Livros Psiquiatria Infantil |
Cinqüenta Anos de Medicamentos Antipsicóticos em Psiquiatria |
Leopoldo Hugo Frota |
UFRJ |
Em fevereiro de 1952, seria clinicamente introduzido na França, curiosamente, pelas mãos de um cirurgião, Henri Laborit, o primeiro medicamento antipsicótico sintético: o “neuroléptico” clorpromazina (AMPLICTIL®, LARGACTIL®). A partir deste momento histórico, passaria a viver a Psiquiatria inédita euforia terapêutica, dando-se nas décadas seguintes, a mais espetacular reforma assistencial de que se tem notícia na Era Moderna desde que Phillipe Pinel introduzira o "tratamento moral". Com a entrada em cena do LARGACTIL® e, logo de outros medicamentos similares, pôde iniciar-se gradual desativação dos asilos e antigos hospícios, e sua substituição por ambulatórios e serviços assistenciais mais ágeis e menos estigmatizantes, com hospitalização parcial ou de curta duração, além serem rapidamente ampliados os esforços para a reabilitação de milhares de esquizofrênicos crônicos, privados, até então, de um mínimo convívio social e familiar. Terapêuticas invasivas e rudimentares como a lobotomia, o eletrochoque, o choque cardiazólico, a insulinoterapia e a malarioterapia, além da contenção física como único recurso no manejo das agitações psicomotoras graves, puderam ser, pela primeira vez na História, substituídos por alternativas mais humanas, eficazes e seguras. Este movimento logo tomou dimensões mundiais, assumindo um caráter irreversível. Mal se vislumbrava, na época, que os neurolépticos na verdade inauguravam nova disciplina que se mostraria extraordinariamente profícua: a moderna Psicofarmacologia, que tantos outros grupos de medicamentos, muitas vezes com descobertas casuais, coloca hoje à disposição do especialista, sob a forma de antidepressivos, ansiolíticos, hipnoindutores, estabilizadores do humor e novíssimos medicamentos utilizados nas Demências, em Transtornos Alimentares, Transtornos de Déficit de Atenção, etc... |