ALFABETIZAÇÃO PRECOCE
Francisco B. Assumpçào Jr.
Ë bastante freqüente receber, em meu consultório, a presença de crianças com 5-6 anos de idade, encaminhadas pela escola com queixa de “problemas de aprendizado” que, quando verificados, mostram-se como a dificuldade da criança em aprender a ler e escrever.
Isso nos traz a necessidade de uma reflexão profunda pois se, por um lado, uma sociedade pragmática e competitiva como a nossa demanda uma série de pré-requisitos que façam dessa criança alguém mais adaptado, por outro lado também nos leva a pensar nas reais possibilidades dessa criança.
Isso porque não podemos esquecer que, embora o investimento ambiental que é feito sobre a criança seja de extrema importância, uma vez que ela se constitui num ser de extrema plasticidade, não podemos nos esquecer que o, assim chamado, “equipamento ”genético-constitucional com o qual a criança nasce e que segue leis de desenvolvimento razoavelmente estudadas.
Assim, durante esse período de 2 a 6 anos de idade, a criança encontra-se em período pré operatório de desenvolvimento, no qual inicia a realizar operações mentais, sem ainda condições, usualmente, de desenvolver um aprendizado acadêmico tradicional uma vez que não possui atenção estruturada para tal da mesma maneira que condições de i inteligência que lhe permitam compreender os mecanismos necessários para a alfabetização.
Claro que nem todas as crianças desenvolvem de maneira igual. Assim, mesmo dentro de uma mesma família podemos ter uma que aprende a ler cedo enquanto um irmão, dentro também dos padrões de normalidade, só vai conseguir aprender ao redor dos 7 anos.
Assim, o processo de alfabetização, mais do que decidido por através de determinações das escolas, deve ser verificado a partir dos interesses e das possibilidades dela, não devendo ser considerada como condição básica de seu desenvolvimento.