Márcio Candiani
12 de julho de 2007
ESQUIZOFRENIA E NEUROIMAGEM-REVISÃO
SISTEMÁTICA E CASO CLÍNICO ILUSTRATIVO
“NEUROIMAGING FINDINGS IN SCHIZOPHRENIA-SISTEMATIC REVIEW ANDA NA ILUSTRATIVE CASE
Márcio Candiani[1]
Hélio Lauar[2]
Há mais
de um século, desde Emil Kraepelin, se procura um substrato neurológico para a
patogênese da esquizofrenia. Os primeiros estudos se basearam em achados
post-mortem. Em 1976, com o advento da Tomografia Computadorizada e em 1984, com
o advento da Ressonância Magnética, vários resultados de estudos post-mortem
foram confirmados
Revisar a literatura existente sobre as bases neuroanatômicas e
funcionais das esquizofrenias.
Foram revistos 180 artigos sobre neuroimagem e esquizofrenia de 1988 a
agosto de 200 no Medline – isto por que o ano de 1988 foi de grandes avanços em
hardware e software em neuroimagem Este corte excluiu os estudos de Andreasen et
all (1986), e outros.. Os unitermos usados foram “eschizophrenia”, “MRI”,
“neuroimaging”, “temporal lobe”, “neuroanatomy”, ‘spect”, “limbic system”.Os
achados foram sumarizados nas descrições abaixo, relativas a cada região onde se
supõe cientificamente, em várias revisões anteriores, causalidade nas
esquizofrenias.
§
VOLUME CEREBRAL TOTAL
o
Dos 50 estudos de RNM sobre este assunto, 22% relataram
diferenças entre esquiizofrênicos e controles, enquanto 78% não relataram o
mesmo.
§
VENTRICÚLOS LATERAIS
o
Dos 55 estudos de RNM existentes até a época, 80%
mostraram aumento dos ventrículos laterais.
§
TERCEIRO VENTRÍCULO
o
Em 33 estudos de RNM 73% dos achados foram positivos e
27% foram negativos quanto à redução volumétrica
§
QUARTO VENTRÍCULO
o
20% dos estudos de RNM foram positivos enquanto 80% foram
negativos quanto à redução volumétrica
§
VOLUME DO LOBO TEMPORAL
o
Dos 51 estudos com RNM, 61% mostraram um lobo temporal
menor em relação aos controles, enquanto 39% obtiveram resultados
negativos
§
LOBO TEMPORAL MEDIAL (envolve o complexo
amigdala-hipocampo e o giro parahipocampal)
o
De 49 estudos com RNM, 74% relataram achados positivos e
26%, achados negativos; estes achados são confirmados por estudos post-mortem e
são os achados mais robustos em RNM de
esquizofreniass
§
GIRO TEMPORAL SUPERIOR (GTS)
o
Dos 15 estudos de RNM envolventdo a combinação
volumétrica das substâncias branca e cinzenta desta região, 67% mostrara redução
do GTS
o
Dos 12 estudos com RNM avaliando apenas a subst^naica
cinenta, 100% mostraram redução de volume (veja Pearlson 1997 para uma revisão).
Hirayasu et al em 1988 relataram que a redução da substância cinzenta ocorre no
primeiro episódio de esquizofrenia comparado com controles, mas não no primeiro
episódio de pacientes bipolares psicóticos. Isto sugere que esta anormalidade é
específica da esquizofrenia. No transtorno bipolar, a especificidade está em uma
amigdala e giro temporal superior anterior direito
menores.
§
LOBO FRONTAL
o
Dos 50 estudos de RNM revistos, 60% tiveram anormalidades
no lobo temporal (redução volumétrica).
§
LOBO PARIETAL
o
De 15 estudos, 60%
mostraram alterações
§
CEREBELO
o
De 13 estudos 69% não encontraram alterações na
esquizofrenia
§
GÂNGLIOS BASAIS
o
Dos 25 estudos, 68% mostraram achados
positivos
§
TÁLAMO
o
Dos 12 estudos, 58% mostraram diferenças desta região em
relação aos controles
§
CORPO CALOSO
o
Em 27 estudos, 63% encontraram
anormalidades
§
SEPTO PELÚCIDO CAVO –
o
Dos 12 estudos com ressonância nuclear magnética, 92%
mostraram alterações
§
BULBO OLFATÓRIO
o
Turetsky et all (200) conduziram o primeiro estudo sobre
o volume desta estrutura e concluíram 23% de redução do volume do bulbo
bilateralmente em esquizofrênicos
As principais alterações neuroanatômicas encontradas nos pacientes
esquizofrênicos nesta revisão foram:
1) Aumento
Ventricular
2) Envolvimento do Lobo
temporal Medial (amigdala, hipocampo e giro
parahipocampal)
3) Envolvimento do Giro
Temporal Superior
4) Envolvimeto do Lobo parietal
(particularmente o lóbulo parietal inferior e sua subdivisão em giro angular e
giro supramarginal)
5) Envolvimento de regiões
cerebrais subcorticais, incluindo o cerebelo, gânglios basais, corpo caloso,
talão e Septo Pelúcido Cavum.
Os padrões e número de anormalidades são consistentes com um distúrbio da conectividade dentro e entre regiões cerebrais, principalmente no nerodesenvolvimento.
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[1] Psiquiatra da Infância e Adolescência- Prefeitura Municipal de Belo Horizonte- Centro de Referência em Saúde Mental Noroeste (CERSAM Noroeste)- Minas Gerais – Brasil
[2] Psiquiatra preceptor chefe da Residência de Psiquiatria do Instituto Raul Soares – Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Diretor Clínico do Hospital Raul Soares