações de significação da língua de sinais, tornando bastante 
complicado o registro dos pensamentos e significados da criança de forma completa. Reforçando 
a necessidade da apropriação da escrita dos sinais, Quadros (2000), coloca que as 
oportunidades que as crianças têm de expressar suas idéias, pensamentos e hipóteses sobre suas 
experiências com o mundo são fundamentais para o processo de aquisição da leitura e escrita. 
(p.12). 
Dessa forma, “a escrita da língua de sinais capta as relações que a criança estabelece 
naturalmente com a língua de sinais. Se as crianças tivessem acesso a essa forma escrita para 
construir suas hipóteses a respeito da escrita, a alfabetização seria uma conseqüência do 
processo”. (Quadros, 1997, p. 13)
O uso do computador e ambientes telemáticos
Outro grande recurso que vem sendo utilizado como prática discursiva são as possibilidades de 
uso de meios telemáticos, particularmente o correio eletrônico eo orkut, No processo de 
comunicação e interação entre crianças e jovens surdos estes recursos além de provocar o uso 
significativo do português escrito constitui espaço importante para a função organizadora e 
reguladora da linguagem em exercício. 
Tendo o computador como ferramenta educacional que auxilia no processo de ensino e de 
aprendizagem, possibilitando vivências e situações que facilitam o desenvolvimento das 
potencialidades dos Surdos através da interação entre o sujeito e o objeto podemos citar que de 
acordo com Costa (1996), ambientes interativos podem ser vistos como sistemas abertos, 
condizentes com a abordagem construtivista/interacionista, e propiciam facilidades de pesquisa, 
vasta quantidade de informações e meios de interação com outros usuários, favorecendo a 
aquisição e construção de novos conhecimentos de maneira crítica e criativa.
O uso de imagens e jogos 
Segundo GESUELI E MOURA  a  imagem tem um papel importante na educação de surdos mas 
é ainda pouco reconhecido entre os educadores.Sofiato(2005) citado por Gesueli (2006) discute 
os usos e significações da imagem nesse contexto afirmando que a escrita tem nela sua origem e 
que desde muito cedo aprendemos a ler estas imagens .
REYLI(2003) citado Gesueli (2006) em enfatiza que dada a característica visual da língua de 
sinais essa discussão deve estar presente no campo da surdez e propõe uma reflexão maior sobre 
o papel da imagem no processo de escolarização dos surdos
Portanto, torna-se necessário que o surdo tenha acesso às diversas fontes de conhecimento, 
através de vários recursos semióticos  na construção do conhecimento. e na apropriação do 
português como segunda língua.
Além disso, pessoas e profissionais (professores, fonoaudiólogos,...) interessados em conhecer, 
entender e lidar melhor com o surdo, podem encontrar referências muito boas na rede WWW. 
O que se percebe é o grande potencial pedagógico e integrador desta nova realidade. Várias 
pesquisas estão em curso, e muitas outras ainda são necessárias para, de fato, poder-se fazer 
uso da potencialidades que as novas tecnologias parecem oferecer.
Bibliografia 
ALMEIDA, E. O. C. de. Quem vê cara não vê coração–Leitura e Surdez: um estudo com 
adultos não oralizados. Tese de Doutorado, Educação - UNICAMP, 1998. 
ALMEIDA, E. O. C. de. Leitura e Surdez: Um estudo com adultos não oralizados. Editora 
Revinter, 2000. 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial. Integração. 
Brasília: MEC, v. 7, n.º 18, 1997a.
_____. Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial. Deficiência 
Auditiva. 1998. v. I (série Atualidades pedagógicas,n.4)
_____Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial. A educação dos 
surdos. 1998. v. II (série Atualidades pedagógicas,n.4)
_____Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial, Língua Brasileira 
de Sinais - LIBRAS. 1998. v. III (série Atualidades pedagógicas,n.4)
_____. Adaptações curriculares em ação. Desenvolvendo competências para o atendimento às 
necessidades educacionais especiais de alunos surdos. Brasília: MEC/SEESP, 2002.
_____. Estratégias e orientações pedagógicas para a educação de crianças com necessidades 
educacionais especiais. Dificuldades de comunicação e sinalização. Surdez.Educação Infantil. 
Brasília: MEC/SEESP, 2002.
CAMPBELL L. Trabalho e Cultura: meios de fortalecimento da cidadania e do desenvolvimento 
humano. Revista contato: Laramara, 2001.
CÁRNIO, M.S. Conceitos e compreensão de leitura e escrita no contexto da educação especial. 
Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, 1995.
GESUELI Z.M., MOURA L.letramento se surdez: Visualização das Palavras. In Educação 
temática digital, Campinas,v 7 nº. 2 p 110-122 ,junho 2006
GOVONI RC, Carvalho SHR. Aplicação do microcomputador na reabilitação do deficiente 
visual. In Quevedo AAF, et al. Mobilidade e comunicação: desafios à tecnologia e à inclusão 
social. Campinas: edição dos autores, 1999. 97-102
KYLE, JG. Compreendendo o desenvolvimento dos sinais: uma base para o Bilingüismo. In 
Moura MC, ABC, Lodi e Pereira, MCC (org.): Língua sinais e educação do surdo. Sao Paulo, 
Tec Art, 1993. 
LODI, A. B. C. Leitura e escrita em crianças surdas: um estudo das estratégias utilizadas durante 
o período de aprendizagem. Tese de mestrado, PUCSP, 1996. 
Quadros
SANTAROSA,L C  ENTREVISTA–Revista Integração- - Brasília ,MEC  ano 13 nº 23 2001
SKLIAR, c(org (Atualidade da educação bilíngüe para surdos. Porto Alegre: mediação, 1999
STEWART, D. A. Pesquisa sobre o uso de sinais na educação de crianças surdas. In MOURA, 
M. C.; LODI, A. B. C. e PEREIRA, M. C. (Eds.): Línguas de sinais e educação do surdo. Sao 
Paulo: Tec Art, 1993.