SAÚDE MENTAL INFANTIL

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CRIANÇAS CRIADAS PELOS AVÓS



Francisco B. Assumpção Jr.

Publicado em 3 de junho de 2008


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                                   CRIANÇAS CRIADAS PELOS AVÓS

 

                                                                       Francisco B. Assumpção Jr.

 

            Até há aproximadamente 50 anos atrás, a família brasileira caracterizou-se , entre outras coisas, por privilegiar a família extensa, englobando-se assim, avós e outros parentes próximos.

            Entretanto, com as mudanças observadas pelo desenvolvimento industrial do país, com a conseqüente urbanização da população, as famílias foram restringindo-se e nuclearizando-se  cada vez mais, ou seja, foram se restringindo ao seu núcleo básico de pais e filhos.

            Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, lá por voltas dos anos 60 criou-se assim um problema relativo a criação e cuidado com os filhos uma vez que nossa sociedade não possui instituições adequadas para o cuidado das crianças.

            Assim, com a saída de cena da mãe, que passou a se dedicar às atividades profissionais, surgem elementos de substituição entre os quais os avós.

            Entretanto, esse surgimento, processa-se de maneira diferente daquele observado anos antes pois, naquele momento as avós participavam da vida de toda a família inserindo-se dentro de um contexto global coisa que, neste momento não ocorre, ficando-lhes somente uma tarefa, que seja, a de cuidar dos netos enquanto mães substitutas, na ausência das reais.

            Assim sendo estabelecem-se alguns problemas que merecem consideração.

            Talvez o primeiro, e mais importante, possa ser o decorrente da incoerência de valores que se reflete num processo de educação informal bizarro, no qual os valores da avó “valem” durante  toda a semana, em contraposição aos dos pais, que devem vigorar somente aos finais de semana.

            Surgem assim conflitos em relação a regras e atitudes que se mostram em atitudes inadequadas da criança e no “jogo” que  ela estabelece com seus pais visando conseguir benefícios.

            Da mesma maneira altera-se o sistema hierárquico que, numa família nuclear, usualmente centra-se na figura dos pais que, nessa nossa nova forma, passam a ser menos considerados ( em função de sua ausência) e, em conseqüência, menos respeitados.

            Finalmente, altera-se a dinâmica da família que, passa a ter um novo elemento, a avó, atuando diretamente no sistema de regras e papéis o que faz com que novos mecanismos tenham que ser acionados para que o organismos “família” mantenha-se em equilíbrio.

            Assim, se a presença dos avós até há alguns anos refletia uma maneira de organização familiar na qual muitas pessoas diferentes participavam, hoje ela representa uma distorção da família nuclear ,adotada pela modernidade, que se caracteriza pela individualidade e pelas relações de utilidade.  Assim, vai proporcionar distorções nas relações conjugais e parentais de forma a que, antes de ser adotada, enquanto solução de problemas práticos, deve ser pensada cuidadosamente para que seus reflexos não se manifestem de forma negativa no cotidiano familiar.

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