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Entrevista com coordenador do Departamento de Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria

Por: Revista Época

7 de junho de 2006

Entrevista com coordenador do Departamento de Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria

Entrevista com coordenador do Departamento de Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria

VALÉRIA BLANC

Foto: Frederic Jean/EPOCA

ÉPOCA - Os casos de depressão em jovens aumentaram ou a doença está mais facilmente identificável?
Francisco Baptista Assumpção Junior, coordenador do Departamento de Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) - Em primeiro lugar se reconhece mais. Há mais informação a respeito na própria classe médica, o que ajuda na identificação da doença. Antes, achava-se que jovens não apresentavam quadros depressivos e que apenas passavam a demonstrar mais irritabilidade e fragilidade em algum momento da vida. Hoje, porém, falamos em depressão até em crianças em idade pré-escolar.

ÉPOCA - Pode-se dizer que a depressão em jovens é fruto do comportamento moderno?
Assumpção -
Não. Depressão, enquanto doença, tem fatores genéticos, bioquímicos e familiares. Ela pode, contudo, ter fatores sócio-ambientais que funcionam como gatilhos para desencadeá-la.

ÉPOCA - O culto ao corpo, por exemplo, com a garotada querendo ser Gisele Bündchen e galã da TV, de corpo sarado e, por vezes, fora do rápido alcance de um jovem, seria um desses fatores?
Assumpção -
Todos os mecanismos estressores, como este, podem ser considerados gatilhos. E está claro que vivemos em um ambiente estressor, com uma cultura que privilegia a competição desenfreada e o ter sobre o ser. Se ainda somarmos a isso a falta de perspectivas que uma sociedade como a nossa coloca sobre o jovem _ desemprego, valorização do poder sobre o conhecimento, a desvalorização do esforço próprio, a premiação da corrupção _, o ambiente mostra-se desestimulante, o que é um fator de risco à depressão.

ÉPOCA - Como tratar a depressão precoce?
Assumpção -
Tratar de depressão, a princípio, pressupõe a utilização de medicamentos, muitos já testados largamente na população infantil. Dependendo da gravidade dos sintomas, é quase irresponsável não indicar antidepressivos à criança. Mesmo que a psicoterapia se faça necessária, minimizar os sintomas com remédios tem utilidade inegável. Além disso, é importante que se dê orientação familiar e escolar sobre a melhor forma de lidar com aquela criança.

 

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