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Kleber Sales/CB/D.A Press |
Perseverança e força de vontade são palavras que podem ser usadas
para falar de Dorina Nowill. Ela perdeu a visão aos 17 anos, mas não quis nem
saber de parar de estudar. Pelo contrário, foi a primeira aluna cega que se
matriculou numa escola comum, em São Paulo. O caminho estava cheio de
obstáculos, literalmente. Os espaços não eram adaptados para receber deficientes
e os profissionais não estavam preparados.
A partir daí, sua vida foi
uma luta constante para a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Com
algumas amigas, criou em 1946 a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que em
1991 passou a ser chamada Fundação Dorina Nowill Para Cegos. A iniciativa foi
uma das primeiras na produção de livros em braille, na distribuição gratuita
dessas obras para deficientes visuais e no desenvolvimento de técnicas mais
modernas para que o cego consiga ler, como livros falados e vozes sintetizadas
no computador.
Em sua luta, conseguiu que a educação dos cegos fosse
regulamentada em lei. Dedicou-se a implantação da primeira imprensa braille de
grande porte no Brasil e participou da criação do Departamento de Educação
Especial para Cegos, na Secretaria da Educação de São Paulo. Entre os anos de
1961 e 1973 dirigiu o primeiro órgão nacional de educação de cegos no país. Em
1979, foi eleita Presidente do Conselho Mundial dos Cegos. E falou na Assembleia
Geral da ONU, durante as comemorações do Ano Internacional da Pessoa Deficiente,
em 1981.
Maurício de Sousa se inspirou em Dorina para criar uma nova
personagem da Turma da Mônica, a Dorinha. A menina cega usa óculos escuros, tem
uma bengala e só anda com seu cão guia, chamado Radar. A tirinha mostra que
Dorinha é uma criança como as outras e pode interagir com elas mesmo sem
enxergar, pois é capaz de sentir o mundo com os outros sentidos (tato, olfato,
audição e paladar). Em agosto de 2010, aos 91 anos, Dorina Nowill faleceu de
parada cardíaca.