http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/337.htm


Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2

UMA PROPOSTA DIFERENCIADA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EJA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
Nome do autor- Adriana Cunha Padilha
Professora de Ed. Especial
Instituição- FUMEC Fundação Municipal
Para a educação de jovens e adultos de Campinas SP 

RESUMO

O presente relato de experiência destina-se a descrever as experiências de professores de Educação Especial na organização e acompanhamento de grupos de formação de professores, e núcleos educacionais na Fundação Municipal para a educação de Jovens e Adultos de Campinas SP, visando ampliar as ações formativas a respeito da educação inclusiva/especial.



INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é fruto de vivência como professoras de FUMEC – Fundação Municipal para Educação Comunitária, criada em 03/11/1987 em Campinas, assumindo funções de Mobral, o Educar e a Comissão de Programas Educacionais nesses últimos 30 anos na Educação Brasileira de jovens e adultos. O projeto desenvolvido por professoras da Fumec com formação em Educação Especial em questão vem acompanhando alunos com necessidades especiais, que culminou com a realização de uma proposta que vem a contemplar tanto os professores no processo de orientação pedagógica especializada, como no acompanhamento dos alunos com necessidades educacionais especiais nas mais diferentes unidades da FUMEC.
O que defendemos neste projeto é a educação de jovens e adultos, ministrada com a preocupação de acolher a todas as pessoas. Ou seja, sem preconceitos de qualquer natureza e sem perpetuar as práticas tradicionais de exclusão que vão das descriminações negativas, até as vivências em práticas pedagógicas que venham a propor princípios inclusivos para a superação das dificuldades.



MÉTODO,RESULTADO,DISCUSSÃO;
Atualmente, a pessoa com deficiência é demanda das escolas públicas e dos programas de suplência do ensino regular.Assim, é população que se encontra a cada ano com maior demanda nos núcleos de programas de jovens e adultos.
Face a esta realidade, tornou-se necessário a constituição de uma equipe formada por professores de educação especial junto a este Programa de Jovens e adultos, para fins de assegurar  à pessoa com deficiência matriculadas nesses núcleos, seu pleno desenvolvimento junto aos demais que compõe a sua classe. Ao longo deste processo a formação de professores caminhou sendo preocupação desta equipe que direcionou seu trabalho para este sentido. Lembrando que a formação de professores constitui preocupação tanto das formações iniciais como das formações continuadas,sendo a segunda o objeto central da equipe de apoio a inclusão destes alunos em salas regulares da Educação de Jovens e adultos da FUMEC de Campinas.Assim sendo a perspectiva formativa caminha em construção e discussão de formações referindo-se a declaração de Salamanca(1994), denominando a escola como espaço inclusivo,sendo implicadas ações nesse âmbito pautando-se na não restrição ao meio educativo e sim contextos coletivos de discussão, exigindo, assim uma inovação do próprio significado do “especial” na Educação, o papel do professor de Educação Especial, juntamente com os professores do ensino regular, neste sentido amplia-se e resignifica a partir deste contexto coletivo.
(...)os professores desempenharão um papel importante na formação de outros professores, o que abre as portas à investigação, partindo das situações concretas da interação. Sanches(1995)
 Os referencias básicos para o trabalho inicial das formações dos grupos se ancoram na perspectiva formativa defendidas por “PHILIPPE PERRENOUD”, onde se situam dois eixos centrais de formação docente junto aos professores participantes:
Segundo Perrenoud;
-O primeiro eixo se dará na orientação da ação para um fim atribuição de significado, antecipação de conteudos de interesse do grupo, controle de dados e regulação da ação.
-O segundo eixo a ser trabalhado será o das informações obtidas pelo sujeito sobre o contexto, ou seja (conhecimento ) adquirido e sobre sua própria ação (tomada de consciência)
      Esses dois eixos serão norteadores dos grupos, pois, neles estão claras as questões que deverão perpassar pelos temas inclusivos, não somente refletindo sobre eles como também agindo sobre  sua sala de aula  em uma perspectiva da  educação Inclusiva.
        Para tanto temas relevantes como um estudo da educação especial no Brasil deverão ser realizados com o objetivo de aprofundarmos melhor os temas da educação atual.
            Outro aspecto que deverá ser trabalhado dentro desta perspectiva será o eixo “sincrônico” das informações obtidas no sistema de interações entre os professores com o objetivo de APRENDER a OBSERVAR e analisar as situações trazidas pelos pares no contexto de formação docente o que muito enriquecerá os grupos.
         Trabalharemos na perspectiva de um professor construindo sua reflexidade como fonte de uma ação mais organizada e de uma interação de diferentes tipos de saberes entre seus alunos. Tornando-se assim profissionais capazes de refletirem sobre suas práticas, não somente a posteriori, mas no momento de ação docente.
         Segundo Garrido...
“A prática reflexiva enquanto prática social, só pode ser realizada em coletivos, o que leva as escolas e projetos a constituirem-se na aprendizagem e no apoio dos professores se estimulando mutuamente.”
         O suporte para o professor da FUMEC que recebe alunos com necessidades especiais, em sua sala de aula, estará sendo ministrado por professores especializados em educação especial, que atualmente estão divididos em diferentes unidades da FUMEC, a qual deve ter conhecimento dos conteúdos curriculares, dos métodos de ensino, dos recursos didático-pedagógicos e estimular a criatividade do professor. Pensamos aqui em professor especializado ativo e participante no cotidiano da sala de aula, da escola e das relações com a comunidade.
É importante ressaltar que o procedimento de acesso do professor a esse suporte disponível da FUMEC deve ser regulamentado na figura dos professores especializados, para evitar que o professor tenha que buscar ajuda apenas por iniciativa pessoal.
A busca por iniciativa pessoal sobrecarrega o professor e deixa sem suporte o professor que não tem iniciativa. No primeiro caso, se fortalece a cultura de que a busca de soluções para problemas no ensino não é responsabilidade da gestão da escola, enquanto que no segundo, penaliza o processo de aprendizagem e o alcance dos objetivos reais da educação.
            Sendo assim, observamos que todo professor necessita de suporte técnico como interlocutor em um processo de reflexão crítica sobre a prática cotidiana de ensino. Na medida em que são pensadas coletivamente a partir do contexto de educação de jovens e adultos e não apenas a partir de um determinado aluno portador de deficiência, entende-se que todos os alunos podem se beneficiar com a implantação de uma adequação curricular, a qual funciona como instrumento para implementar uma prática educativa para a diversidade. As adequações curriculares pensadas no grupo de professores devem produzir modificações que possam ser aproveitadas por todos os alunos do grupo.
            Outra providência a ser tomada na figura do professor especializado é caracterizar o processo de formação continuada dos professores de diferentes PEBS.(unidade de seriação dos alunos da FUMEC atualmente) Sabendo que os professores que já se encontram ativos no sistema educacional brasileiro não tiveram em sua formação inicial, disciplinas cujos conteúdos se referissem aos segmentos de alunos com necessidades educacionais especiais. Este fato gera grande ansiedade nesses profissionais, determinando, muitas vezes, resistência a assumir tais alunos em suas classes.
            Assim, é essencial prever um processo regular de capacitação continuada e de acompanhamento sistemático das unidades que recebem os alunos portadores de necessidades especiais no qual, esses professores tenham a oportunidade de rever sua prática pedagógica à luz de conhecimentos específicos voltados para as questões das necessidades educacionais especiais e da valorização de diversidade.Para tanto algumas organizações foram estabelecidas tais como:
 Desenvolvimento de uma sistemática para o trabalho cooperativo entre o professor da classe da FUMEC e o professor especialista em educação especial:
 È muito importante definir a sistemática de trabalho entre o professor de jovens e adultos e o professor especialista em educação especial. Ao receber um aluno com necessidades educacionais especiais, em sua sala de aula, o professor muitas vezes sente a necessidade de discutir criticamente sobre sua prática pedagógica ou mesmo sobre as necessidades educacionais especiais desse aluno.
            O professor especialista em Ed. Especial, por outro lado, tem ampliado seu campo de atuação apoiando o professor da classe regular.
            As escolas e profissionais que atuam nela costumam fazer alusão a serviços de apoio especializados para desenvolver um trabalho de qualidade. Dentre os especialistas são citados: neurologistas, psicólogos entre outros. Existe ainda a idéia de que o aluno precisa suprir algumas necessidades específicas que poderão ser atendidas por um, ou vários especialistas, bem como que estes profissionais poderiam ajudar o professor a descobrir caminhos possíveis para facilitar a aprendizagem do aluno. A falta de atendimento diferenciado ao aluno com necessidades especiais é apontada como um dificultador à inclusão, mostrando a carência em relação à Rede de Serviços da Saúde e Assistência, fundamentais para a qualidade de vida dos cidadãos.
            É importante ressaltar que a menção a vários especialistas costuma referir-se a um modelo historicamente constituído como multidisciplinar, no qual adequação ou inadequação se constituem como critérios que direcionam os diagnósticos. Neste paradigma, se multiplicam as intervenções no suposto de que adição sistemática de várias disciplinas contribuiria para complementar o quadro de “normalidade”.
            É imprescindível, no entanto, o trabalho interdisciplinar para decidir sobre as estratégias para a aprendizagem.  Não se trata de estimulo à prevalência de uma ou outra especialidade, mas de articulá-las entre si.
            A política de educação inclusiva aponta a necessidade de uma organização das políticas de atendimento que contemplem a atuação interdisciplinar, rompendo com o viés de exclusão de que revestem as práticas atuais.
            Pensamos então que a escola deve ser organizada com políticas educacionais que contemplem a atuação interdisciplinar, rompendo com a exclusão, com a fragmentação dos saberes e com a lógica do especialismo que conduza as práticas do encaminhamento. Esta concepção, muitas vezes dissociada, desresponsabiliza a escola pela aprendizagem do aluno a delegava a saúde a tarefa de indicar as modalidades de ensino.
            O professor especialista em Educação Especial deve ser um facilitador da proposta de educação inclusiva, tendo como papel fundamental articular a prática educativa dos professores na FUMEC. Este especialista e o conjunto de professores de jovens e adultos após a análise de cada situação de vivência com jovens e adultos deverão propor metodologias para o trabalho pedagógico. Assim, um trabalho cooperativo entre ambos só vem somar, na busca de um ensino de qualidade a todos s alunos.
            Estaremos assim construindo uma proposta inovadora dentro da educação de jovens e adultos, e este será o começo para conseguirmos conquistar o paradigma da inclusão social na vida educacional, redefinindo e reestruturando a prática educativa de tal forma que ela seja capaz de acolher e trabalhar todo aspecto da diversidade humana, representada por esses jovens e adultos.
Dentro dessa proposta faz-se necessário que o professor especialista em educação especial acompanhe semanalmente as unidades estabelecendo vinculo direto ativo e participante dos projetos pedagógicos construídos pelos professores das salas de aula.Sua atenção além do universo da sala de aula deverá estar voltado para os alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, suas necessidades que não se restringem a encaminhamentos, mas um papel interativo da escola, família e comunidade.


Referências Bibliográficos:


- MAZZOTTA, Marcos J. S. Educação Especial no Brasil – História de Políticas Públicas.

- FREIRE, Paulo - Pedagogia do oprimido, paz e Terra 1978.

-UNESCO.Declaração de Salamanca. Salamanca.1994.

-SÁNCHEZ,I.R.Professores de Educação Especial- Da formação às práticas Educativas.Lisboa.Porto Editora.1995.

-PERRENOUD,P –pedagogia diferenciada, das intenções á ação.porto Alegre, Artmed 2000.

- Programa Educação Inclusiva: Direito a Diversidade MEC Brasília – 2004.

-Ministério da Educação-conjunto Direito a Diversidade – volumes: A escola e o município 2001