http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/343.htm |
|
Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
O ALUNO SURDO NO ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO DE CASO DO CURSO
DE PEDAGOGIA.
Daniele Silva Rocha
Profa. Rosimar Poker
Sandra Eli Martins
Marcília Corrêa de Souza
Áreas A Ciências Humanas Sub Área: 3: 20: Educação - Pedagogia – Departamento de
Educação Especial –Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília.
O aluno com surdez no mundo dos ouvintes apresenta dificuldades em sua comunicação, e
para suprir essa dificuldade o surdo utiliza-se de uma língua própria, a língua de Sinais, bem como
nesse caso específico, também o oralismo . A LIBRAS ou Língua Brasileira de Sinais é a língua
materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada
pela comunicação com o surdo. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma
língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. Foi na década de 60
que a Língua de Sinais foram estudadas e analisadas, passando então a ocupar um status de língua.
É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela lingüística e pelo Governo Federal que em 2002
reconheceu a Libras como Língua Oficial (Lei Federal nº 10.436, de 24.4.2002). Com a atual política
de educação inclusiva observa-se gradativamente, a entrada de alunos com surdez no ensino
superior e através da presença do intérprete em sala de aula o aluno surdo tem a oportunidade de ter
acesso à universidade. A inclusão é obtida se a universidade se incluir, isto quer dizer que todos os
funcionários, reitor, professores, pró-reitor e alunos precisam ter consciência de que ter um aluno
surdo é como qualquer estudante, mas com necessidades específicas, garantindo condições efetivas
não só na entrada, mas para a sua permanência, por isso é importante para trazer ao conhecimento
da sociedade e do estado a necessidade dos alunos surdos através da questão sociocultural. Além da
contratação e valorização do intérprete no ensino superior, há muitas outras atividades a serem
considerados para a inclusão do surdo. Por isso, a inclusão é muito importante para que o programa
de conscientização para a diferença, que caracteriza alteridade surda, precisa ser efetivada. Na
verdade não basta apenas ter um intérprete, porque mesmo com a presença dele em sala de aula, o
surdo irá ter algumas dificuldades. Nesse sentido, o projeto tem como objetivo diagnosticar e apontar
alternativas e formas de superação para as dificuldades encontradas por uma aluna surda do
primeiro ano do Curso de Pedagogia da FFC/UNESP de Marília, a qual faz o uso do bilingüismo
(LIBRAS e Língua Portuguesa), sendo, portanto um fato histórico para essa universidade. Nesse
estudo de caso específico vamos estar verificando as dificuldades dessa surda em relação a um
universo acadêmico monolingue, onde cabe ao intérprete de LIBRAS uma proposta bilíngüe, e se
torna o único sujeito responsável pela LIBRAS, em relação à prática pedagógica utilizada pelos
diferentes docentes e em relação à comunicação com outros interlocutores dentro da universidade.
O projeto tem, também como objetivo iniciar, desenvolver e efetivar uma cultura bilíngüe não
só para o aluno surdo, mas para os ouvintes. Uma proposta de ensino bilíngüe se concretiza quando
inclui surdos e ouvintes, para que a comunicação, a interlocução entre diferentes interlocutores
ocorra de forma autônoma e que garanta ao surdo um universo amplo de idéias, pessoas e valores.
Através do próprio surdo, das intérpretes dos professores e de outros interlocutores, vamos
utilizar questionários, entrevistas e diário de ocorrências para coletar dados a respeito das
dificuldades apresentadas. Até o presente momento foi diagnosticado que o professor nem sempre
usa materiais ou ministra suas aulas com os cuidados necessários para atender ao aluno com surdez;
o intérprete muitas vezes, não consegue traduzir termos técnicos próprio da pedagogia, neste
momento o intérprete faz uso da oralismo e precisam usar de estratégias da língua de sinais para
explicar o significado das palavras, os alunos da classe, falam e agem ao mesmo tempo o que
dificulta a compreensão da aluna surda. Observamos que apesar do professor não saber como
trabalhar com o surdo ele está interessado em fazer com que o surdo entenda, para isso ele utiliza-se
do intérprete e de suas orientações. Nesse estudo de caso específico, podemos também perceber
que até mesmo quem tem uma boa leitura labial se sente mais seguro com a presença de um
intérprete, pois ler lábios é cansativo, além da leitura labial não garantir o total entendimento de um
diálogo. Portanto esse projeto estará colaborando e apresentando como resultado discussões sobre a
inclusão do aluno surdo na universidade, quanto à questão de socialização lingüística e quanto o uso
do intérprete em relação ao aluno surdo.
Uma proposta bilíngüe na universidade é garantia não só de inclusão, mas de uma educação
pública de qualidade nos aspectos culturais, cognitivos, lingüísticos e sócioemocionais. Quando se
fala em Bilingüismo para surdos e ouvinte se prioriza um conhecimento de uma cultura, de uma
língua e de relações sócioemocionais de qualidade de um grupo de sujeitos vistos como deficientes
por muitos, mas que nessa perspectiva como Sujeito com cultura, língua e cultura, que é o Sujeito
Surdo.
.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA:
BRAGION, L. Educação para as diferenças: o estudante surdo e a formação de professores.
Net. Campinas, maio, 2007. Seção Desafios dos Magistérios. Disponível em: <http:
//www.rtv.unicamp.br/index.php?mostra=4.htm>
CALDAS, C. Surdos enfrentam desafios para entrar na universidade. Net. MEC, novembro,
2006. Seção Educação. Disponível em: <http:
//www.fbb.org.br/portal/pages/publico/expandir.fbb?codConteudoLog=3116.htm>
CASTRO, M.P.A; MONTE, M.S.R. A inclusão de pessoas surdas no ensino superior. Net.
Recife, setembro, 2005. Disponível em: <http:
//www.paulofreire.org.br/pdf/relatos_experiencia/A%20INCLUS%C3%830%20DE%20PESSOAS%20SURDAS%20NO%20ENSINO%20SUPERIOR.pdf.htm>
GISELE, C. LIBRAS e português andam lado a lado em experiências que apontam o bilingüismo
como o mais indicado para a educação de surdos. Net. São Paulo, abril, 2007. Disponível em:
<http: //sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=931&canal=revista.htm>
GOÉS, M.C. R.; LAPLANE, A.L.F. (orgs). Políticas e práticas de
educação inclusiva. 1.
ed. Campinas: Autores Associados, 2004. v. 1. 165 p.
_______________________________. Linguagem, surdez e educação. 1. ed.
CAMPINAS: AUTORES ASSOCIADOS, 1996. v. 1. 97 p.
LACERDA, C. B. F. de (Org.); SILVA, D.N.H. (Org.). Educação, Surdez e Inclusão Social.
69. ed. Campinas: Cadernos CEDES - SCIELO - Scientific Electronic Library On-line, 2006. v.
26.
______________________. Surdez - Processos educativos e subjetividade. São Paulo:
LOVISE, 2000. v. 1. 122 p.
SALERNO, M. As dificuldades de inclusão dos Surdos Brasileiros e dos Intérpretes de LIBRAS
nas Universidades Públicas. Net. Rio de Janeiro, outubro, 2005. Seção Sindical Dos Docentes
da UFRJ. Disponível em: <http:
//www.feneis.com.br/pages/materias_universidadepublica.asp.htm>
SILVA, S; VIZIM, M. (orgs.). Educação Especial: múltiplas leituras e diferentes
significados. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil – ALB, 2001.
SKLIAR, C. Atualidade da Educação Bilíngüe para surdos.
Porto Alegre: Mediação, 1999.
1.v.
_____________. Atualidade da Educação Bilíngüe para surdos. Porto Alegre: Mediação,
1999. 2.v
_______________. (Org.). Educação e exclusão: abordagem socioantropológica em
educação especial. Porto Alegre: Mediação, 1997.
TESKE, O. Há sentidos nas diferenças? Estudos surdos na universidade. Net. Gramado, junho,
2002. Disponível em: <http: //mcleary.futuro.usp.br/gtls/resumos2002.htm>